1.3 - A INSPIRAÇÃO DIVINA
O conteúdo da Escritura consiste de
todo o Antigo e o Novo Testamento, sessenta e seis documentos no total,
funcionando como um todo orgânico. O apóstolo Pedro dá endosso explícito aos
escritos de Paulo, reconhecendo seu status como Escritura inspirada:
“Tende por salvação a longanimidade
de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a
sabedoria que lhe foi dada; como faz também em todas as suas epístolas, nelas
falando acerca destas coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os
indoutos e inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras,
para sua própria perdição.” II Pedro 3-15,16
Pedro explica que os homens que
escreveram a Escritura foram “inspirados pelo Espírito Santo”, para que nenhuma
parte dela fosse “produzida por vontade de homem algum” ou pela “interpretação
particular do profeta”. A Bíblia é uma revelação verbal exata de Deus, a ponto
de Jesus dizer que “Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra
passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido”
Mateus 05:18. Deus exerceu tal controle preciso sobre a produção da Escritura
para que o seu conteúdo, na própria letra, fosse o que Ele desejava colocar em
escrito.
Esta visão alta da inspiração das
Escrituras não implica em ditado mecânico. Deus não ditou Sua palavra aos
profetas e apóstolos como um patrão dita suas cartas para uma secretária. A
princípio, alguém pode tender a pensar que o ditado seria a mais alta forma de
inspiração, mas esta não o é. Um patrão pode ditar suas palavras à secretária,
mas ele não pode ter controle sobre os detalhes diários da vida dela (seja
passado, presente ou futuro) e tem ainda menos poder sobre os pensamentos da
secretária. Em contraste, a Bíblia ensina que Deus exercita controle total e
preciso sobre cada detalhe de Sua criação, a tal extensão que até mesmo os
pensamentos dos homens estão sob o Seu controle. Isto é verdade com respeito a
todo indivíduo, incluindo os escritores bíblicos.
Deus de uma tal forma ordenou, dirigiu
e controlou as vidas e pensamentos de Seus instrumentos escolhidos que, quando
o tempo chegou, suas personalidades e os seus cenários eram perfeitamente
adequados para escrever aquelas porções da Escritura que Deus tinha designado
para eles: “E disse-lhe o SENHOR: Quem fez a boca do homem? ou quem fez o
mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o SENHOR? Vai, pois,
agora, e eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar”. Êxodo
4:11,12
“Assim veio a mim a palavra do
SENHOR, dizendo: Antes que te formasse no ventre te conheci, e antes que
saísses da madre, te santifiquei; às nações te dei por profeta... E estendeu o
SENHOR a sua mão, e tocou-me na boca; e disse-me o SENHOR: Eis que ponho as
minhas palavras na tua boca”. Jr 1-5,9
“Mas faço-vos saber, irmãos, que o
evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o
recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo... Mas,
quando aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou
pela sua graça, revelar seu Filho em mim, para que o pregasse entre os gentios,
não consultei a carne nem o sangue” Galatas 1-12,15,16
Então, no tempo da escrita, o Espírito
de Deus supervisionou o processo para que o conteúdo da Escritura fosse além do
que a inteligência natural dos escritores poderia conceber. O produto foi a
revelação verbal de Deus, e ela foi literalmente o que Ele desejava pôr em
escrito. Deus não encontrou as pessoas certas para escrever a Escritura; Ele
fez as pessoas certas para escrevê-las, e então, supervisionou o processo de
escrita. Portanto, a inspiração da Escritura não se refere somente aos tempos
quando o Espírito Santo exerceu controle especial sobre os escritores bíblicos,
embora isto tenha deveras acontecido, mas a preparação começou antes da criação
do mundo. A teoria da ditação, a qual a Bíblia não ensina, é, em comparação com
a da inspiração, uma visão menor, atribuindo a Deus um controle menor sobre o
processo. Esta visão da inspiração, explica o assim chamado e evidente
“elemento humano” na Escritura. Os documentos bíblicos refletem vários cenários
sociais, econômicos e intelectuais dos autores, suas diferentes possibilidades,
e seu vocabulário e estilo literário único. Este fenômeno é o que alguém
poderia esperar, dada a visão bíblica da inspiração, na qual Deus exerceu
controle total sobre a vida dos escritores, e não somente sobre o processo de
escrita. O “elemento humano” da Escritura, portanto, não danifica a doutrina da
inspiração, mas é consistente com ela e explicado pela mesma.
Fonte: Apostila - Faculdade de Educação Teológica Fama
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