Segundo o que dispõe o profeta Miquéias, tanto o melhor quanto o mais
justo dos homens são reprováveis diante de Deus e precisavam nascer de novo. A
reprovação divina não é por causa da moral, do comportamento, da psique, da condição
física ou financeira dos homens. Os homens tornaram-se reprováveis
(desagradáveis) diante de Deus por causa da condenação estabelecida em Adão. Em
Adão ‘pereceu’ da terra o homem piedoso. Todos deixaram de ser retos diante de
Deus ( Mq 7:2 ; Rm 3:23 ).
O calvinista Phil Johnson fez o
seguinte comentário ao livro de Efésios, capítulo dois, versos um a três: “Observem de perto o que ele diz ali: Toda pessoa não regenerada está
espiritualmente morta, andando de acordo com Satanás, sendo por natureza filha
da ira. Nós nascemos neste mundo como completos pecadores - não simplesmente um
pouco manchado pelo pecado, mas completamente, desesperadamente, em escravidão
a ele. Todo aspecto de nosso ser - mente, emoções, desejos, e até mesmo nossa
constituição física - é corrompido, controlado, e desfigurado pelo pecado e
seus efeitos. Ninguém escapa desse veredicto. Nós somos totalmente depravados” Phil Johnson, Maus até os Ossos, artigo publicado no Site Bom Caminho,
tradução de Juliano Heyse, título original: B-b-b-b-bad to the bone, Blog
Pyromaniacs (grifo nosso).
Neste pequeno parágrafo o Sr. Johnson nomeia a condição do homem sem
Cristo de ‘totalmente depravados’, ‘completos pecadores’. Para descrever a
condição de sujeição ao pecado ele utiliza as seguintes palavras: todo,
completos, desesperadamente, totalmente, etc. Até mesmo a constituição
emocional e física do homem é descrita por Johnson como sendo corrompida,
controlada e desfigurada pelo pecado.
Analisemos o comentário do Sr. Phil Johnson à luz da bíblia.
Princípios Bíblicos
A bíblia demonstra que o melhor dos homens é comparável a uma sebe
(cerca) de espinhos e o mais reto dos homens comparável a um espinho, ou seja,
todos os homens gerados segundo Adão são pecadores "O melhor deles é como um espinho; o mais reto é pior do que a sebe
de espinhos; veio o dia dos teus vigias, veio o dia da tua punição; agora será
a sua confusão" ( Mq 7:4 ).
Não importa as questões morais, físicas ou psíquicas do homem: tanto o
melhor quanto o mais reto dos homens são igualmente pecadores (comparáveis a
uma cerca de espinhos ou a um espinho) por serem gerados participantes da
natureza caída de Adão. Todos os homens ‘germinaram’ de uma semente corruptível
(espinheiro), a semente de Adão.
Outra figura que ilustra esta mesma realidade foi exposta por Jesus no
famoso Sermão do Monte. Os homens quando nascem entram por uma porta larga
(Adão) e seguem por um caminho largo que os CONDUZEM à perdição. Jesus demonstrou
que, para o homem ver-se livre de tal condenação é necessário nascer de novo (
Jo 3:3 -7; Mt 7:13 -14).
Aplicação Prática
Compare o que a bíblia diz acerca destas quatro pessoas e aponte qual
delas era mais (ou menos) pecadora (segundo Phil, depravados)?
·
Nicodemos, que era
mestre, juiz, judeu e um religioso exemplar, e que, portanto, representava o
melhor que a sociedade à época dispunha no comportamento e na moral ( Jo 3:1 );
·
A mulher
samaritana, por ter convivido com cinco maridos e o que ela tinha não lhe
pertencia ( Jo 4:18 );
·
O paralítico do
tanque de Betesda, que ficou à beira do tanque por trinta e oito longos anos (
Jo 5:5 );
·
O jovem rico:
apesar da religiosidade e cumpridor dos ‘mandamentos’, apegado a sua riqueza.
Embora não fosse dado à promiscuidade, Nicodemos não estava em uma
posição melhor diante de Deus, se comparado à condição da mulher samaritana.
Percebe-se que, diante de Deus, tanto Nicodemos quanto a mulher samaritana
precisavam nascer de novo.
Do mesmo modo, tanto o Jovem rico, cumpridor dos mandamentos, quanto o
paralítico, que passou trinta e oito anos deitado à beira do tanque, haveriam
de perecer, caso não se arrependessem. Ora, quem era ‘mais’ pecador: o
paralítico ou o jovem rico? Que ‘depravação’ há em ficar trinta e oito anos à
beira do tanque de Betesda esperando um anjo agitar as águas? Como poderia o
jovem rico ser completamente depravado, se ele era cumpridor dos mandamentos?
Porém, o que se observa diante da mensagem do evangelho, é que, tanto o
paralítico no tanque de Betesda quanto o Jovem rico precisavam arrepender-se,
pois ambos, de igual modo pereceriam, caso não se arrependessem “Não, vos digo! Antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo
perecereis” ( Lc 13:5 ).
Considerações Essenciais
Alguns judeus pensavam que os galileus que foram mortos por Pilatos,
cujo sangue foi misturado aos sacrifícios que eles realizavam, eram mais
pecadores que todos os outros galileus ( Lc 13:1 -5). Por que os judeus
chegaram a esta conclusão?
Segundo a concepção deles, os galileus eram pecadores por serem gentios.
Porém, havia um agravante: estavam sacrificando aos ídolos. Como o sangue dos
galileus que foram mortos foi misturado ao sangue do sacrifico que ofereciam
aos ídolos, concluíram que padeceram tais coisas por serem mais pecadores que
todos os outros galileus.
Porém, Jesus afirmou que os galileus que foram mortos não eram mais
pecadores que o restante dos galileus por terem sido mortos, antes, todos eles
haveriam de perecer de igual modo, caso não se arrependessem.
Para ilustrar seu ensinamento, Jesus os fez lembrar a queda da torre de
Siloé, que ficava em Jerusalém. Não é porque dezoito pessoas morreram na queda
da torre, que eram mais pecadoras que os moradores de Jerusalém.
Como os judeus se consideravam filhos de Deus por serem descendentes de
Abraão, acabavam por apontar as catástrofes envolvendo outros povos como sendo
resultado do pecado, porém, esqueciam que também eram sujeitos as catástrofes.
Com base no alerta que Jesus deu, percebe-se que os judeus acreditavam
(por serem descendentes de Abraão) que estavam em uma condição melhor diante de
Deus, se comparados aos galileus que foram mortos por Pilatos.Mas, Jesus
demonstrou que todos os homens precisam mudar de concepção acerca de como se
alcança a salvação de Deus (arrependimento), pois se não mudarem de conceito,
igualmente perecerão ( Lc 13:1 -5).
Este evento em particular demonstra que é uma concepção humana,
desprovida de respaldo bíblico, apontar qualquer evento catastrófico,
enfermidades, calamidades, deformidades, etc., como sendo provenientes ou
causados pelo pecado.
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