Qualidade no acabamento é um dos
diferenciais das roupas feitas para as evangélicas. O proprietário encara o
setor de moda evangélica sem otimismo exagerado. "Não dá para descolar o
nosso segmento do têxtil. Como qualquer empresa de 'modinha', também no
evangélico há aqueles que vão bem e os que vão mal, que sentem mais a
crise." Ele também comenta que o maior desafio desse nicho ainda é o seu
tamanho. "Apesar de o número de evangélicos aumentar, não são todos que
usam a moda evangélica. O segmento é reduzido e limitado", opina.
Há dez anos, a loja Kauly, que
possui duas unidades no Brás, bairro paulistano caracterizado pelo comércio
popular, resolveu apostar em moda evangélica. No início, em 1990, a loja vendia
o que chama de "modinha" - roupas que seguem a tendência do momento.
De acordo com o proprietário, Wilson Sanches, a mudança se deu devido a uma
melhor análise do perfil dos clientes. "Percebemos que atendíamos a muitos
evangélicos e decidimos fazer uma moda focada neles", explica.
Sanches afirma que o trabalho da
Kauly busca traduzir as tendências da moda para o público protestante.
"Temos um estilista próprio. Adaptamos o que se vê nas ruas. Nossa
preocupação é com o comprimento das saias e vestidos e com decotes", diz.
Com relação à classe social atendida, Sanches aponta que a clientela é formada,
na maioria, por pessoas das classes B e C. "Apesar de o Brás ser visto
como extremamente popular, existem as ruas mais elitizadas. O público com mais
poder aquisitivo vem, sim, até aqui."
Segundo o portal Terra, apesar de
ter faturado R$ 60 bilhões em 2011 - de acordo com a Associação Brasileira da
Indústria Têxtil (Abit) -, o setor têxtil como um todo não está no seu melhor
momento. Um dos vilões é a importação de produtos, principalmente os oriundos
da China. De janeiro a novembro do ano passado, as importações de vestuário
aumentaram 40,6% na comparação com igual período de 2010. Por isso, lucra mais
o empresário que aposta em nichos específicos.
O proprietário da loja virtual de
calças Jeans Moda - Mauricio Silva - aponta a qualidade no acabamento
como o diferencial das roupas feitas para as evangélicas. "Como elas não
apelam para o corpo, querem uma roupa muito bonita, com boa modelagem e
qualidade no acabamento", afirma. A venda online da loja atende a pessoas
de todo o País, mas o Norte e o Nordeste são os maiores compradores. "É
simples. Os lojistas dessas regiões têm de vir até São Paulo para comprar suas
mercadorias, o que acaba encarecendo o produto. Ao vender pela internet, não
preciso repassar isso para o consumidor", explica Silva.
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