quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A Jovem Mulher Puritana - David Lipsy - Parte 1


Educação
Os puritanos eram conhecidos por sua devoção à educação 
em todos os níveis. Jeremiah Burroughs uma vez escreveu: “Há 
pouca esperança em crianças que são educadas de forma ímpia. 
Se a cor está na lã, é difícil tirá-la da roupa”.
Os estatutos do Emmanuel College, a faculdade mais puri-tana no antigo Cambridge, afirmam: “Há três coisas que dese-jamos acima de tudo que todos os membros desta faculdade 
possuam, a saber, a adoração a Deus, o crescimento na fé e inte-gridade (honestidade, sinceridade) moral”.

Em certa ocasião, quando o reformador John Knox se diri-giu ao Conselho da Escócia, ele disse ser “muito cuidadoso para 
com a educação virtuosa e piedosa dos jovens deste reino” para 
“o avanço da glória de Cristo”.
Entre os primeiros documentos pertencentes à fundação 
da Faculdade de Harvard encontramos: “Que o estudante seja 
sempre plenamente instruído e seriamente pressionado a con-siderar bem que o principal fim de sua vida e de seus estudos é 
conhecer a Deus e Jesus Cristo, que é a vida eterna (João 17:3) e 
por isso colocar Cristo na base, como o único alicerce de todo 
conhecimento e aprendizado saudável”.

Um modo de frustrar Satanás, pensavam os puritanos, era 
educar as pessoas na leitura e estudo da Bíblia. Anos antes, Lutero havia escrito: “Eu não aconselharia ninguém enviar seu fi-lho aonde as Sagradas Escrituras não são supremas”. Hoje, nós 
também educamos nossos filhos a lerem. Alguma vez já lhes 
falamos que o uso primário de suas habilidades para a leitura 
deve ser para pesquisar as Escrituras? Ainda nos primórdios 
da Universidade de Harvard, os estudantes eram obrigados a 
ler as Escrituras em privado (de forma não pública – NE) duas 
vezes ao dia examinando-a dentro do possível. Nós temos essa 
prática em nossos lares? Nós conversamos com nossos filhos 
acerca de seu dia na escola, particularmente sobre o que eles 
aprenderam das Escrituras nesse dia? Nós procuramos verificar 
pessoalmente que, se nossos filhos freqüentam uma escola, essa 
escola é verdadeiramente centrada na Bíblia?

A educação puritana era de forma ampla uma responsabilidade dos pais. O pregador puritano inglês Thomas Gataker 
escreveu uma vez: “Que os pais possam aprender... o que almejar na educação de seus filhos... não estudar apenas a maneira 
como providenciar-lhes um dote... mas labutar por treiná-los 
na verdadeira sabedoria e discrição”. Leland Ryken, um notável historiador puritano, escreveu: “É importante notar que os 
escritores puritanos, no assunto [da educação] dirigem a maior 
parte de suas observações acerca do objetivo da educação cristã 
aos pais e não aos educadores. Na visão puritana, a educação 
cristã começa em casa e é, em última instância, responsabilida-de dos pais. As escolas são uma extensão da instrução e valores 
dos pais, não um substituto para eles”. Que nós nunca possa-mos achar que outra pessoa agora tenha a responsabilidade pela 
educação de nossos filhos, responsabilidade tal que nós prome-temos assumir no batismo.
O objetivo da educação puritana não era, em primeiro lugar, 
inteligência. Milton, em seu tratado clássico sobre educação, 
põe muito menos importância em quanto uma pessoa sabe do 
que no tipo de pessoa que ele ou ela é no processo de se transformar – especialmente no relacionamento dele ou dela com Deus. É esta a nossa verdadeira principal preocupação? É isto o 
que nós estamos procurando na educação de nossos filhos, seja 
em casa ou na escola?
Os puritanos, como nós, enfatizavam uma bem modelada 
educação nas artes liberais. Mas eles sempre enfatizavam que 
os vários assuntos devem sempre ter um objetivo religioso. Eles 
não queriam uma distinção entre assuntos religiosos e os assim 
chamados assuntos naturais (seculares). Todos deviam estar a 
serviço da glória de Deus e todos deviam ser para o aprimora-mento de nosso semelhante. As moças puritanas, seja em casa 
ou na escola, e como meios permitidos, estudavam uma varie-dade de assuntos. Além de religião, muitas foram escolarizadas 
em leitura, caligrafia, música (escrita), matemática (da simples 
aritmética à geometria ou álgebra), geografia, história, filosofia 
e línguas. William Sprague, em seu Letters on Practical Subjects 
to a Daughter (Cartas a uma Filha sobre Assuntos Práticos), es-creveu, entretanto, esta advertência: “Embora você possa se dis-tinguir muito no cultivo intelectual... você não pode proclamar 
ter uma educação completa, a menos que esteja bem familiari-zada com a economia doméstica”. Como nota à parte – observe 
como o termo “economia doméstica” não é um termo cunhado 
por educadores modernos. “Eu estou consciente”, ele continua, 
“de que este é um assunto que, de uma forma ou outra, muitas 
jovens consideram com forte aversão; e há razões para se temer 
que, em muitos casos, esta aversão é aumentada ao receberem 
em algum grau a sanção dos pais... Mas nada que esteja relacio-nado com a superintendência e direção imediata dos cuidados 
do lar você pode negligenciar sem expor a si mesma as incon-veniências que nenhum futuro empenho poderá ser capaz de 
remediar completamente”.

No fim, a ênfase dos puritanos na educação sempre retorna-va ao lar. John James escreveu: “O momento decisivo na edu-cação é o ponto de partida”. Benjamim Palmer, comentando o 
texto “Pais, não provoqueis vossos filhos à ira, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor” escreve: “A referência é 
claramente à família como uma escola de treinamento. Os fi-lhos não nos são dados simplesmente para os desfrutarmos e 
cuidarmos, mas para serem educados – para serem educados 
para esta vida e para a vida por vir”.
A moça puritana, a despeito de qualquer outra coisa que ela 
pudesse aprender, podia esperar muito de sua educação para se 
preparar para seus deveres futuros no lar. A típica moça purita-na nunca freqüentava a universidade. Seria vista com horror e 
até mesmo reprovada publicamente se ousasse publicar alguma 
coisa que ela mesma tivesse escrito.

No século vinte, nossas idéias têm de certo modo se mo-dificado. Todavia, eu poderia imaginar os puritanos, se eles 
vivessem hoje, nos fazendo uma pergunta importante: “Por 
que,”, eles ficariam a imaginar, “se a vasta maioria de suas mo-ças terminam casando e criando filhos, vocês freqüentemente 
gastam esse tempo e dinheiro considerável treinando-as para 
aquilo que elas não usarão? E por que gastam comparativa-mente tão pouco na preparação para aquilo que elas, sendo 
vontade de Deus, muito provavelmente farão?”. Em outras pa-lavras, por que encorajar o estudo de química, cálculo, língua 
avançada, etc., etc., e não treiná-las mais extensivamente em 
como ser uma esposa bíblica ou uma mãe bíblica? “Por que”, 
perguntariam, “elas aprendem mais sobre notebook do que 
agulha e linha? Por que mais sobre fórmula quadrática do que 
as fórmulas que são calculadas para melhorar a saúde de seu 
esposo ou filhos?”. Eu não tenho certeza se poderia responder--lhes adequadamente.
Talvez alguém possa responder que algumas esposas e mães 
são também, ao mesmo tempo, mulheres com profissão de 
tempo integral. A puritana típica, com uma mistura de grave 
preocupação e suave espanto, perguntaria em resposta: como 
seria possível que cristãos, de todos os povos, ousassem revirar 
a ordenança da própria criação de Deus e Seus plano para as mulheres, de cabeça para baixo pedindo-lhes que sacrifiquem 
um tempo precioso e energia de seus chamados primários da-dos por Deus e desviá-las para fazer aquilo que Deus dá nor-malmente para os homens. Depois de ensinar como mulheres 
não casadas deviam trabalhar para seu próprio sustento, John 
James comenta que “no casamento... o marido deve ganhar com 
o suor de seu rosto, não apenas seu próprio pão, mas o de sua 
família”. Na sociedade puritana era bem-estabelecido que um 
dos deveres fundamentais do homem no casamento era prover 
sua esposa e família com roupas e alimento adequado. Para ele, 
pedir que sua esposa faça isso, exceto em circunstâncias que o 
privem de assim o fazer, era considerado paganismo. A justiça 
até mesmo reconhecia este sustento como parte essencial de dí-vida à mulher como virtude do casamento.

É possível, amigos, que nós realmente precisemos considerar 
se de fato estamos prestando atenção suficiente, tanto em casa 
como na escola e nos círculos da igreja como um todo, ao tipo 
e quantidade de preparação que nossas moças recebem para 
aquele chamado que a maioria delas um dia ocuparão: aquele 
de esposa e mãe? Nossas escolas estão fazendo isso? Elas fazem 
isso o bastante? Como pais, nós estamos impingindo em nossas 
moças e senhoras uma alta consideração para com o abençoa-do lugar que Deus designou para a maioria das mulheres: o de 
esposa e mãe?



David Lipsy

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