terça-feira, 19 de março de 2013

EXEGESE BIBLICA


INTRODUÇÃO
O que é Exegese?
Exegese: do Grego: ek + egnomai = ek + egéomai, penso, interpreto, arranco para fora do texto. É a prática da hermenêutica sagrada que busca a real interpretação dos textos que formam o Antigo e o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento das línguas originais (hebraico, aramaico e grego), da confrontação dos diversos textos bíblicos e das técnicas aplicadas na linguística e na filosofia.
"A Bíblia é ao mesmo tempo humana e divina, exige de nossa parte a tarefa de interpretá-la."

O QUE É E DO QUE TRATA A EXEGESE BÍBLICA

Definições
Dicionário Teológico:
Exegese Estrutural: latim strutura (disposição interna de uma construção). Doutrina que sustenta estar o significado do texto bíblico além do processo de composição e das intenções do autor. Neste método é levado em conta as estruturas e padrões do pensamento humano. Noutras palavras: o cérebro é guiado por determinadas estruturas e padrões, além dos quais não podemos avançar.
Exegese Gramático-Histórica: Princípio de interpretação bíblica que leva em conta apenas a sintaxe e o contexto histórico no qual foi composta a Palavra de Deus. Tal método acaba por tirar da Bíblia o seu significado espiritual. Não se pode ignorar as verdades que se acham escondidas sob o símbolo e enigmas das porções escatológicas e apocalípticas do Livro Santo. Na interpretação da Bíblia, não podemos esquecer nenhum detalhe. Todos são importantes.
Exegese Teológica: Princípio de interpretação bíblica que toma por parâmetro as doutrinas sistematizadas pelos doutores da Igreja. Neste caso, a Bíblia é submetida à doutrina. Mas como esta nem sempre se encontra isenta de interpretações particulares e tradições meramente humanas, corre-se o risco de se valorizar mais a forma que o conteúdo. O correto é submeter a dogmática ao crivo da infalibilidade da Palavra de Deus.
Definição de Exegese: Guiar para fora dos pensamentos que o escritor tinha quando escreveu um dado documento, isto é, literalmente significa "tirar de dentro para fora", interpretar.
Dicionário Aurélio: (comentário para esclarecimento ou interpretação minuciosa de um texto ou de uma palavra. Aplica-se especificamente em relação à gramática, à Bíblia, às Leis.)
·         Grego: exhgesis = exegesis = narração, exposição, exegese.
·         Grego: exegeomai = exegeomai = conduzir, guiar, dirigir, governadar, explicar pormenorizadamente, interpretar, ordenar, prescrever, aconselhar.
·         Grego: exegeths = exegetés = diretor, instrutor, intérprete, expositor, exegeta

Exegese é a disciplina que aplica métodos e técnicas que ajudam na compreensão do texto.
EISEGESE
Existe ainda a EISEGESE (ver grifo), a qual tem a seguinte definição.
Grego: Eisegeses = Eisegesis = consiste em introduzir (inferência) em um texto alguma coisa que alguém deseja que esteja ali, mas que na verdade não faz parte do mesmo.
Dicionário Teológico: Eisegese: Antônimo da exegese. Nesta, a Bíblia interpreta-se a si mesma. Naquela, o leitor procura imprimir ao texto sagrado a sua própria interpretação.
A exegese é a mãe da ortodoxia doutrinária. Já a eisegese é a matriz de todas as heresias. Ela gera o misticismo, e este acaba por dar à luz aos erros e aleijões doutrinários. Levemos em conta, também, que a eisegese é própria da especulação que, por sua vez, é a principal característica da filosofia.
Ora, se o nosso compromisso é com a Teologia, subentende-se que a matéria-prima de nossa lide é a revelação. Logo, a exegese é a nossa ferramenta. A Palavra de Deus não precisa de nossa interpretação, porquanto se interpreta a si mesma. Ela reivindica tão-somente a nossa obediência.
Grego: Exegese = Exegese = consiste em extrair de um texto qualquer mediante legítimos métodos de interpretação o que se encontra ali.
A exegese é o estudo rigoroso de um texto, a partir de regras e conceitos metodológicos, pelos quais se busca alcançar o melhor sentido daquilo que está escrito. Quando aplicado ao estudo da Bíblia especificamente, denominamos de "Exegese Bíblica".
A Bíblia é um livro difícil. Difícil porque é antigo, foi escrito por orientais, que têm uma mentalidade bem diferente da greco-romana, da qual nós descendemos. Diversos foram os seus escritores, que viveram entre os anos 1200 a.C. a 100 d.C. Isso, sem contar que foi escrita em línguas que hoje, ou são inexistentes, como o Aramaico da Palestina, ou totalmente modificadas, como o hebraico e o grego Koiné, fato este que dificulta enormemente uma tradução, pois muitas vezes não se encontram palavras adequadas. Outra razão para se considerar a Bíblia um livro difícil é que ela foi escrita por muitas pessoas, ás vezes até desconhecidas e em situações concretas das mais diversas. Por isso, para bem entendê-la é necessário colocar-se dentro das situações vividas pelo escritor, (lembre da Disciplina “Panorama Bíblico”).
Quando muito, consegue-se uma aproximação metodológica deste entendimento. Além do mais, a Bíblia é um livro inspirado e é muito importante saber entender esta inspiração, para haurir com proveito a mensagem subjacente em suas palavras. Dizer que a Bíblia é inspirada não quer dizer que o escritor sagrado (ou hagiógrafo) foi um mero instrumento nas mãos de Deus, recebendo mensagens ao modo psicográfico. É necessário entender o significado mais próprio da 'inspiração' bíblica. Vale salientar que enganos poderão acontecer por causa de uma interpretação bíblica literal, porque uma interpretação ao "pé da letra" não revela o sentido mais adequado de todas as palavras.
Para que não aconteça conosco incidir neste equívoco, devemos aprender a nos colocar na situação histórica de cada escritor em cada livro, conhecer a situação social concreta da sociedade em que ele viveu, procurar entender o que aquilo significou no seu tempo e só então tentar aplicar a sua mensagem ás nossas circunstâncias atuais.




COMO FAZER EXEGESE

Na atualidade a mídia, especialmente a TV e o rádio têm sido usados como instrumentos para espalhar a palavra de Deus, mas ao mesmo tempo tem provocado na mente de muitos cristãos a "lerdeza do pensar".
Hoje existe o "evangelho solúvel", "evangelho do shopping center", "dos iluminados", etc. Mas pouco se estuda a fonte do evangelho do Nosso Senhor Jesus Cristo, isto é muito mais do que uma leitura diária e muitas vezes feita as pressas para cumprir um ritual.

CINCO REGRAS CONCISAS

1.
Interpretar lexicalmente. É conhecer a etimologia das palavras, o desenvolvimento histórico de seu significado e o seu uso no documento sob consideração. Esta informação pode ser conseguida com a ajuda de bons dicionários. No uso dos dicionários, deve notar-se cuidadosamente o significar-se da palavra sob consideração nos diferentes períodos da língua grega e nos diferentes autores do período.
2.
Interpretar sintaticamente: o interprete deve conhecer os princípios gramaticais da língua na qual o documento está escrito, para primeiro, ser interpretado como foi escrito. A função das gramáticas não é determinar as leis da língua, mas expô-las. O que significa, que primeiro a linguagem se desenvolveu como um meio de expressar os pensamentos da humanidade e depois os gramáticos escreveram para expor as leis e princípios da língua com sua função de exprimir idéias.
Para quem deseja aprofundar-se é preciso estudar a sintaxe da gramática grega, dando principal relevo aos casos gregos e ao sistema verbal a fim de poder entender a estruturação da língua grega. Isto vale para o hebraico do Antigo Testamento.
3.
Interpretar contextualmente. Deve ser mantido em mente a inclinação do pensamento de todo o documento. Então pode notar-se a "cor do pensamento", que cerca a passagem que está sendo estudada. A divisão em versículos e capítulos facilita a procura e a leitura, mas não deve ser utilizada como guia para delimitação do pensamento do autor. Muito mal tem sido feita esta forma de divisão a uma honesta interpretação da Bíblia, pois dá a impressão de que cada versículo é uma entidade de pensamento separado dos versículos anteriores e posteriores.
4.
Interpretar historicamente: o interprete deve descobrir as circunstâncias para um determinado escrito vir à existência. É necessário conhecer as maneiras, costumes, e psicologia do povo no meio do qual o escrito é produzido. A psicologia de uma pessoa também incluirá suas idéias de cronologia, seus métodos de registrar a história, seus usos de figura de linguagem e os tipos de literatura que usa para expressar seus pensamentos.
5.Interpretar de acordo com a analogia da Escritura. A Bíblia é sua própria intérprete, diz o princípio hermenêutico. A bíblia deve ser usada como recurso para entender ela mesma. Uma interpretação bizarra que entra em choque com o ensino total da Bíblia está praticamente certa de estar no erro. Um conhecimento acurado do ponto de vista bíblico é a melhor ajuda.

O PROCEDIMENTO EXEGÉTICO

01 - O procedimento errado. Ler o que muitos comentários dizem com sendo o significado da passagem e então aceitar a interpretação que mais agrade. Este procedimento é errado pelas seguintes razões:

·         encoraja o intérprete a procurar interpretação que favorece a sua pré-concepção e;
·         forma o hábito de simplesmente tentar lembrar-se das interpretações oferecidas.
Isto para o iniciante, frequentemente resulta em confusão e em ressentimento mental a respeito de toda a tarefa da exegese. Isto não é exegese, é outra forma de decorar de forma mecânica e é muito desinteressante. O péssimo resultado e mais sério do "procedimento errado" na exegese é que o próprio interprete não pensa por si mesmo.

02 - O procedimento correto. O interprete deve perguntar primeiro o que o autor diz e depois o que significa a declaração. Consultar os dicionários para encontrar o significado das palavras desconhecidas ou que não são familiares. É preciso tomar muito cuidado para não escolher o significado que convêm ao interprete apenas.
Depois de usar bons dicionários, uma ou mais gramáticas devem ser consultadas para entender a construção gramatical. No verbo, a voz, o modo e o tempo devem ser observados por causa da contribuição à idéia total. O mesmo cuidado deve ser tomado com as outras classes gramaticais.
Tendo as análises léxicas, morfológica e sintática sido feitas, é preciso partir para análises de contexto e história a fim de que se tenha uma boa compreensão do texto e de seu significado primeiro e, com os passos anteriores bem dados, o interprete tem condições de extrair a teologia do texto, bem como sua aplicação às necessidade pessoais dele, em primeiro lugar, e às dos ouvintes. O Que o texto tem com a minha vida? Ou com os grandes desafios atuais?

O USO DE INSTRUMENTOS
1. Comentários: eles não são um fim em si mesmo. O interprete deve manter em mente o clima teológico em que foram produzidos, porque isso afeta de maneira direta a interpretação das Escrituras. Um comentarista pode ser capaz, em certa media, de evitar "vias" (tendências) e permitir que o documento fale por si mesmo, mas sua ênfase nos vários pensamentos na passagem será afetada pela corrente de pensamento de seus dias. Os comentários principalmente os livros de devoção ou meditação espiritual, têm a marca de ficar desatualizados. Prefira os comentários críticos e exegéticos.

Uso de dicionário e gramáticas: é importante ter em mente a data da publicação. Todas as traduções de uma palavra devem ser avaliadas e não apenas tirar só o significado que interessa a nossa interpretação. Explore o recurso dos próprios sinônimos. Por exemplo, a palavra pobre é tradução de duas palavras gregas. [penef e ptohoi-transliterado por Jotaeme]. A primeira significa carente do supérfluo, que vive modestamente, com o necessário e a segunda, significa mendigo, desprovido de qualquer sustento. Sabendo disto, o que significa então as palavras encontradas em Mateus 5:3, onde encontramos a tradução de “pobre” em muitas versões modernas da Bíblia? Era penef ou era ptohoi a quem Jesus se referia? Antes de tudo devemos conhecer o instrumento ou fundamento dos estudos exegéticos, a própria Bíblia, este é o objeto desta introdução, uma familiaridade com as escrituras. 

Fonte: Apostila - Faculdade de Educação Teológica Fama

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