Arqueologia: restos materiais e escritos
8.1. Arqueologia do antigo Oriente Próximo
A descrição anterior do relevo e do clima no antigo Oriente Próximo e na Palestina baseia-se fortemente na geologia, na geografia e na metereologia. Ao mesmo tempo, até uma descrição tão simplificada chama a atenção ao modo como tanto o relevo como o clima exerciam impacto e moldavam a vida de pessoas antigas, e isso necessariamente faz entrar em jogo nosso conhecimento histórico do antigo Oriente Próximo. Falando estritamente, conhecimento histórico é conhecimento escrito. É possível, entretanto, obter conhecimento da vida humana no passado examinando cuidadosamente restos materiais, de maneira que, de certo modo, os objetos antigos são feitos para contar-nos alguma coisa a respeito dos que os fizeram e utilizaram.
Arqueologia é a recuperação e o estudo sistemático dos restos materiais do passado, dos quais se tiram conclusões sobre a cultura, a sociedade e a história do povo que deixou as relíquias. Objetos arqueologicamente relevantes incluem alicerces, muros, edifícios, estátuas, vasilhas de arte culinária e cerimoniais, ferramentas, armas, jóias e outros adornos, metais, tecido, cerâmica e ossos animais e humanos. Caso tivermos sorte, entre os objetos recuperados haverá materiais escritos ocasionais, que podem variar desde letras grosseiramente rabiscadas e palavras até textos literários extensos. Os objetos materiais, incluindo as inscrições e os textos, precisam ser estudados em relação de um com o outro, ambos nos lugares onde foram achados e em relação com outros objetos aparentados e escritos, a fim de edificar uma grade de conhecimento a respeito da cultura, da sociedade e da história subjacentes. A reconstrução arqueológica é processo lento e trabalhoso, amiúde mal entendido pelo público geral, que apenas ouve falar desta ou daquela descoberta sensacional — já muitas vezes mal interpretada ou que a imprensa popular faz aparecer desproporcionada.
Afortunadamente, possuímos uma riqueza crescente de conhecimento a respeito do antigo Oriente Próximo, riqueza que foi peneirada e correlacionada a partir das escavações arqueológicas. As cidades do antigo Oriente Próximo tendiam a desenvolver-se em níveis sucessivos de ocupação sobre sítios estrategicamente escolhidos, que costumavam ser utilizados novamente muitas vezes, em vez de ficar abandonados, mesmo após a destruição. Os outeiros artificiais (ou tells), construídos um tanto como um bolo de camadas, os quais assinalam as antigas cidades, são escavados em seções horizontais, em geral cortando valas dentro do outeiro a fim de que as camadas fiquem expostas uma acima da outra. As ocupações mais antigas do sítio serão encontradas no fundo do outeiro e as ocupações mais recentes, na parte superior. Os objetos dispostos em camadas são datados em primeiro lugar por uma análise apurada da evolução dos tipos de cerâmica, os quais, por sua vez, são datados em relação aos materiais de inscrições.
Escavações por todo o antigo Oriente Próximo, densamente concentradas no Crescente Fértil, revelaram antigas cidades e bibliotecas as quais nos permitem escrever uma história política daqueles tempos com certa medida de precisão e pormenor. A maioria da prova na escrita procede de textos estatais ou dos templos nos arquivos das principais potências do Egito, da Suméria, da Acádia, da antiga Babilônia, da Assíria, do império hitita e da Pérsia. Aqui e acolá, sobreviveram os documentos de estados menores esparramados pelo antigo Oriente Próximo, como de Mari sobre o médio Eufrates e Ugarit no litoral sírio. Documentos análogos sobrevivem dentro da Bíblia Hebraica e aparecem adicionalmente num conjunto de inscrições escritas, a maior parte fragmentárias, da Palestina israelita.
É essencial para o intérprete bíblico estar ciente da série assombrosa de textos do antigo Oriente Próximo, os quais têm relação com a história tanto narrada como pressuposta na Bíblia Hebraica, como também com praticamente o espectro total dos gêneros e tópicos bíblicos. Uma amostra de textos do antigo Oriente Próximo é catalogada abaixo juntamente com livros bíblicos pertinentes (tábua 1; §10.1). Os textos são identificados pelo seu lugar de origem lingüístico e/ou político e são acomodados à paginação das traduções típicas inglesas para pronta referência.
Com esta ligação da literatura bíblica e não-bíblica não se pretende insinuar que exista alguma dependência literária direta necessária de um escrito do outro. Tampouco ela sugere que os textos bíblicos e não-bíblicos se correspondam sempre intimamente em assuntos de conteúdo e de pormenor. Ela visa antes a mostrar ter existido amplo fundo de escritos no mundo mais amplo que utilizaram formas literárias muito parecidas com as formas da literatura bíblica e que se ocuparam com as mesmas ou similares preocupações históricas e temáticas. Pretende-se mostrar com a tábua que Israel não só participava realmente num mundo comum geográfico e histórico, mas também num mundo comum literário e religioso-cultural.
8.2. Arqueologia da Palestina
A arqueologia palestinense expressou tipicamente interesse de duplo efeito ao esclarecer a Bíblia e ao elucidar a relação de Israel com as culturas circundantes. Organizações financiadas para conduzir escavações científicas na Palestina trabalharam durante aproximadamente um século, e numerosas instituições de educação mais elevada patrocinaram as escavações. Porque técnicas arqueológicas começaram de maneira tosca e porque alguns escavadores não foram treinados ou especializados, os resultados de vasto volume de trabalho arqueológico até esta data são desiguais e precisam ser avaliados criticamente. Existem agora foros profissionais e editores reconhecidos onde os métodos e as conclusões da pesquisa arqueológica são avaliados criticamente e aperfeiçoados em diálogo ininterrupto.
As escavações na Palestina desenterraram materiais desde a série completa de períodos arqueológicos, começando pelo período mesolítico e estendendo-se em continuidade através do período islamítico mais recente. As designações geralmente aceitas para os períodos arqueológicos e a sua datação (a respeito dos quais há controvérsia que continua) são catalogadas abaixo, junto com períodos bíblicos relacionados cronologicamente, quer conhecidos, quer conjeturados (tábua 2). Notar-se-á que a convenção visa a especificar alguns períodos — especialmente aqueles aplicáveis aos tempos bíblicos — em conformidade com o metal mais avançado em uso, por exemplo, cobre (calcolítico), bronze ou ferro.
A Palestina foi provavelmente tão examinada e escavada como qualquer país antigo no mundo. Contudo, menos de vinte anos passados, um arqueólogo observou que, de cerca de cinco mil sítios e monumentos de antiguidades registrados, aproximadamente três sítios numa centena foram cientificamente escavados, incluindo pequenas sondagens e esclarecimentos, enquanto que, aproximadamente, apenas um só sítio em duzentos, tem sido a cena de trabalho arqueológico importante.[1] Mesmo se calcularmos que duas ou possivelmente três vezes esse número de sítios foi agora escavado de certo modo, resta para ser atendido um número enorme de sítios. Por enquanto, sítios adicionais continuam chegando ao conhecimento dos arqueólogos.
A tábua de escavações mais importantes na Palestina (tábua 3, p. 70) é disposta em conformidade com as divisões geográficas da terra discutidas em §7.3. Declaram-se os nomes bíblicos das localidades quando são conhecidos com alto grau de certeza. Em outros casos, ainda sob debate, são fornecidos os nomes modernos dos sítios. Inclui-se uma chave para indicar restos em cada sítio conforme os períodos arqueológicos representados (apenas uns poucos sítios anteriores à Idade do Bronze são incluídos. Ferro I e II são tratados juntamente, e Ferro III é denominado Persa). Torna-se imediatamente manifesto que a planície costeira, Judá e Samaria ostentam maior concentração de sítios importantes escavados durante o período bíblico, do que ostentam a Galiléia, o vale do Jordão, Galaad e os reinos dos planaltos de Amon, Moab e Edom. O quanto isto é devido à distribuição real dos sítios totais, ou ao maior interesse dos escavadores por cavar no território bíblico da terra central, torna-se difícil de julgar. Em alguns casos, no intuito de preencher o quadro quanto às regiões menos escavadas, foram incluídas escavações de menor interesse. A arqueologia palestina foi denominada comumente arqueologia bíblica, o que ressalta apropriadamente os interesses absorventes dos arqueólogos passados na relação da arqueologia com a literatura e a história do antigo Israel. Estes interesses completavam admiravelmente o aspecto histórico-crítico dos estudos bíblicos (§16.1; 27; 39), e continuam tendo lugar vital na arqueologia da Palestina. Correspondendo aos métodos emergentes de nova crítica literária e de crítica social científica nos estudos bíblicos, acha-se um interesse crescente em arqueologia como um contribuinte importante para a reconstrução da antiga vida israelita no seu alcance cultural total, incluindo a sua história social (§24.1). Este acento, há muito tempo significativo nos estudos do indígena americano (= índio americano) e na arqueologia pré-histórica, está recebendo finalmente atenção mais completa na arqueologia da Palestina histórica. A relação entre as ênfases mais antigas e as mais novas é focalizada na recente discussão quanto a se a disciplina deveria ser chamada arqueologia bíblica ou arqueologia palestina.
TÁBUA1
Textos do antigo Oriente Próximo relacionados com a Bíblia Hebraica
pelo tema, gênero literário ou ligação histórica
Chave para a codificação de textos pelas suas categorias lingüísticas/culturais/políticas
Ac = Acádico Hi = Hitita
Ar = Aramaico Mb = Moabita
As = Assírio Nb = Neobabilônio
Cn/Fn = Cananeu/Fenício Ab = Antigo Babilônio
Eg = Egípcio Su = Sumério
Hb = Hebraico
Código lingüístico | ANET* | NERT* | |
1. Gênesis | |||
A – Epopéia babilônico da criação | Ab/Nb(?) | 60-72,501-3 | 80-84 |
B – Festival babilônico do Ano Novo | AB/NB(?) | 331-34 | |
C – Enki e Ninhursag (paraíso sumério) | Su | 37-40 | 85-86 |
D – Mito de Adapa | Ab | 101-3 | |
E – Dumuzi e Enkimdu (motivo de Caim e Abel) | Su | 42-42 | |
F – Lista de reis sumérios | Su | 265-66 | 87-89 |
G – Mito de Ziusudra (dilúvio sumério) | Su | 42-44 | 89-90 |
H – Epopéia de Gilgames (tabuinha XI; dilúvio) | Ac | 72-99,503-7 | 93-97 |
I – Epopéia de Atrahasis (dilúvio babilônico) | Ab | 104-6,512-14 | 90-93 |
J – Narrativas de Sinube | Eg | 18-23 | |
K – Tabuinhas de Nuzi | Ab | 219-20 | |
L – Narrativa de dois irmãos | Eg | 23-25 | |
M – Tradição dos sete anos magros | Eg | 31-32 | |
2. Êxodo – Deuteronômio | |||
A – Asiáticos no serviço doméstico egípcio | Eg | 553-54 | |
B – Lenda do nascimento de Sargão | Ac(?) | 119 | 98-99 |
C – Hino a Aton | Eg | 369-71 | 16-19 |
D – Mernepta ou estela de Israel | Eg | 376-78 | |
E – Códigos de Leis Ur-Nammu Lipit-Ishtar Esnunna Hamurábi Médio assírio Hitita Neobabilônico | Su Su Ab Ab As Hi Nb | 523-25 159-61 163-80 163-80 180-88 188-97 197-98 | |
F – Edito de Ammisaduqa | Ab | 526-28 | |
G – Tratados hititas de suserano-vassalo | |||
H – Tratados sírio e assírio de suserano-vassalo | Ar As | 531-41,659-61 | 129-31,256-66 |
3. Josué - Juízes | |||
A – Execração de príncipes asiáticos | Eg | 328-29 | |
B – Cartas de amarna | Eg | 483-90 | |
C – Viagem de Wen Amon à Fenícia | Eg | 25-29 | |
D – Guerra contra os povos do mar | Eg | 262-63 | |
E – Baal e Anat | CN/Fn | 129-42 | 190-221 |
F – Lenda do rei Keret | CN/Fn | 142-49 | 223-25 |
G – Conto de Aqhat (Daniel) | Cn/Fn | 149-55 | 225-26 |
4. Samuel – Reis | |||
A - Inscrição de Ahiran | Cn/Fn | 661 | |
B - Calendário de Gezer | Hb | 320 | |
C – Narrativa de Idrimi de Alalakh | As | 557-58 | |
D – Preces de pragas de Mursilis | Hi | 394-96 | 169-74 |
E – Pedra moabita (Estela de Mesa) | MB | 320-21 | |
F – Estela de Zabir | Ar | 655-56 | 229-32 |
G – Óstracos samaritanos | HB | 321 | |
H – Inscrição de Siloé | HB | 321 | |
I – Óstracos de Arad | Hb | 568-69 | 253 |
J – Anais reais assírios | As | 274-301 | |
K – Crônicas neobabilônicas | Nb | 302-7,563-64 | |
L – Cartas de Laquis | HB | 321-22 | |
5. Esdras-Neemias | |||
A - Tabuinhas babilônicas de rações | Nb | 308 | |
B - Textos de Nabônides | Nb | 308-16,560-63 | |
C - Cilindro de Ciro | NB | 315-16 | |
D - Papiros de Elefantina | Ar | 491-92,548-49 | 252-55 |
6. Livros proféticos | |||
A - Protestos do camponês eloqüente | EG | 407-10 | |
B - Ditos proféticos de Mari | AB | 122-28 | |
C - Oráculos assírios de salvação | As | 449-50,605 | |
D - Carta do tempo de Josias | Hb | 568 | |
7. Salmos | |||
A - Hinos egípcios | Eg | 365-81 | 39-43 |
B - Hinos e lamentações mesopotâmicos | Su, Ab, As | 383-92,573-86 | 99-115 |
8. Provérbios | |||
A - Antigos provérbios assírios e babilônios | Ab, As | 425-27,593-96 | |
B - Instruções de Amen-em-opet | Eg | 321-24 | 49-62 |
C - Palavras de Ahiqar | Ar | 427-30 | |
9. Jó e Eclesiastes | |||
A - O homem e o seu Deus (Jó sumério) | Su | 589-91 | 140-42 |
B - "Quero louvar o Senhor da Sabedoria" | Nb | 434-37,596-600 | 137-40 |
C - Diálogo sobre a miséria humana (Eclesiastes babilônico, Teodicéia babilônica) | Nb | 438-40,601-4 | 133-37 |
D - Diálogo pessimista entre patrão e empregado | Nb | 437-38,600-601 | |
E - Uma carta satírica | Eg | 475-79 | |
F - Textos de Shurpu ("Confissões negativas") | Ab | 131-32 | |
10. Lamentações | |||
A - Lamentações sobre a destruição de Ur | Su | 455-63 | 116-18 |
B - Lamentações sobre a destruição da Suméria e de Ur | Su | 611-19 | |
11. Cântico dos Cânticos | |||
A - Canções de amor egípcias | Eg | 467-69 | |
B - Canção de amor suméria | Su | 496 | |
12. Daniel | |||
"Um soberano virá. | As | 606-7 | 118-19 |
TÁBUA2
Períodos arqueológicos Períodos bíblicos
Mesolítico (natufiano)
8000-6000 a.C.
Neolítico da pré-cerâmica
6000-5000 a.C.
Neolítico da cerâmica
5000-4000 a.C.
Calcolítico (cobre)
4000-3200 a.C.
Esdrelon
3200-3000 a.C.
Bronze antigo (BA)
3000-2100 a.C.
BA I
3000-2800 a.C.
BA II
2800-2600 a.C.
BA III
2600-2300 a.C.
BA IV (ou IIIb)
2300-2100 a.C.
Bronze Médio (BM)
2100-1500 a.C.
BM I (ou BA-BM)
2100-1900 a.C.
BM IIa
1900-1700 a.C.
BM IIb
Possível período dos patriarcas
Abraão, Isaac e Jacó
(datados de maneira diferente
por vários estudiosos
em BA IV, BM ou BR)
[veja § 16]
1700-1600 a.C.
BM IIc
1600-1550 a.C.
Bronze recente (BR)
1550-1200 a.C.
BR I Possível período dos patriarcas
1550-1400 a.C.
BR IIa
1400-1300 a.C
BR IIb
1300-1200 a.C. Moisés e o êxodo [veja §18.1]
Ferro I (Fe) ou Ferro antigo (FeA)
1200-900 a.C.
Fe Ia
1200-1150 a.C. Josué
Fe IB
1150-1025 a.C Juízes de Israel
Fe Ic
1025-950 a.C Saul
Davi
Salomão
Fe Id
950-900 a.C. Divisão do reino
Ferro II (Fe) ou Ferro médio (FeM)
900-600 a.C.
Fe IIa
900-800 a.C.
Fe IIb
800-700 a.C. Queda de Israel (reino do norte)
Fe IIc
700-600 a.C. Reforma de Josias
Ferro III, Ferro Recente ou Persa
600-300 a.C. Queda de Judá (reino do sul)
Exílio para Babilônia
Helenístico
300-63 a.C. Revolta dos Macabeus
Dinastia asmonéia
Romano
63 a.Cr323 d.C. Aparição do cristianismo
63 a.Cr323 d.C. Aparição do cristianismo
Primeira revolta judaica
Segunda revolta judaica
Bizantino
323-636 d.C.
Islamítico
636 d.C.
________________________________________________________________________________________________
Mesmo durante o longo período quando a história e a religião em relação ao texto bíblico dominavam a arqueologia palestina, o processo de escavar e registrar produziu inevitavelmente impressionante alcance de informação que fez progredir nosso conhecimento da vida física, tecnológica, econômica, social, estética e intelectual dos antigos habitantes da Palestina. Entretanto, em parte por causa da orientação dos arqueólogos, em primeiro lugar para a história e a política, e em parte por causa da identidade da classe social daqueles que deixaram os restos mais impressionantes, nossa informação arqueológica centra-se sobre a vida entre os governantes e as classes superiores nos grandes centros administrativos do país. Com respeito a isso, a arqueologia palestina é tão seletiva no seu quadro das antigas condições de vida quanto o é a arqueologia do Oriente Próximo como um todo. Isso significa que podemos visualizar o traçado e as principais características arquiteturais de uma cidade cananéia na Idade do Bronze Inferior ou de Jerusalém e de Samaria durante os reinos israelitas, mas também que possuímos muito menos informação relativamente ao período tribal quando Israel não tinha estrutura estatal própria. De fato, a vida rural de Israel durante todo o período bíblico não está arqueologicamente bem documentada. Considerando que as maiores cidades de Israel jamais foram grandes de acordo com nossos padrões urbanos modernos, e que provavelmente cerca de 90 por cento da população habitava sempre em pequenas cidades ou aldeias, torna-se claro que estamos longe de possuir um quadro absolutamente completo da cultura total material e espiritual do Israel bíblico.
Dados os impressionantes progressos recentes em técnicas arqueológicas, a curiosidade sociológica atual a respeito de como viviam todos os estratos da sociedade israelita foi a que estimulou os arqueólogos a dirigir seus métodos aperfeiçoados para a desafiante tarefa de escavar pequenos estabelecimentos agrícolas, não amuralhados, no seu ambiente total de campos, terraços e sistemas de abastecimento de água. Em geral, qualquer seja o caráter de escavação, existe sensibilidade crescente em relação aos indicadores de classes que possam estar refletidos nos dados. Tudo isto reveste grande importância no que tange a muitos dos tópicos clássicos dos estudos bíblicos: as origens de Israel num movimento social tribal, a transição para a monarquia, a estrutura interna e as relações externas dos reinos de Israel e de Judá, as circunstâncias da dispersão de Israel após a queda de ambos os reinos e os termos básicos da restauração de Judá na Palestina.
Fonte: Introdução Socioliteraria à Bíblia Hebraica - Norman K.Gottwald
Pesquisa: Pr. Charles Maciel Vieira
Continua............
Nenhum comentário:
Postar um comentário