O Cântico dos Cânticos
A inclusão do Cântico dos Cânticos nos livros poéticos permanece enigmática.
Isto resulta evidente pela ampla variedade de interpretações. Embora é impossível assegurar se este livro foi escrito por ou para Salomão, o título associa sua composição com o rei literário de Israel. O conteúdo sugere que este livro pertence a Salomão, cujo nome se cita cinco vezes após seu versículo de apertura.
Há numerosas interpretações desta composição poética. A visão alegórica de judeus e cristãos, a teoria dramática, a teoria do ciclo das bodas, a teoria da literatura do Adonis-Tammuz, e outros pontos de vista, tiveram ardorosos defensores através dos séculos [1]. Numa recente publicação, o Cântico dos Cânticos representa uma soberba antologia lírica com cantos de amor, da natureza, do cortejo amoroso e o matrimônio, que vão desde a era salomônica até o período persa [2]. Até o presente não há interpretação que goze de uma ampla aceitação entre os eruditos do Antigo Testamento.
O consenso dos eruditos aprova que esta composição tem uma elevada qualidade poética como expressão das cálidas emoções do amor humano. Incorporado como uma unidade no cânon judaico, merece consideração como um simples poema, antes que como uma coletânea de cânticos.
Partes componentes do livro são monólogos, solilóquios e apostrofes [3]. Uma caridade de cena —a corte real de Jerusalém, um jardim, um lugar no campo, ou um entorno pastoril— encaixa os componentes das diferentes partes deste poema, com as personagens apresentadas numa ação quase dramática. Devido que se têm perdido tantos detalhes neste cântico de amor, o intérprete se encara com numerosos problemas.
A interpretação literal parece a mais natural ao leitor. A figura principal parece ser uma donzela sulamita que é levada desde um entorno pastoril ao palácio real de Salomão. Conforme o rei galanteia a esta atrativa donzela, seus intentos são rejeitados. O esplendor do palácio e a chamada coral das mulheres da corte fracassam em impressioná-la.
Ela anela apaixonadamente seu antigo amor. Finalmente, seu conflito é resolvido, ao declinar as ofertas do rei e voltar para seu pastor herói.
Para uma interpretação deste livro poético, deste modo, a seguinte analise pode ser utilizada como guia:
I. A donzela sulamita na corte real Ct 1.1-2.7
Boas-vindas pelas damas da corte Ct 1.2-4
A resposta da donzela Ct 1.5-6
Réplica das damas da corte Ct 1.8
Fala o rei Ct 1.9-11
A donzela se dirige às cortesãs Ct 1.12-14
O rei fala à donzela Ct 1.15
O apostrofe da donzela Ct 1.16-2.1
Fala o rei Ct 2.2
A donzela às damas da corte Ct 2.3-7
II. A donzela num palácio campestre Ct 2.8-3.5
Lembranças de seu amante campestre Ct 2.8-17
Um sonho Ct 3.1-5
III. A chamada do rei Ct 3.6-4.7
A pompa real – entra o rei Ct 3.6-11
O rei corteja a donzela Ct 4.1-7
IV. A donzela reflexiona Ct 4.8-6.3
Alegados de seu amante pastor Ct 4.8-5.1
Um sonho Ct 5.2-6.3
V. A súplica renovada do rei Ct 6.4-7.9
As ofertas de amor do rei Ct 6.4-13
A apelação das damas cortesãs Ct 7.1-9
VI. A reunião da donzela e seu amante Ct 7.10-8.14
Seu anelo pelo pastor amante Ct 7.10-8.4
O regresso da donzela Ct 8.5-14
Embora a interpretação literal fala de amor humano, a providencial inclusão deste Lv no cânon judaico, sem dúvida tem uma significação espiritual. o mais verossímil é que os judeus reconhecessem isso ao ler o Cântico dos Cânticos anualmente na Páscoa, que lembrava os israelitas o amor de Deus para eles em sua libertação do cativeiro egípcio. Para os judeus, o amor material representa o amor de Deus por Israel como está indicado por Isaias (50.1; 54.4-5), Jeremias (3.1-20), Ezequiel (16 e 23) e Oséias (1-3). O vínculo entre Israel (a donzela sulamita) e o pastor amante (Deus), era tão forte que nenhuma apelação de palavra (rei) podia separar a Israel de seu Deus. no Novo Testamento, esta relação tem um paralelo entre Cristo e sua Igreja [4]. Baseado na interpretação literal, o Cântico dos Cânticos tem sido assim a base de uma aplicação espiritual, tanto no Antigo como no Novo Testamento.
[1] Para discussão ver H. H. Rowley, The Servant of the Lord and Other Essays on the Old Testament, pp. 187-234. Rowley o considera como uma coleção de canções de namorados. Para uma discussão recente advogando por uma interpretação "natural", ver Meredith Kline. "The Song of Songs". Chrlstianity Today, tomo III, n.° 15, 27 abril, 1959, pp. 22 e ss
[2] Ver Robert Gordis, The Song of the Songs (Nova York: Jewish Theological Serminary, 1954), p. X.
[3] Monólogo - Solilóquio: obra dramática em que fala uma única personagem. Apóstrofe: figura que consiste em interromper o discurso para dirigir-se veementemente a uma ou várias pessoas ou coisas personificadas. (N. da T. Fonte: Enciclopédia Encarta de Microsoft).
[4] No Novo Testamento esta mesma relação se anota em Mt 9.15, Jo 5.39, 2 Co 11.2; Ef 5.23-32; Ap 19.7; 21.2,9; 22.17
Fonte: Samuel J. Schultz - A História de Israel no AT
Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira
muito obrigado, me empenho em buscar uma literal interpretação da palavra de Deus, encontrei neste blog. Deus os abençoe e permaneçam firmes na fiel interpretação da sã doutrina. Valeu. pastor Juscelino.
ResponderExcluirmuito obrigado, me empenho em buscar uma literal interpretação da palavra de Deus, encontrei neste blog. Deus os abençoe e permaneçam firmes na fiel interpretação da sã doutrina. Valeu. pastor Juscelino.
ResponderExcluir