sexta-feira, 17 de junho de 2011

EZEQUIEL PROFETA - 3ª PARTE - DEUS ABANDONA O TEMPLO



III. O templo abandonado por Deus                                          Ez 8.1-11.25
   O lugar da visão                                                             Ez 8.1-4
   A idolatria em Jerusalém                                                 Ez 8.5-18
   O juízo executado                                                          Ez 9.1-10.22
   A misericórdia de Deus no juízo                                        Ez 11.1-25

No tempo de catorze meses, o espetacular ministério de Ezequiel faz ressurgir o interesse popular e a reação entre os exilados. O oportuno tema do fado de Jerusalém é de preocupação corriqueira para um povo que tem um interesse e um intenso desejo de voltar a seu país Natal à primeira e mais rápida oportunidade. Têm a noção de que Deus não destruirá seu povo, que é o custódio da lei, nem seu templo, que representa sua glória e presença com eles (Jr 7-12). A seu devido tempo (592 a.C.), uma delegação de anciãos chega a conferenciar com o profeta. Com os ancião aparentemente esperando diante dele, Ezequiel tem uma visão das condições e dos acontecimentos que sobrevirão no templo (8.1-11.25). Ele relata esta mensagem como está indicado na declaração conclusiva da passagem [1]. Qual é a analise das condições em Jerusalém desde o ponto de vista de Deus, segundo está revelado por Ezequiel? As condições religiosas são um distante grito da conformidade à lei e aos princípios de Deus. embora a glória do Senhor está ainda em Jerusalém, Ezequiel vê quatro horríveis cenas de práticas idolátricas nas sombras do templo. Uma razoável interpretação é reconhecer com Keil que nem todas essas práticas prevaleceram realmente no próprio templo, senão que a visão representa as condições  idolátricas existentes por todo Judá [2]. Mais conspícua é a imagem do ciúme. Talvez isto seja uma representação feita pelo homem do Deus de Israel, uma explícita violação do primeiro mandamento. Seja qual for seu significado, a imagem do ciúme é uma temível provocação ao santo Deus de Israel [3]. Como representantes de Israel, os setenta anciãos adoram os ídolos no templo. Aparentemente eles têm concepções humanísticas de um Deus onisciente. Na entrada da porta norte do templo, as mulheres estão chorando por Tamuz, o Deus da vegetação que morreu no verão e voltou à vida ao chegar a estação das chuvas [4]. No átrio ulterior, entre o pórtico e o altar, vinte e cinco homens estão de face ao leste, adorando o sol, coisa que estava explicitamente proibida (Dt 4.19;17.3) [5]. Essa provocação é a causa de que Deus deixa livre sua ira em seu juízo. Os culpados estão advertidos. A glória de Deus se desloca desde o querubim até o umbral do templo. A misericórdia, porém, precede o juízo, conforme um homem vestido com ornamentos de linho marca a todos os indivíduos que deploram a idolatria no templo. Começando pelos anciãos do templo, os seis executores vão por toda Jerusalém matando a todos aqueles que não têm a marca sobre a testa. Comovido pela dor, Ezequiel apela a Deus em sua misericórdia, porém é-lhe lembrado que Jerusalém está cheia com sangue e injustiça. Este é o tempo da ira —Deus tem esquecido o país.
Quando o homem vestido de linho informa que tem identificado e marcado a todos os justos por toda a cidade, Ezequiel vê a manifestação da glória de Deus que tinha visto no momento de seu chamamento. Nesta aparição, as criaturas viventes na parte sul do templo são identificadas como querubins. O homem vestido de linho recebe então o divino mandado de ir e colocar-se entre as rodas que giram e o querubim, para obter brasas ardentes e espalhá-las sobre a cidade de Jerusalém. A divina glória se transfere então desde o átrio até a porta oriental do templo.
Ezequiel é levado pelo Espírito à porta oriental, onde vinte e cinco homens responsáveis pelo bem-estar de Jerusalém estão reunidos (11.1-13). Sob a liderança de Jaazanias e Pelatias, dois príncipes cuja identidade é incerta, aqueles homens interpretam erroneamente as advertências e ficam comprazidos na esperança de que Jerusalém os protegerá dos juízos de Deus [6]. A falácia disto é evidente para Ezequiel, com a morte de Pelatias.
Jerusalém não será um caldeiro para protegê-los da condenação pendente, eles serão julgados nos limites de Israel. O povo de Deus tem desobedecido a seus mandamentos e conformado sua conduta seguindo a pauta das nações circundantes.
Esmagado pela dor, Ezequiel cai sobre seu rosto diante de Deus, implorando-lhe que salve os que restam. Em réplica, é-lhe assegurado que Deus, que tem espalhado deu povo, o voltará a reunir, trazendo-os de novo ao lar pátrio. Na terra do exílio, Deus será um santuário para eles. Quando sejam trazidos de volta à terra de Israel, Ele transmitirá um novo espírito sobre eles e um novo coração, condicionando-os para a obediência.
Em conclusão, Ezequiel vê nesta visão a partida da presença de Deus. A glória de Deus que pairou sobre Jerusalém, agora se dirige à montanha oriental da cidade. Jerusalém, com seu templo, é abandonada para o juízo. A destruição que pende sobre ela é somente uma questão de tempo.
A visão (8.11) revela a Ezequiel as condições em Jerusalém como vistas por Deus.
Como um antigo cidadão de Jerusalém, Ezequiel estava familiarizado com a prevalecente idolatria, porém então, como um guardião comissionado para a casa de Israel, ele compartilha a divina perspectiva. O copo da iniqüidade de Judá está cheio quase até transbordar. Esta divina revelação, Ezequiel a comparte com os exilados (11.25).


[1] Ellison, op. cit., p. 40, sugere que Ezequiel falou intermitentemente aos anciãos que tinha diante dele.
[2] Ver C. F. Keil, Commentary on Ezekiel, em referência a 8.1-4.
[3] De acordo com G. E. Wright, The Old Testament against its Environment, pp. 24 e ss., nenhuma imagem de jovem tem sido jamais achada pelos arqueólogos.
[4] Para uma maior descrição, ver G. A. Cooke, Ezekiel I, pp. 96-97. Isto representa um antigo rito religioso que procede de aproximadamente o ano 3000 a.C. Na Babilônia, a forma popular este mito foi comum durante a época do Antigo Testamento e nos tempos de Canaã até a Babilônia..
[5] A posição destes homens parece justificar a inferência de que eles representam o sacerdócio. Ellison, op. cit., p. 43, e outros, identificam isto com o culto de Shamash, o Deus sol da Babilônia, carregando a esses vinte e cinco líderes o fato de que os deuses da Babilônia estavam derrotando a jovem, Deus de Israel.
[6] Ellison, op. cít., pp. 45-47, interpreta isto como uma predição das condições que existiam durante o assédio alguns anos mais tarde. Os chefes pró-egípcios ignoraram os avisos de Jeremias e tinham a confiança de que Jerusalém resistiria, como sua fé fanática no templo, indicando por Jr 7.4. Contudo, aqueles chefes foram executados em Ribla, 2 Rs 25.18-21.


Fonte: Samuel J. Schultz - A História de Israel no AT


Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira


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