Fonte: Samuel J. Schultz - A História de Israel no AT
Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira
O grande império assírio
No canto noroeste do Crescente Fértil, estendendo-se por uns 563 km ao longo do rio Tigre, e com uma largura aproximada de 322 km, se encontrava o país da Assíria. O nome provavelmente se deve ao deus nacional, Assur, e uma de suas cidades foi assim chamada. A importância da Assíria durante o período do reino dividido fica imediatamente aparente pelo fato de que no topo de seu poderio absorveu os reinos da Síria, Israel e Judá, e inclusive o Egito, até Tebas. Por aproximadamente dois séculos e médio exerceu uma tremenda influência sobre os acontecimentos da terra de Canaã, e daqui que com tanta freqüência apareça nos registros bíblicos.
Embora alguns eruditos traçam os começos da Assíria a princípio do terceiro milênio, se conhece pouco da época anterior ao século XIX, quando os agressivos estabelecimentos comerciais desta zona estenderam seus interesses comerciais na Ásia Menor. Nos dias de Samsi-Adã I (1748-1716), Assíria gozou de um período de prosperidade, com Assur com sua cidade mais importante.
Durante vários séculos a partir de então, Assíria foi escurecida pelo reino heteu na Ásia Menor e o reino mitanni que dominava a zona superior do Tigre-Eufrates.
A verdadeira história da Assíria tem seus começos aproximadamente no ano 1100 a.C., com o reinado de Tiglate-Pileser I (1114-1076 a.C.). De acordo com os anais próprios, estendeu o poder de sua nação para o oeste no mar Mediterrâneo, dominando as nações menores e fracas existentes naquela zona. Não obstante, durante os seguintes dois séculos o poderio assírio retrocede, enquanto que Israel, sob Davi e Salomão, surge como um poder dominante no Crescente Fértil.
Começando com o século IX, Assíria emerge como um poder crescente. As listas epônimas assírias desde aproximadamente o 892 a.C. ao 648 a.C. fazem possível correlacionar e integrar a história da Assíria com o desenvolvimento de Israel, como se registra no relato bíblico. Assurnasirpal II (883-859 a.C.) estabeleceu Calá como sua capital. Após ter desenvolvido um forte poderio militar, começou a pressionar para o oeste, aterrorizando as nações que se opunham com dureza e crueldade cruzando o Eufrates e estabelecendo contatos comerciais sobre o Mediterrâneo. Freqüentes contatos com os sírios no sul, tiveram com resultado a batalha de Qarqar, sobre o rio Orontes, em 853 a.C., nos dias de se filho Salmaneser III (858-824 a.C.). Na coalizão encabeçada por Ben-Hadade de Damasco e Acabe, rei de Israel, se uniram 2000 carros de guerra e 10.000 soldados, constituindo a maior unidade neste grupo. Embora o rei assírio afirmou sua vitória, resulta duvidoso que assim fosse, já que Salmaneser III evitou o contato com os sírios durante vários anos após a batalha. Em 848 e de novo em 845 a.C., Ben-Hadade resistiu duas invasões sírias mais, mas não se faz menção de qualquer força israelita que ajudasse os sírios nessas ocasiões. Jeú, quem usurpou o trono na Samaria (841 a.C.), fez proposições de subordinação a Salmaneser III, enviando-lhe tributo. Isto deixou a Hazael, novo rei de Damasco, com o problema de resistir a agressão assíria. Embora Salmaneser acossou a Síria durante uns poucos anos nos dias de Hazael, voltou sua atenção às conquistas de zonas no norte apor o ano 837 a.C., proporcionando a Canaã um respiro da pressão assíria durante várias décadas.
Por quase um século, o poder assírio se perde nas neblinas do fundo histórico. Samsi-Adã V (823-811 a.C.) se manteve muito ocupado suprimindo revoltas em várias partes de seu reino. Hadade-Nirari III (810-783 a.C.) atacou Damasco antes de terminar o século, capacitando os israelitas para obterem um respiro da pressão Síria. Salmaneser IV (782-773 a.C.), Assurdão III (772-755) e Assur-Nirari (754-745) mantiveram com êxito a importância da Assíria como nação poderosa, mas não foram o suficientemente fortes como para expandir seus domínios como tinha feito o precedente governante.
Tiglate-Pileser III (745-717 a.C.) foi um guerreiro sobressalente que conduziu sua nação à ulteriores conquistas. Na Babilônia, onde era reconhecido como rei, era conhecido como Pulu. 1 Reis 15.19 se refere a ele como Pul. Na conquista de territórios adicionais ao oeste, adotou a política de dividir a zona em províncias submetidas para um mais seguro controle. Embora esta prática já tinha sido utilizada anteriormente, ele foi efetivo em aterrorizar as nações ao trocar grandes grupos de pessoas de uma cidade conquistada com cativos de uma zona distante. Isto definitivamente eliminou a possibilidade de uma rebelião. Também serviu como processo de nivelação lingüística, de modo tal que a língua aramaica substituiu outros idiomas no grande território do reino. Ao princípio de seu reinado, Pul exigiu tributo de Menaém, rei de Israel, e Rezim, rei de Damasco. Já que Judá era a nação mais forte em Canaã naquela época, é possível que Azarias pudesse ter organizado uma coalizão de forças para opor-se aos assírios. Parece que seus sucessores, Jotão e Acaz, resistiram a pressão procedente de Israel e a Síria unindo-se a elas, igual que os filisteus e o Edom, ao opor-se a Pul. Em seu lugar, Acaz iniciou amistosas relações com Pul, em resposta do qual as forças assírias avançaram até o país dos filisteus em 733 a.C., possuindo territórios a expensas dessas nações opostas.
Após um terrível assédio, caiu a grande cidade de Damasco, Rezim foi morto e o reino sírio capitulou. Samaria conjurou a conquista substituindo a Peca com Oséias.
Salmaneser V (727-722 a.C.) seguiu com os procedimentos e a política de seu pai. Nos dias de Oséias os israelitas estavam ansiosos em terminar com sua servidão da Assíria.
Salmaneser respondeu com uma invasão do país e por três anos assediou a Samaria. Em 722 a.C., Sargão II, que servia como geral no exército, usurpou o trono e fundou uma nova dinastia na Assíria. Nos registros se afirma que capturou a Samaria, embora alguns acreditem que Salmaneser V foi realmente quem tomou a cidade, e Sargão se adjudicou o êxito. Governando desde 721-705 a.C., utilizou a Assur, Calá e Nínive como capitais, porém finalmente construiu a grande cidade de Korsabade, pela qual é melhor lembrado. Sua campanha contra Asdode no 711 pode ser a que se menciona em Is 20.1. o reino de Sargão terminou abruptamente com sua morte numa batalha.
Senaqueribe (704-681 a.C.) fez famosa a cidade de Nínive como sua grande capital, construindo uma muralha de 12 a 15 metros em volta e de quatro quilômetros de longitude, ao longo do rio Tigre. Em seus anais, ele anota a conquista de Sidom, Jope, quarenta e seis cidades amuralhadas em Judá, e seu assalto a Jerusalém nos dias de Ezequias. Em 681 foi morto por dois de seus filhos.
Embora Senaqueribe tinha-se detido nas fronteiras do Egito, seu filho Esar-Hadom (681-668 a.C.) avançou ao Egito e derrotou Tiraca. Seu interesse na Babilônia está evidenciado pela reconstrução da cidade de Babilônia, possivelmente porque sua esposa pertencia à nobreza da Babilônia. Senaqueribe nomeou a Samasumukim como governante da Babilônia; mas este último se rebelou, após um período de governo de dezesseis anos, contra seu irmão Assurbanipal, e pereceu na queima da Babilônia (648 a.C.). Durante o reinado de Esar-Hadom, Manassés, rei de Judá, foi tomado cativo na Babilônia (2 Cr 33.10-13). A morte chegou a Esar-Hadom quando dirigia seus exércitos contra o Egito.
Durante o reinado de Assurbanipal (668-630 a.C.), o Império Assírio alcançou o zênite em riqueza e prestígio. No Egito levou seus exércitos até algo assim como 800 km pelo rio Nilo, capturando Tebas em 663 a.C. A guerra civil (652 a.C.) com seu irmão, que estava a cargo da Babilônia, resultou com a captura dessa cidade em 648. embora fosse cruel e rude como general e militar, Assurbanipal é melhor lembrado por seu profundo interesse na religião, no científico e em obras literárias. Enviando escribas por toda a Assíria e a Babilônia para copiar registros de criação, dilúvios e a antiga história do país, obteve uma grande quantidade de material na grande biblioteca real de Nínive.
Em menos de três décadas após a morte de Assurbanipal, o reino assírio, que havia exercido tão tremenda influência por todo o Crescente Fértil, se desvaneceu para não tornar levantar-se jamais. Os três governantes que o sucederam foram incapazes de enfrentar-se com os reinos que surgiam na Média e na Babilônia. Nínive caiu em 612 a.C. Comércio as batalhas de Harã (609) e Carquemis (605) desapareceu o último vestígio da oposição assíria. Expandindo-se para o oeste, o reino babilônico absorveu o Reino do Sul e destruiu Jerusalém no ano 586 a.C.
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