A forma do culto
deve ser o veículo mais adequado para conduzir o adorador a um encontro real
com Deus. Admite-se que, segundo a cultura e natureza das pessoas, o
discernimento individual subjetivo e algumas expressões recomendáveis para uma
igreja ou indivíduo serão prejudiciais a outros. Não se trata de modos certos
ou errados em si mesmos, mas que todos busquem descobrir como agradar ao Pai
Eterno e ainda ouvir a Sua voz com espírito atencioso.
Tanto igrejas
locais como denominações inteiras variam muito nas suas maneiras de oferecer
culto a Deus. Algumas aprimoram-se na solenidade. O silêncio parece ser
essencial na adoração. A maneira de vestir, a decoração do templo, a música
tocada ou cantada e a linguagem da mensagem, tudo comunica uma verdade: Deus é
sério, distante e majestoso. "Deus está no seu santo templo. Cale-se
diante dele toda a terra", é o texto que prevalece.
Outros grupos
eclesiásticos não impõem reverência, nem exigem silêncio. Deus não suscita
temor neles, nem parece desejar que se mantenha distância. Bebês choram,
crianças se levantam para esticar os braços e correr; os jovens conversam, a
música tem ritmo acelerado, assemelhando-se à música profana. Também, batem
palmas, falam em voz alta e o auditório reage a qualquer afirmação com um forte
"amém" ou "aleluia". Num culto na Guatemala realizado há 28
anos atrás, num povoado de índios Chuj, lembro a reação de um membro da
congregação ao descobrir que um porco aproximava-se do púlpito. Aquele irmão
levantou-se sem qualquer cerimônia, deu um ponta-pé na barriga do animal, que
imediatamente soltou gritos característicos, enquanto abandonou depressa o
local. O culto continuou normalmente sem qualquer outro escândalo.
Entre estes dois
"estilos" de cultuar a Deus, que refletem mais a cultura do que a
sinceridade, haveria um certo e outro errado? Creio que não. Uma maneira solene
de adorar pinta um quadro de Deus baseado no contexto de reis e cortes, onde os
súditos aproximam-se do "chefão" com temor e terror. Contudo, isto
não passa de hipocrisia, se os adoradores não conhecem a Deus e não têm uma
idéia realista da Sua santidade, amor e poder.
Também, um culto
que atrai pelo espírito descontraído, quase leviano, representa sutilmente uma
cena de piquenique e brincadeiras. Divertimento não deve ser confundido com
adoração, a não ser que Deus seja o personagem central, dominante e
transformador. A maneira de adorar deve coadunar-se ao máximo com a verdade
revelada sobre a pessoa de Deus. Há, no entanto, fortes tendências de comunicar
a realidade de sua paternidade, eliminando, porém, a verdade importantíssima de
Sua realeza. Igrejas que deixam de reconhecer que Deus é juiz enquanto os
homens são réus, sofrerão prejuízo
eterno (Tg 4.12). Nas próximas páginas convidamos o prezado leitor a pensar
sobre a realidade da adoração. O ideal será juntar perfeitamente a forma com a
devida expressão interna do coração. Com este intuito, queremos dirigir nosso
pensamento em direção às Escrituras. A Velha Aliança, apresentada ao Povo
Eleito pela mediação de Moisés, frisou o temor de Deus (cf. Hb 12,18-21). A
Nova Aliança não anula o princípio de reverência (cf.2 Co 7.1; 1 Pe 1.17).
Aliás, o livro de Hebreus coloca em relevo o perigo de negligenciar a salvação
oferecida por Jesus Cristo, que implica em julgamento ainda mais estarrecedor
(2.2,3). Mesmo assim, creio que a ênfase maior recai sobre o amor (2 Co 5.14).
FONTE: Adoração
Bíblica - Dr. Russel P. Shedd
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