A rejeição a Deus pelo mundo contemporâneo leva à rejeição do outro,
principalmente dos mais vulneráveis, advertiu nesta segunda-feira (24) o Papa
Bento XVI, durante a Missa do Galo, antes de definir qualquer violência em nome
de Deus como uma 'doença' da religião.
O Papa, que celebrou
a missa com o auxílio de cerca de 30 cardeais, rezou pela paz na Palestina,
Síria, Líbano e Iraque para que os cristãos possam 'conservar sua morada'
nestes lugares e para que 'cristãos e muçulmanos possam construir juntos seus
países na paz de Deus'.
Violência é 'doença'
"Estamos
completamente repletos de nós mesmos, de modo que já não há espaço para Deus.
Também não resta espaço para os outros, para as crianças, os pobres, os
estrangeiros", disse o Papa na missa celebrada na Basílica de São Pedro.
"Não é precisamente a Deus que rejeitamos?" - questionou Bento XVI.
No início de
uma cerimônia de mais de duas horas, acompanhada por coral em latim, música de
órgão e som de trombetas, Bento XVI percorreu a imensa Basílica de São Pedro
sobre uma plataforma móvel, mostrando cansaço.
"Correntes
de pensamento muito difundidas afirmam que (...) a religião, em particular o
monoteísmo, seria a causa da violência e das guerras no mundo; que seria
preciso libertar a humanidade da religião para se estabelecer a paz; que o
monoteísmo, a fé em um único Deus seria prepotência, motivo de intolerância, já
que por sua natureza tentaria se impor a todos com a pretensão da única
verdade'.
"É certo que o
monoteísmo serviu durante a história como
pretexto para a intolerância e a violência. É verdade que uma religião pode se
desviar e chegar a se opor à natureza mais profunda quando o homem pensa que
deve tomar em suas mãos a causa de Deus, fazendo de Deus sua propriedade
privada. Devemos estar atentos contra a distorção do sagrado".
"Mas mesmo que
seja incontestável um certo uso indevido da religião na história, não é verdade
que o 'não' a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, se extingue
também a dignidade divina do homem",
concluiu Bento XVI.
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