Ao surgir o Cristianismo, os povos que habitavam as regiões do Mediterrâneo tinham sido profundamente influenciados pelo espírito do povo grego. Colônias gregas, algumas das quais com centenas de anos, foram amplamente disseminadas ao longo das costas de todo o Mediterrâneo. Com seu comércio, os gregos foram a todas as partes. A sua influência espalhou-se e foi mais acentuada nas cidades e países que se constituíam os mais importantes centros do mundo de então.
Tão poderosa foi a influência dos gregos que denominamos grecoromano esse mundo antigo, porque Roma o governava politicamente mas a mentalidade dos povos desse império tinha sido moldada fundamentalmente pelos gregos.
Por muitos séculos antes da era cristã, os gregos eram detentores da vida intelectual mais vigorosa e mais desenvolvida no mundo. Problemas sobre os quais os homens sempre cogitaram: a origem e o significado do mundo, a existência de Deus e do homem, o bem e o mal, enfim, tudo quanto se relacionava com as pesquisas filosóficas foi objeto de meditação dos gregos como de nenhum outro povo. É verdade que os hebreus tinham recebido uma revelação de Deus e da sua vontade, que os gregos jamais possuíram, mas os judeus não eram dados às pesquisas, às indagações, nem se interessavam pela discussão dessas questões, como o fizeram os gregos. Do sexto ao terceiro século antes de Cristo, um grande movimento intelectual sobre assuntos filosóficos e teológicos ocorreu entre os gregos, movimento no qual pontificaram os mais profundos e influentes pensadores do mundo, ensinando muita coisa de valor que ainda hoje perdura. Como conseqüência disto, verificou-se um desenvolvimento maravilhoso da mentalidade do povo grego, que aprendeu a pensar muito e profundamente nas questões debatidas pelos seus filósofos. O raciocínio e a curiosidade dessa gente desenvolveram-se ao máximo. Como exemplo dessa influência, temos Sócrates aparecendo nas praças públicas de Atenas, a fazer perguntas e a debater assuntos e idéias que obrigavam os homens a meditar em problemas que jamais tinham entrado em suas cogitações. Isso resultou em que o grego típico tomou-se um homem vivaz, inquiridor, polemista, ansioso por falar em assuntos profundos e coisas que se relacionavam com o céu e a terra.
É fácil compreender o resultado do contato do grego com outros povos. A sua influência estendeu-se por toda parte, aprofundando o pensamento dos homens nessas idéias e pesquisas que se relacionavam com os grandes problemas da vida. Esse tipo de curiosidade intelectual e essa prontidão de raciocínio prevaleciam nos centros principais do mundo greco-romano, lugares esses que depois foram alcançados pelos primeiros missionários com a pregação do Cristianismo.
Assim, os povos desses lugares estavam mais dispostos a receber a nova religião do que estariam se não fosse a influência dos gregos. Os gregos fizeram outra contribuição importante ao preparo do mundo para o advento do Cristianismo, disseminando a língua em que este seria pregado ao gênero humano pela primeira vez. Uma prova da extensão e da influência do grego vê-se no fato de que a língua mais falada nos países situados às margens do Mediterrâneo era o dialeto grego conhecido por KOINE ou dialeto “comum”. Era esta a língua universal do mundo greco-romano, usada para todos os fins no intercâmbio popular. Quem quer que o falasse seria entendido em toda a parte, especialmente nos grandes centros onde o Cristianismo foi primeiramente implantado. Os primeiros missionários, como por exemplo Paulo, fizeram quase todas as suas pregações nessa língua e nela foram escritos os livros que vieram a constituir o nosso Novo Testamento. De modo que a religião universal encontrou para sua propaganda e conhecimento, entre todos os homens, uma língua universal; e esse auxílio inestimável foi, por Deus, providenciado por intermédio do povo grego.
Fonte: História da Igreja Cristã
Autor: Robert Hastings Nichols
Editora Cultura Cristã
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