segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Wicca - A Bruxaria dos Pagãos

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Hoje um número desconhecido de neopagãos adopta os princípios de uma fé popularmente chamada de bruxaria (feitiçaria) e conhecida entre os iniciados como “a prática”. Essa religião também conhecida pelo nome Wicca, uma palavra do inglês antigo que designa “feiticeiro”; pode estar relacionada com as raízes indo-europeias das palavras Wic e Weik, que significam “dobrar” ou “virar”. Alguns estudiosos afirmam que esta palavra vem da raiz germânica wit que significa saber.
     A religião Wicca, depois de se popularizar no norte da Europa e América do Norte, nos últimos anos vem ganhando grande número de adeptos em Portugal e nas demais partes do mundo.

     Wicca NÃO É a antiga religião dos celtas. Os Celtas seguiam o Druidismo, que apesar de também ser um caminho pagão, é diferente da Wicca, pois esta acredita em um deus e uma deusa apenas, e não em diversos deuses e deusas como no paganismo druídico (entre outras diferenças).

     Apesar de também ter adquirido características do paganismo druídico, a Wicca é uma miscelânea de várias outras tradições ocultistas e algumas doutrinas religiosas, e possui também fortes traços ritualistas da maçonaria.

     Wicca é uma religião neopagã, fundada originalmente pelo funcionário público britânico Gerald Gardner. Embora essa fundação tenha ocorrido provavelmente na década de 1940, só foi revelada publicamente em 1954.

     Desde a sua fundação, várias tradições de Wicca evoluíram ou foram criadas. A tradição que segue os ensinamentos e práticas específicos, conforme estabelecidos por Gardner, é denominada Tradição Gardneriana. Além dela, muitas outra tradições de Wicca se desenvolveram e também existem muitos praticantes de Wicca que não pertencem a nenhuma tradição estabelecida, mas criam a sua própria forma de culto aos Antigos Deuses.


Definição

     A palavra Wicca vem do Inglês Antigo, tendo sido reintroduzida no uso moderno daquele idioma por Gerald Gardner, na sua publicação de 1954. Embora Gardner utilizasse a grafia "Wica", popularizou-se o uso de "Wicca", mais aderente à etimologia da língua inglesa.

     Os primeiros livros sobre Wicca em língua portuguesa foram traduções da língua inglesa, tendo seus tradutores optado por manter a grafia original. Mais tarde, Os livros escritos directamente em Português mantiveram esse uso. No entanto, não há consenso entre autores e tradutores sobre a palavra a ser usada na língua portuguesa para designar o praticante da religião Wicca, sendo utilizadas mais amplamente as formas wiccano e wiccaniano. É também de uso mais restrito a forma wiccão.

     Os defensores da forma wiccano, alegam ter sido a mesma utilizada na primeira tradução para português de um livro sobre Wicca, "Os Mistérios Wiccanos", de Raven Grimassi, por Cláudio "Crow" Quintino.

     Os defensores da forma wiccaniano, alegam ter sido o primeiro livro sobre Wicca traduzido para o português a "Feitiçaria Moderna" de Gerina Dunwich, onde foi utilizada essa forma. Alegam ainda que a tradução wiccano é gramaticalmente incorrecta pois o final "ano" se aplica somente a tradução de nacionalidade como indiANO, peruANO, americANO.

     Os demais termos são normalmente mantidos sem tradução, em sua forma originalmente usada na língua inglesa.

     Embora sejam algumas vezes usadas como sinónimo, "Wicca" e "Bruxaria" são conceitos diferentes. A confusão dá-se porque tanto os praticantes de Wicca quanto os de Bruxaria se denominam de Bruxos. Da mesma forma, não devem ser confundidos os termos "Wicca" e "Paganismo", uma vez que a Wicca é apenas uma das expressões do paganismo.

     A Wicca é uma religião iniciática. Essa religião pode ser praticada tanto de forma tradicional quanto de forma solitária. Nas formas tradicionais, os praticantes avançam através de "graus" pré-definidos de iniciação e geralmente trabalham em covens ou círculos. Nas formas solitárias, os praticantes geralmente auto-dedicam–se e auto-iniciam-se nas práticas da Wicca, e depois normalmente praticam-na sozinhos. Algumas vezes, os solitários são iniciados por outros sacerdotes ou sacerdotisas antes de estabelecerem a sua prática.

     Todas as formas de Wicca cultuam a Deusa e o Deus, variando porém o grau de importância dado ao culto de cada um deles.


Crenças e Práticas

     Há diversas denominações (chamadas comummente de tradições) Wiccanas. Assim, há uma enorme quantidade de variações sobre as crenças e as práticas Wiccanas.

     A prática Wiccana mais comum cultua duas divindades, a Deusa e o Deus, algumas vezes chamado de Deus Cornífero (Do latim, "o que porta cornos"). Algumas tradições, principalmente as denominadas tradições Diânicas, dão mais ênfase ao culto da Deusa, outras dão ênfase ao Deus e à Deusa, como complementos de toda a criação, como no caso da tradição dos Pentáculos. Em alguns casos, o Deus tem um papel diminuído, ou mesmo inexistente.

     A maioria dos praticantes de Wicca, no entanto, não se diz dualista, mas politeísta, às vezes com referências a panteões específicos, como o celta, ou o grego. Alguns praticantes da Wicca poderiam ainda ser classificados, dependendo de sua tradição ou crença pessoal, como animistas, panteístas, panenteístas, agnósticos, dentre outras de uma vasta faixa de possibilidades.

     Os ritos da Wicca reverenciam a ligação da vida dos praticantes com a Terra. Essa reverência expressa-se, principalmente, através de rituais cuja liturgia celebra as lunações e as mudanças das estações do ano.
Os praticantes de Wicca realizam rituais em honra à Deusa nas noites de Lua Cheia. Esses rituais são normalmente denominados Esbats. Algumas tradições chamam também de Esbat rituais realizados nas demais fases da lua.

     A maioria das tradições comemora anualmente oito festivais sazonais, chamados normalmente de Sabbats. Quatro deles, chamados também Sabbats Maiores por algumas tradições, celebram o auge das estações. São eles o Samhain (Outono), Beltane (Primavera), Imbolc (Inverno) e Lammas ou Lughnasadh (Verão). Os demais, chamados às vezes de Sabbats Menores, comemoram Solstícios - Litha (Verão), Yule (Inverno) - e Equinócios – Ostara (Primavera) e Mabon (Outono).

     Há uma grande controvérsia entre os praticantes sobre qual a forma mais adequada de escolher as datas dos Sabbats devido a uns viverem no Hemisfério Norte e outros no Sul.

     É usual que os ritos praticantes sejam realizados no interior de um círculo mágico, que é traçado de forma ritual, após a limpeza e bênção do local. Preces ao Deus e à Deusa são proferidas e muitas vezes são feitos feitiços adequados ao rito em condução. No fim, é tradicional a partilha de alimento e bebida.
A maioria dos wiccanianos usa um conjunto de instrumentos de altar nos seus rituais. Esses instrumentos incluem, dentre infinitos outros, vassouras, caldeirões, cálices, bastões, athames (um espécie de adaga ou punhal), facas, velas, incensos, etc. Representações da Deusa e do Deus são também comuns, seja de forma directa, representativa, simbólica ou abstracta. Os instrumentos são apenas isso, instrumentos, e não têm poderes próprios ou inerentes. Apesar disso, são normalmente dedicados ou "carregados" com um propósito específico e usados apenas nesse contexto. É considerado extremamente rude tocar os instrumentos de um bruxo ou bruxa sem a sua permissão.

     O pentáculo - um pentagrama, estrela de cinco pontas, inscrito em um círculo - é um dos símbolos mais utilizados pelos praticantes para representar a sua fé. Normalmente utilizado "de cabeça para cima", é usado para representar 5 elementos componentes da natureza. Os quatro elementos clássicos - terra, ar, água e fogo - mais o espírito (às vezes chamado de akasha). Muitos Gardnerianos, no entanto, contestam essa atribuição.

     Os praticantes acreditam que cada um deve cultuar a(s) divindade(s) à sua própria maneira. Sem imposições ou leis escritas, mas com consciência em relação à cidadania, à auto-estima e à preservação ambiental, repudiando qualquer forma de preconceito e incentivando a igualdade do género e a liberdade sexual.

     A Wicca tem, como sua lei comum e única, a Lei Tríplice, que dita a regra: "tudo o que fizeres voltará em triplo de volta para ti". Essa regra ilustra bem a importância do número 3 na sua filosofia, também exemplificada nos aspectos da Deusa-mãe (virgem, mãe e anciã).


O que a Wicca não é

Os praticantes da Wicca:

Não acreditam nem adoram o que os Cristãos conhecem como Diabo, Satanás ou Demónio;

Não sacrificam animais ou seres humanos nos seus ritos;

Não odeiam ou desprezam os Cristãos, a Bíblia, Jesus Cristo, os Islâmicos, o Alcorão, Maomé ou qualquer outra expressão religiosa. Ao contrário, advogam o direito à plena liberdade de expressão religiosa para todas as pessoas, independente de credo ou denominação;

Não são sexualmente anticonvencionais (embora o respeito à diversidade, inclusive a sexual, seja um valor importante para eles);

Não encorajam o abuso de drogas e orgias sexuais durante seus ritos privados ou públicos (embora possam existir indivíduos e grupos ligados à Wicca que façam uso de tais práticas, essa postura não é oficial ou ideologicamente aprovada);

Não são cristãos, islâmicos, judaicos ou praticantes de qualquer outra religião monoteísta.

Além disso:

Todos os praticantes de Wicca são pagãos, mas nem todos os pagãos são praticantes de Wicca. Todos os praticantes de Wicca são bruxos, mas nem todos os bruxos são praticantes de Wicca.


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