segunda-feira, 23 de maio de 2011

TEOLOGIA - DEUS - 5ª Parte

III. Os atributos de Deus

  Sendo Deus um ser infinito, é impossível que qualquer criatura o conheça exatamente como ele é. No entanto, ele bondosamente revelou-se mediante linguagem compreensível a nós. São as Escrituras essa revelação. Por exemplo, Deus diz acerca de si mesmo: "Eu sou Santo"; portanto, podemos afirmar: Deus é Santo. A santidade, então, é um atributo de Deus, porque a santidade é uma qualidade que podemos atribuir ou aplicar a ele. Dessa forma, com a ajuda da revelação que Deus deu de si mesmo, podemos regular os nossos pensamentos acerca de Deus. Qual a diferença entre os nomes de Deus e os seus atributos? Os nomes de Deus expressam as qualidades do seu ser inteiro, enquanto os seus atributos indicam vários aspectos do seu caráter. Muito se pode dizer de um ser tão grande como Deus, mas facilitaremos a nossa tarefa se classificarmos os seus atributos.
  Compreender a Deus em sua plenitude seria tão difícil como encerrar o Oceano Atlântico numa xícara; mas ele se tem revelado a si mesmo o suficiente para esgotar a nossa capacidade. A classificação seguinte talvez nos facilite a compreensão: 1. Atributos sem relação entre si, ou seja, o que Deus é em si próprio, à parte da criação. Estes respondem à pergunta: quais são as qualidades que caracterizavam a Deus antes que alguma coisa existisse? 2. Atributos ativos, ou seja, o que Deus é em relação ao universo. 3. Atributos morais, ou seja, o que Deus é em relação aos seres morais por ele criados.

1. Atributos não relacionados (a natureza íntima de Deus).

(a) Espiritualidade. Deus é Espírito. (João 4:24). Deus é Espírito com personalidade; ele pensa, sente e fala; portanto, pode ter comunhão direta com suas criaturas feitas à sua imagem.
  Sendo Espírito, Deus não está sujeito as limitações às quais estão sujeitos os seres humanos dotados de corpo físico. Ele não possui partes corporais nem está sujeito às paixões; sua pessoa não se compõe de nenhum elemento material, e não está sujeito às condições de existência natural. Portanto, não pode ser visto com os olhos naturais nem apreendido pelos sentidos naturais. Isto não implica que Deus leve uma existência sombria e irreal, pois Jesus se referiu à "forma" de Deus. (João 5:37; vide Fil. 2:6.) Deus é uma Pessoa real, mas de natureza tão infinita que não se pode apreendê-lo plenamente pelo conhecimento humano, nem tampouco satisfatoriamente descrevê-lo em linguagem humana. "Ninguém jamais viu a Deus", declara o apóstolo João (João 1:18; vide Êxo. 33:20); no entanto, em Êxo. 24:9,10 lemos que Moisés, e certos anciãos, "viram a Deus". Nisto não há contradição; João quer dizer que nenhum homem jamais viu a Deus como ele é. Mas sabemos que o Espírito pode manifestar-se em forma corpórea (Mat. 3:16); portanto, Deus pode manifestar-se duma maneira perceptível ao homem. Deus também descreve a sua personalidade infinita em linguagem compreensível às mentes finitas; portanto, a Bíblia fala de Deus como ser que tem mãos, braços, olhos e ouvidos, e descreve-o como vendo, sentindo, ouvindo, arrependendo-se, etc. Mas Deus também é insondável e inescrutável. "Porventura... chegarás à perfeição do Todo-poderoso?" (Jo 11:7) — e nossa resposta só pode ser: "não temos com que tirar, e o poço é fundo" (João 4:11), usando a expressão da mulher samaritana.

(b) Infinitude. Deus é Infinito, isto é, não está sujeito às limitações naturais e humanas. A sua infinitude é vista de duas maneiras: (1) em relação ao espaço. Deus caracteriza-se pela imensidade (1 Reis 8:27); isto é, a natureza da Divindade está presente de modo igual em todo o espaço infinito e em todas as suas partes. Nenhuma parte existente está separada da sua presença ou de sua energia, e nenhum ponto do espaço escapa à sua influência. "Seu centro está em toda parte e sua circunferência em parte nenhuma." Mas, ao mesmo tempo, não devemos esquecer que existe um lugar especial onde sua presença e glória são reveladas duma maneira extraordinária; esse lugar é o céu. (2) Em relação ao tempo, Deus é eterno. (Êxo. 15:18; Deut. 33:27; Nee. 5:5; Sal. 90:2; Jer. 10:10; Apoc. 4:8-10.) Ele existe desde a eternidade e existirá por toda a eternidade. O passado, o presente e o futuro são todos como o presente à sua compreensão. Sendo eterno, ele é imutável — "o mesmo ontem, hoje, e eternamente". Esta é para o crente uma verdade confortadora, podendo assim descansar na confiança de que "O Deus da antiguidade é uma morada, e por baixo estão os braços eternos" (Deut. 33:27).

(c) Unidade. Deus é o único Deus. (Êxo. 20:3; Deut. 4:35,39; 6:4; 1 Sam. 2:2; 2 Sam. 7:22; 1 Reis 8:60; 2 Reis 19:15; Nee. 9:6; Isa. 44:6-8; 1 Tim. 1:17.) "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor." Era esse um dos fundamentos da religião do Antigo Testamento, sendo também essa a mensagem especial a um mundo que adorava a muitos deuses falsos. Haverá contradição entre este ensino da unidade de Deus e o ensino da Trindade do Novo Testamento? É necessário distinguir entre duas qualidades de unidade — unidade absoluta e unidade composta. A expressão "um homem" traz a idéia de unidade absoluta, porque se refere a uma só pessoa. Mas quando lemos que homem e mulher serão "uma só carne" (Gên. 2:24), essa é uma unidade composta, visto que se refere à união de duas pessoas. Vide também Esd. 3:1; Ezeq. 37:17; estas referências bíblicas empregam a mesma palavra para significar "um só" ("echad" na língua hebraica) como se usa em Deut. 6:4. Existe outra palavra ("yachidh" no hebraico) que se usa para exprimir a idéia de unidade absoluta. (Gên. 22:2, 12; Amós 8:10; Jer. 6:26; Zac. 12:10; Prov. 4:3; Jui. 11:34.) A qual classe de unidade se refere Deut. 6:4? Pelo fato de a palavra "nosso Deus" estar no plural (ELOHIM no hebraico), concluímos que se refere à unidade composta. A doutrina da Trindade ensina a unidade de Deus como unidade composta, inclusive de três Pessoas Divinas unidas na essencial unidade eterna.

2. Atributos ativos (Deus e o universo).

(a) Onipotência. Deus é onipotente. (Gên. 1:1; 17:1; 18:14; Êxo. 15:7; Deut. 3:24; 32:39; 1 Crôn. 16:25; Jo 40:2; Isa. 40:12-15; Jer. 32:17; Ezeq. 10:5; Dan. 3:17;4:35; Amós 4:13; 5:8; Zac. 12:1; Mat. 19:26; Apoc. 15:3; 19:6.) A onipotência de Deus significa duas coisas:
1) Sua liberdade e poder para fazer tudo que esteja em harmonia com a sua natureza. "Pois para Deus nada será impossível." Isto naturalmente não significa que ele possa ou queira fazer alguma coisa contrária à sua própria natureza — por exemplo, mentir ou roubar; ou que faria alguma coisa absurda ou contraditória em si mesma, tal como fazer um circulo triangular, ou fazer água seca.
2) Seu controle e sabedoria sobre tudo que existe ou que pode existir. Mas sendo assim, por que se pratica o mal neste mundo? É porque Deus dotou o homem de livre arbítrio, cujo arbítrio Deus não violará; portanto, ele permite os atos maus, mas com um sábio propósito de, finalmente, dominar todo o mal. Somente Deus é Todo-poderoso e até mesmo Satanás nada pode fazer sem a sua permissão. (Vide Jó caps. 1 e 2.) Toda a vida é sustentada por Deus. (Heb. 1:3; Atos 17:25, 28; Dan. 5:23.) A existência do homem é qual som de nota de harmônio que soa enquanto os dedos comprimem as teclas. Assim, sempre que a pessoa peca, está usando o poder do próprio Criador para ultrajá-lo. Todo pecado é um insulto contra Deus.

(b) Onipresença. Deus é onipresente, isto é, o espaço material não o limita em ponto algum. (Gên. 28:15, 16; Deut. 4:39; Jos. 2:11; Sal. 139:7-10; Prov. 15:3,11; Isa. 66:1; Jer. 23:23,24; Amós 9:2-4,6; Atos 7:48,49; Efés. 1:23.)
Qual a diferença entre imensidade e onipresença? Imensidade é a presença de Deus em relação ao espaço, enquanto onipresença é sua presença considerada em relação às criaturas. Para suas criaturas ele está presente nas seguintes maneiras:
1) Em glória, para as hostes adoradoras do céu. (Isa. 6:1-3.)
2) Eficazmente, na ordem natural. (Naúm 1:3.)
3) Providencialmente, nos assuntos relacionados com os homens. (Sal. 68:7, 8.)
4) Atentamente, àqueles que o buscam. (Mat. 18:19, 20; Atos 17:27.)
5) Judicialmente, às consciências dos ímpios. ( Gên. 3:8; Sal. 68:1, 2.) O homem não deve iludir-se com o pensamento de que existe um cantinho no universo onde possa escapar à lei do seu Criador. "Se o seu Deus está em toda parte, então deve estar também no inferno", disse um chinês a um cristão na China. "Sua ira sim está no inferno", foi a pronta resposta.
6) Corporalmente em seu Filho. "Deus conosco" (Col. 2:9).
7) Misticamente na igreja. (Efés. 2:12-22.)
8) Oficialmente, com seus obreiros. (Mat. 28:19, 20.) Embora Deus esteja em todo lugar, ele não habita em todo lugar. Somente ao entrar em relação pessoal com um grupo ou com um indivíduo se diz que ele habita com eles.

(c) Onisciência. Deus é onisciente, porque conhece todas as coisas. (Gên. 18:18,19; 2 Reis 8:10,13; 1 Crôn. 28:9; Sal. 94:9; 139:1-16; 147:4-5; Prov. 15:3; Isa. 29:15,16; 40:28; Jer. 1:4-5; Ezeq. 11:5; Dan.2:22,28; Amós 4:13; Luc. 16:15; Atos 15:8, 18; Rom. 8:27, 29; 1 Cor. 3:20; 2 Tim. 2:19; Heb. 4:13; 1 Ped. 1:2; 1 João 3:20.) O conhecimento de Deus é perfeito, ele não precisa arrazoar, ou pesquisar as coisas, nem aprender gradualmente — seu conhecimento do passado, do presente e do futuro é instantâneo.
  Há grande conforto na consideração deste atributo. Em todas as provas da vida o crente tem a certeza de que "vosso Pai celestial sabe" (Mat. 6:8). A seguinte dificuldade se apresenta a alguns: sendo Deus conhecedor de todas as coisas, ele sabe quem se perderá; portanto, como pode essa pessoa evitar o perder-se? Mas a presciência de Deus sobre o uso que a pessoa fará do livre arbítrio não obriga a escolher este ou aquele destino. Deus prevê sem intervir.

(d) Sabedoria. Deus é sábio. (Sal. 104:24; Prov. 3:19; Jer. 10:12; Dan. 2:20,21; Rom. 11:33; 1 Cor. 1:24, 25, 30; 2:6, 7; Efés. 3:10; Col. 2:2, 3.) A sabedoria de Deus reúne a sua onisciência e sua onipotência. Ele tem poder para levar a efeito seu conhecimento de tal maneira que se realizem os melhores propósitos possíveis pelos melhores meios possíveis. Deus sempre faz o bem de maneira certa e no tempo certo. "Ele fez tudo bem." Esta ação da parte de Deus, de organizar todas as coisas e executar a sua vontade no curso dos eventos com a finalidade de realizar o seu bom propósito, chama-se Providência. A divina providência geral relaciona-se com o universo como um todo; sua providência particular relaciona-se com os detalhes da vida do homem.

(e) Soberania. Deus é soberano, isto é, ele tem o direito absoluto de governar suas criaturas e delas dispor como lhe apraz. (Dan. 4:35; Mat. 20:15; Rom. 9:21.) Ele possui esse direito em virtude de sua infinita superioridade, de sua posse absoluta de todas as coisas, e da absoluta dependência delas perante ele para que continuem a existir. Desta maneira, tanto é insensatez, como transgressão, censurar os seus caminhos. Observa D. S. Clarke: A doutrina da soberania de Deus é uma doutrina muito útil e animadora. Se fosse para escolher, qual seria preferível — ser governado pelo fatalismo cego, pela sorte caprichosa, pela lei natural irrevogável, pelo "eu" pervertido e de curta visão, ou ser governado por um Deus sábio, santo, amoroso e poderoso? Quem rejeita a soberania de Deus, pode escolher ser governado dentre o que sobra.

3. Atributos morais (Deus e as criaturas morais).

  Passando em revista o registro das obras de Deus para com os homens, aprendemos que:
  (a) Santidade. Deus é santo. (Êxo. 15:11; Lev. 11:44, 45; 20:26; Jos. 24:19; l Sam. 2:2; Sal. 5:4; 111:9; 145:17; Isa. 6:3; 43:14,15; Jer. 23:9; Luc. 1:49; Tia. 1:13; 1 Ped. 1:15, 16; Apoc. 4:8; 15:3, 4.) A santidade de Deus significa a sua absoluta pureza moral; ele não pode pecar nem tolerar o pecado. O sentido original da palavra "santo" é "separado". Em que sentido está Deus separado? Ele está separado do homem no espaço — ele está no céu, o homem na terra. Ele está separado do homem quanto à natureza e caráter — ele é perfeito, o homem é imperfeito; ele é divino, o homem é humano; ele é moralmente perfeito, o homem é pecaminoso. Vemos, então, que a santidade é o atributo que mantém a distinção entre Deus e a criatura. não denota apenas um atributo de Deus, mas a própria natureza divina. Portanto, quando Deus se revela a si mesmo de modo a impressionar o homem com a sua Divindade, diz-se que ele se santificou (Ezeq. 36:23; 38:23), isto é, "revela-se a si mesmo como o Santo".  Quando os serafins descrevem o resplendor divino que emana daquele que está sentado sobre o trono, exclamam: "Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos" (Isa. 6:3). Diz-se que os homens santificam a Deus quando o honram e o reverenciam como Divino. (Num. 20:12; Lev. 10:3; Isa. 8:13.) Quando o desonram, pela violação de seus mandamentos, se diz que "profanam" seu nome — que é o contrário de santificar seu nome. (Mat. 6:9.) Somente Deus é santo em si mesmo. Descrevem-se desta maneira o povo, os edifícios, e objetos santos porque Deus os fez santos e os tem santificado. A palavra "santo", quando se aplica a pessoas ou a objetos, é termo que expressa relação com Jeová — pelo fato de estar separado para o seu serviço. Sendo separados, os objetos precisam estar limpos; e as pessoas devem consagrar-se e viver de acordo com a lei da santidade. Esses fatos constituem a base da doutrina da santificação.

(b) Justiça. Deus é justo. Qual a diferença entre a santidade e a justiça? "A justiça é santidade em ação", esta é uma das respostas. A justiça é a santidade de Deus manifesta no tratar retamente com suas criaturas. "não fará justiça o Juiz de toda a terra?" (Gên. 18:25). A justiça é obediência a uma norma reta; é conduta reta em relação a outrem. Quando é que Deus manifesta este atributo?
1) Quando livra o inocente, condena o ímpio e exige que se faça justiça. Deus julga, não como o fazem os juízes modernos, que baseiam seu julgamento sobre a evidência apresentada perante eles por outrem. Deus mesmo descobre a evidência. Desta maneira o Messias, cheio do Espírito Divino, não julgará "segundo a vista dos seus olhos, nem reprovar segundo o ouvir dos seus ouvidos", mas julgará com justiça. (Isa. 11:3.)
2) Quando perdoa o penitente. (Sal. 51:14; 1 João 1:9; Heb. 6:10.)
3) Quando castiga e julga seu povo. (Isa. 8:17; Amós 3:2.)
4) Quando salva seu povo. A interposição de Deus a favor do seu povo se chama sua justiça. (Isa. 46:13; 45:24,25.) A salvação é o lado negativo, a justiça é o positivo. Ele livra seu povo dos seus pecados e de seus inimigos, e o resultado é a retidão de coração. (Isa. 51:6; 54:13; 60:21; 61:10.)
5) Quando dá vitória à causa de seus servos fiéis. (Isa. 50:4-9.) Depois de Deus haver libertado seu povo e julgado os ímpios então teremos "novos céus e uma nova terra, em que habita a justiça" (2 Pedro 3:13). Deus não somente trata justamente como também requer justiça. Mas que sucederá no caso de o homem haver pecado? Então ele graciosamente justifica o penitente. (Rom. 4:5.) Esta é a base da doutrina da justificação.Notar-se-á que a natureza divina é a base das relações de Deus para com os homens. Como ele é, assim ele opera. O Santo santifica, o Justo justifica.

[c) Fidelidade. Deus é fiel. Ele é absolutamente digno de confiança; as suas palavras não falharão. Portanto, seu povo pode descansar em suas promessas. (Êxo. 34:6; Num. 23:19; Deut. 4:31; Jos. 21:43-45; 23:14; 1 Sam. 15:29; Jer. 4:28; Isa. 25:1; Ezeq. 12:25; Dan. 9:4; Miq. 7:20; Luc. 18:7,8; Rom. 3:4; 15:8; 1 Cor. 1:9; 10:13; 2 Cor. 1:20; 1Tess. 5:24; 2 Tess. 3:3; 2 Tim. 2:13; Heb. 6:18; 10:23; 1 Ped. 4:19; Apoc. 15:3.)

(d) Misericórdia. Deus é misericordioso. "A misericórdia de Deus é a divina bondade em ação com respeito às misérias de suas criaturas, bondade que se comove a favor deles, provendo o seu alivio, e, no caso de pecadores impenitentes, demonstrando paciência longânima" (Hodges). (Tito 3:5; Lam. 3:22; Dan. 9:9; Jer. 3:12; Sal. 32:5; Isa. 49:13; 54:7.) Uma das mais belas descrições da misericórdia de Deus encontra-se no Salmo 103:8-18. O conhecimento de sua misericórdia toma-se a base da esperança (Sal. 130:7) como também da confiança (Sal. 52:8). A misericórdia de Deus manifestou-se de maneira eloqüente ao enviar Cristo ao mundo. (Luc. 1:78.)

(e) Amor. Deus é amor. O amor é o atributo de Deus em razão do qual ele deseja relação pessoal com aqueles que possuem a sua imagem e, mui especialmente, com aqueles que foram santificados em caráter, feitos semelhantes a ele. Notamos a descrição do amor de Deus (Deut. 7:8; Efés. 2:4; Sof. 3:17; Isa. 49:15, 16; Rom. 8:39; Osé. 11:4; Jer. 31:3); notamos a quem é manifestado (João 3:16; 16:27; 17:23; Deut. 10:18); notamos como foi demonstrado (João 3:16; 1 João 3:1; 4:9, 10; Rom. 9:11-13; Isa. 38:17; 43:3, 4; 63:9; Tito 3:4-7; Efés. 2:4, 5; Osé. 11:4; Deut. 7:13; Rom. 5:5).

(f) Bondade. Deus é bom. A bondade de Deus é o atributo em razão do qual ele concede vida e outras bênçãos às suas criaturas. (Sal. 25:8; Naúm 1:7; Sal. 145:9;Rom. 2:4; Mat. 5:45; Sal. 31:19; Atos 14:17; Sal. 68:10; 85:5.) Escreve o Dr. Howard Agnew Johnson:
  Há alguns anos fui convidado para almoçar em certa casa. O dono da casa me pediu que orasse. Depois de pedir a bênção e expressar a nossa gratidão pelos dons de Deus, ele disse com certa franqueza: "Realmente não vejo razão para isto: pois eu mesmo provi esta refeição."
  Em resposta perguntamos: "O senhor nunca pensou que se falhassem a sementeira e a colheita uma só vez em toda a terra, a metade do povo morreria antes da próxima colheita? E não pensou também que se falhassem a sementeira e a colheita em dois anos sucessivos em todo o planeta, todos os homens morreriam antes da seguinte colheita?
  Evidentemente assombrado, ele admitiu que nunca pensara em tal possibilidade. Então sugerimos estar muito equivocado em dizer que fora ele quem fornecera aquela refeição para nós. Ele devia a Deus a sua própria vida e as forças para ganhar o dinheiro. Deus havia posto vida no grão e no animal que usávamos como alimento, coisa que ele nunca poderia fazer. Lembramos-lhe que ele havia sido um cooperador com Deus, participando das leis divinas para suprir as nossas necessidades. Então perguntamos: "Se alguém lhe desse alguma coisa, o senhor não diria "obrigado"? E se fossem repetidas as dádivas duas ou três vezes ao dia, o senhor não diria "obrigado" cada vez'? Com isso ele prontamente concordou. "Então o senhor entende por que dizemos 'obrigado' a Deus cada vez que recebemos suas bênçãos."
  A isto ele exclamou: "Ah! isto não é mais do que boa educação, sem falar em ser inteligentemente agradecido!"
  Para certas pessoas a existência do mal e do sofrimento apresenta um obstáculo à crença na bondade de Deus. "Por que um Deus de amor criou um mundo cheio de sofrimento?" perguntam alguns. As considerações seguintes poderão esclarecer o problema:
1) Deus não é responsável pelo mal. Se um trabalhador descuidado jogar areia numa máquina delicada, deve-se responsabilizar o fabricante? Deus fez tudo bom mas o homem danificou a sua obra. Praticamente todo o sofrimento que há no mundo é conseqüência da desobediência deliberada do homem.
2) Sendo Deus Todo-poderoso, o mal existe por sua permissão. Nem sempre podemos compreender porque ele permite o mal, pois os seus caminhos são inescrutáveis. Ao extremamente curioso ele diria: "Que tens tu com isso? Segue-me tu." No entanto, podemos compreender parte dos seus caminhos — o suficiente para saber que ele não erra. Assim escreveu Stevenson, notável autor: "Se eu, através do buraquinho de guarita, puder enxergar com os meus olhos míopes minúscula fração do universo, e ainda receber no meu próprio destino algumas evidências dum plano e algumas evidências duma bondade dominante, seria eu, então, tão insensato a ponto de queixar-me de não poder entender tudo? não deveria eu sentir surpresa infinita e grata, pelo fato de, em um empreendimento ao vasto, poder eu entender algo, por pouco que seja, e fazer com que este pouco inspire minha fé?"
3) Deus é tão grande que pode fazer o mal cooperar para o bem. Recordemos como dominou a maldade dos irmãos de José, e de Faraó, e de Herodes, e daqueles que rejeitaram e crucificaram a Cristo. Acertadamente disse um erudito da antiguidade: "Deus Todo-poderoso não permitiria, de maneira alguma, a existência do mal na sua obra se não fosse tão onipotente e tão bom que até mesmo do mal ele pudesse operar o bem." Muitos cristãos já saíram dos fogos do sofrimento com o caráter purificado e a fé fortalecida. O sofrimento os tem impelido ao seio de Deus. O sofrimento foi a moeda que comprou o caráter provado no fogo.
4) Deus formou o universo segundo leis naturais, e estas leis implicam a possibilidade de acidentes. Por exemplo, se a pessoa descuidada ou deliberadamente se deixar cair em um precipício, essa pessoa sofrerá as conseqüências de ter violado a lei da gravidade. Mas, ao mesmo tempo, estamos satisfeitos com estas leis, pois de outra forma o mundo estaria num estado de confusão.
5) é bom lembrar sempre que tal não é o estado perfeito das coisas. Deus tem em reserva outra vida e uma época futura em que mostrará a razão de todos os seus tratados e ações. Visto que ele opera segundo a "Hora Oficial Celestial", às vezes pensamos que ele esteja tardando, mas "bem depressa" fará justiça a seus escolhidos. (Luc. 18:7, 8.) Não se deve julgar a Deus enquanto não descer a cortina sobre a última cena do grande Drama dos Séculos. Então veremos que "Ele tudo fez bem".

Continua.............


Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

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