A reportagem sobre cursos preparatórios para o ministério
pastoral, publicada nesta semana pela revista Veja SP, causou grande
repercussão no meio evangélico.
Muito do que foi comentado se deve à ênfase dada para os
casos em que pastores são formados através de cursos preparatórios e recebem
altos salários.
Porém, o reverendo presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes
publicou em seu perfil no Facebook uma reflexão à necessidade do preparo para o
exercício do ministério: “A formação de pastores é crucial para a saúde da
igreja cristã. Maus pastores põem a perder igrejas inteiras e marcam
negativamente a vida de centenas e milhares de pessoas”, contextualizou.
Citando o apóstolo Paulo – que possuía alta formação
intelectual – como referência, Lopes diz que ser pastor exige a reunião de
características e capacidades bastante específicas.
“Paulo exige que o que aspira ao episcopado (outro nome para
presbiterato=pastorado) deve entre outras coisas ser ‘apto para ensinar’ (1Tim
3:2), ‘apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de modo que tenha
poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os que o
contradizem’ (Tit 1:9). Ou seja, de acordo com a Bíblia os pastores têm que ser
teologicamente capazes, apologeticamente argutos e hábeis no ensino. Quer
dizer, eles têm que ser mestres da Palavra. Não é à toa que ao elencar os dons
básicos para a edificação da Igreja que Paulo coloca ‘pastores e mestres’ como
se fossem uma mesma coisa (Ef 4:10)”, lista o reverendo.
O contexto social atual, segundo Lopes, é importante fator a
ser considerado na forma de observar as Escrituras e principalmente, na
capacitação dos líderes: “Como alguém pode querer hoje cumprir os requerimentos
de Paulo para a liderança sem treinamento, estudo, discipulado, confronto,
comparações, leituras, coisas que demandam tempo, bastante tempo, para não
falar de maturidade, humildade, santidade, oração e submissão a Deus?”,
questiona Augustus Nicodemus Lopes.
Desprezar o estudo da teologia “é desconhecer a história
bíblica e da Igreja achar que o treinamento teológico intenso é bobagem”,
segundo Lopes, que entende que “é por isto que está esta confusão toda aí,
denunciada pelas revistas seculares inclusive”, enfatiza o reverendo
presbiteriano.
“Não estou dizendo que somente seminários com cursos
completos de teologia é que preparam bons pastores. É evidente que não. O que
estou dizendo, todavia, é que não se pode hoje dispensar o treinamento
teológico intenso na boa teologia e na sã doutrina”, pontua.
Confira abaixo, a íntegra da publicação “A propósito da
reportagem da Veja-São Paulo sobre a formação de pastores evangélicos”, de
Augustus Nicodemus Lopes:
A formação de
pastores é crucial para a saúde da igreja cristã. Maus pastores põem a perder
igrejas inteiras e marcam negativamente a vida de centenas e milhares de
pessoas, a depender do alcance de seus ministérios.
Desde os seus
primórdios, o Cristianismo se preocupou com a preparação e capacitação de seus
líderes. O próprio Senhor Jesus, como judeu que era, aos doze anos passou pela
iniciação judaica e aprendeu com seus pais e os mestres rabinos a lei de Deus,
e nisto os excedeu, conforme lemos no episódio em que ele ficou no templo
discutindo com os mestres da lei.
Os apóstolos que
ele chamou foram submetidos a três anos de rigoroso treinamento. Ouviram a
exposição da mensagem do Antigo Testamento feita pelo Senhor, fizeram perguntas
e tiveram respostas, discutiram entre si as coisas de Deus, fizeram vários
estágios ao serem mandados pregar e exercitar o poder do Reino nas cidades e
conviveram com o mestre, aprendendo de suas atitudes. E mesmo assim, depois de
três anos de seminário com Jesus, ainda não estavam totalmente prontos, como os
Evangelhos nos dizem!
Mais adiante, surge
Paulo, cujo treinamento anterior à conversão consistiu do aprendizado durante
anos aos pés de um dos melhores rabinos da época, Gamaliel, afora seu
treinamento em sua cidade natal, Tarso, que era rival de Atenas em
intelectualidade e cultura.
Ao colocar os
requerimentos para o pastorado, Paulo exige que o que aspira ao episcopado
(outro nome para presbiterato=pastorado) deve entre outras coisas ser “apto
para ensinar” (1Tim 3:2), “apegado à palavra fiel, que é segundo a doutrina, de
modo que tenha poder tanto para exortar pelo reto ensino como para convencer os
que o contradizem” (Tit 1:9). Ou seja, de acordo com a Bíblia os pastores têm
que ser teologicamente capazes, apologeticamente argutos e hábeis no ensino.
Quer dizer, eles têm que ser mestres da Palavra. Não é à toa que ao elencar os
dons básicos para a edificação da Igreja que Paulo coloca “pastores e mestres”
como se fossem uma mesma coisa (Ef 4:10).
Agora me expliquem
como é que se formam líderes assim nos dias de hoje? O instrumento de trabalho
deles será a Bíblia, que foi escrita a mais de 2 mil anos em grego, hebraico e
aramaico numa cultura diferente da nossa. Um livro que tem sofrido nas mãos dos
intérpretes durante milênios. Um livro que é reivindicado como a base de toda
sorte de heresias e ensinamentos estranhos que aparecem por ai. Como alguém
pode querer hoje cumprir os requerimentos de Paulo para a liderança sem
treinamento, estudo, discipulado, confronto, comparações, leituras, coisas que
demandam tempo, bastante tempo, para não falar de maturidade, humildade,
santidade, oração e submissão a Deus?
É ingenuidade
pensar que basta ler a Bíblia e pronto – se for homem de oração, piedoso e
espiritual, está pronto para liderar o povo de Deus. É desconhecer a história
bíblica e da Igreja achar que o treinamento teológico intenso é bobagem. É por
isto que está esta confusão toda aí, denunciada pelas revistas seculares
inclusive.
Não estou dizendo
que somente seminários com cursos completos de teologia é que preparam bons
pastores. É evidente que não. O que estou dizendo, todavia, é que não se pode
hoje dispensar o treinamento teológico intenso na boa teologia e na sã
doutrina. As igrejas têm seus próprios mecanismo e meios para isto. Não me
importo quais sejam, desde que cumpram o que Paulo disse.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+
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