segunda-feira, 8 de maio de 2017

A SIGNIFICÂNCIA DA FORMA CONTEXTUALIZADA DE ADORAÇÃO - RUSSEL P. SHEDD


A forma do culto deve ser o veículo mais adequado para conduzir o adorador a um encontro real com Deus. Admite-se que, segundo a cultura e natureza das pessoas, o discernimento individual subjetivo e algumas expressões recomendáveis para uma igreja ou indivíduo serão prejudiciais a outros. Não se trata de modos certos ou errados em si mesmos, mas que todos busquem descobrir como agradar ao Pai Eterno e ainda ouvir a Sua voz com espírito atencioso.

Tanto igrejas locais como denominações inteiras variam muito nas suas maneiras de oferecer culto a Deus. Algumas aprimoram-se na solenidade. O silêncio parece ser essencial na adoração. A maneira de vestir, a decoração do templo, a música tocada ou cantada e a linguagem da mensagem, tudo comunica uma verdade: Deus é sério, distante e majestoso. "Deus está no seu santo templo. Cale-se diante dele toda a terra", é o texto que prevalece.

Outros grupos eclesiásticos não impõem reverência, nem exigem silêncio. Deus não suscita temor neles, nem parece desejar que se mantenha distância. Bebês choram, crianças se levantam para esticar os braços e correr; os jovens conversam, a música tem ritmo acelerado, assemelhando-se à música profana. Também, batem palmas, falam em voz alta e o auditório reage a qualquer afirmação com um forte "amém" ou "aleluia". Num culto na Guatemala realizado há 28 anos atrás, num povoado de índios Chuj, lembro a reação de um membro da congregação ao descobrir que um porco aproximava-se do púlpito. Aquele irmão levantou-se sem qualquer cerimônia, deu um ponta-pé na barriga do animal, que imediatamente soltou gritos característicos, enquanto abandonou depressa o local. O culto continuou normalmente sem qualquer outro escândalo.

Entre estes dois "estilos" de cultuar a Deus, que refletem mais a cultura do que a sinceridade, haveria um certo e outro errado? Creio que não. Uma maneira solene de adorar pinta um quadro de Deus baseado no contexto de reis e cortes, onde os súditos aproximam-se do "chefão" com temor e terror. Contudo, isto não passa de hipocrisia, se os adoradores não conhecem a Deus e não têm uma idéia realista da Sua santidade, amor e poder.

Também, um culto que atrai pelo espírito descontraído, quase leviano, representa sutilmente uma cena de piquenique e brincadeiras. Divertimento não deve ser confundido com adoração, a não ser que Deus seja o personagem central, dominante e transformador. A maneira de adorar deve coadunar-se ao máximo com a verdade revelada sobre a pessoa de Deus. Há, no entanto, fortes tendências de comunicar a realidade de sua paternidade, eliminando, porém, a verdade importantíssima de Sua realeza. Igrejas que deixam de reconhecer que Deus é juiz enquanto os homens são réus,  sofrerão prejuízo eterno (Tg 4.12). Nas próximas páginas convidamos o prezado leitor a pensar sobre a realidade da adoração. O ideal será juntar perfeitamente a forma com a devida expressão interna do coração. Com este intuito, queremos dirigir nosso pensamento em direção às Escrituras. A Velha Aliança, apresentada ao Povo Eleito pela mediação de Moisés, frisou o temor de Deus (cf. Hb 12,18-21). A Nova Aliança não anula o princípio de reverência (cf.2 Co 7.1; 1 Pe 1.17). Aliás, o livro de Hebreus coloca em relevo o perigo de negligenciar a salvação oferecida por Jesus Cristo, que implica em julgamento ainda mais estarrecedor (2.2,3). Mesmo assim, creio que a ênfase maior recai sobre o amor (2 Co 5.14).



FONTE: Adoração Bíblica - Dr. Russel P. Shedd


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