sexta-feira, 13 de maio de 2011

O PAGANISMO E O SEU CULTO - 2ªParte (SACRIFICO HUMANO)

Continuação......

Tais eram os deuses do paganismo e tais os efei­tos naturais do seu caráter sobre os seus devotos.
Observamos que o sistema pagão como o judaico era sacerdotal, administrado por um sacerdócio. Entre os pa­gãos, o sacerdote, que podia ser homem ou mulher, era o mediador entre o povo e as divindades: a elas oferecia ora­ções e fazia sacrifícios. Em nome delas interpretava si­nais, oferecia presságios e revelava a vontade dos deuses, além de exercer certas funções judiciais.
O culto consistia na prática de certos atos ou ritos exte­riores. Era, por outras palavras, exclusivamente externo ou cerimonial. Não existe uma única prova de que ensinas­sem a moral (12). Os ritos compreendiam sacrifícios, ofertas, orações, incensos, peregrinações a lugares santos ou relicários; procissões em honra dos deuses; jejuns, abstinências, mortificações, penitências, observância de festas e fre­qüentemente práticas viciosas, como as acima referidas.
Esses ritos eram custosos, exigindo sacrifício da parte dos que os seguiam, conforme a posição de cada um. Os seus benefícios aproveitavam mais aos ricos que aos pobres. Não só eram, na maioria das vezes, abominavelmente impuros, mas também barbaramente cruéis. Acerca da imoralidade das cerimônias é impossível falar. Mas mesmo que fossem descritos, não seriam acreditadas, se não fizessem longas citações de historiadores autorizados.
Afirme-se desde já que o Cristianismo baniu o conhe­cimento dos vícios cometidos publicamente nessa época, vícios que não somente não produziam o descrédito daque­les que os praticavam, mas que faziam parte dos seus ritos religiosos e que, em alguns casos, eram obrigatórios e nou­tros, tidos como honrosos e meritórios. É uma bênção se­rem agora mortas as línguas em que essas coisas foram es­critas! Mas, não devemos esquecer as lições que elas nos ensinam.
Dissemos que os ritos pagãos eram muitas vezes barba­ramente cruéis. Referiamo-nos principalmente à práti­ca de oferecer sacrifícios humanos: e essa prática, se­gundo a história antiga, parece ter sido universal. Não é conhecida a data em que essa abominação foi introduzida, mas, sem dúvida, foi pouco depois do princípio do mundo. Os cananeus, há 3300 anos, a praticavam, oferecendo seus filhos aos ídolos de Canaã,especialmente a Moloque (13). Foi evidentemente este um dos crimes pelos quais o Todo-poderoso mandou destruir aquele povo: "Não darás ne­nhum de teus filhos para ser consagrado ao ídolo Molo­que... porque todas estas execrações cometeram os habi­tantes desta terra, que foram antes de vós, e com elas a contaminaram. Vede, pois, não suceda... como ela vomi­tou a gente que houve antes de vós, vos vomite também a vós, se fizerdes outro tanto" (14).

Moloque - sacrificios humanos no paganismo

É necessário explicar que a expressão usada nas nossas Bíblias, "consagrar os filhos ao ídolo Moloque quer dizer queimar as crianças em honra dessa divindade (15). Sobre este ponto não há dúvida. Moloque, Moleque, Malcom ou Milcom, como chamado, era o planeta Saturno divinizado. O seu culto existia principalmente entre os primitivos habi­tantes de Canaã, e entre os amonitas, fenícios e cartagineses.

  O ídolo consistia numa estátua de latão, sob a forma de homem com cabeça de touro; tinha os braços estendidos para a frente, um pouco abaixados. Os pais colocavam seus filhos nas mãos do ídolo. Dali a criança caía numa for­nalha onde morria queimada. Durante a cerimônia, toca­vam tambores e trombetas para abafar os gritos dos ino­centes. Algumas vezes o ídolo era oco. Aquecido até ao rubro por fogo colocado dentro, as crianças eram então queimadas nas mãos em brasa da estátua.
Apesar de ter o Todo-poderoso proibido expressamente esses crimes, os judeus praticaram-no por vezes, espe­cialmente nos reinados de Acaz e de Manasses. Erigiram o ídolo no vale ao sul de Jerusalém, chamado Enon, mais tarde denominado Tofete ou Tambores em conseqüência da prática dessa abominação, e em referência aos tambo­res que tocavam para sufocar os gritos das vítimas (16). Mais tarde, o lugar veio a ser tão aborrecido pelos judeus, que deram a ele o nome de "Ge-hinnon" ou Geena, lugar de castigo na vida futura, isto é, o Inferno. De maneira que, na opinião destes judeus, bastava praticar tais abominações pagas para fazer da terra um inferno (17).
  Continuemos a indagar da prática de sacrifícios huma­nos. Principiemos pelos gregos civilizados e filósofos.  Agamenon, rei de Micenas, ofereceu sua filha Efigênia, a fim de obter uma brisa favorável para poder atravessar um mar mais estreito que o Canal da Mancha; e, na sua volta, ainda ofereceu outro sacrifício humano. Os atenienses e os massalianos ofereciam anualmente um homem a Netuno. Menelau, rei de Esparta, sendo detido por ventos contrá­rios, ofereceu duas crianças egípcias. A história relata-nos que muitos dos estados gregos ofereciam vítimas humanas antes de empreenderem uma expedição ou guerra. Em Ro­des ofereciam um homem a Crono, deus semelhante a Mo­loque, no dia 6 de julho de cada ano; em Salamina, ofere­ciam também um homem em março de cada ano; em Chios e Tenedos despedaçavam anualmente uma vítima
humana. Na Ática, Ereteu sacrificou sua filha; Aristides sacrificou três sobrinhos do rei da Pérsia; Temístocles sacrificou várias pessoas nobres. Note bem! estes homens não eram selvagens, mas tidos em seus dias como sábios, justos e bons.
Na Tessália, ofereciam-se sacrifícios humanos; os palagianos, em tempo de escassez, ofereciam a décima parte de seus filhos; na Crimeia e no Tauro, cada naufrágio estran­geiro, em vez de ser recebido com hospitalidade, era sacri­ficado a Diana. 0 templo desta deusa em Arícia, era sem­pre servido por um sacerdote, que tinha matado o seu an­tecessor; e os lacedemônios anualmente ofereciam vítimas humanas a Diana até o tempo de Licurgo, que mudou esse costume pelo açoite. No entanto, as crianças eram muitas vezes flageladas até morrer.
Passemos agora dos gregos e seus vizinhos para o impé­rio de Roma. A história nos informa que, embora não tão freqüentemente, houve sacrifícios humanos por muitos e muitos anos.
Em Roma, era costume sacrificar anualmente trinta homens, atirando-os ao Tibre, para obter o progresso da ci­dade. Tito Lívio menciona que dois homens e duas mulhe­res foram enterrados vivos para evitar calamidades públi­cas. Plutarco descreve um sacrifício semelhante; e Caio Mário ofereceu sua filha Calpúrnia para ser bem sucedido numa expedição contra os címbricos. É verdade que no ano 96 a.C. foi publicada uma lei para sustar essas práticas, o que prova que o costume existia. Além disso, o sacerdote pagão mostrava-se muitas vezes mais forte que o magistra­do civil, de modo que, embora a lei tivesse sido promulga­da, o costume não foi abolido. Muitos casos de sacrifícios humanos são mencionados até ao ano 300 da nossa era -quase 400 anos depois da publicação da lei (18).
Da Grécia e de Roma passemos a outras nações antigas, e indaguemos quais eram a este respeito as praticas do pa­ganismo. Entre os habitantes de Tiro, o rei oferecia o filho para obter prosperidade; pela Escritura Sagrada sabemos
que os moabitas também tinham tal costume. Na ocasião da derrota do rei de Moabe pelos exércitos aliados de Judá e Israel, o rei de Moabe ofereceu em sacrifício seu filho pri­mogênito, que havia de reinar depois dele. No tempo do Novo Testamento, Pilatos misturou o sangue de certos galileus com os seus sacrifícios.
Os cartagineses seguiram esse costume. Em ocasiões extraordinárias, ofereciam multidões de vítimas humanas: durante uma batalha entre sicilianos e cartagineses, estes, sob o comando de Amílcar, ficaram no campo oferecendo sacrifícios às divindades do seu país, e consumindo sobre uma grande fogueira os corpos de numerosas vítimas (19). Outra vez, quando Agatocles estava para sitiar Cartago, os seus habitantes, temendo que suas desgraças fossem por causa da ira de Saturno, por lhe terem oferecido somente filhos de escravos e estrangeiros, em vez de crianças nobres, sacrificaram duzentas crianças das melhores famí­lias, a fim de propiciar a divindade ofendida. Trezentos ci­dadãos imolaram-se voluntariamente na mesma ocasião (20). Doutra vez, para celebrar uma vitória, o mesmo povo imolou os mais perfeitos e mais formosos dos seus cativos, e as chamas da fogueira foram tão grandes que lhes incen­diaram o acampamento (21) Tertuliano, escritor cristão, diz que sacrifícios humanos eram comuns na Arcádia e em Cartago nos seus dias, isto é, no terceiro século da era cris­tã.
Agora voltemos ao Oriente.
No Egito havia sacrifícios de vítimas humanas, cujas cinzas eram espalhadas pelas terras para se conseguir a fertilidade do solo; os escolhidos eram homens de cabelo ruivo. Durante a dinastia dos Hiksos, conta Maneto que diariamente eram sacrificadas três pessoas, isto é, mais de mil por ano. Entre os persas, sabemos que existia o mesmo costume. Quando Anestris, mulher de Xerxes, chegou à idade de 50 anos, como ação de graças aos deuses (22), en­terraram vivas 14 crianças. 
Quanto aos assírios, não possuímos ainda informação suficiente acerca da sua mitologia, para poder dizer com certeza que os sacrifícios humanos formavam uma parte do seu sistema religioso, mas as recentes descobertas em Nínive, e o desvendamento da linguagem escrita dos assí­rios pelo coronel Rawlinson e outros, indicam-nos que eles adoravam deuses aos quais, em outros países, ofereciam sacrifícios humanos (23). É evidente que os assírios não fa­ziam exceção à regra quanto à crueldade do paganismo, pois das decorações de seus palácios reais fazem parte ima­gens representando o esfolar pessoas vivas e outros atos atrozes de crueldade.
Falando dos indus e chineses, será mais útil citar as suas práticas recentes, visto como poucos dos seus antigos escritos chegaram até nós. Dos indus, mesmo sob o domí­nio europeu, consta de documentos oficiais - os registros públicos de Bengala - que, entre os anos de 1815 e 1824, 5997 viúvas foram queimadas vivas. Tal crueldade ainda se pratica em lugares muito interiorizados. Também era comum afogar e enterrar pessoas vivas. Os chineses, em Tonkin, sacrificavam crianças cortando-as ao meio ou envenenando-as; e em Laus, quando fundavam um templo, a obra era cimentada com o sangue do primeiro estrangeiro que por ali passasse. Também atiravam as crianças aos rios como sacrifício oferecido às águas.
Voltemos agora para o norte da Europa e vejamos quais os costumes e práticas dos pagãos. Raras são as fontes de onde podemos obter fatos, mas temos o suficiente para ti­rarmos provas bastantes das práticas pagas em toda a sua hediondez. Harold, rei saxônio, matou dois de seus filhos para obter uma tempestade que fizesse naufragar a esquadra dos dinamarqueses.

  Na Rússia, ainda no século X, um homem foi escolhido à sorte e sacrificado, a fim de aplacar a ira dos deuses. Na Zelândia, sacrificavam anualmente 99 pessoas ao deus Swan-to-wite. Na Dinamarca, era sacrifi­cado o mesmo número de homens. Os escandinavos sacrifi­cavam todos os cativos a Odim. Os sacerdotes eslavos não somente matavam vítimas humanas como também bebiam o seu sangue.
O modo de destruir a vida diferia, mas o princípio era o mesmo e parece ter sido universal. Os gauleses matavam com um golpe de machado, dado de tal maneira que a víti­ma ainda ficasse viva, para obterem presságios por meio das suas convulsões. Os celtas colocavam as suas vítimas num altar e abriam-lhes o peito com uma espada; os címbricos estripavam as vítimas; os noruegueses tiravam-lhes fora os miolos com o jugo de um boi. Os islandeses crivavam as vítimas de setas. Na Bretanha, os druídas fa­ziam uma figura de vime de forma humana, que enchiam de vítimas e deitavam-lhe fogo, como descreve César: "Al­guns usam imagens enormes, cujos membros são feitos de vime e cheios de criaturas vivas; pondo-lhes fogo, as cha­mas destroem essas criaturas... Quando não há número su­ficiente de criminosos, não têm escrúpulo de torturar os inocentes" (24).
Os pormenores não são só revoltantes, mas enfadonhos. Contudo, não se pode considerar completa esta parte do assunto sem lançar a vista sobre países que podem ser clas­sificados como da antigüidade, não obstante quase nada sabermos da sua história antiga, porque a sua religião é, ou era até pouco tempo, paga em todo o sentido. Esses estão, especialmente na América, na África e nas ilhas do Pa­cífico. No México parece que a brutalidade de sacri­ficar vítimas humanas chegou ao máximo. Nenhum au­tor calcula o número anual de vítimas em menos de 20.000 e alguns o elevam a 50.000. Em ocasiões solenes, o número de sacrificados chegava a ser pavoroso. Na dedi­cação do grande templo Huitzilopolchli, no ano de 1486, os prisioneiros, que já de longa data tinham sido reserva­dos para esse fim, dispostos em fileiras, formavam uma li­nha de cerca de duas milhas de comprimento. A cerimônia durou alguns dias, e diz-se que 70.000 homens foram mor­tos. Os companheiros de Cortez, o conquistador do Méxi­co, contaram num dos templos 136.000 caveiras.

Quando perguntaram a Montezuma, último imperador do México, por que razão consentia que a república de Tlascala mantivesse a sua independência, respondeu que era para que lhe fornecesse vítimas para os deuses" (25). No tempo da seca, para propiciar Theloc, deus da chuva, as crianças eram sacrificadas vestidas de roupas finas, e adornadas de flores de primavera. Escritores narram que os gritos dessas inocentes, quando levadas em liteiras para o lugar da matança, comoveriam os corações mais duros. Mas não podiam comover os corações duros dos sacerdotes pagãos, que, como os devotos de Moloque, sufocavam os gritos das criancinhas com ruidosas músicas e cantos. Es­tas vítimas inocentes eram geralmente compradas pelos sacerdotes a seus pais pobres. E pais havia que vendiam os seus filhos! Isto era a repetição do antigo paganismo (26). "Sem benevolência, sem misericórdia", é realmente a jus­ta qualificação dada pelo apóstolo inspirado. A tribo Fanti e muitas outras da África ofereciam sacrifícios humanos em cada lua nova. Em Assanti, a adoração de tubarões e cobras era acompanhada de sacrifícios humanos em suas formas mais pavorosas (27). Um rei ali deu instruções para o morticínio de 6.000 escravos no seu funeral, e o seu testa­mento hediondo foi executado. Essa prática existia em to­das as ilhas do Pacífico. Em Otaeite, grande número de pessoas foram mortas, depois de lhes tirarem os olhos, para os oferecerem ao rei. Nas ilhas Marquesas, principalmente nas ilhas Harvey e Pallisay, e nas da Nova Zelândia, não somente sacrificavam os seus inimigos, mas devoravam-nos.



Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

Fonte: Livro: As Catacumbas de Roma

Entre os atenienses e gauleses, as leis autorizavam os pais a destruírem os filhos. Em Esparta, as leis de Licurgo obrigavam o pai a levar os filhos perante uma comissão examinadora; se esta os achasse desfigurados ou fracos, eram lançados numa caverna profunda, perto do monte Taigeto. Aristóteles diz: "É necessário expor (isto é, deixar morrer) crianças fracas e doentes, para evitar um aumento demasiado rápido de cidadãos". Platão, na sua República, diz que as crianças fracas não devem ver a luz. Também em Roma, as leis davam autoridade aos pais para tirarem a vida de seus filhos. Erixo e Ário, cidadãos romanos, ma­taram cada um seu filho a pancadas (28)e Tertuliano afir­ma que os romanos expunham seus filhos, à morte, afogando-os ou deixando-os perecer à fome ou, devorados pelos cães. Cícero e Sêneca falam dessas práticas; tratam-nas, porém, como corriqueiras: não as censuram nem as comen­tam. Terêncio descreve um certo Cremes como "um ho­mem de grande benevolência" e no entanto apresenta-o or­denando à sua mulher que matasse seu filho recém-nascido. E mostra que Cremes encolerizou-se por ter a es­posa encarregado outra pessoa de executar o ato (29).

Citemos o testemunho do escritor Gibeon. Este teste­munho é tanto mais valioso quanto é certo que ele se esfor­çou por pintar o paganismo com belas cores para prejuízo do cristianismo. Diz: "O costume de matar crianças era o vício obstinado e predominante da antigüidade; às vezes era imposto, outras permitido e sempre impunemente, ainda mesmo em nações que nunca admitiram as idéias ro­manas do poder paternal". Os poetas dramáticos, que às vezes apelam para o coração humano, representam com indiferença aquele costume popular, que era seguido por motivos de economia (™).

Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

Um comentário: