domingo, 8 de dezembro de 2013

Os Magos, a Estrela e o Salvador (Sermão de Natal de C.H.Spurgeon, confira)


Um Sermão pregado na manhã de Domingo, 25 de Dezembro de 1870
Por Charles Haddon Spurgeon

No Tabernáculo Metropolitano, Newington, Londres.

“Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? porque vimos a sua estrela no oriente, e viemos a adorá-lo.” (Mateus 2:2)

A Encarnação do Filho de Deus foi um dos maiores acontecimentos na história do universo. Contudo, o evento não foi algo que a humanidade toda tomou conhecimento, já que foi revelado especialmente aos pastores de Belém e a certos magos do oriente. Uns anjos deram a conhecer aos pastores – seres ignorantes, homens pouco versados no saber humano – em cânticos corais, o nascimento do Salvador, de Cristo o Senhor. E eles saíram apressados para Belém para ver o grandioso espetáculo; no entanto, os escribas – legisladores e interpretes da lei – não souberam nada a respeito do nascimento largamente prometido do Messias. Não houve uma multidão das hostes angelicais a entrar na assembleia do Sinédrio para proclamar que o Cristo havia nascido; e quando os principais sacerdotes e os fariseus foram convocados, apesar de que dispunham de várias copias da lei para considerar onde o Cristo haveria de nascer, desconheciam que Ele já havia nascido, e temos a impressão de que eles só tinham um interesse passageiro no assunto, apesar de que poderiam ter conhecido que naquela época era o tempo do quão os profetas tinham predito e dito acerca da vinda do grandioso Messias. Que misteriosas são as dispensações da graça; o vil é escolhido e o eminente é ignorado! O advento do Redentor é revelado para alguns pastores que cuidavam de ovelhas durante a noite, porem, não para esses outros pastores cujas ovelhas submersas na ignorância eram entregues ao desvio. Admirem nisso a soberania de Deus.

As boas novas foram dadas a conhecer também para alguns sábios, uns magos que eram estudiosos das estrelas e dos antigos livros proféticos do longínquo oriente. Não seria possível dizer que tão longe se encontravam de seu país de origem; poderiam ter estado tão distantes que a viagem tomasse quase dois anos, que é o tempo que mencionaram concernente à aparição da estrela. As viagens eram lentas naqueles dias, e estavam rodeadas de dificuldades e de muitos perigos. Poderiam ter vindo da Pérsia, da Índia, de Tártaro, ou ainda da misteriosa terra de Sinim, conhecida hoje por nós como a China. Se assim foi, estranho e ordinário deve ter sido a língua daqueles que adoravam ao redor do Menino de Belém, e, contudo, Ele não precisou de nenhum interprete para entender e aceitar sua adoração. Por que o nascimento do rei dos judeus foi dado a conhecer a esses estrangeiros e não aos mais próximos da própria casa? Por que o Senhor selecionou aos que estavam a centenas de milhares de kilômetros de distância, enquanto que os filhos do reino, em cujo próprio seio nasceu o Salvador, eram estranhamente ignorantes de Sua presença? Vejam aqui, outra vez, outro exemplo da soberania de Deus.

Tanto nos pastores como nos magos do oriente que se juntaram em torno do Menino, vejo como Deus dispensa Seus favores como deseja, e, vendo-o, exclamo: “Te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste nessas coisas aos sábios e dos entendidos, e as revelastes aos pequeninos. Sim, Pai, porque isso lhe aprouve”. Aqui vemos de novo outro exemplo da vontade soberana de Deus, pois ainda que muitas viúvas houvesse em Israel nos dias do profeta Elias, a nenhuma delas ele foi enviado senão à mulher de Sarepta; muitos haviam que eram chamados sábios entre os judeus, porem a nenhum deles a estrela apareceu, antes, ela resplandeceu para olhos gentios, e um seleto grupo foi conduzido desde os confins da terra à prostrar-se aos pés de Emanuel.

A soberania nesses casos se vestiu com as roupas da misericórdia. Foi uma grande misericórdia que considerou o humilde estado dos pastores, e foi uma misericórdia de longo alcance a que reuniu desde terras assentadas em trevas um grupo de homens feitos sábios para salvação. A misericórdia, levando suas resplandecentes joias, esteve presente com a soberania divina no humilde albergue de Belém. Por acaso não é deleitável o pensamento de que em torno do berço do Salvador, assim como em torno de Seu trono no mais excelso céu, esses dois atributos se reúnem? Ele se dá a conhecer – e ali está Sua misericórdia; porem Ele se revela aos que escolheu, e ali mostra que terá misericórdia de quem Ele tenha misericórdia, e se compadecerá de quem Ele se compadeça.

Vamos procurar aprender agora uma lição prática da história dos magos que vieram do oriente para adorar a Cristo. Se Deus o Espírito Santo nos instrui, poderemos extrair um ensino que nos conduza converter-nos em adoradores do Salvador e em ditosos crentes Nele.

Notem, primeiro, sua pergunta. Que muitos de nós nos voltamos inquisidores a respeito do mesmo assunto: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?” Notem, em segundo lugar, um estímulo: “porque nós vimos sua estrela.” Devido que tinham visto a estrela, eles tiveram a valentia de perguntar: “Onde Ele está?” E logo, em terceiro lugar, seu exemplo: “Viemos a adorá-lo”.

I. Consideremos SUA PERGUNTA: “Onde está aquele?”

Muitas coisas são evidentes nessa pergunta. É claro que quando os magos fizeram essas pergunta, tinham em suas mentes um vivo interesse. O rei dos judeus tinha nascido, porem Herodes não perguntou: “Onde ele está?” até quando seu zelo foi provocado, porem, nessa ocasião, fez a pergunta com um espírito mal intencionado. Cristo nasceu em Belém, perto de Jerusalém; no entanto, ao longo de todas as ruas da cidade santa não havia pessoas que perguntassem: “Onde ele está?”. Meus queridos ouvintes, quero crer que existem aqui nessa manhã alguns indivíduos aos quais Deus tem o propósito de abençoar, e seria um sinal muito esperançoso de que Ele tem esses propósitos se houvesse um ávido interesse na mente de vocês a respeito da obra e da pessoa do Deus encarnado. Aqueles que desejam ansiosamente saber Dele constituem um grupo muito reduzido. Ai, quando pregamos com mais fervor sobre Ele e falamos de Suas aflições como uma expiação do pecado do homem, nos vemos forçados a lamentar amargamente o desinteressa da humanidade, e a perguntar com muita tristeza –



“Não nos comove, a quantos passais pelo caminho;

Não os comove que Jesus morra?”

Desprezado e rejeitado entre os homens, os seres humanos não vem Nele nenhuma formosura para desejá-lo; mas existe um numero escolhido que pergunta diligentemente e que sai a recebê-lo; para eles Ele lhes dá poder de serem feitos filhos de Deus. Portanto, é uma feliz circunstância quando existe evidência de um interesse. Nem sempre existe um interesse evidente nas coisas de Cristo, ainda mesmo em nossos ouvintes regulares. Ir à adoração pública se converte em mero hábito mecânico; vocês se acostumam a estarem sentados durante uma parte do serviço, e a se colocarem de pé e a cantar em outra parte, e a escutar o pregador com uma aparente atenção durante o discurso; porem, estar realmente interessado, anelar saber de que tudo isso se trata, especialmente saber se possuem parte Nele, se Jesus veio dos céus para salvá-los, se nasceu de uma virgem por vocês, fazer essas perguntas pessoais com profunda ansiedade, está longe de ser uma prática generalizada; queira Deus que todos os que têm ouvidos para ouvir ouçam de verdade. É um sinal muito esperançoso sempre que a palavra é ouvida com um solene interesse. Foi dito aos antigos: “perguntarão pelo caminho de Sião, para onde voltarão seus rostos”. Quando um homem escuta com profunda atenção a palavra de Deus, quando pesquisa o livro de Deus e se entrega a uma meditação profunda com intenções de entender o Evangelho, temos muita esperança nele. Quando pensa que existe algo de peso e importância, algo digno de saber-se no Evangelho de Jesus, então recobramos ânimo para esperar boas coisas dele.

Porem, no caso dos magos, vemos não somente uma amostra de interesse, mas sim a confissão de uma crença. Eles perguntaram: “Onde está aquele que é nascido rei dos judeus?”, portanto, estavam plenamente convencidos de que Ele era o rei dos judeus, e que havia nascido fazia pouco tempo. Como pregador eu sinto que é uma grande misericórdia que eu tenha que tratar geralmente com pessoas que possuem algum grau de fé nas coisas de Deus. Que bom seria que tivéssemos mais missões para os que não possuem nenhum tipo de fé e nenhum conhecimento de Cristo; esperamos que chegue o dia quando Cristo seja conhecido em todas as partes. Porem aqui, em casa, com a maioria de vocês, temos algo com o que podemos começar. Vocês creem em algo sobre Jesus de Nazaré, o rei dos judeus que nasceu. Apreciem o que já creram. Não considero que seja pouca vantagem que um jovem creia que sua Bíblia é verdadeira. Existem alguns que tem uma árdua luta para chegar até esse ponto, pois uma formação infiel deformou suas mentes. É claro que não se trata de uma vantagem que irá salvá-los, pois muitos descem ao inferno crendo que as Escrituras são verdadeiras, e assim acumulam culpa sobre eles mesmos por si mesmo; porem, ter a certeza de que possuem a palavra de Deus diante de vocês, e não se inquietarem com as perguntas acerca de sua inspiração e autenticidade, já é ocupar um excelente terreno estratégico. Oh, que vocês pudessem ir desde esse ponto de fé para outro e se convertessem em ardentes crentes em Jesus. Esses magos tinham avançado tanto que contavam com uma alavancagem para um novo aumento de sua fé, pois criam que Cristo tinha nascido, e que tinha nascido sendo Rei. Muitos que não são salvos sabem que Jesus é o Filho de Deus. Não temos que argumentar com vocês nessa manhã para tirá-los do Socianismo[1], não, vocês creem que Jesus é o divino Salvador. Tampouco temos que raciocinar contra as dúvidas e ceticismo a respeito da expiação, pois essas coisas não os deixam perplexos. Essa é uma grande misericórdia. Vocês ocupam certamente a posição de pessoas altamente favorecidas. Quero confiar em que terão a graça para fazer uso dessa posição favorável na que Deus os colocou. Valorizem o que já receberam. Quando os olhos de um homem estiveram cerrados longamente nas trevas, se o oculista lhe dá um pouco de luz, ele está muito agradecido por isso, e tem a esperança de que o olho não esteja destruído, que talvez graças a outra operação lhe possam tirar as escamas, e a luz plena possa entrar a plenos raios no entenebrecido globo ocular. Oh alma, que logo passará para o outro mundo, que está tão segura de perder-se a menos que tenha a luz divina, que está tão segura de ser lançada às trevas exteriores onde há pranto, gritos e rugir de dentes, você deve estar agradecida por uma fagulha de luz celestial; valorize-a, entesoure-a, tenha ansiedade a respeito dela para que possa chegar a algo mais, e quem sabe se o Senhor irá abençoá-la com a plenitude de Sua verdade?

Quando a grande ponte sobre as cataratas do Niágara foi construída, a dificuldade consistia em passar a primeira corda através da ampla corrente. Eu li que puderam fazer isso lançando uma pipa ao ar e a deixando-a cair na ribeira oposta. A pipa transportou um pedaço de laço, e o laço ia atado a uma corda, e tal corda ia atada com um cabo, e o cabo ia atado com outro cabo mais forte. E pouco a pouco chegaram de um lado a outro do Niágara e concluíram a construção da ponte. De igual maneira, Deus trabalha gradualmente. É um belo espetáculo ver um pouco de interesse nos corações humanos a respeito das coisas divinas, ver algum pequeno anseio por Cristo, algum fraco desejo de saber quem Ele é e o que Ele é, e se está disponível para o caso do pecador. Essa fome conduzirá a um anseio veemente de mais coisas, e esse anseio veemente será seguido por outro, até que, por fim, a alma encontrará seu Senhor e ficará satisfeita Nele. Portanto, no caso dos magos, havia evidência de um interesse e de certa medida de profissão de fé, como espero que exista em alguns dos presentes aqui.

Alem disso, no caso dos magos, vemos uma admitida ignorância. Os estudiosos nunca desdenham fazer perguntas, porque são homens sábios; sendo assim sábios perguntaram: “Onde ele está?”. Pessoas que tomaram o nome e grau de sábios, e são consideradas nessa categoria, algumas vezes pensam que é abaixo de seu nível confessar algum grau de ignorância; porem, aqueles que são realmente sábios não pensam assim; estão demasiadamente bem instruídos para ignorarem sua própria ignorância. Muitos homens poderiam ser sábios somente com estarem conscientes de que eram néscios. O conhecimento de nossa ignorância é a escada da porta do templo do conhecimento. Alguns pensam que sabem, e por isso nunca chegam a conhecer. De terem conhecido que estavam cegos, logo teriam sido conduzidos a ver, porem, como diziam: “Vemos”, sua cegueira permanece.

Amado ouvinte, vocês precisam encontrar um Salvador? Gostaria de bom grado que todos seus pecados fossem apagados? Gostaria de ser reconciliado com Deus por meio de Jesus Cristo? Então, que não lhe dê vergonha perguntar, admita que não sabe ou conhece. Como poderia saber se o céu não lhe ensinasse? Como poderia alcançar o conhecimento das coisas divinas a menos que lhe seja dado de cima? Todos nós temos de ser instruídos pelo Espírito Santo, ou seremos néscios para sempre. Saber que devemos ser instruídos pelo Espírito Santo é umas das primeiras lições que o próprio Espírito Santo nos ensina. Admita que você necessita de um guia, e pergunte diligentemente para que ache um. Clame a Deus pedindo-lhe que o guie, e Ele será seu instrutor. Não seja altivo nem autossuficiente. Peça pela luz celestial, e você a receberá; por acaso não é melhor que peça a Deus que lhe ensine em vez de confiar em sua própria razão desvalida? Dobra, então, seu joelho, e confessa sua propensão ao erro, e diga: “Ensine-me Tu o que não sei”.

Notem, no entanto, que os magos não estavam contentes com admitir sua ignorância, mas que, em seu caso, pediram por informação. Não se pode saber por onde começaram a perguntar; eles pensaram que o mais provável era que Jesus fosse conhecido na área metropolitana da cidade. Por acaso não era o rei dos judeus? Onde era mais provável que o conhecessem que não na capital? Foram, portanto, para Jerusalém. Talvez perguntaram aos que guardavam as portas da cidade: “Onde está o rei dos judeus, que acaba de nascer?”; e os guardas riram deles até o escárnio, e replicararam: “Não conhecemos a nenhum rei que não seja Herodes.” Logo, os magos toparam com algum vagabundo nas ruas, e a ele lhe perguntaram: “Onde está o reio dos judeus recém nascido?”. E ele respondeu: “O que me importa essas perguntas disparates? Estou buscando alguém que beba comigo”. Perguntaram então a um comerciante, mas ele zombou, e disse: “Não se preocupem pelos reis, o que vocês comprarão, ou o que tenho para vender-lhes?”. “Onde está o rei dos judeus que nasceu?”, perguntaram a um saduceu, e ele respondeu: “Não sejam tão tontos como para falar desse modo, ou se o fazem, rogo-lhes que visitem meu amigo o fariseu.” Esbarraram com uma mulher nas ruas, e lhe perguntaram: “Onde está o rei recém-nascido?”; mas ela lhes disse: “Meu filho está enfermo em casa, me basta com pensar em meu pobre bebê, não me importa quem tenha nascido, nem tampouco quem possa morrer.” Quando foram aos bairros mais exclusivos, só obtiveram uma pobre informações, mas não se contentaram até não terem aprendido tudo o que poderiam saber. Eles não sabiam a princípio onde o rei recém-nascido estava, mas recorreram a todos os meios para encontrá-lo, e solicitaram informação de todos os que poderiam lhes ajudar. É agradável ver a santa avidez de uma alma que Deus há vivificado; ela clama: “ei de ser salva, sei algo do caminho da salvação e estou agradecida por isso, mas não sei tudo que preciso saber, e não posso ficar satisfeita até não saber. Se devo encontrar um Salvador debaixo da abóboda celeste, eu o encontrarei; se esse Livro pode ensinar-me como ser salvo, irei folhear suas páginas dia e noite; e se qualquer outro livro a meu alcance pode ajudar-me, não irei apagar nenhuma lâmpada a noite pois eu posso, lendo-o, encontrar a Cristo, meu Salvador. Se houvesse alguém cuja pregação tenha sido abençoada para as almas dos demais, irei pendurar-me em seus lábios, pois a palavra poderia ser abençoada para mim, pois tenho que ter a Cristo; tê-lo ou não tê-lo não é uma alternativa para mim, mas sim que tenho que tê-lo; minha fome desse pão do céu é grande, e minha sede dessa água de vida é insaciável; digam-me cristãos, digam-me sábios, digam-me homens bons; digam-me qualquer de vocês que possa fazê-lo; onde está o rei dos judeus que nasceu? Pois eu devo ter a Cristo, e anelo tê-lo agora.”

Em referência a esses magos do oriente, notem, adicionalmente, que eles declararam um motivo para sua busca de Cristo. “Onde está” – perguntaram – “para que nos dirijamos e o adoremos?” ah, alma, se você quer encontrar a Cristo, seu motivo deve ser: ser salva por Ele, e a partir de agora e para sempre, viver para Sua glória. Quando se chega a isso, que não escuta o Evangelho meramente por hábito, mas sim porque anseia obter sua salvação, não passará muito tempo antes que a encontre. Quando um homem possa dizer: “Vou subir à casa de Deus essa manhã, e, oh, anseio que Deus se reúna comigo ali,” não passará muito tempo indo ali em vão. Quando um ouvinte pode declarar: “Tão pronto como eu me assente na congregação, meu único pensamento será ‘Senhor, abençoe minha alma nesse dia’”, ele não pode ver-se tão longamente frustrado. Usualmente, quando vamos à casa de Deus, obtemos o que buscamos. Alguns a frequentam porque é o costume, outros vão para reunirem-se com alguns amigos, outros só  eles mesmos sabem por que razões assistem a assembleia; mas quando você sabe realmente para que você vem, o Senhor que lhe deu esse desejo o satisfará. Gostei muito da palavra de uma amada irmã nessa manhã que falou comigo quando entrei pela porta traseira; ela me disse: “Caro pastor, minha alma está muito faminta essa manhã. Anseio que o Senhor lhe dê alimento para mim”. Eu creio que receberemos o alimento conveniente. Quando um pecador está muito faminto de Cristo, Cristo está muito perto dele. O pior é que muitos de vocês não vêm para encontrar a Jesus, pois não é a Jesus quem buscam; se O buscassem, logo Ele se manifestaria para vocês. Perguntaram para uma jovem durante um avivamento: “Como é que você não encontrou Cristo?” “Amigo” – ela respondeu – “penso que é porque não O busquei”. Assim é. Ninguém poderia dizer no final: “o busquei, mas não o encontrei”. Em todos os casos, no final, se Jesus Cristo não foi encontrado, tem que ser porque não foi buscado devota, sincera e importunamente, pois Sua promessa é “Buscareis e achareis”. Esses magos são um modelo para nós em muitas coisas, e em particular nessa, entre todos os demais: que seu motivo era claro para eles mesmos, e o declararam aos outros. Que todos nós busquemos a Jesus para adorá-lo.

Uma intensa ousadia acompanhou em todo momento os magos, intrepidez que nos deleitaria ver em qualquer um que ainda não tenha crido em Jesus. Evidentemente não eram pessoas frívolas. Vinham de muito longe; experimentaram muitas fadigas; falaram sobre encontrar o rei recém-nascido em uma forma prática e com sentido comum; não se desanimaram por esse ou outro desprezo; anelavam encontrar o Menino, e o encontrariam; é sumamente bendito ver a obra do Espírito nos corações dos homens forçando-os a desejar que o Salvador seja seu Rei e Senhor; e a desejá-Lo de tal forma que queiram tê-Lo e não deixarão de remover nenhuma pedra, com a ajuda do Espírito Santo, até serem capazes de dizer: “Temos achado aquele de quem Moisés escreveu na lei, e de quem os profetas disseram; e Ele se converteu em nossa salvação”.

Dirijo-me nesse momento a alguém em particular? Confio que assim seja. Faz alguns anos que um jovem, numa manhã muito parecida com essa – fria, escura e com neve – entrou em uma casa de oração, assim como vocês o fizeram hoje. Ao vir aqui essa manhã lembrei-me daquele jovem. Disse para mim mesmo: “Essa manhã o clima é tão inclemente que irei ter uma escassa assistência, mas talvez, dentre essas pessoas, tenha alguém como aquele jovem.” Para ser claro com vocês, me consolou pensar que na manhã quando Deus abençoou minha alma, o pregador tinha uma congregação muito pequena, e era uma manhã fria e glacial, e, portanto, essa manhã falei: “Por que eu não deveria alegremente realizar minha tarefa e pregar ainda que só houvesse uma dúzia de pessoas ali no Tabernáculo?” Pois Jesus poderia ter a intenção de se relevar para alguém, tal como fez comigo, e essa única pessoa poderia ser uma ganhadora de almas e o instrumento de salvação de dezenas de milhares de pessoas nos anos vindouros. Pergunto-me se isso irá ocorrer com aquele jovem que está por ali, pois confio que ele tenha a mesma pergunta que os magos tinham em seus lábios. Eu espero que você não apague esses desejos que agora ardem em seu interior, mas que a fagulha seja atiçada até converter-se em uma chama, e que o dia de hoje seja testemunha de sua decisão por Jesus. Oh, o Senhor olhou para essa jovem mulher, ou para essa amada criança, ou àquele ancião? Eu não sei quem poderia ser, porem, em verdade, irei bendizer a Deus nessa manhã se, proveniente de muitos lábios, eu pudesse escutar o clamor: “Senhores, que devo fazer para ser salvo?”.

II. Tendo falado da pergunta dos magos, irei notar agora SUA MOTIVAÇÃO. Algo foi o que motivou esses magos a buscarem a Jesus, e foi isso: “temos visto Sua estrela”.

Vejam bem, a maioria de vocês, buscadores de Cristo, possuem uma grande motivação no fato de escutaram Seu Evangelho; vivem em uma terra que possui as Escrituras e na que as ordenanças da casa de Deus são administradas livremente. Essas são, por assim dizer, as estrelas de Cristo; possuem o propósito de conduzi-los para Ele mesmo. Observem aqui que ver Sua estrela era um grande favor. Não foi concedido a todos os moradores no oriente ou no ocidente que vissem Sua estrela. Esses homens, portanto, eram altamente privilegiados. Não é concedido para todos escutar o Evangelho; Jesus não é pregado em todas nossas ruas; Sua cruz não é levantada em alto nem mesmo em cada lugar dedicado a Sua adoração. Você é muito favorecido, oh meu amigo, se tem visto a estrela, o Evangelho, que aponta para Jesus!

Ver a estrela implicou para esses magos uma grande responsabilidade. Suponham que esses sábios tivessem visto Sua estrela, mas que não tivessem se colocado no caminho para adorá-Lo. Então teriam sido muito mais culpáveis que outros indivíduos que, não tendo recebido tal indicação do céu, teriam sido incapazes de prestar-lhe atenção. Oh, pensem na responsabilidade de alguns de vocês que em sua infância ouviram sobre um Salvador e pelos quais uma mãe chorou durante muitos anos; vocês conhecem a verdade, ao menos em sua teoria; vocês tem a responsabilidade de terem visto a estrela.

Os magos não consideram o favor de ver a estrela como um assunto que bastava. Não disseram: “Temos visto sua estrela e isso basta”. Muitos dizem: “Bem, frequentamos um lugar de adoração, isso não basta?”. Há os que dizem: “Nós fomos batizados; o batismo trouxe consigo a regeneração, apelamos ao sacramento, e não alcançamos graça por seu meio?”. Pobres almas! Confundem a estrela que conduz a Cristo com o Cristo mesmo, e adoram a estrela em vez de adorar ao Senhor. Oh, que nenhum de vocês seja tão néscio para confiar nas ordenanças externas! Se dependessem dos sacramentos ou da adoração pública, Deus lhes diria: “Não me tragam mais vãs ofertas; o incenso me é abominável. Quem demanda isso de vossas mãos, quando vocês vem apresentá-los diante de mim para pisar meus átrios?” Para Deus, que importância tem as formas e as cerimônias externas? Quando vejo que homens colocam sobre si capas brancas, estolas, manípulos[2], cantam suas orações, fazem referência e se ajoelham, me pergunto que tipo de deus é esse que eles adoram. Certamente deve ter mais afinidade com os deuses dos pagãos do que com o grandioso Jeová, que fez os céus e a terra. Observem definidamente a glória excepcional das obras do SENHOR na terra e no mar; contemplem os céus e suas incontáveis hostes de estrelas, escutem o uivo do vento e a fúria do furacão, pensem Naquele que converte as nuvens em Seu carro e cavalga sobre as asas do vento, e logo considerem se esse infinito Deus é parecido a esse ser para quem é um assunto de suma importância que uma copa de vinho seja levantada em adoração até a altura do cabelo do homem ou somente até a altura de seu nariz. Oh néscia geração, que pensa que O SENHOR está contido em seus templos feitos com mãos, e que se preocupa por suas vestes, suas procissões, suas posturas e suas genuflexões. Vocês se guerreiam por seu ritual, e o consideram até nos jotas e nos tils. Certamente não conhecem ao glorioso Jeová, se concebem que essas coisas produzem para Ele algum prazer. E mais, amados, desejamos adorar ao Altíssimo em toda simplicidade e sinceridade de espírito, e não nos determos na forma externa, para não sermos o suficientemente néscios de pensar que basta ver a estrela e, por isso, deixar de encontrar ao Deus encarnado.

Notem bem que esses magos não encontraram satisfação no que eles mesmos tinham feito para chegar ao menino. Como temos observado, é possível que tivessem vindo de centenas de kilômetros de distância, porem, não o mencionaram; não se sentaram para dizer: “Bem, temos viajado através de desertos, sobre montes, e temos atravessados rios, e isso basta.” Não, eles tinham que encontrar ao Rei que acabava de nascer, e nenhuma outra coisa lhes satisfaria. Não diga, querido ouvinte: “estive orando durante meses, estive pesquisando as Escrituras durante semanas para encontrar ao Salvador”. Alegra-me que tenha feito isso, mas não descanse ai; tem que chegar a Cristo, ou do contrário perecerá, apesar de todo teu esforço e de todos seus problemas. Você precisa de Jesus, nada mais que Jesus, mas nada menos que Jesus. Tampouco deve estar satisfeito com viajar no caminho em que a estrela lhe guia, mas você tem que chegar a Ele. Não fiques aquém da vida eterna. Apegue-se a ela, não a busque nem a deseje simplesmente, mas sim que deve se apoderar da vida eterna, e não deve estar contente até que seja um fato confirmado que Jesus Cristo é seu.

Gostaria que notassem como esses magos não ficaram satisfeitos com o simples fato de chegarem a Jerusalém. Poderiam ter dito: “ah, agora estamos na terra onde o Menino nasceu; estamos agradecidos e descansaremos!”. Não, mas antes perguntaram: “Onde ele está?”. Ele nasceu em Belém. Bem, chegaram a Belém, mas não há evidência de quando chegaram disseram: “esse é um lugar privilegiado, ficaremos aqui.” Nada disso, necessitavam saber onde estava a casa. Chegaram à casa, e a estrela se deteve sobre ela. Era um belo espetáculo ver o estábulo com a estrela sobre ele e pensar que o Rei recém-nascido estava ali, mas isso nos os satisfez. Não, mas entraram diretamente na casa; não descaram até que viram ao próprio Menino, e o adoraram. Eu oro pedindo que vocês e eu sejamos guiados de tal forma pelo Espírito de Deus que não aceitemos nada que não seja agarrar-se realmente a Cristo, uma visão de fé de Cristo como um Salvador, como nosso Salvador, como nosso Salvador agora. Se houvesse um perigo por cima de qualquer outro que o jovem buscador tenha que enfrentar, é o perigo de ficar aquém de uma sólida fé em Jesus Cristo. Enquanto seu coração seja brando como a cera, cuide de que nenhum selo, salvo o de Cristo, seja estampado nele. Agora que está inquieto e desconsolado, faça esse voto: “não serei consolado até que Cristo me console”. Seria melhor para você que jamais fosse despertado do que ser embalado por Satanás até o sono, pois o sonho que sucede a uma convicção parcial é geralmente a letargia mais profunda que pode sobrevir aos filhos dos homens. Minh’alma, eu lhe exorto que vá até o sangue de Cristo, e que seja lavada nele; vai até a vida de Cristo para que essa vida esteja em você, para que seja verdadeiramente um filho de Deus; não aceite suposições, não fique satisfeito com aparências e hipóteses; não descanse em nenhuma parte até que – tendo dado Deus a fé para dizê-lo – tenha dito: “Ele me amou e se entregou por mim; Ele é toda minha salvação e meu desejo”.

Vejam então, como esses magos não foram conduzidos pela visão da estrela a se manterem longe de Cristo, mas que, muito melhor, foram animados por ela a virem a Cristo, e você também, caro buscador, anime-se nessa manhã em vir a Jesus pelo fato de que você é abençoado com o Evangelho. Você tem recebido um convite para vir a Jesus, tem os movimentos do Espírito de Deus em sua consciência que lhe estão despertando; oh, vem, vem e seja bem vindo, e deixe que esse bruto dia de inverno seja um dia de fulgor e de alegria para muitas almas que estão buscando.

Eu converti meus pensamentos sobre esse último tópico em uns versos, e irei repetir as linhas –

“Oh, onde está Cristo meu Rei?

Definho por vê-lo,

Gostosamente me prostraria em adoração,

Pois Ele é o deleite de minha alma.



É a Ele, e só a Ele,

A quem busco, nem mais nem menos,

Ou sobre Sua cruz, ou sobre Seu trono,

O adoraria igualmente.



Os magos viram Sua estrela,

Porem não ficaram contentes com isso,

O caminho era áspero, a distância longínqua,

Não obstante, seguiram nesse caminho.



E agora que meus pensamentos discernem

O sinal de que Cristo está próximo,

Ardo com um amor insaciável,

Para desfrutar de Sua companhia.



Nenhuma estrela nem sinal celestial

Poder preencher o desejo de minh’alma,

D’Ele, meu Senhor, meu divino Rei,

Minha alma tem sede ainda.”

III. E agora vamos concluir considerando O EXEMPLO desses magos. Eles vieram até Jesus, e ao chegarem, fizeram três coisas: viram, adoraram e ofertaram. Essas são três coisas que cada crente poderia repetir aqui essa manhã, e cada buscador deveria realizar pela primeira vez.

Primeiro, viram o Menino recém-nascido. Não creio que tenham dito simplesmente: “ali está”, e que assim o assunto estava acabado, mas que se detiveram e olharam. Talvez emudeceram durante alguns minutos. Não me resta dúvida de que em Seu rosto transparecia uma beleza sobrenatural. Se a beleza era evidente a todo olhar, eu não sei, mas para os olhos dos magos certamente havia uma atração sobre-humana. O Deus encarnado! Olharam com muita atenção. Olharam, olharam e olharam repetidamente. Viram Sua mãe, mas detiveram seu olhar Nele. “Viram o menino”. Assim, também, pensemos em Jesus nessa manhã com um pensamento fixo e contínuo. Ele é Deus, Ele é homem, Ele é o substituto dos pecadores; Ele está de acordo em receber a todos os que confiem Nele. Ele salvará, e salvará nessa manhã a todos nós que confiemos Nele. Pensem Nele. Se vocês estiverem em casa nessa tarde, dediquem um tempo para pensar Nele. Visualizem-No com sua mente, considerem e admirem-Lhe. Por acaso não é um prodígio que Deus entre em união com o homem e que venha a esse mundo como um terno infante? Aquele que fez os céus e a terra é estreitado no peito de uma mãe! O verbo se fez carne para nos redimir. Essa verdade gerará a mais refulgente esperança no interior de sua alma. Se vocês seguem a assombrosa vida desse bebê até sua conclusão na cruz, eu confio que ali o olharão de tal maneira que assim como Moisés levantou a serpente no deserto e os que olhavam para ela eram sarados, assim também, se vocês olham, que sejam sarados de todas suas enfermidades espirituais. Ainda que já tenha muitos anos que eu O olhei pela primeira vez, desejo olhar para Jesus de novo. O Deus encarnado! Meus olhos se enchem de lágrimas ao pensar que Aquele que poderia ter me esmagado no inferno para sempre, se converte em uma terna criança por minha causa. Vejam-No, todos vocês, e O vendo, adorem.

O que os sábios fizeram depois? Eles o adoraram. Não podemos adorar apropriadamente a um Cristo que não conhecemos. “Ao Deus desconhecido” provoca uma pobre adoração. Porem, oh, quando pensam em Jesus Cristo, cujas saídas eram desde a eternidade, o Filho do Pai gerado eternamente, que logo vem aqui a essa terra para ser um homem da mesma natureza de Sua mãe, e sabem e entendem por que veio e o que fez quando veio, então se prostram e adoram –

“Filho de Deus, diante de Ti nos prostramos,

Tu és Senhor, e só Tu o és;

Tu és a semente prometida da mulher;

Tu que se sangrou pelos pecadores.”

Nós adoramos a Jesus. Nossa fé O vê ir da manjedoura à cruz, e da cruz diretamente ao trono, e ali onde Jeová habita, em meio da esmagadora glória da presença divina está o Homem, o preciso Homem que dormiu na manjedoura em Belém; ali reina como Senhor dos senhores. Nossas almas lhe adoram outra vez. Tu és nosso Profeta: cada palavra que dizes, Jesus, a cremos e desejamos segui-la. Tu és nosso Sacerdote: Teu sacrifício nos limpou, temos sido lavados em Teu sangue. Tu és nosso Rei: ordena e nós obedeceremos, guia-nos e nós lhe seguiremos. Nós te adoramos. Deveríamos passar muito tempo adorando ao Cristo, e Ele deveria ter sempre o lugar mais proeminente em nossa reverência.

Depois de adorar, os magos apresentaram suas ofertas. Um abriu seu cofre de ouro e colocou aos pés do Rei recém-nascido. Outro apresentou incenso, um dos produtos preciosos do país de onde vinham; e outro depositou mirra aos pés do Redentor; todas essas coisas as ofereceram para demonstrar a realidade genuína de sua adoração. Apresentaram ofertas substanciais com mãos generosas, e agora, depois de que tenham adorado a Cristo no interior de sua alma, e de que o tenham visto com o olho da fé, não será necessário que lhes diga que se entreguem vocês mesmo, que doem seus corações a Cristo, que Lhe ofereçam suas riquezas. Vamos, vocês não poderiam evitar fazer isso. Aquele que realmente ama ao Salvador em seu coração não pode evitar entregar-lhe sua vida, suas forças, seu tudo. Para algumas pessoas, quando dão algo a Cristo, ou fazem qualquer coisa para Ele, se trata de um trabalho terrivelmente forçado. Dizem: “o amor de Cristo deveria nos constranger”. No entanto, eu não creio que exista um texto assim na Bíblia. Eu recordo de um texto que diz assim: “O amor de Cristo nos constrange”. Se não nos constrange, é porque não está em nós. Não é meramente algo que deveria ser, mas sim algo que tem que ser. Se alguém ama a Cristo, logo estará encontrando formas e meio de demonstrar seu amor por seus sacrifícios. Volte para casa, Maria, e toma o frasco de alabastro, e derrama o unguento sobre Sua cabeça, e se alguém lhe disser: “Por que esse desperdício?” você terá uma boa resposta, que é: a ti se lhe há dado muito, portanto, ama muito. Se você tem ouro, dá; se tem incenso, dá; se possui mirra, dá a Jesus; se não possui nenhuma dessas coisas, dê-lhe seu amor, todo seu amor, e isso será ouro e especiarias, tudo em um; dê a Ele sua língua, Fale Dele; dê suas mãos, trabalhe para ele; dê-lhe todo seu ser. Eu sei que você o fará, pois Ele o amou e se entregou por você. Que o Senhor os abençoe, e que nessa manhã de domingo de Natal seja um dia muito memorável para muitos que se encontram no meio dessa multidão congregada aqui. Estou surpreendido de ver um número tão vasto aqui presente, e só posso esperar que a benção seja proporcional, por causa de Jesus. Amém.



Porção lida das Escrituras antes do sermão – Mateus 2

ORE PARA QUE O ESPÍRITO SANTO USE ESSE SERMÃO PARA TRAZER UM CONHECIMENTO SALFÍVICO DE JESUS CRISTO E PARA EDIFICAÇÃO DA IGREJA.

FONTE:

Traduzido de http://www.spurgeon.com.mx/sermon967.pdf

Todo direito de tradução protegido por lei internacional de domínio público e com autorização de Allan Roman.

Sermão nº 967 — Volume 16 do The Metropolitan Tabernacle Pulpit,



Tradução: Armando Marcos

Fonte: http://www.projetospurgeon.com.br/2012/12/os-magos-a-estrela-e-o-salvador/#more-7015

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