segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O avarento de Marselha

A cidade de Marselha, e seus arredores, situada no sul da França, tornou-se notável pelos seus jardins encantadores; porém não fora sempre assim. Antes era uma região árida. Não existem fontes de água na localidade, vindo o abastecimento para a cidade do rio Durante, que dista uns cento e sessenta quilómetros, por meio de um canal construído no período de 1837 a 1848.
     Muito antes disso, vivia na cidade um homem de sobrenome Guizon. Andava sempre muito ocupado, trabalhava intensamente, notabilizando-se  tanto pelas suas actividades como pelo facto de não gastar. Parecia ter somente o objectivo de juntar dinheiro. O seu vestuário apresentava sinais de longo uso. A sua alimentação era da mais simples e barata. Vivia só, privando-se de todos os luxos e até mesmo dos confortos mais vulgares da vida.

     Em Marselha era conhecido como avarento, sendo desprezado por todos, embora fosse sério em todos os negócios e cumpridor dos seus deveres. Ao avistar na rua a sua figura, tão pobremente vestida, os rapazes gritavam: Lá vai o velho sovina! Mas Guizon seguia sempre o seu caminho sem fazer caso dos insultos que lhe eram dirigidos. E quando alguém lhe falava, respondia sempre com delicadeza e bom humor.

     Dia após dia, ano após ano, quando este pobre homem, que não tinha amigos, passava a caminho do trabalho, ou de regresso, era sujeito sempre a zombaria. Com o passar dos anos, passou a andar trôpego e amparado por uma bengala: as costas ficaram bastante encurvadas devido ao esforço incessante, e os cabelos tornaram-se brancos como a neve. Foi assim que, com mais de oitenta anos de idade, faleceu Guizon.

     Depois da sua morte descobriram que ele havia juntado, em ouro e prata, uma imensa fortuna. Entre outros documentos foi encontrado o seu testamento no qual havia o seguinte parágrafo: "Eu, quando ainda era pobre, reparei que o povo de Marselha sofre muito pela falta de boa água: pelo que, como não tenho família, dediquei a minha vida a acumular o dinheiro necessário à construção de um canal destinado a abastecer os pobres da cidade de Marselha com água potável, de maneira que os mais necessitados possam tê-la com abundância".

     Sem amigos, desprezado e solitário, vivera e morrera com o objectivo de dar cumprimento a este tão nobre propósito em benefício dos que tão mal o souberam compreender, e maltrataram.

     Houve outro Homem, num país do Médio-Oriente, que foi mal compreendido, desprezado e rejeitado pelos homens. A sua vida também foi de pobreza voluntária, a ponto de nem sequer ter onde reclinar a cabeça e "sendo rico, por amor de nós se fez pobre, para que pela sua pobreza enriquecêssemos - II Coríntios 8,9". Porém, de tal maneira odiavam aquele Homem, tão manso e humilde, que até clamavam com insistência para que fosse morto. "Crucifica-o, crucifica-o". Vendo-o cravado sobre uma cruz, escarneceram e riram dele, e, como está escrito no Salmo 22.7,13,14, "...mostrando os beiços, meneavam as cabeças ao contemplá-lo". Mas, "Ele foi entregue pelos nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação" - Romanos 4.25.

     O testamento de Guizon providenciou o que era necessário ao abastecimento de água potável para todos os pobres de Marselha; mas, o Senhor Jesus Cristo, pela sua morte e ressurreição, providenciou para todo homem, mulher e criança da raça de Adão, que d’Ele se aproximar, um manancial de água da vida, a qual satisfaz, e nunca se esgotará no decorrer do tempo nem na eternidade.

     Não se pode comparar a abnegação de um Guizon com o custo infinito do sacrifício do Senhor Jesus para pagar o preço. A água da vida hoje jorra abundantemente e podemos beber dela livremente, "sem dinheiro e sem preço. Óh, vós todos os que tendes sede, vinde às águas", pois, disse Jesus: "se alguém tem sede venha a Mim e beba - Isaías 55.1 e João 7,27.

     Quem tem sede, venha. E quem quiser tome de graça da água da vida - Apocalipse 22.17.


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