sexta-feira, 27 de maio de 2011

ARQUEOLOGIA BIBLICA: restos materiais e escritos - 1ª Parte


Arqueologia: restos materiais e escritos

8.1. Arqueologia do antigo Oriente Próximo
 A descrição anterior do relevo e do clima no antigo Oriente Próximo e  na Palestina baseia-se fortemente na geologia, na geografia e na metereologia. Ao mesmo tempo, até uma descrição tão simplificada chama a atenção ao modo como tanto o relevo como o clima exerciam impacto e moldavam a vida de pessoas antigas, e isso necessariamente faz entrar em jogo nosso conhecimento histórico do antigo Oriente Próximo. Falando estritamente, co­nhecimento histórico é conhecimento escrito. É possível, entretanto, obter co­nhecimento da vida humana no passado examinando cuidadosamente restos materiais, de maneira que, de certo modo, os objetos antigos são feitos para contar-nos alguma coisa a respeito dos que os fizeram e utilizaram.
 Arqueologia é a recuperação e o estudo sistemático dos restos materiais  do passado, dos quais se tiram conclusões sobre a cultura, a sociedade e a história do povo que deixou as relíquias. Objetos arqueologicamente relevan­tes incluem alicerces, muros, edifícios, estátuas, vasilhas de arte culinária e cerimoniais, ferramentas, armas, jóias e outros adornos, metais, tecido, cerâ­mica e ossos animais e humanos. Caso tivermos sorte, entre os objetos recu­perados haverá materiais escritos ocasionais, que podem variar desde letras grosseiramente rabiscadas e palavras até textos literários extensos. Os objetos materiais, incluindo as inscrições e os textos, precisam ser estudados em rela­ção de um com o outro, ambos nos lugares onde foram achados e em relação com outros objetos aparentados e escritos, a fim de edificar uma grade de conhecimento a respeito da cultura, da sociedade e da história subjacentes. A reconstrução arqueológica é processo lento e trabalhoso, amiúde mal en­tendido pelo público geral, que apenas ouve falar desta ou daquela descober­ta sensacional — já muitas vezes mal interpretada ou que a imprensa popular faz aparecer desproporcionada.
 Afortunadamente, possuímos uma riqueza crescente de conhecimento a  respeito do antigo Oriente Próximo, riqueza que foi peneirada e correlaciona­da a partir das escavações arqueológicas. As cidades do antigo Oriente Próxi­mo tendiam a desenvolver-se em níveis sucessivos de ocupação sobre sítios estrategicamente escolhidos, que costumavam ser utilizados novamente mui­tas vezes, em vez de ficar abandonados, mesmo após a destruição. Os outeiros artificiais (ou tells), construídos um tanto como um bolo de camadas, os quais assinalam as antigas cidades, são escavados em seções horizontais, em geral cortando valas dentro do outeiro a fim de que as camadas fiquem expostas uma acima da outra. As ocupações mais antigas do sítio serão encontradas no fundo do outeiro e as ocupações mais recentes, na parte superior. Os objetos dispostos em camadas são datados em primeiro lugar por uma aná­lise apurada da evolução dos tipos de cerâmica, os quais, por sua vez, são datados em relação aos materiais de inscrições.
 Escavações por todo o antigo Oriente Próximo, densamente concentra­das no Crescente Fértil, revelaram antigas cidades e bibliotecas as quais nos  permitem escrever uma história política daqueles tempos com certa medida de precisão e pormenor. A maioria da prova na escrita procede de textos esta­tais ou dos templos nos arquivos das principais potências do Egito, da Suméria, da Acádia, da antiga Babilônia, da Assíria, do império hitita e da Pérsia. Aqui e acolá, sobreviveram os documentos de estados menores esparramados pelo antigo Oriente Próximo, como de Mari sobre o médio Eufrates e Ugarit no litoral sírio. Documentos análogos sobrevivem dentro da Bíblia Hebraica e aparecem adicionalmente num conjunto de inscrições escritas, a maior par­te fragmentárias, da Palestina israelita.
 É essencial para o intérprete bíblico estar ciente da série assombrosa de textos do antigo Oriente Próximo, os quais têm relação com a história tanto  narrada como pressuposta na Bíblia Hebraica, como também com pratica­mente o espectro total dos gêneros e tópicos bíblicos. Uma amostra de textos do antigo Oriente Próximo é catalogada abaixo juntamente com livros bíbli­cos pertinentes (tábua 1; §10.1). Os textos são identificados pelo seu lugar de origem lingüístico e/ou político e são acomodados à paginação das traduções típicas inglesas para pronta referência.
 Com esta ligação da literatura bíblica e não-bíblica não se pretende insinuar que exista alguma dependência literária direta necessária de um escrito do outro. Tampouco ela sugere que os textos bíblicos e não-bíblicos se corres­pondam sempre intimamente em assuntos de conteúdo e de pormenor. Ela visa antes a mostrar ter existido amplo fundo de escritos no mundo mais am­plo que utilizaram formas literárias muito parecidas com as formas da litera­tura bíblica e que se ocuparam com as mesmas ou similares preocupações his­tóricas e temáticas. Pretende-se mostrar com a tábua que Israel não só parti­cipava realmente num mundo comum geográfico e histórico, mas também num mundo comum literário e religioso-cultural.

8.2. Arqueologia da Palestina
 A arqueologia palestinense expressou tipicamente interesse de duplo efeito  ao esclarecer a Bíblia e ao elucidar a relação de Israel com as culturas circundantes. Organizações financiadas para conduzir escavações científicas na Pa­lestina trabalharam durante aproximadamente um século, e numerosas insti­tuições de educação mais elevada patrocinaram as escavações. Porque técni­cas arqueológicas começaram de maneira tosca e porque alguns escavadores não foram treinados ou especializados, os resultados de vasto volume de tra­balho arqueológico até esta data são desiguais e precisam ser avaliados criticamente. Existem agora foros profissionais e editores reconhecidos onde os  métodos e as conclusões da pesquisa arqueológica são avaliados criticamente e aperfeiçoados em diálogo ininterrupto.
 As escavações na Palestina desenterraram materiais desde a série completa de períodos arqueológicos, começando pelo período mesolítico e esten­dendo-se em continuidade através do período islamítico mais recente. As de­signações geralmente aceitas para os períodos arqueológicos e a sua datação (a respeito dos quais há controvérsia que continua) são catalogadas abaixo, junto com períodos bíblicos relacionados cronologicamente, quer conhecidos, quer conjeturados (tábua 2). Notar-se-á que a convenção visa a especificar alguns períodos — especialmente aqueles aplicáveis aos tempos bíblicos — em conformidade com o metal mais avançado em uso, por exemplo, cobre (calcolítico), bronze ou ferro.
 A Palestina foi provavelmente tão examinada e escavada como qualquer  país antigo no mundo. Contudo, menos de vinte anos passados, um arqueó­logo observou que, de cerca de cinco mil sítios e monumentos de antiguidades registrados, aproximadamente três sítios numa centena foram cientifica­mente escavados, incluindo pequenas sondagens e esclarecimentos, enquanto que, aproximadamente, apenas um só sítio em duzentos, tem sido a cena de trabalho arqueológico importante.[1] Mesmo se calcularmos que duas ou pos­sivelmente três vezes esse número de sítios foi agora escavado de certo modo, resta para ser atendido um número enorme de sítios. Por enquanto, sítios adi­cionais continuam chegando ao conhecimento dos arqueólogos.
 A tábua de escavações mais importantes na Palestina (tábua 3, p. 70) é  disposta em conformidade com as divisões geográficas da terra discutidas em §7.3. Declaram-se os nomes bíblicos das localidades quando são conhecidos com alto grau de certeza. Em outros casos, ainda sob debate, são fornecidos os nomes modernos dos sítios. Inclui-se uma chave para indicar restos em ca­da sítio conforme os períodos arqueológicos representados (apenas uns pou­cos sítios anteriores à Idade do Bronze são incluídos. Ferro I e II são tratados juntamente, e Ferro III é denominado Persa). Torna-se imediatamente mani­festo que a planície costeira, Judá e Samaria ostentam maior concentração de sítios importantes escavados durante o período bíblico, do que ostentam a Galiléia, o vale do Jordão, Galaad e os reinos dos planaltos de Amon, Moab e Edom. O quanto isto é devido à distribuição real dos sítios totais, ou ao maior interesse dos escavadores por cavar no território bíblico da terra cen­tral, torna-se difícil de julgar. Em alguns casos, no intuito de preencher o quadro quanto às regiões menos escavadas, foram incluídas escavações de menor in­teresse.
 A arqueologia palestina foi denominada comumente arqueologia bíblica, o que ressalta apropriadamente os interesses absorventes dos arqueólogos passados na relação da arqueologia com a literatura e a história do antigo Israel. Estes interesses completavam admiravelmente o aspecto histórico-crítico dos estudos bíblicos (§16.1; 27; 39), e continuam tendo lugar vital na arqueologia da Palestina. Correspondendo aos métodos emergentes de nova crítica literária e de crítica social científica nos estudos bíblicos, acha-se um interes­se crescente em arqueologia como um contribuinte importante para a recons­trução da antiga vida israelita no seu alcance cultural total, incluindo a sua história social (§24.1). Este acento, há muito tempo significativo nos estudos do indígena americano (= índio americano) e na arqueologia pré-histórica, está recebendo finalmente atenção mais completa na arqueologia da Palesti­na histórica. A relação entre as ênfases mais antigas e as mais novas é focali­zada na recente discussão quanto a se a disciplina deveria ser chamada ar­queologia bíblica ou arqueologia palestina.



TÁBUA1
Textos do antigo Oriente Próximo relacionados com a Bíblia Hebraica
pelo tema, gênero literário ou ligação histórica

Chave para a codificação de textos pelas suas categorias lingüísticas/culturais/políticas

                                   Ac = Acádico                                    Hi = Hitita
                                   Ar = Aramaico                                  Mb = Moabita
                                   As = Assírio                                       Nb = Neobabilônio
                                   Cn/Fn = Cananeu/Fenício                 Ab = Antigo Babilônio
                                   Eg = Egípcio                                      Su = Sumério
                                   Hb = Hebraico


Código lingüístico
ANET*
NERT*
1. Gênesis



A – Epopéia babilônico da criação
Ab/Nb(?)
60-72,501-3
80-84
B – Festival babilônico do Ano Novo
AB/NB(?)
331-34

C – Enki e Ninhursag (paraíso sumério)
Su
37-40
85-86
D – Mito de Adapa
Ab
101-3

E – Dumuzi e Enkimdu (motivo de Caim e Abel)
Su
42-42

F – Lista de reis sumérios
Su
265-66
87-89
G – Mito de Ziusudra (dilúvio sumério)
Su
42-44
89-90
H – Epopéia de Gilgames (tabuinha XI; dilúvio)
Ac
72-99,503-7
93-97
I – Epopéia de Atrahasis (dilúvio babilônico)
Ab
104-6,512-14
90-93
J – Narrativas de Sinube
Eg
18-23

K – Tabuinhas de Nuzi
Ab
219-20

L – Narrativa de dois irmãos
Eg
23-25

M – Tradição dos sete anos magros
Eg
31-32





2. Êxodo – Deuteronômio



A – Asiáticos no serviço doméstico egípcio
Eg
553-54

B – Lenda do nascimento de Sargão
Ac(?)
119
98-99
C – Hino a Aton
Eg
369-71
16-19
D – Mernepta ou estela de Israel
Eg
376-78

E – Códigos de Leis
                                                Ur-Nammu
                                                Lipit-Ishtar
                                                Esnunna
                                                Hamurábi
                                                Médio assírio
                                                Hitita
                                                Neobabilônico

Su
Su
Ab
Ab
As
Hi
Nb

523-25
159-61
163-80
163-80
180-88
188-97
197-98

F – Edito de Ammisaduqa
Ab
526-28

G – Tratados hititas de suserano-vassalo



H – Tratados sírio e assírio de suserano-vassalo
Ar As
531-41,659-61
129-31,256-66




3. Josué - Juízes



A – Execração de príncipes asiáticos
Eg
328-29

B – Cartas de amarna
Eg
483-90

C – Viagem de Wen Amon à Fenícia
Eg
25-29

D – Guerra contra os povos do mar
Eg
262-63

E – Baal e Anat
CN/Fn
129-42
190-221
F – Lenda do rei Keret
CN/Fn
142-49
223-25
G – Conto de Aqhat (Daniel)
Cn/Fn
149-55
225-26




4. Samuel – Reis



A - Inscrição de Ahiran
Cn/Fn
661

B -  Calendário de Gezer
Hb
320

C – Narrativa de Idrimi de Alalakh
As
557-58

D – Preces de pragas de Mursilis
Hi
394-96
169-74
E – Pedra moabita (Estela de Mesa)
MB
320-21

F – Estela de Zabir
Ar
655-56
229-32
G – Óstracos samaritanos
HB
321

H – Inscrição de Siloé
HB
321

I – Óstracos de Arad
Hb
568-69
253
J – Anais reais assírios
As
274-301

K – Crônicas neobabilônicas
Nb
302-7,563-64

L – Cartas de Laquis
HB
321-22





5.         Esdras-Neemias



A - Tabuinhas babilônicas de rações
Nb
308

B - Textos de Nabônides
Nb
308-16,560-63

C - Cilindro de Ciro
NB
315-16

D - Papiros de Elefantina
Ar
491-92,548-49
252-55




6. Livros proféticos



A - Protestos do camponês eloqüente
EG
407-10

B - Ditos proféticos de Mari
AB

122-28
C - Oráculos assírios de salvação
As
449-50,605

D - Carta do tempo de Josias
Hb
568





7. Salmos



A - Hinos egípcios
Eg
365-81
39-43
B - Hinos e lamentações mesopotâmicos
Su, Ab, As
383-92,573-86
99-115




8. Provérbios



A - Antigos provérbios assírios e babilônios
Ab, As
425-27,593-96

B - Instruções de Amen-em-opet        
Eg
321-24
49-62
C - Palavras de Ahiqar
Ar
427-30





9. Jó e Eclesiastes



A - O homem e o seu Deus (Jó sumério)
Su
589-91
140-42
B - "Quero louvar o Senhor da Sabedoria"
Nb
434-37,596-600
137-40
C - Diálogo sobre a miséria humana (Eclesiastes babilônico, Teodicéia babilônica)
Nb
438-40,601-4
133-37
D - Diálogo pessimista entre patrão e empregado
Nb
437-38,600-601

E - Uma carta satírica
Eg
475-79

F - Textos de Shurpu ("Confissões negativas")
Ab

131-32




10. Lamentações



A - Lamentações sobre a destruição de Ur
Su
455-63
116-18
B - Lamentações sobre a destruição da Suméria e de Ur
Su
611-19





11. Cântico dos Cânticos



A - Canções de amor egípcias
Eg
467-69

B - Canção de amor suméria
Su
496





12. Daniel



"Um soberano virá.
As
606-7
118-19
                                                             
TÁBUA2


Períodos arqueológicos                                             Períodos bíblicos

Mesolítico (natufiano)
8000-6000 a.C.

Neolítico da pré-cerâmica
6000-5000 a.C.

Neolítico da cerâmica
5000-4000 a.C.

Calcolítico (cobre)
4000-3200 a.C.

Esdrelon
3200-3000 a.C.

Bronze antigo (BA)
3000-2100 a.C.

BA I
3000-2800 a.C.

BA II
2800-2600 a.C.

BA III
2600-2300 a.C.

BA IV (ou IIIb)
2300-2100 a.C.

Bronze Médio (BM)
2100-1500 a.C.


 
BM I (ou BA-BM)
2100-1900 a.C.

BM IIa
1900-1700 a.C.

BM IIb
Possível período dos patriarcas
Abraão, Isaac e Jacó
(datados de maneira diferente
por vários estudiosos
em BA IV, BM ou BR)
[veja § 16]

 
1700-1600 a.C.

BM IIc
1600-1550 a.C.

Bronze recente (BR)
1550-1200 a.C.

BR I                                                                           Possível período dos patriarcas
1550-1400 a.C.

BR IIa
1400-1300 a.C

BR IIb
1300-1200 a.C.                                                          Moisés e o êxodo [veja §18.1]

Ferro I (Fe) ou Ferro antigo (FeA)
1200-900 a.C.

Fe Ia
1200-1150 a.C.                                                          Josué

Fe IB
1150-1025 a.C                                                                      Juízes de Israel

Fe Ic
1025-950 a.C                                                             Saul
Davi
Salomão

Fe Id
950-900 a.C.                                                              Divisão do reino

Ferro II (Fe) ou Ferro médio (FeM)
900-600 a.C.

Fe IIa
900-800 a.C.

Fe IIb
800-700 a.C.                                                              Queda de Israel (reino do norte)

Fe IIc
700-600 a.C.                                                              Reforma de Josias

Ferro III, Ferro Recente ou Persa
600-300 a.C.                                                              Queda de Judá (reino do sul)
Exílio para Babilônia



Helenístico
300-63 a.C.                                                                           Revolta dos Macabeus
                                                                                              Dinastia asmonéia

Romano
63 a.Cr323 d.C.                                                                    Aparição do cristianismo
                                                                                              Primeira revolta judaica
                                                                                              Segunda revolta judaica

Bizantino
323-636 d.C.

Islamítico
636 d.C.

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Mesmo durante o longo período quando a história e a religião em relação ao texto bíblico dominavam a arqueologia palestina, o processo de esca­var e registrar produziu inevitavelmente impressionante alcance de informa­ção que fez progredir nosso conhecimento da vida física, tecnológica, econô­mica, social, estética e intelectual dos antigos habitantes da Palestina. Entre­tanto, em parte por causa da orientação dos arqueólogos, em primeiro lugar para a história e a política, e em parte por causa da identidade da classe so­cial daqueles que deixaram os restos mais impressionantes, nossa informação arqueológica centra-se sobre a vida entre os governantes e as classes superio­res nos grandes centros administrativos do país. Com respeito a isso, a arqueo­logia palestina é tão seletiva no seu quadro das antigas condições de vida quanto o é a arqueologia do Oriente Próximo como um todo. Isso significa que po­demos visualizar o traçado e as principais características arquiteturais de uma cidade cananéia na Idade do Bronze Inferior ou de Jerusalém e de Samaria durante os reinos israelitas, mas também que possuímos muito menos infor­mação relativamente ao período tribal quando Israel não tinha estrutura es­tatal própria. De fato, a vida rural de Israel durante todo o período bíblico não está arqueologicamente bem documentada. Considerando que as maio­res cidades de Israel jamais foram grandes de acordo com nossos padrões ur­banos modernos, e que provavelmente cerca de 90 por cento da população habitava sempre em pequenas cidades ou aldeias, torna-se claro que estamos longe de possuir um quadro absolutamente completo da cultura total mate­rial e espiritual do Israel bíblico.
 Dados os impressionantes progressos recentes em técnicas arqueológicas,  a curiosidade sociológica atual a respeito de como viviam todos os estratos da sociedade israelita foi a que estimulou os arqueólogos a dirigir seus méto­dos aperfeiçoados para a desafiante tarefa de escavar pequenos estabelecimentos agrícolas, não amuralhados, no seu ambiente total de campos, terraços e sis­temas de abastecimento de água. Em geral, qualquer seja o caráter de escava­ção, existe sensibilidade crescente em relação aos indicadores de classes que possam estar refletidos nos dados. Tudo isto reveste grande importância no que tange a muitos dos tópicos clássicos dos estudos bíblicos: as origens de Israel num movimento social tribal, a transição para a monarquia, a estrutu­ra interna e as relações externas dos reinos de Israel e de Judá, as circunstâncias da dispersão de Israel após a queda de ambos os reinos e os termos bási­cos da restauração de Judá na Palestina.



Fonte: Introdução Socioliteraria à Bíblia Hebraica - Norman K.Gottwald



Pesquisa: Pr. Charles Maciel Vieira   
Continua............

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