segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O Homem sem Deus é 'Mau até os Ossos'? - Parte 4

Posicionamento das Escrituras

A condenação da humanidade é (apenas) destituição da glória de Deus, e isto, tão somente isto, já é por ‘demais’ funesto. É indiscutível o fato da condenação e perdição do homem sem Deus. A alienação de Deus não precisa ser enfatizada ou descrita através de palavras tais como: ‘todo’, ‘completamente’, ‘terrivelmente’, ‘maus até os ossos’ ou ‘totalmente depravados’.

Se admitirmos que o homem sem Cristo é ‘completamente’, ‘totalmente’ perdido, também teríamos que admitir que os salvos são ‘completamente’, ‘totalmente’, ‘terrivelmente’ salvos.

O julgamento e condenação da humanidade ocorreram em Adão, e a pena estabelecida foi alienação de Deus ( Rm 5:18 ; Jo 3:18 ). A bíblia descreve este estado como sendo separação, destituição, alienação de Deus. Ora, não há necessidade de superlativos ou de adjetivos adicionais para se enfatizar ou demonstrar qual é a condição da humanidade sem Cristo, visto que, não há na bíblia o uso de superlativo para descrever a condição do homem sem Deus. Um condenado é condenado, e não totalmente condenado. Um perdido é somente perdido, o que de per si caracteriza uma condição terrível.

Não podemos confundir a universalidade do pecado quando se diz: “... todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, com a idéia de que o perdido é totalmente, completamente, irremediavelmente perdido.



O homem sem Cristo é totalmente depravado?

Se a idéia contida na palavra ‘depravado’ refere-se à condição daqueles que não crêem em Cristo de alienação de Deus, podemos dizer que o homem é (totalmente) depravado (completamente perdido). Porém, por que não simplificar e falarmos como dizia o apóstolo Paulo: todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Por que transtornam a idéia apresentada por Paulo introduzindo a palavra totalmente? É certo dizer que todos pecaram e estão ‘totalmente’ destituídos da glória de Deus? Que idéia a fala procura transmitir com ‘totalmente depravado’?

O artifício de distorcer a palavra de Deus introduzindo uma única palavra foi utilizado no princípio por satanás “É assim que Deus disse: Não comereis de toda árvore do jardim?” ( Gn 3:1 ).

Porém, se a idéia que procuram enfatizar através da palavra ‘depravado’ denota perversão é fácil perceber que nem todos os homens são ‘totalmente’ pervertidos. Os judeus à época de Cristo eram pervertidos? Os monges que se isolam nos mosteiros são pervertidos? Que dizer das pessoas regradas que vivem nas sociedades orientais? Nicodemos era um homem depravado? Que dizer do homem comum da nossa sociedade?

O que se depreende do texto do calvinista Phil Johnson é que a ‘depravação total’ refere-se a um possível ‘controle’ que o pecado exerce sobre a psique, emoções e desejos, influenciando até mesmo a constituição física do homem, causando todos os males.

Diante desta afirmativa, vale questionar: O pecado desfigura o homem? Ora, os discípulos perguntaram ao Messias sobre quem pecou quando avistaram um paraplégico. A resposta de Cristo foi enfática: “Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus” ( Jo 9:3 ).

Diante da resposta de Cristo fica demonstrado cabalmente que o pecado não é a causa de qualquer deformidade ou deficiência física. Ora, o interprete das Escrituras não pode confundir os vários comparativos que as Escrituras estabelecem entre o pecado e as enfermidades e admitir que as enfermidades físicas são provenientes do pecado. O pecado é comparado à lepra, porém, a lepra não decorre do pecado, pois o salário do pecado é uma única cédula: a morte proveniente de uma justa pena, ou seja, a destituição da glória de Deus ( Cl 2:14 ).

O pecado não decorre de um dilema moral, pois se assim fosse teríamos diferentes níveis de pecado e uma só punição. Porém, a bíblia demonstra que o pecado é uma condição pertinente à natureza destituída de Deus. Quando Davi foi concebido e gerado, ele foi concebido e gerado na condição de destituído da glória de Deus, pois esta é a condição dos gerados segundo Adão ( Sl 51:5 ).

O pecado é uma condição da qual o homem não consegue por si só livrar-se, porque tal condição está vinculada a natureza herdada de Adão. Para se ver livre do pecado é necessário o poder de Deus contido no evangelho, visto que, através do evangelho, Deus faz nova todas às coisas: concede um novo espírito e um novo coração aos homens ( Sl 51:10 ).

Quando Paulo disse que os cristãos estavam mortos em delitos e pecados (antes de conhecerem a Cristo), ele somente estava demonstrando que todos estavam destituídos da glória de Deus ( Ef 2:1 ); que eles seguiam o curso deste mundo, ou seja, alienação eterna de Deus, que é o mesmo curso do príncipe da potestade do ar.

O apóstolo Paulo estava descrevendo a condição do homem sem Deus, e não os feitos do homem em sujeição ao pecado (filhos da ira e da desobediência, ou seja, filhos de Adão).



A Carne

Qual a vontade da carne, ou seja, a vontade da natureza decaída? A carne em Ef 2:1 -3 não diz da constituição física do homem, antes diz da natureza decaída proveniente de Adão. Ora, não podemos esquecer que, o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito é espírito. A ‘vontade’ da carne é o mesmo que ‘inclinação’, e verifica-se que é da vontade da carne (inclinação) que todos os homens sem Cristo sigam para a morte ( Rm 8:6 ).

Os que estão na carne, ou seja, que foram gerados de Adão não pode agradar a Deus. Estão em inimizade contra Deus. Inclina-se para a morte. Fazem a vontade da carne. Diferem dos nascidos do Espírito, que estão em amizade com Deus e inclina-se para a vida e a paz.

É por isso que Paulo ao escrever aos Gálatas disse: “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito, e o Espírito o que é contrário à carne. Estes opõe-se um ao outro, para que não façais o que quereis” ( Gl 5:17 ). A oposição carne versus Espírito resume-se em morte e vida, conforme depreendemos o que lemos em ( Rm 8:6 ): “A inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser”.

Não comungo com o pensamento calvinista porque acrescenta à palavra de Deus (a graça e poder de Deus manifesta aos homens) algumas palavras para dar ênfase a doutrinas calvinista, tais como: o homem é totalmente depravado, para dizerem que é impossível o homem que tem sede beber da água que faz jorrar uma fonte para a vida eterna oferecida através do evangelho. Para eles o simples fato de o homem aceitar a água ofertada por Cristo seria como se o homem estivesse se salvando.

Para demonstrar que alguns homens foram escolhidos para serem salvos, acrescentam a palavra ‘eleitos’ em versículos que demonstram que a salvação é para todos os homens.



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