quarta-feira, 11 de maio de 2011

NUNCA DESISTA DE SEUS SONHOS - AUGUSTO CURY - 7ª Parte

Continuação...................


vendia o sonho da felicidade inesgotável

  É impossível exigir estabilidade plena da energia psíquica, pois ela se organiza, se desorganiza (caos) e se reorganiza continuamente.
  Não existem pessoas calmas, alegres, serenas sempre.
  Nem mesmo existem pessoas ansiosas, irritadas e incoerentes permanentemente.
  Ninguém é emocionalmente estático, a não ser que esteja morto.
  Devemos reagir e nos comportar sob determinado padrão para não sermos instáveis, mas este padrão sempre refletirá uma emoção flutuante.
  A pessoa mais tranqüila perderá sua paciência. A pessoa mais ansiosa terá momentos de calma. Só os computadores são rigorosamente estáveis. Por isso eles são lógicos, programáveis e, portanto, de baixa complexidade.
  Nós, ao contrário, somos tão complexos que nossa disposição, humor, interesses mudam com freqüência. Devemos estar preparados para enfrentar os problemas internos e externos.

  Devemos ter consciência de que os problemas nunca vão desaparecer nesta sinuosa e bela existência. Podemos evitar alguns, outros porém são imprevisíveis. Mas os problemas existem para serem resolvidos e não para nos controlar. Infelizmente, muitos são
controlados por eles. A melhor maneira de ter dignidade diante das dificuldades e sofrimentos existenciais é extrair lições deles. Caso contrário, o sofrimento é inútil.
Ser feliz, do ponto de vista da psicologia, não é ter uma vida perfeita, mas saber extrair sabedoria dos erros, alegria das dores, força das decepções, coragem dos fracassos. Ser feliz neste sentido é o requisito básico para a saúde física e intelectual.
  O maior vendedor de sonhos certa vez chocou seus ouvintes. Ele estava numa grande festa. O clima, entretanto, era de terror. Ele corria risco iminente de ser preso e morto. Seus discípulos esperavam que dessa vez ele fosse discreto, passasse despercebido.
  Mais uma vez os deixou perplexos.
  Subitamente, ele se levantou e com voz altissonante disse: "Quem tem sede venha a mim e beba..." Ele discorreu sobre a angústia existencial que cala fundo em todo ser humano, dos ricos aos miseráveis, e vendeu o sonho do prazer pleno, do mais alto sentido da vida.
  Ele bradou a todos os ouvintes que quem tivesse sede emocional bebesse da sua felicidade, quem fosse ansioso bebesse da sua paz.
  Jamais alguém fez esse convite em toda a história. Nunca alguém foi tão feliz na terra de infelizes.
  A morte o rondava, mas ele homenageava a vida. O medo o cercava, mas ele bebia da fonte da tranqüilidade. Que homem é esse que discursa sobre o prazer na terra do terror?   Que homem é esse que revelava uma paixão pela vida quando o mundo desabava sobre
ele? Sem dúvida, ele é o maior vendedor de sonhos de todos os tempos!

Trabalhando na personalidade até o último minuto

  O Mestre dos Mestres tinha de revolucionar a personalidade do seu pequeno grupo para que os discípulos revolucionassem o mundo. Seria a maior revolução de todos os tempos. Mas essa revolução não poderia ser feita com o uso de armas, força, chantagem, pressões, pois estas ferramentas, sempre usadas na história, não conquistam o inconsciente.
  Elas geram servos, e não pessoas livres.
  Parecia loucura o projeto de Jesus. Era quase impossível atuar nos bastidores da mente dos discípulos e transformar as matrizes conscientes e inconscientes da memória para tecer novas características de personalidade neles.
  Não sabemos onde estão as janelas doentias da nossa personalidade.
  Para termos uma idéia, a área equivalente à cabeça de um alfinete contém milhares de janelas com milhões de informações no córtex cerebral. Como encontrá-las? Como transformá-las? O processo é tão complicado que um tratamento psíquico demora semanas, meses, e em alguns casos anos, para se ter sucesso.
  Deletar a memória é uma tarefa fácil nos computadores. No homem ela é impossível. Todas as misérias, conflitos e traumas emocionais que estão arquivados não podem ser destruídos, a não ser que haja um trauma cerebral. A única possibilidade, como vimos, é sobrepor novas experiências no lócus das antigas - o que chamamos de reedição - ou então
construir janelas paralelas que se abrem simultaneamente às doentias.
  Se você tiver uma janela paralela que contém segurança, ousadia, determinação e que se abre simultaneamente às janelas do medo, do pânico, da ansiedade, você terá subsídios para superar sua crise. Se não possui essa janela, terá grande chance de se tornar uma vítima.
  Mas como reeditar a memória dos discípulos ou construir janelas paralelas em tão pouco tempo? Sinceramente, era uma tarefa quase impossível. Se fosse viável transportar os mais ilustres psiquiatras e psicólogos clínicos através de uma máquina do tempo para tratar dos
discípulos de Jesus com sete sessões por semana, mesmo assim os resultados seriam pobres. Por quê? Porque eles não tinham consciência dos seus problemas.
  O grande desafio para o sucesso do tratamento psicológico não é a dimensão de uma doença, mas a consciência que o paciente tem da doença e a capacidade de intervenção na sua dinâmica.
  Há poucos dias atendi um paciente que sofre de síndrome do pânico há dez anos. Tomou muitos tipos de antidepressivos e tranqüilizantes, mas os ataques permaneceram.
  Depois de conhecer a sua história, expliquei-lhe o mecanismo dos ataques de pânico. Comentei sobre a abertura das janelas da memória em frações de segundos, o volume de tem são decorrente dessa abertura e o encarceramento do "eu".
  Disse-lhe que o "eu" deveria sair da platéia, entrar no palco da mente no momento do ataque de pânico (foco de tensão), desafiar sua crise, gerenciar os pensamentos, criticar a postura submissa da emoção e se tornar o diretor do roteiro da sua vida.
  Esse processo é um treinamento. Quem o realiza reedita seu inconsciente e constrói janelas paralelas. Tem grande possibilidade de ficar livre dos medicamentos e do seu psiquiatra ou psicólogo.
  Sempre que treino psicólogos, enfatizo que eles devem nutrir o "eu" dos pacientes para que eles deixem de ser espectadores passivos das próprias misérias. Os pacientes têm o direito de conhecer o funcionamento básico da mente, os papéis da memória, a construção das cadeias de pensamentos, para serem líderes de si mesmos.
  Por que é tão dificil mudar a personalidade? Porque ela é tecida por milhares de arquivos complexos e contém bilhões de informações e experiências. Não possuímos ferramentas para mudar magicamente esses arquivos que se inter-relacionam multifocalmente. ,
  Quem muda as janelas do medo, da impulsividade, da timidez, do humor triste, rapidamente? Na medicina biológica alguns tratamentos são rápidos; na medicina psicológica é necessário reescrever os capítulos da história arquivados na memória.
  Os discípulos tinham milhares ou talvez milhões de janelas doentias. Eles frustraram seu Mestre continuamente durante mais de três anos. Jesus pacientemente os treinava.
 O Mestre dos Mestres demonstrava que detinha o mais elevado conhecimento de psicologia. Conhecia o processo de transformação da personalidade. Nunca fez um milagre na personalidade humana, pois sabia que ela é um campo de reedição dificil de ser
operacionalizado.
  Ele criou conscientemente ambientes pedagógicos nas praias, nos montes, nas sinagogas para produzir ricas experiências que pudessem se sobrepor às zonas doentias do inconsciente dos discípulos. Creio que ele realizou o maior treinamento para
transformação da personalidade de todos os tempos.
  Ao analisar a personalidade de Jesus Cristo sob o olhar da ciência, fiquei assombrado. Tive a convicção de que a ciência foi tímida e omissa por nunca ter investigado a sua inteligência. Por isso ele foi banido das universidades, excluído da formação dos psicólogos, educadores, sociólogos, psiquiatras. Foi um prejuízo enorme. As
sociedades ocidentais tornaram-se cristãs somente no nome.
  Jesus Cristo programou, como um microcirurgião que disseca pequenos vasos e nervos, situações e ambientes para treinar e transformar os discípulos. Cada parábola, cada gesto diante dos marginalizados que o procuravam e cada atitude perante uma situação de perseguição eram laboratórios onde se realizava esse treinamento.
  Ele provou que em qualquer época da vida podemos mudar os pilares centrais que estruturam a nossa personalidade. Seus laboratórios eram uma universidade viva. Seu objetivo era expor espontaneamente as mazelas do inconsciente. As fragilidades
apareciam, as ambições afloravam, a arrogância vinha àtona, a insensatez surgia.
  Seus laboratórios aceleravam o processo de tratamento psiquiátrico e psicoterapêutico. Depois de anos de análise detalhada é que fui entender o processo usado pelo Mestre dos Mestres.
  Todos os seus comportamentos tinham um alvo imperceptível aos olhos. Quando era gentil com uma prostituta, ele tratava o preconceito dos discípulos. Quando era ousado em situações de risco, ele tratava a insegurança deles.


Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

Um comentário:

  1. OLÁ.

    "QUANDO ERA GENTIL COM ALGUMA PROSTITUTA ELE TRATAVA O PRECONCEITO E QUANDO ERA OUSADO, TRATAVA DA INSEGURANÇA DELES".
    SÓ MESMO O MESTRE DOS MESTRE FOI, É E SEMPRE SERÁ O ÚNICO.

    ABS DO BETOCRITICA.

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