Eclesiastes – A pesquisa da vida
A filosofia de seu autor e fascinantes experiências são a base profunda do livro do Eclesiastes. Falando como "Cohelet" ou como "Pregador", estabelece em prosa e em verso suas pesquisas e conclusões.
Embora este livro esteja associado com Salomão, a questão do autor do mesmo continua sendo um enigma. Escreveu Salomão o Eclesiastes, ou o fez o rei israelita anônimo que representou o epítome da sabedoria? Tampouco está estabelecida a data de sua escritura. Quem quer que fosse seu autor, utiliza passagens clássicas de outros livros do Antigo Testamento . Trata-se de um profundo tratado, que junto com Jó e os Provérbios está classificado como a literatura da sabedoria dos judeus. era lido publicamente na festa dos Tabernáculos, e incluído pelos judeus nos "Megilloth" ou livros utilizados nos dias festivos. A ênfase do autor sobre o gozo da vida, fazia deles uma leitura apropriada na estação anual das diversões . O Eclesiastes representa uma expressão das vicissitudes do homem, suas venturas e seus fracassos. O autor não apresenta uma filosofia sistemática como Aristóteles, Espinoza, Hegel ou Kant, com seu desenvolvimento, senão que faz uma cuidadosa pesquisa e exame sobre a base das observações e experiências, das que obtém conclusões. Como um todo, limita suas pesquisas às coisas feitas "debaixo o sol", uma frase a qual recorre com freqüência. Outra expressão, "tudo é vaidade" (todo é vapor ou fôlego), que expressa em vinte e cinco ocasiões, dá a avaliação do autor das coisas mundanas que ele considera. Em sua fiel deliberação, se volta para Deus.
Para um analise e para ajuda da leitura do Eclesiastes, considere-se o que se segue:
I. Introdução Ec 1.1-11
Proposição do tema e propósito Ec 1.1-3
O contínuo ciclo da vida e os acontecimentos Ec 1.4-11
II. Um exame das coisas temporárias Ec 1.12-3.22
A sabedoria como objetivo da vida Ec 1.12-18
O prazer como objetivo Ec 2.1-11
O paradoxo da sabedoria Ec 2.12-23
A sabedoria de Deus e o propósito da Criação Ec 2.24-3.15
A responsabilidade do homem para com Deus Ec 3.16-22
III. Uma analise da relação econômica do homem Ec 4.1-7.29
A vida do oprimido é vã Ec 4.1-16
Vaidade da religião e das riquezas Ec 5.1-17
A capacidade para o gozo é dada por Deus Ec 5.18-6.12
A temperança prática em todas as coisas Ec 7.1-19
O homem caído de seu estado original Ec 7.20-29
IV. As limitações da sabedoria do homem Ec 8.1-12.14
A analise do homem limitada a esta vida Ec 8.1-17
A vida está feita para o gozo do homem Ec 9.1-12
A sabedoria é prática e benéfica Ec 9.13-10.20
Conselho para a juventude Ec 11.1-12.7
Conclusão: o temor de Deus Ec 12.8-14
De forma cética, o autor propõe esta questão: que é o mais valioso como objeto da vida? Como na natureza, assim na vida do homem existe um repetido ciclo sem fim (1.4-11). Neste mundo não existe nada de novo. Com esta introdução, o autor afirma a futilidade de qualquer coisa que exista debaixo do sol.
Explorando os valores da vida, Cohelet busca a sabedoria; mas isto incrementa a tristeza e a dor (1.12-18). Buscando a satisfação em uma vida variada e equilibrada, continua com sua investigação. Como um homem culto, busca misturar o prazer, o riso, o gozo pelos jardins, as mansões, o vinho e a música numa harmoniosa pauta de vida, porém todo é fútil (2.1-11). Num sentido, é paradoxal buscar a sabedoria, já que o homem sábio tenta agir à vista de um futuro que lhe é desconhecido. Por que ao viver como o ignorante, que vive o dia? (2.12-23). Porém Deus tem criado e desenhado todas as coisas para o gozo do homem. No ciclo sem fim da vida, existe um propósito para todas as coisas, que Ele tem feito (2.24-3.15), e em última instância, é responsável ante d. (3.16-22).
Que finalidade tem a situação econômica do homem na vida? Quem goza mais da vida —o que cumpre com as responsabilidades que lhe foram indicadas, como um servo ordinário (4.1-3), ou o industrioso, agressivo indivíduo que procura somente ganhar riquezas e popularidade (4.4-16)? O praticar a religião como uma questão de rotina ou o fazê-lo hipocritamente, não é vantajoso. Os ganhos da vida podem trazer a ruína incluso a um rei, já que tudo está sujeito ao que Deus tem previsto por a natureza (5.1-17). A capacidade de gozar as abundantes provisões de Deus, procede precisamente do próprio Deus (5.18-6.12). o aplicar a sabedoria e a temperança em todas as coisas resulta prudente. Desgraçadamente, nenhuma criatura finita consegue uma pauta equilibrada do viver, embora Deus tenha criado o homem bom no princípio (7.1-29).
Nenhum homem alcança a perfeita sabedoria nesta vida. Não conhecendo o futuro, a analise da vida do homem está definitivamente limitada. Quando a morte o destrói, seja justo ou malvado, não tem remédio nem ajuda (8.1-11). Apesar do fato de que a morte chega a todos por igual e que o universo se mostra indiferente às normas da moral, é, contudo, questão de sabedoria o temer a Deus (8.12-17). O homem não pode compreender a vida —e a morte é inevitável—, mas isto não deveria impedir que goze da vida em toda sua plenitude (9.1-12). A sabedoria, porém, deveria ser aplicada em todas as coisas. Valioso e exemplar é o caso do homem pobre, cuja sabedoria salvou a toda uma cidade (9.13-18). A temperança em todas as coisas deveria regular o gozo do homem pela vida. Uma pequena loucura pode acarretar muita dor e privar de numerosos benefícios (10.1-20).
Certos princípios e práticas devem guardar-se na mente. Partilhar os dons da vida com outrem, inclusive apesar de desconhecermos o futuro (11.1-6). A filosofia epicúrea do viver somente o presente fica assim apresentada. Permitir a juventude gozar da vida até o máximo, e contudo lembrar que no final se encontra Deus (11.7-10). Com uma prudente alegoria da idade madura, a juventude fica advertida de lembrar a seu Criador nos primeiros anos de sua vida.
O deterioro de seus órgãos corporais e faculdades mentais pode anular e torná-lo incapaz de levar a Deus em consideração (17.1-2) . A admoestação final para o homem está expressada nos últimos dois versos. O dever do homem é temer a Deus e guardar seus mandamentos, a base para sua responsabilidade para com Deus (12.8-14).