Se o jovem rico houvesse se sujeitado ao mando de Cristo,
seria aceito por servo. Na fala: - 'Se queres ser perfeito' estava implícita
uma prova semelhante a que Deus deu a Abraão. Se o jovem rico se dispusesse a
obedecer, o sacrifício não seria exigido, assim como se deu com o crente
Abraão. A partir do momento em que o jovem se dispusesse a seguir a Cristo,
estaria andando humildemente com o seu Deus, sendo justificado como o crente
Abraão ( Gn 17:1 ; Gn 6:9 ; Dt 18:13 ; Mt 5:48 ). Jesus não está em busca de
doadores de bens materiais, antes que o jovem rico se dispusesse a segui-Lo.
Este foi o mando de Deus a Abraão, e o seu eco permeia todas as Escrituras: "Ele
te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti, senão que
pratiques a justiça, e ames a benignidade, e andes humildemente com o teu
Deus?" ( Mq 6:8 ); "Eu sou o Deus Todo-Poderoso, anda em minha
presença e sê perfeito" ( Gn 17:1 ).
"E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo,
sendo obediente até à morte, e morte de cruz" ( Fl 2:8 )
Jesus, o
exemplo
O apóstolo Paulo recomenda aos cristãos que sejam imitadores
de Deus como filhos amados "SEDE, pois, imitadores de Deus, como filhos
amados" ( Ef 5:1 ).
O que um pai espera de um filho? A resposta para esta
pergunta não pode ser dada segundo a concepção do homem moderno e contemporâneo
levado por todo vento de ensinos, antes deve ser respondida levando-se em conta
o contexto cultural e social do homem da antiguidade.
Em todos os tempos os pais esperam o amor dos filhos, porém,
se falarmos do homem do nosso tempo, o amor esperado diz de afetividade,
carinho (sentimento), se falarmos conforme o pensamento do homem da
antiguidade, o amor esperado vai além da afetividade, do sentimento e traduz-se
em obediência (funcional) como a de um servo ao seu senhor.
Este era o pensamento do homem da antiguidade, o filho, ainda
que senhor de tudo, em nada era diferente do servo, pois devia obediência ao
pai “DIGO, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do
servo, ainda que seja senhor de tudo” ( Gl 4:1 ).
O filho devia obediência, honra, ao pai, de modo que honrar é
obedecer "Honra a teu pai e a tua mãe, como o SENHOR teu Deus te
ordenou..." ( Dt 5:16 ); "Para que todos honrem o Filho, como honram
o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou" ( Jo 5:23 );
"O filho honra o pai, e o servo o seu senhor; se eu sou pai, onde está a
minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o meu temor? diz o SENHOR dos
Exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que
nós temos desprezado o teu nome?" ( Ml 1:6 ).
À época dos apóstolos, a essência do termo ‘agape’ traduzido
por amor era funcional e objetivo, de modo que o termo evoca a ideia de
obediência, honra, o que é muito diferente da concepção do homem do nosso
tempo, que entende o amor como afetividade, sentimento subjetivo.
Jesus disse: "Aquele que tem os meus mandamentos e os
guarda esse é o que me ama" ( Jo 14:21 ). A exigência é objetiva: obedecer
aos mandamentos de Cristo. Não há espaço para questões de ordem subjetiva, como
sentimento, afetividade, emoção, etc. Quem obedece ama, quem não obedece odeia
"Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar
o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus
e a Mamom" ( Lc 16:13 ) - Crispim, Claudio, A Obra que demonstra Amor a
Deus, São Paulo: Newbook, 2012.
Para ser imitador de Cristo é necessário ser obediente como
Ele, que achado na forma de homem se fez servo "Mas não sereis vós assim;
antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve"
( Lc 22:26 ). Cristo é o maior, mas se fez como quem serve, de modo que Cristo,
sendo maior que João Batista, se fez como o que serve "Em verdade vos digo
que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João
o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele"
( Mt 11:11 ).
Daí a ênfase do apóstolo Paulo: “SEDE, pois, imitadores de
Deus, como filhos amados; E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se
entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave” (
Ef 5:1 -2). O cristão deve imitar a Cristo como filhos sob o cuidado (amado) do
pai, ou seja, sendo obediente (andai em amor).
Cristo cuidou (amou) da sua igreja e entregou-se a si mesmo
em cheiro suave a Deus. A relação do cristão e Cristo se dá através da
submissão e do cuidado, de modo que a ideia do verso 2 do capítulo 5 de Efésios
é ilustrado através da figura do esposo e da mulher: “De sorte que, assim como
a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas
a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a
igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com
a lavagem da água, pela palavra” ( Ef 5:24 -26, Ef 5:2 ).
O Verbo eterno quando na carne, despido de seu poder, em todo
momento resignou-se a obedecer à vontade expressa de Deus: obediência quero e
não sacrifício ( 1Sm 15:22 ). Cristo entregou-se a si mesmo em obediência ao
Pai, pois a exigência divina é a obediência e não o sacrifício. A oferta de
Cristo ao Pai foi agradável por ser ato de obediência, e não de voluntariedade
em sacrificar-se.
Deus não exige sacrifício dos homens porque Ele mesmo proveu
a vítima perfeita para o sacrifício "Nisto está o amor, não em que nós
tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para
propiciação pelos nossos pecados" ( 1Jo 4:10 ; Jo 3:16 ). Foi o próprio
Deus que apresentou a vítima a ser atada ao altar, formada especificamente para
ser servo “E agora diz o SENHOR, que me formou desde o ventre para ser seu
servo, para que torne a trazer Jacó; porém Israel não se deixará ajuntar;
contudo aos olhos do SENHOR serei glorificado, e o meu Deus será a minha força.
Disse mais: Pouco é que sejas o meu servo, para restaurares as tribos de Jacó,
e tornares a trazer os preservados de Israel; também te dei para luz dos
gentios, para seres a minha salvação até à extremidade da terra” ( Is 49:5 -6);
"Deus é o SENHOR que nos mostrou a luz; atai o sacrifício da festa com
cordas, até às pontas do altar" ( Sl 118:27 ).
O escritor aos Hebreus explica o Salmo 40, versos 6 à 8
contrastando a obediência com o sacrifício: “Por isso, entrando no mundo, diz:
Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo me preparaste; Holocaustos e
oblações pelo pecado não te agradaram. Então disse: Eis aqui venho (No
princípio do livro está escrito de mim), Para fazer, ó Deus, a tua
vontade. Como acima diz: Sacrifício e
oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram (os
quais se oferecem segundo a lei). Então disse: Eis aqui venho, para fazer, ó
Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo. Na qual
vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de Jesus Cristo, feita
uma vez” ( Hb 10:5 -10).
O escritor aos Hebreus demonstra que o verso 6 do Salmo 40
refere-se ao Cristo quando introduzido no mundo. Do Cristo não foi exigido
sacrifício ou oferta, antes que, voluntariamente, se sujeitasse ao Pai (minha
orelha furaste Ex 21:6 ; Dt 15:17 ).
Cristo foi formado por Deus para ser servo ( Is 49:5 ), e
Deus não requereu do seu Filho holocaustos, sacrifícios, antes fazer a vontade
de Deus. É por isso que o salmista em espírito demonstra que Cristo
deleitar-se-ia em fazer a vontade de Deus ( Hb 10:8 ).
Em nossos dias há muitos que em datas comemorativas impõe a
si mesmos o flagelo da cruz, mas diante de Deus tal ato cruento é sem valor,
pois Deus não requer sacrifício, antes Deus exige a obediência.
Há uma diferença gritante entre o sofrimento de Jesus na cruz
e o sofrimento das pessoas que aplicam a si castigos físicos semelhantes à
crucificação de Jesus. Cristo não buscou o flagelo para agradar ao Pai, antes
buscou obedecê-lo, pois isto é agradável a Deus.
Jesus orou ao Pai sobre a necessidade de beber o cálice,
porém, na oração, apesar de expressar o desejo de que o Pai passasse dele o
cálice, vê-se que não abre mão de obedecê-Lo, quando declarou: "Pai meu,
se este cálice não pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua
vontade" ( Mt 26:42 ); "Agora a minha alma está perturbada; e que
direi eu? Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora" ( Jo
12:27 ).
Como as Escrituras demonstravam que Deus não exigia oblações
pelo pecado, Jesus apresentou-se como servo para fazer a vontade de Deus. E é
na vontade de Deus que o homem é santificado, pois Cristo foi posto por
propiciação pelos pecados.
Ao falar da obediência de Cristo, o escritor aos hebreus
disse: “O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e
lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto
ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que
padeceu” ( Hb 5:7 -8). Quando no Getsemani, Jesus clamou ao Pai, o único que
podia livrá-Lo da morte, porém, diante do sofrimento que se seguiu, verifica-se
que Jesus desprezou a sua própria vontade e acatou a vontade de Deus sendo
obediente em tudo.
O apóstolo Paulo demonstra que Jesus foi obediente, e o
escritor aos Hebreus apresenta o sofrimento como prova da obediência de Cristo,
ou seja, a sujeição de Cristo aos vitupérios da cruz indica que em tudo Jesus
foi obediente. Cristo, mesmo sendo o Filho de Deus, foi atendido porque
obedeceu (temeu) e não porque era Filho, ou seja, quando Cristo rogou ao Pai,
aquele que podia livrá-lo da morte, foi atendido porque era obediente (piedoso,
temente) “O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e
lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto
ao que temia. Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que
padeceu” ( Hb 5:7 -8).
Através das Escrituras Jesus compreendeu que Deus não está em
busca de sacrifícios e holocaustos, antes que O obedeçam. Jesus tinha
consciência de que sacrificar-se sem o mando do Pai não seria algo aprazível.
Antes de derramar a sua alma na morte, Jesus sabia através
das Escrituras que podia orar ao Pai que seria socorrido por mais de 12 legiões
de anjos ( Mt 26:53 ), mas resignou-se a apresentar-se a Deus como oferta e
sacrifício, pois esta era a vontade de Deus.
Quando Jesus expressou o seu desejo de que o Pai passasse de
si o cálice, estava cônscio de que somente Deus podia desobrigá-Lo de ser o
cordeiro do sacrifício assim como livrou Isaque de ser imolado, porém, Jesus
não impôs a sua vontade, antes se humilhou diante do Pai quando disse: ‘todavia
seja feita a sua vontade’.
Quando Jesus entregou-se aos seus inimigos para ser
crucificado, não estava apenas oferecendo um sacrifício, estava obedecendo ao
Pai, pois foi para isto mesmo que Jesus foi enviado: para fazer a vontade de
Deus ( Is 1:11 -14).
Neste mesmo sentido, quando Deus exigiu de Abraão o seu único
filho, não buscava um sacrifício, antes a obediência (temor) do patriarca
“Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada;
porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único
filho” ( Gn 22:12 ).
Sacrifício é um ato que decorre da voluntariedade do homem,
não é uma exigência divina ( Lv 1:2 ; Sl 50:8 -13; Sl 51:16 ; Os 6:6 ). É
essencial compreender que oferecer o seu único filho em sacrifício não foi um
ato voluntarioso de Abraão, como muitos entendem. Conduzir Isaque até o altar
do sacrifico não foi uma decisão que o patriarca Abraão deliberou realizar, o
que caracterizaria um sacrifício, antes o patriarca estava obedecendo à ordem
divina, o que caracteriza a sujeição, a humildade.
E por que Abraão obedeceu? Porque confiava que Deus era
poderoso para trazer o seu filho dentre os mortos ( Hb 11:17 -19).
Sacrifício é produto de um ato voluntário, como o foi o voto
de Jefté: “E Jefté fez um voto ao SENHOR, e disse: Se totalmente deres os
filhos de Amom na minha mão, Aquilo que, saindo da porta de minha casa, me sair
ao encontro, voltando eu dos filhos de Amom em paz, isso será do SENHOR, e o oferecerei
em holocausto” ( Jz 11:30 -31), o que não ocorreu com Abraão “E disse: Toma
agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de
Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi”
( Gn 22:2 ).
O escritor aos Hebreus demonstra que Abraão temia
(obediência) a Deus, e as Escrituras contém o testemunho que Deus dá de Abraão
a Isaque “Pela fé Abraão, sendo chamado, obedeceu, indo para um lugar que havia
de receber por herança; e saiu, sem saber para onde ia” ( Hb 11:8 );
"Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus
preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis" ( Gn 26:5 ).
A bíblia demonstra que Jesus ‘suportou’ a cruz. Suportar
demonstra que a cruz não lhe era algo agradável, entretanto optou por fazer a
vontade do Pai "Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo
gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e
assentou-se à destra do trono de Deus" ( Hb 12:2 ), o que demonstra que Cristo
não se apresentou para oferecer um sacrifício, antes quem ofereceu o Cristo
como cordeiro foi o próprio Pai, pois foi do agrado de Deus moê-lo “Todavia, ao
SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar; quando a sua alma se puser por
expiação do pecado...” ( Is 53:10 ); “Não morrerei, mas viverei; e contarei as
obras do SENHOR. O SENHOR me castigou muito, mas não me entregou à morte” ( Sl
118:17 -18).
Se Cristo não acatasse a vontade do Pai que o colocou como
cordeiro, não haveria sacrifício e nem resgate da humanidade. A vontade do
Cristo não era uma morte de cruz quando pediu ao Pai que passasse d’Ele o
cálice, porém, sendo servo, resignou-se a obedecer, pois obedecer é o único
modo de agradar a Deus e ser recompensado “Meu Pai, se é possível, passe de mim
este cálice...” ( Mt 26:39 ); "Olhando para Jesus, autor e consumador da
fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a
afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus" ( Hb 12:2 ).
Na cruz Jesus desempenhou dois papéis distintos: servo e
cordeiro. Como servo agradou ao Pai obedecendo e, como cordeiro foi o
sacrifício perfeito providenciado por Deus em resgate da humanidade. Quem
apresentou o sacrifício perfeito foi o Pai, e quem obedeceu como servo, foi o
Filho, que não abriu a sua boca, resignando-se como cordeiro ( Is 42:19 ).
Sem a obediência de Cristo não haveria justiça, pois a
justiça de Deus é substituição de ato: obediência em lugar da desobediência
“Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores,
assim pela obediência de um muitos serão feitos justos” ( Rm 5:19 ).
Quando sem pecado Adão desobedeceu, de modo que somente um
sem pecado e que obedecesse poderia substituir a ofensa de Adão. Através da
obediência do servo do Senhor, tem-se o cordeiro perfeito entregue pelo Pai
para a salvação de muitos "O qual por nossos pecados foi entregue, e
ressuscitou para nossa justificação" ( Rm 4:25 ; At 2:23 ).
Diante da desobediência de Adão que trouxe a injustiça,
somente a obediência de alguém sem pecado traria justiça. Qualquer sacrifício
apresentado por um descendente de Adão é sem valor, visto que o ofertante é
filho da ira e da desobediência. Somente um homem sem pecado poderia substituir
a ofensa de Adão, porém, a substituição é a obediência, o que Cristo fez, por
ser o último Adão.
Na obediência está a justiça, no sacrifício do corpo de
Cristo a justificação. Todos quantos obedecem a Cristo conformam-se com Cristo
na sua morte, e após ressurgem com Cristo, Deus os declara justos. Deus estabeleceu
a sua justiça através da obediência de Cristo, mas era necessário o trigo
morrer para produzir fruto ( Jo 12:24 ).
Na morte de Cristo foi plantado o Unigênito Filho de Deus,
quando ressurgiu dentre os mortos, Cristo tornou-se o primogênito dentre os
mortos, pois através da sua morte e ressurreição são conduzidos à glória muitos
filhos de Deus ( Rm 8:29 ).
Deus não busca dos homens sacrifícios, ofertas, holocaustos
ou oblações pelo pecado, antes a obediência. Quando preparou ao Cristo um
corpo, o esperado era a obediência, consequentemente, o cordeiro para o
holocausto era certo. Se o último Adão não se resignasse a obedecer, não
haveria substituição de ato e a justiça não seria estabelecida.
Jesus, como homem, não foi voluntarioso em oferecer a si
mesmo como sacrifício, antes se apresentou ao Pai para obedecê-Lo. Jesus
humilhou-se a si mesmo ao se fazer servo, pois abriu mão de sua vontade e
entregou-se em obediência à determinação do Pai.
Humilhar a si mesmo é posicionar-se na condição de servo,
executando estritamente a ordem do seu Senhor. Humilhar a si mesmo é abrir mão
da própria vontade para executar a vontade de Deus a exemplo do que Cristo fez.
Quando na carne, o Verbo não se apresentou ao Pai com o argumento: - ‘Vou dar o
meu melhor ao Pai’, ou ‘Vou me oferecer como sacrifício’, antes se resignou a
acatar humildemente a vontade de Deus: - 'Seja feita a sua vontade'.
Deixar a sua glória e se fezer homem, não foi o momento em
que Jesus se humilhou, visto que a ação do Verbo eterno ao deixar a sua glória
foi uma decisão soberana e voluntária. Ao deixar a Sua glória, o Verbo eterno
submeteu-se à sua própria decisão, mas quando na carne, abriu mão de sua
vontade para sujeitar-se a vontade do Pai, se fez servo, o que é humilhar a si
mesmo "Então disse: Eis aqui venho,
para fazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o
segundo" ( Hb 10:9 ; Sl 40).
Quando deixou a sua glória, o Verbo Eterno voluntariamente
despiu-se da sua glória, ou seja, esvaziou-se do seu poder para tornar-se
homem, porém, a humilhação de si mesmo se deu quando Jesus, como homem, em
obediência ao Pai, resignou-se a sofrer os vitupérios da cruz “Mas esvaziou-se
a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” ( Fl
2:7 ).
Quando resignou-se a beber o cálice proposto pelo Pai,
sujeitando-se como servo, Cristo humilhou a si mesmo, sendo obediente até a
morte, e morte de cruz. Observe que o apóstolo Paulo demonstra que Cristo
humilhou a si mesmo quando achado na forma de homem, e não quando esvaziou-se a
si mesmo para se fazer semelhante aos homens: "E, achado na forma de
homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de
cruz" ( Fl 2:8 ).
Instruções
acerca da humilhação
Como um homem se humilha debaixo das potentes mãos de Deus?
Qual o modo de ser exaltado por Deus? O único modo é obedecendo!
Através da história do rei Saul é possível compreendermos
outro aspecto da obediência. Desde Abel e Caim, Deus nunca se opôs aos
sacrifícios e votos dos homens, apesar de não exigi-los ( Gn 4:3 -4). Em função
da voluntariedade do homem em sacrificar ( Lv 1:2 ), no livro de Levítico Deus
disciplina a forma de como oferecê-los, o que demonstra que para agradar a Deus
é necessário a obediência.
Através do livro de Levítico, caso o voluntarioso em
sacrificar se resignasse a cumprir todos os rituais estabelecidos,
paulatinamente estava aprendendo a importância da obediência, e o tal seria
aceito por Deus, não em função do sacrifício, antes por obedecer.
Apesar de Deus nunca ter exigido sacrifícios, não os
extinguiu, antes disciplinou como e onde oferecê-los, pois este era uma forma
de os ofertantes aprenderem a obediência, e não o meio de serem aceitos por
Deus. O homem só é aceito por Deus quando se converte dando ‘ouvidos’ a Deus, e
não através de sacrifícios ( Dt 5:9 ; Dt 30:2 e 6).
Deus deu uma ordem direta ao rei Saul para que os amalequitas
fossem completamente exterminados. Diante da ordem divina não era facultado ao
rei sacrificar ou votar. Em qualquer outra ocasião o rei poderia apresentar
quantos sacrifícios desejasse, mas diante da ordem expressa de Deus cabia-lhe
somente a obediência.
Sob o argumento de que cumpriu completamente a ordem divina (
1Sm 15:13 ), mesmo tendo poupado o rei Agage e o melhor do interdito, Saul
persistiu na desobediência apresentando como justificativa o sacrifício.
A atitude voluntária de Saul em sacrificar não era o
posicionamento de um servo, antes estava a serviço de si mesmo. Executar 99,9%
de uma ordem não é obediência, é rebelião e feitiçaria. É estar a serviço de si
mesmo.
Não submeter-se a vontade de Deus é o mesmo que feitiçaria,
iniquidade e idolatria. É servir Mamom e não ao Senhor "Tem porventura o
SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à
palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender
melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a rebelião é como o pecado de
feitiçaria, e o porfiar é como iniquidade e idolatria. Porquanto tu rejeitaste
a palavra do SENHOR, ele também te rejeitou a ti, para que não sejas rei"
( 1Sm 15:22 -23).
Diante da vontade expressa do Senhor não cabe sacrifício, só
a submissão em obediência, visto que não submeter-se é rebelião "Porque
conheço a tua rebelião e a tua dura cerviz; eis que, vivendo eu ainda hoje
convosco, rebeldes fostes contra o SENHOR; e quanto mais depois da minha
morte?" ( Dt 31:27 ); "Como o prevaricar, e mentir contra o SENHOR, e
o desviarmo-nos do nosso Deus, o falar de opressão e rebelião, o conceber e
proferir do coração palavras de falsidade" ( Is 59:13 ).
Fonte: http://www.estudobiblico.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário