Bem-vindo à
vizinhança
Nenhum amor tinha sido desperdiçado entre judeus e
samaritanos desde os dias do Retorno, quando os chefes samaritanos intrigavam
continuamente para evitar a reconstrução de Jerusalém. Nos dias de Jesus a
relação entre eles ainda estava amarga. Os judeus não tinham negócios com
samaritanos (João 4:9) e usavam esse termo como a máxima expressão de ofensa
(João 8:48). As aldeias de Samaria não eram hospitaleiras para os judeus que
viajavam através da região para Jerusalém (Lucas 9:51-55). Durante o reinado de
Cláudio César, alguns samaritanos massacraram um grupo de peregrinos judeus na
fronteira ao norte da aldeia de Ginae (Antigüidades, XX, xi, 1).
Isto explica porque Jesus usou um samaritano para ilustrar o
significado de amor ao próximo. O exemplo falou diretamente ao preconceito
judeu. Na história do Senhor, este pária mestiço foi o único que teve
suficiente compaixão para se deter e ajudar um homem desesperadamente ferido
(Lucas 10:25-37). Mais do que meramente tocado pela tragédia do homem, o
samaritano agiu. Ele gentilmente tratou seus ferimentos e o transportou para a
estalagem mais próxima, onde fez providências para o seu completo tratamento.
Isto não foi um gesto de grandeza, mas de pouca duração. Sua preocupação e
envolvimento foram totais.
Quando Jesus terminou de contar a história do homem roubado e
espancado pelos ladrões e concluiu com a pergunta “Quem mostrou ser o próximo
daquele que caiu nas mãos dos ladrões?”, o advogado que tinha começado esta
conversa estava, provavelmente, desejando nunca ter aberto a boca. Ele tinha
evidentemente levantado a questão sobre o que se tinha que fazer pra herdar a
vida eterna meramente por amor à argumentação, mas Jesus tinha-o compelido a
responder sua própria questão. Ele tinha feito a pergunta sobre quem era seu próximo
somente para escapar do embaraço, mas agora ele tem que responder de novo. Não
querendo nem identificar o samaritano, o advogado diz: “Aquele que mostrou
misericórdia com ele”. Em conseqüência, Jesus muda tudo da teoria para a
prática. “Vai, e faze o mesmo”, ele disse.
Lucas não registra o impacto de tudo isto sobre o advogado.
Uma coisa é certa. Ele tinha aprendido bastante sobre o tamanho de sua
vizinhança. Ela era tão ampla como o mundo todo, e seu próximo era qualquer um
que precisasse de sua ajuda.
Houve outras lições, também. O sacerdote e o levita estavam
errados, pondo o sacrifício adiante da bondade. Amar a Deus não torna uma
pessoa sem misericórdia para com os homens. Jesus tinha uma vez defendido este
ponto a partir das palavras de Oséias: “Misericórdia quero e não holocaustos”
(Mateus 9:13). João, mais tarde, poria isto em termos simples. “Se alguém
disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a
seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 João 4:20). Mesmo
um compromisso de adorar a Deus não pode justificar o voltar as costas ao
sofrimento. Se nos encontramos, em nossa paixão por Deus, abandonando toda a
consideração por outros, podemos ter certeza de que estamos sob o domínio de
uma paixão ilegítima. Há quem seja da tragicamente errada persuasão de que
qualquer maltrato a outros é justificado quando se está tentando manter a
verdade de Deus.
Mais outra lição é encontrada na verdade que o samaritano não
estava respondendo a alguma nobreza [observada] no infeliz estrangeiro. Ele não
tinha idéia do caráter moral do homem. Amor ao próximo não é resposta à bondade
de outros, mas à sua necessidade. Tivesse o homem caído em tais desesperadas
aperturas por seu próprio descuido, isso não teria mudado nada. Ele poderia ter
sido um judeu que tivesse tratado samaritanos com desprezo simplesmente pelas
lembranças agitadas das injustiças de outros. Não é fácil esquecer injúrias
antigas e elas são rapidamente generalizadas a populações inteiras. Mas o verdadeiro
amor ao próximo se move somente pela preocupação pelo que em circunstâncias
similares se quereria para si mesmo. Não é uma resposta ao desinteresse dos
outros, mas um ato de amor puro para com aqueles que talvez nunca nos tenham
mostrado amizade de maneira nenhuma.
Finalmente, há esta lição fundamental, abrangente. Quando
perguntado sobre quem obtém vida eterna, Jesus remeteu o advogado diretamente
de volta às Escrituras. Em nossa busca por respostas a questões transcendentes,
estamos indevidamente dispostos a pensar que a Bíblia seja muito difícil de
oferecer respostas claras. O Senhor sabe mais. A palavra de Deus é bastante
clara para aqueles que querem fazer sua vontade. Tivéssemos hoje em dia a
oportunidade de ficar na presença do próprio Filho de Deus e levantar nossas
questões difíceis com ele, Jesus nos diria o que disse ao advogado judeu. “O
que está escrito na palavra de Deus? Como você a lê?” As respostas estão ali,
basta termos coragem para recebê-las e aplicá-las.
–por Paul Earnhart
ola queria informações sobre a parabola dos derradeiros (todos que receberam o mesmo salario trabalhando periodos diferente)
ResponderExcluirmuito obrigado
Muito obrigado e muito forte esses comentários
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