Após o anúncio do Papa Bento XVI de renunciar ao pontificado,
especialistas em todo o mundo levantam os principais fatos do tempo em que o
cardeal Joseph Ratzinger ocupou o posto de líder máximo da Igreja Católica.
Cercado de polêmicas, Bento XVI foi elogiado e criticado por
diversas pessoas, em momentos diferentes e por razões diferentes. Quando foi
eleito, o pontífice precisava lidar com as acusações de abuso sexual e
pedofilia nas fileiras da Igreja Católica.
Segundo estudiosos, ele foi o Papa que mais enfrentou a
questão, e a iniciativa de emitir inéditos pedidos de desculpas às vítimas e
afirmar que os “pecados dentro da Igreja” precisavam ser reparados, fez com que
casos fossem descobertos e apurados.
Em relação à convivência com as demais religiões majoritárias
do mundo, embora Bento XVI tenha se proposto a estabelecer um relacionamento
respeitoso, com visitas a sinagogas e mesquitas, houveram críticas a algumas de
suas declarações sobre o judaísmo e o islamismo.
Num discurso em 2006, o Papa citou uma suposta frase do
imperador bizantino Manuel 2º Paleologus, que questionava os métodos de
expansão da fé muçulmana: “Mostre-me o que Maomé trouxe de novo, e lá você
encontrará apenas coisas más e desumanas, como o seu comando de espalhar pela
espada a fé que ele pregava”, disse Bento XVI. A repercussão foi negativa, e um
clérigo iraniano chamado Ahmad Khatam afirmou ser “lamentável que o líder
religioso dos cristãos tenha tão pouco conhecimento do Islã, e que fale sem
vergonha disso”.
Sobre judeus, Bento XVI, que é alemão, afirmou durante uma
visita a Auschwitz (campo de concentração nazista na Polônia) que a culpa pela
existência do holocausto durante o nazismo pertencia a “um bando de criminosos”
que teriam “abusado” dos alemães. Importantes figuras do judaísmo declararam
estarem “perplexos” com a fala do Papa.
Com a ciência, o embate foi travado principalmente na esfera
do combate à AIDS, pois Bento XVI sempre se opôs ao uso da camisinha, pregando
que a doença só seria vencida com a conscientização das pessoas em relação ao
uso responsável de seu próprio corpo: “O problema da AIDS é uma tragédia que
não pode ser derrotada só com dinheiro ou pela distribuição de preservativos –
que até pode agravar o problema”.
As declarações do Papa foram classificadas como
características de um “genocida” pelo representante brasileiro nas iniciativas
da Organização das Nações Unidas (ONU) de combate à AIDS, Pedro Chequer,
segundo informações da BBC Brasil.
Em 2012, Bento XVI enfrentou um escândalo de corrupção dentro
do Vaticano, quando seu mordomo vazou documentos que sugeriam lutas internas
por poder e casos de corrupção nas esferas mais altas da hierarquia católica.
Preso, o mordomo Paolo Gabriele alegou que sua intenção era
expor as perversidades e corrupção na sede da Igreja Católica. Condenado pela
justiça italiana a 18 meses de prisão por roubo de documentos oficiais,
Gabriele obteve o perdão papal.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
Nenhum comentário:
Postar um comentário