Acerca da
submissão ao Senhor, temos a seguinte ordem no Novo Testamento:
“Humilhai-vos, pois, debaixo da potente mão de Deus, para que
a seu tempo vos exalte” ( 1Pd 5:6 )
“Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará” ( Tg 4:10
)
Jesus orientou os escribas e fariseus acerca da
auto-humilhação após curar um homem que sofria de uma doença que acumulava
líquidos em seu corpo (hidrópico): "Porquanto qualquer que a si mesmo se
exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado"
( Lc 14:11 ).
Jesus recomenda aos seus ouvintes a não se assentarem nos
primeiros lugares quando convidados a uma festa, pois se houvesse alguém mais
digno, o dono da festa poderia requerer o lugar de destaque e dá-lo ao mais
digno. Ao contar-lhes esta regra de etiqueta social, por parábola, Jesus estava
demonstrando aos seus ouvintes que, apesar de se acharem dignos de um lugar de
destaque no reino dos céus por serem descendentes da carne de Abraão, o noivo
daria a outros convidados mais dignos que se assentassem em lugar de destaque.
Jesus apresenta a eles a regra do reino dos céus, visto que
os convidados não são os judeus (sãos), antes os obedientes como o crente
Abraão, pecadores dentre todos os povos (doentes) "Jesus, porém, ouvindo,
disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas, sim, os doentes" ( Mt
9:12 ).
Na lição que Jesus passou estava implícita a ordem:
“Misericórdia quero, e não sacrifício”, pois Jesus não veio ‘chamar os justos,
mas os pecadores, ao arrependimento’ ( Mt 9:13 ). Embora os religiosos judeus
entendessem que tinham direito de entrar no reino dos céus por serem
descendentes da carne do patriarca Abraão, não havia compreendido o enigma da
misericórdia "Ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero,
e não sacrifício. Porque eu não vim a chamar os justos, mas os pecadores, ao
arrependimento" ( Mt 9:13 ).
Quando Jesus contou a parábola do fariseu e do publicano,
demonstrou aos seus ouvintes que se achavam justos aos seus próprios olhos que,
para ter acesso ao reino dos céus é imprescindível reconhecer a sua condição
miserável diante de Deus, humilhando-se a si mesmo.
E como humilhar-se? Diferente do que os interlocutores de
Jesus pensavam que, para humilhar-se era necessário sacrifício como jejuns,
sábados, dízimos, circuncisão, votos, holocaustos, etc., humilhar a si mesmo é
quando o homem clama pela misericórdia de Deus "Digo-vos que este desceu
justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se
exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado"
( Lc 18:14 ).
Humilhar-se a si mesmo é lançar fora todas as suas ‘riquezas’
como linhagem, circuncisão, tribo, nacionalidade, lei, religiosidade, etc.,
considerando a riqueza como escória, sujeitando-se a Cristo “Circuncidado ao
oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus;
segundo a lei, fui fariseu. Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a
justiça que há na lei, irrepreensível. Mas o que para mim era ganho reputei-o
perda por Cristo. E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela
excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda
de todas estas coisas, e as considero como escória, para que possa ganhar a
Cristo” ( Fl 3:5 -8).
Humilhar-se a si mesmo é acatar a ordem divina, se fazendo
servo de Cristo "Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo
o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e
segue-me" ( Mt 19:21 ).
Se o jovem rico houvesse se sujeitado ao mando de Cristo,
seria aceito por servo. Na fala: - 'Se queres ser perfeito' estava implícita
uma prova semelhante a que Deus deu a Abraão. Se o jovem rico se dispusesse a
obedecer, o sacrifício não seria exigido, assim como se deu com o crente
Abraão. A partir do momento em que o jovem se dispusesse a seguir a Cristo,
estaria andando humildemente com o seu Deus, sendo justificado como o crente
Abraão ( Gn 17:1 ; Gn 6:9 ; Dt 18:13 ; Mt 5:48 ). Jesus não está em busca de
doadores de bens materiais, antes que o jovem rico se dispusesse a segui-Lo.
Este foi o mando de Deus a Abraão, e o seu eco permeia todas as Escrituras:
"Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti,
senão que pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o
teu Deus?" ( Mq 6:8 ); "Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha
presença e sê perfeito" ( Gn 17:1 ).
O profeta Jeremias alertou os filhos de Jacó dizendo: “Assim
diz o SENHOR: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem se glorie o forte na
sua força; não se glorie o rico nas suas riquezas, mas o que se gloriar,
glorie-se nisto: em me entender e me conhecer, que eu sou o SENHOR, que faço
beneficência, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o
SENHOR” ( Jr 9:23 -24). Quem são os sábios, os fortes e os ricos? São figuras
utilizadas pelos profetas para fazer referencia ao povo de Israel, pois tudo o
que a lei diz, diz aos que estão sob a lei e se gloriam nela ( Rm 2:23 e Rm
3:19 ).
Distorções
acerca da humilhação
Uma das distorções acerca da auto-humilhação surge da ideia
de que é necessário ao homem se desprender dos bens deste mundo, como dinheiro,
emprego, carro, casa, família, etc. Outra, é achar que se humilhar é o mesmo
que ser pobre, desprovido de bens materiais. Nem de longe distribuir bens aos
pobres é humilhar a si mesmo.
Quando a bíblia recomenda o desprendimento da glória e das
riquezas que o mundo oferece, apresenta uma parábola, de modo que é necessário
desvendar-lhe o enigma para compreende-la.
Quando lemos que Moisés recusou ser chamado filho da filha de
Faraó, renegando o tesouro do Egito, ele tinha em vista o tesouro que permanece
para a vida eterna. Se Moisés se apegasse aos bens do Egito, não teria como
abraçar a fé e esperar a recompensa incorruptível ( Hb 11:24 -26).
Isto não quer dizer que o tesouro do Egito era amaldiçoado,
antes que era impossível herdar o tesouro do Egito e obedecer à ordem de Deus
para retirar o povo do Egito. Uma escolha se fez necessária, diferente de José,
que desfrutou dos tesouros do Egito e protegeu a linhagem de Cristo.
Semelhantemente Abraão rejeitou o premio do rei de Sodoma,
pois tinha em vista a promessa de Deus "Jurando que desde um fio até à
correia de um sapato, não tomarei coisa alguma de tudo o que é teu; para que
não digas: Eu enriqueci a Abrão" ( Gn 14:23 ).
A determinação para os cristãos não é para abandonar os seus
afazeres diários, nem mesmo renegar os seus bens materiais, antes seguir a
seguinte recomendação paulina: “Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se
abrevia; o que resta é que também os que têm mulheres sejam como se não as
tivessem; E os que choram, como se não chorassem; e os que folgam, como se não
folgassem; e os que compram, como se não possuíssem; E os que usam deste mundo,
como se dele não abusassem, porque a aparência deste mundo passa” ( 1Co 7:29
-31).
Fazer uso das coisas deste mundo não é o mesmo que
exaltar-se, mas fazer uso de questões deste mundo como origem, religião,
regras, nacionalidade, etc., como meio de se salvar é presunção, orgulho,
soberba. Por exemplo: os escribas e fariseus eram ‘soberbos’ porque se apegavam
ao fato de serem descendentes da carne de Abraão e à lei mosaica como meio de
alcançar salvação.
Para os escribas e fariseus humilharem-se a si mesmos teriam
que considerarem: descendência da carne de Abraão, a lei, a circuncisão,
sábados, sacrifícios, etc. como escória, pois só assim é possível alcançar a
Cristo “Mas o que para mim era ganho reputei-o perda por Cristo. E, na verdade,
tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de
Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as
considero como escória, para que possa ganhar a Cristo” ( Fl 3:7 -8).
É salutar ser reconhecido entre seus pares, na família, na
sociedade, e abrir mão disto não é o mesmo que se humilhar. Tornar-se monge,
padre, pastor, sacerdote, andarilho, etc., não é o mesmo que humilhar-se.
Deixar de conviver com a família, os amigos, não é humilhar-se. Fazer voto de
pobreza, de silêncio, restrição alimentar, castidade, isolamento, não é
humilhar-se a si mesmo. Sofrer humilhação de outras pessoas, como desprezo,
‘bullying’, ou ser uma pessoa resignada diante das vicissitudes, não é o mesmo
que humilhar-se a si mesmo.
Como
humilhar-se?
‘Humilhar-se a si
mesmo’ é tornar-se servo de Cristo, tomando sobre si o ‘jugo’ de Jesus ( Mt
11:29 ). O verdadeiro significado de ‘humilhar-se a si mesmo’ consiste em crer
em Cristo, que tira o pecado do mundo.
Cristo humilhou a si mesmo quando obedeceu ao Pai como servo
e entregou-se aos pecadores. O homem humilha-se a si mesmo quando obedece a
seguinte ordem de Cristo: "E chamando a si a multidão, com os seus
discípulos, disse-lhes: Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e
tome a sua cruz, e siga-me" ( Mc 8:34 ).
Negar a si mesmo é o mesmo que humilhar a si mesmo, pois após
sujeitar-se ao senhorio de Cristo, o homem deixa de fazer a vontade do seu
antigo senhor para fazer a vontade de Cristo. Humilhar-se a si mesmo é
resignar-se à condição de instrumento a serviço do seu senhor "Nem
tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de
iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos
membros a Deus, como instrumentos de justiça" ( Rm 6:13 ); “Porque a carne
cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao
outro, para que não façais o que quereis” ( Gl 5:17 ).
No momento em que o cristão torna-se discípulo de Cristo,
conhecendo a verdade, significa que, como servo, o cristão renegou a sua vida
herdada de Adão, que na verdade é morte, separação de Deus, e tomou a sua
própria cruz, seguiu após Cristo, morreu com Ele e ressurgiu uma nova criatura
pelo poder de Deus, tornando-se servo da justiça.
Para o homem humilhar a si mesmo basta crer em Cristo. Se faz
servo ao obedecer a ordem de Deus, crendo no enviado de Deus "Não sabeis
vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos
daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a
justiça?" ( Rm 6:16 ).
Para humilhar-se a si mesmo é imprescindível crer no enviado
de Deus, pois este é o mandamento de Deus aos seus servos "Jesus
respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele
enviou" ( Jo 6:29 ).
Antes de crer em Cristo, o homem é servo do pecado, após
obedecer de coração a doutrina de Cristo conforme o modelo passado pelos
apóstolos e profetas, o crente torna-se servo da justiça “Mas graças a Deus
que, tendo sido servos do pecado, obedecestes de coração à forma de doutrina a
que fostes entregues. E, libertados do pecado, fostes feitos servos da justiça”
( Rm 6:17 -18).
A maior humilhação da antiguidade era alguém se fazer servo,
deixando de lado a sua autodeterminação para submeter-se ao mando de outrem.
Quando o homem atende ao mandamento de Deus, que é crer em Cristo, se faz
servo, ou seja, sai fora do arraial e sofre com Cristo o vitupério da cruz ( Hb
13:13 ).
O homem gerado segundo Adão, que estava sujeito à ira de Deus
morre, é sepultado e ressurge dentre os mortos uma nova criatura. Como
consequência, o novo homem é exaltado, pois ressurgiu com Cristo uma nova criatura.
A gloria que Cristo recebeu é compartilhada com todos os cristãos "E eu
dei-lhes a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos
um" ( Jo 17:22 ).
Quando lemos o seguinte salmo: "Ainda que o SENHOR é
excelso, atenta todavia para o humilde; mas ao soberbo conhece-o de longe"
( Sl 138:6 ), devemos considerar que o ‘humilde’ é aquele que submete-se ao
senhorio de Deus, obedecendo-O e o soberbo aquele que não se submete.
Um exemplo de soberba encontramos no rei Saul, que após
receber um ordem de Deus para exterminar os amalequitas, resolveu por si mesmo
preservar a vida do rei Agague e o melhor dos bois e das ovelhas ( 1Sm 15:8
-9). Esta deliberação de Saul e do povo foi soberba, mas se tivessem
exterminado todos os amalequitas, seria humildade.
Nas Escrituras humildade está para obediência, assim como
soberba está para a desobediência. Observe o seguinte verso: "Ele te
declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu
Deus?" ( Mq 6:8 ). O que Deus exige do homem? Obediência, o que é o mesmo
que andar ‘humildemente’ com Deus.
Quando o homem reconhece que todos pecaram e destituídos
estão da glória de Deus e que os homens pela fé em Cristo são justificados
gratuitamente, a soberba é excluída, como se lê: “Porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua
graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Ao qual Deus propôs para
propiciação pela fé no seu sangue, para demonstrar a sua justiça pela remissão
dos pecados dantes cometidos, sob a paciência de Deus; Para demonstração da sua
justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele
que tem fé em Jesus. Onde está logo a jactância? É excluída. Por qual lei? Das
obras? Não; mas pela lei da fé” ( Rm 3:23 -27).
No verso jactância é orgulho, ostentação, soberbia, ufania,
vaidade, vanglória. O mandamento (lei) da fé, que é crer em Cristo exclui
qualquer orgulho, vanglória, jactância, porque o homem é justificado por Deus
gratuitamente segundo a redenção que há em Cristo.
Um cristão não pode sentir orgulho? Se for com relação às
questões deste mundo, pode sim. Pode orgulhar-se de seus filhos, esposa,
amigos, parentes, conquistas pessoais. O apóstolo Paulo ao escrever corintos
demonstrou estar orgulhoso dos seus interlocutores, o que demonstra que o
‘orgulho’ não é uma questão capital, como preceitua a igreja católica:
"Grande é a ousadia da minha fala para convosco, e grande a minha
jactância a respeito de vós; estou cheio de consolação; transbordo de gozo em
todas as nossas tribulações" ( 2Co 7:4 ).
Mas, na primeira carta aos corintos, o apóstolo Paulo destaca
uma soberba que é capital. O apóstolo dos gentios havia anunciado o evangelho
aos Corintos e, para que os cristãos permanecessem nas pisadas do apóstolo, foi
enviado Timóteo para preservar a memória dos cristãos as questões do evangelho
( 1Co 4:16 -17). Porém, apesar do cuidado do apóstolo Paulo, havia alguns que
andavam ‘ensoberbecidos’, ‘inchados’, ou seja, não eram imitadores do apóstolo
dos gentios quanto ao evangelho.
Um exemplo proveniente da soberba estava em tolerarem um
congregado que abusava da mulher do seu próprio pai ( 1Co 5:2 ). Ou seja, a
soberba nestes versos não diz de orgulho, antes do desvio da palavra da
verdade, visto que, após reprovar o desvio no verso 6, do capítulo 5 da carta
aos Corintos, o apóstolo demonstra que era necessário remover o ‘fermento’
velho, para serem uma nova massa.
De modo que, fazer a festa com os ázimos da sinceridade e da
verdade, que é o evangelho genuíno, é humildade, e soberba é permanecer com o
fermento velho, o fermento da malicia e da maldade ( 1Co 5:6 -8).
Tiago ao recomendar aos seus interlocutores que se
humilhassem, chama-os de adúlteros e adulteras. Ora, ele estava escrevendo aos
judeus da dispersão, pessoas religiosas não dadas à promiscuidade sexual como
os gentios. Quando Tiago nomeia os seus interlocutores de adúlteros e
adulteras, estava enfatizando o desvio deles da verdade do evangelho, e não
abordando questões de cunho sexual ( Tg 4:4 ; Ez 16:35 ).
Em seguida Tiago destaca que as Escrituras demonstram que
Deus habita nos cristãos e que tem ciúmes ( Ez 16: 42 ). Novamente Tiago cita
as Escrituras demonstrando que Deus resiste aos desobedientes, e da graça aos
obedientes ( Tg 4:6 ).
Daí os imperativos seguintes: sujeitai-vos a Deus, ou seja,
obedeçam, sejam servos de Deus, pois o diabo não pode tocar nos servos de Deus;
chegai-vos a Deus, ou seja, tomai sobre si o jugo de Deus; limpem as mãos e os
corações; quando deixassem a presunção de que eram filhos de Deus por serem
descendentes da carne de Abraão veriam as suas misérias, tornando-se humildes,
de modo que Deus em Cristo os exaltaria ( Tg 4:10 ).
Mas, como os interlocutores de Tiago continuavam seguindo os
seus próprios mestres que possuíam uma sabedoria carnal e diabólica, Tiago
destaca que eram soberbos e mentiam contra a verdade "Mas agora vos
gloriais em vossas presunções; toda a glória tal como esta é maligna" ( Tg
4:16 ; Tg 3:14 ).
Em resumo: o soberbo é aquele que ensina outra doutrina que
não a de Cristo, como se lê: “Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não
conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que
é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e
contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins
suspeitas” ( 1Tm 6:3 -4).
A soberba é uma figura para fazer referencia aos homens que
se desviam da palavra de Deus: "Tu repreendeste asperamente os soberbos
que são amaldiçoados, que se desviam dos teus mandamentos"( Sl 119:21 );
"Tu repreendeste asperamente os soberbos, os malditos, que se desviam dos
teus mandamentos" ( Sl 119:21 ). Semelhantemente, a viúva, o órfão, o
pobre são figura que contrapõe a figura dos soberbos, de modo que os humildes,
pobres, tristes são bem-aventurados e os soberbos não "O SENHOR desarraiga
a casa dos soberbos, mas estabelece o termo da viúva" ( Pr 15:25 );
"Com o seu braço agiu valorosamente; Dissipou os soberbos no pensamento de
seus corações" ( Lc 1:51 ).
Qualquer que presume de si mesmo que tem por Pai Abraão por
ser descendente da carne de Abraão é soberbo. Gloria na sua riqueza, porém, é
um pobre, cego e nu "Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada
tenho falta; e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e
nu" ( Ap 3:17 ). A humildade não está na pobreza material, e sim em
adquirir de Deus vestes de justiça, ouro provado no fogo, ou seja, obediência à
fé. Daí a fala de Tiago: “EIA, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por
vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão
apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça” ( Tg 5:1 -2).
Qualquer que não segue os mandamentos de Deus está à mercê da
própria vontade, portanto, é soberbo e nada sabe "A nossa alma está
extremamente farta da zombaria daqueles que estão à sua vontade e do desprezo
dos soberbos" ( Sl 123:4 ).
Para humilhar-se a si mesmo basta tomar sobre si o jugo de
Cristo, ou seja, é necessário aprender com Ele, que é humilde e manso de
coração: "Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" ( Mt 11:29
).
Por que Jesus era manso? Porque Jesus resignou-se a obedecer
ao Pai.
Em tudo Ele cumpriu o que predisse a profecia. Jesus poderia
deliberar ir atrás de uma montaria melhor para apresentar-se a Jerusalém,
porém, resignou-se a cumprir a profecia "Dizei à filha de Sião: Eis que o
teu Rei aí te vem, Manso, e assentado sobre uma jumenta, E sobre um jumentinho,
filho de animal de carga" ( Mt 21:5 ); "Alegra-te muito, ó filha de
Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e salvo,
pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de
jumenta" ( Zc 9:9 ).
A melhor tradução é a que demonstra que Jesus veio humilde, e
não pobre como a utilizada acima, pois o verso demonstra a obediência do servo
do Senhor.
Quando a bíblia diz que Moisés era o homem mais manso que
havia sobre a terra, não estava apontando virtudes psíquicas, antes destacando
a obediência de Moisés, que era servo obediente na casa de Deus ( Nm 12:3 e 7;
Hb 2:5 ).
Qualquer que executa a obra de Deus é manso, humilde.
Qualquer que põe por obra o juízo de Deus é manso "Buscai ao SENHOR, vós
todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juízo; buscai a
justiça, buscai a mansidão; pode ser que sejais escondidos no dia da ira do
SENHOR" ( Sf 2:3 ); "Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é
esta: Que creiais naquele que ele enviou" ( Jo 6:29 ).
A verdadeira humilhação pertinente ao cristão refere-se ao
momento que se fez servo de Cristo, tomando sobre si o jugo de Cristo.
Fonte: http://www.estudobiblico.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário