SOTERIOLOGIA DE MERCADO
Quando a Salvação Vira um Negócio
Introdução
As questões sobre a salvação do homem surgem antes mesmo da criação em si. Quando a Bíblia diz: “No princípio Deus criou os céus e a terra. Era a terra sem forma e vazia; trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Genesis 1.1,2), expressa toda uma estrutura e logística em prol do homem. Quando Deus cria, Ele tem um intento, e cria o homem para Sua própria Gloria. Há os estudiosos que crêem na possibilidade de uma “terra original”, de uma “terra caótica”, e de uma “terra restaurada”, crêem no “primeiro jardim do Éden” e no “segundo jardim do Éden” com a criação secundaria substituindo a primeira existência, o que alguns usam para teologicamente explicar a existência dos primeiros repteis gigantes (dinossauros), considerando o tempo de “dia” bíblico como um tempo longo, e também seres espirituais (a leva completa de anjos). Há também os estudiosos da área demonológica ou sobre batalha espiritual que crêem na interpretação forçosa de Isaias 14.12 a 15 e Ezequiel 28.1-19 em que Satanás, antes da “terra caótica”, habitava no primeiro jardim do Éden, existente na “terra original”, formado por pedras preciosas e pedras afogueadas, na condição de Querubim Ungido. Então houve uma rebelião através da qual o adversário foi derribado e a “terra original” foi violada e tornou-se “caótica”, e nesta interpretação dos estudiosos da demonologia bíblica, ele aparece no jardim do Éden, na “terra restaurada”, e engana o casal adâmico, e o pecado entra no mundo.
O estado original de Adão era de plenitude de comunhão e participação da Glória de Deus. Se você quisesse ver Deus, era somente olhar para Adão e ele espelharia a face Divina. Adão falava com Deus face a face, e há uma interpretação de que ele não se cansava, não sentia dor, e conforme o evangelista Felipe, ele era transportado pelo Espírito de Deus de um lugar para outro (Atos 8.39), e não precisava abrir a boca para falar com Deus, era só olhar que revelativamente concebia-se a plenitude do conhecimento Divino. Um dia esse mundo caiu, e Adão olhou para si e não conseguiu mais enxergar espiritualmente, e sentiu a limitação de sua respiração e não se locomovia mais como o vento, e procurou dentro de si a plenitude Divina e não encontrou, então viu que estava nu duas vezes, nu na maldade do pecado e nu espiritualmente. É aceita pela maioria dos teólogos que a primeira profecia de conteúdo salvifico é pronunciada pelo próprio Deus ao dirigir palavras amaldiçoadoras a Lúcifer, a antiga serpente (Genesis 1.14,15; Apocalipse 12.9)
O apóstolo Paulo fala ao nosso coração sobre Adão, e o que se esperava de Adão era a espelhação do Filho de Deus, e não espelhar suas concupiscências derivadas da desobediência, através da qual Paulo expressa o que Adão passou a ser após a queda: homem terreno, transgressor, homem natural, incapaz de assumir sua má conduta, seu pecado, antes culpa sua esposa Eva, seria mais fácil apontar o dedo para o próximo do que confessar seu pecado, ele estava descoberto de Deus. Paulo diz que Deus enviou o segundo Adão (“ultimo Adão”), Jesus Cristo, espírito vivificante, espiritual, homem celestial, dentro da logística Divina, Filho de Deus, nosso Dono (Senhor), para salvar o homem: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor” (Lucas 4.18, 19) . Sob inspiração Divina, Paulo escreveu: “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram; pois antes de ser dada a Lei, o pecado já estava no mundo. Mas o pecado não é levado em conta quando não existe lei. Todavia, a morte reinou desde o tempo de Adão até o de Moisés, mesmo sobre aqueles que não cometeram pecado semelhante à transgressão de Adão, o qual era um tipo daquele que haveria de vir.
Entretanto, não há comparação entre a dádiva e a transgressão. Pois se muitos morreram por causa da transgressão de um só, muito mais a graça de Deus, isto é, a dádiva pela graça de um só homem, Jesus Cristo, transbordou para muitos! Não se pode comparar a dádiva de Deus com a conseqüência do pecado de um só homem: por um pecado veio o julgamento que trouxe condenação, mas a dádiva decorreu de muitas transgressões e trouxe justificação. “Se pela transgressão de um só a morte reinou por meio dele, muito mais aqueles que recebem de Deus a imensa provisão da graça e a dádiva da justiça reinarão em vida por meio de um único homem, Jesus Cristo” (Romanos 5.12 a 17). “Pois da mesma forma como em Adão todos morrem, em Cristo todos serão vivificados” (I Coríntios 15.22). “Assim está escrito: “O primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente”; o último Adão, espírito vivificante. Não foi o espiritual que veio antes, mas o natural; depois dele, o espiritual. O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, dos céus. Os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são dos céus, ao homem celestial. Assim como tivemos a imagem do homem terreno, teremos também a imagem do homem celestial” (1Coríntios 15.45 a 49)
O Evangelho de Jesus é simples e tem uma mensagem acessível para salvação de todo aquele que crer. As liturgias, cerimoniais e degraus da igreja-denominação atual não espelham o lado simples da salvação bíblica pregada pelo próprio Jesus, seus apóstolos e posteriores obreiros neo-testamentarios. O professor de Historia da Igreja, Pe.Inacio José de Val cita o seguinte: “No início, a Igreja era um grupo de homens centrados no Cristo vivo. Então, a Igreja chegou à Grécia e tornou-se uma filosofia. Depois chegou a Roma e tornou-se uma instituição. Em seguida, à Europa e tornou-se uma cultura. E, finalmente, chegou à América e tornou-se um negócio”. Paulo aos Efésios 2.8,9 diz: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”.
A Mensagem de Salvação Pregada em Jerusalém
O evangelista Mateus inicia seu testemunho dizendo que Abraão é o principio da genealogia de Jesus Cristo, o histórico messias para os judeus, e a salvação para a humanidade (Mateus 1.1 a 16). Alguns capítulos à frente aparece a figura rural e bruta de João, o Batista, interpretado como o “trator de esteira”. Assim descreve-o Mateus: “As roupas de João eram feitas de pêlos de camelo, e ele usava um cinto de couro na cintura. O seu alimento era gafanhotos e mel silvestre” (Mateus 3.4) Já o evangelista Marcos (1.4) diz: “Assim surgiu João, batizando no deserto e pregando um batismo de arrependimento para o perdão dos pecados”. A pregação de João era primaria, básica, simples, e um tanto agressiva. Ele anunciava a chegada do Reino de Deus aos homens, anunciava sua posição ministerial e anunciava o Messias prometido: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo”; “Raça de víboras! Quem lhes deu a idéia de fugir da ira que se aproxima? Dêem fruto que mostre o arrependimento! Não pensem que vocês podem dizer a si mesmos: ‘Abraão é nosso pai’. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo. Eu os batizo com água para arrependimento. Mas depois de mim vem alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de levar as suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão e limpará sua eira, juntando seu trigo no celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga” (João 3.2, 7 a 12). “Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Façam um caminho reto para o Senhor” (João 1.23). Então João encontra Jesus novamente: “No dia seguinte João viu Jesus aproximando-se e disse: “Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! Este é aquele a quem eu me referi, quando disse: Vem depois de mim um homem que é superior a mim, porque já existia antes de mim. Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água: para que ele viesse a ser revelado a Israel”. Então João deu o seguinte testemunho: “Eu vi o Espírito descer dos céus como pomba e permanecer sobre ele. Eu não o teria reconhecido, se aquele que me enviou para batizar com água não me tivesse dito: ‘Aquele sobre quem você vir o Espírito descer e permanecer, esse é o que batiza com o Espírito Santo. Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus” (João 1.29 a 33)
João Evangelista inicia seu testemunho com um contexto espiritual, revelando a nós que antes de tudo existir, no principio, era o Verbo (ou a Palavra) e que o Verbo é o próprio Deus, que veio até nós e vimos a Sua Glória, e “recebemos da sua plenitude, graça sobre graça” (João 1.16). A primeira pregação neo-testamentaria sobre Salvação em Jerusalém, como vimos, foi anunciada por João Batista, e Jesus seguiu a mesma linha de mensagem: “O tempo é chegado... O Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!” (Marcos 1.15), e os discípulos de Jesus seguiram o mesmo tema, chamando o homem a arrepender-se dos seus pecados (Marcos 6.12).
A Salvação em Jerusalém e toda Palestina
Ao iniciar seu ministério terreno Jesus depara-se com grupos religiosos provenientes, em sua formação, do período inter-biblico. São eles: Fariseus (especialistas da Lei); Saduceus (Guardiães da Torah); Essênios (radicais justos); Zelotes (sicários, “gente da adaga” ); Herodianos (seguidores de Herodes); Escribas (que em si não eram uma seita, mas “amanuenses”, copistas).
Dentre esses grupos no relato dos evangelhos destacam-se os fariseus, os saduceus e dentre esses grupos os copistas (escribas). Os fariseus tinham uma doutrina com profundidade de conhecimento da Torah. E inclusive o apostolo Paulo foi criado fariseu, aos pés de Gamaliel (Atos 22.3; 23.6). Os fariseus eram rigorosos e criam nas coisas espirituais (Atos 23.6 a 9). Os saduceus se derivaram do farisaísmo se tornando um grupo religioso “secular”, não crendo em coisas espirituais, nem em anjos, ou eternidade. Os escribas pertenciam aos dois grupos ou mais e eram responsáveis pela preservação da Lei escrita. João Batista havia chamado os fariseus e saduceus de “serpentes venenosas.
O que os judeus esperavam era uma libertação e implantação do Reino do Messias Prometido, o qual dissiparia todos reinos do mundo, estabelecendo uma Teocracia, ao modelo Davidico. Na mente judaica os céus se manifestariam com a aparição repentina do Cristo, um Rei que acabaria com a dominação romana, abençoaria a nação eleita e na terra de Israel se veria a “romaria” de todas as nações a adorar em Jerusalém, e o pecado e impureza não teriam vez (Zacarias 2.10-13; Isaias 40.9-11).
A vinda de Jesus não atendeu ao pensamento judaico, pois o mesmo era terreno e temporal. As profecias quanto ao Messias estavam se cumprindo, mas com a cegueira espiritual dos judeus, nada poderia ser enxergado e nem sentido “Que dizer então? Israel não conseguiu aquilo que tanto buscava, mas os eleitos o obtiveram. Os demais foram endurecidos, como está escrito: “Deus lhes deu um espírito de atordoamento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até o dia de hoje”E Davi diz: “Que a mesa deles se transforme em laço e armadilha, pedra de tropeço e retribuição para eles. Escureçam-se os seus olhos, para que não consigam ver, e suas costas fiquem encurvadas para sempre”(Romanos 11.7-11). Jesus nasceu em Belem da Judéia e é posto numa manjedoura, dentro de um estabulo. Jesus é criado na “favela” de Nazaré, periferia dos tempos biblicos. Então acontece a entrada triunfal do Rei Jesus (Mateus 21) “Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, ao monte das Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo-lhes: “Vão ao povoado que está adiante de vocês; logo encontrarão uma jumenta amarrada, com um jumentinho ao lado. Desamarrem-nos e tragam-nos para mim. Se alguém lhes perguntar algo, digam-lhe que o Senhor precisa deles e logo os enviará de volta”. Isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta: “Digam à cidade de Sião: ‘Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta’. Os discípulos foram e fizeram o que Jesus tinha ordenado. Trouxeram a jumenta e o jumentinho, colocaram sobre eles os seus mantos, e sobre estes Jesus montou. Uma grande multidão estendeu seus mantos pelo caminho, outros cortavam ramos de árvores e os espalhavam pelo caminho. A multidão que ia adiante dele e os que o seguiam gritavam: “Hosana ao Filho de Davi!” “Bendito é o que vem em nome do Senhor!” “Hosana nas alturas!” (Mateus 21.1-9).
Pr.Charles Maciel Vieira
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