domingo, 19 de janeiro de 2014

É PEDRO O FUNDAMENTO DA IGREJA? - CATOLICISMO ROMANO - HERESIOLOGIA


A Igreja Católica Romana considera o apóstolo Pedro como a pedra fundamental sobre a qual Cristo edificou a sua Igreja. Para fundamentar esse ensino, apela, principalmente, para a passagem de Mateus 16.16-19: "E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do Reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".

Dessa passagem, a Igreja Romana deriva o seguinte raciocínio:
a. Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja está edificada.
b. A Pedro foi dado o poder das chaves, portanto, só ele detém o poder de abrir a porta do Reino dos céus.
c. Pedro tornou-se o primeiro bispo de Roma.
d. Toda autoridade foi conferida a Pedro até nossos dias, através da linhagem de bispos e papas, todos vigários de Cristo na Terra.


UMA INTERPRETAÇÃO ABSURDA

Partindo deste raciocínio, o padre Miguel Maria Giambelli põe o versículo 19 de Mateus 16 nos lábios de Jesus, da seguinte ma¬neira: "Nesta minha Igreja, que é o reino dos céus aqui na terra, eu te darei também a plenitude dos poderes executivos, legislativos e judiciários, de tal maneira que qualquer coisa que tu decretares, eu a ratificarei lá no Céu, porque tu agirás em meu nome e com a minha autoridade" (A Igreja Católica e os Protestantes, p. 68).

Numa simples comparação entre a teologia vaticana e a Bíblia, a respeito do apóstolo Pedro e sua atuação no seio da igreja nascente, descobre-se quão absurda é a interpretação romanista a respeito da pessoa e ministério desse apóstolo do Senhor. Mesmo numa despretensiosa análise do assunto, conclui-se que:

1) Pedro jamais assumiu no seio do Cristianismo nascente a posição e as funções que a teologia católico-romana procura atri¬buir-lhe.
O substantivo feminino petra designa do grego uma rocha grande e firme. Já o substantivo masculino petros é aplicado geralmente a pequenos blocos rochosos, móveis, bem como a pedras pequenas, tais como a pedra de arremesso. Pedro é petros = bloco rochoso e móvel e não petra = rocha grande e firme. Portanto, uma igreja sobre a qual as portas do inferno não prevaleceriam não poderia repousar sobre Pedro.

2) De acordo com a Bíblia, Cristo é a pedra. "Estavas vendo isso, quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou" (Dn 2.34).

"Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina" (Ef 2.20).
Nestes versículos, "pedra" se refere a Cristo e não a Pedro.
Diz o apóstolo Pedro: "Este Jesus é a pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular" (At 4.11, cf. Mc 12.10e 11). (Se desejar leia ainda Romanos 2.20; 9.33; 1 Coríntios 10.4 e 1 Pedro 2.4.)


O TESTEMUNHO DOS PAIS DA IGREJA

Dos oitenta e quatro Pais da Igreja antiga, só dezesseis crêem que o Senhor se referia a Pedro quando disse "esta pedra". Dos outros Pais da Igreja, uns dizem que esta expressão se refere à pessoa de Cristo mesmo, outros, à confissão que Pedro acabara de fazer, e outros, ainda, a todos os apóstolos. Portanto, se apelarmos para os Pais da Igreja dos primeiros quatro séculos, as pretensões da Igreja Romana com referência a Pedro, redundam em sofismas.

Só a partir do século IV começou-se a falar a respeito da possibilidade de Pedro ser a pedra fundamental da Igreja, e isto estava intimamente relacionado com a pretensão exclusivista do bispo de Roma.

À luz das palavras do próprio apóstolo Pedro, Cristo é apetra (= rocha grande e firme): "Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa" (1 Pe 2.4).
Todos os crentes são petros = blocos rochosos e moveis, "...vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por intermédio de Jesus Cristo" (1 Pe 2.5).

O ALEGADO PRIMADO DE PEDRO

Da interpretação doutrinária que a Igreja Católica Romana faz de Mateus 16.16-19, deriva outro grande erro: o ensino de que Jesus fez de Pedro o "Príncipe dos Apóstolos", pelo que veio a se tornar o primeiro bispo de Roma, do qual os papas, no decorrer dos séculos, são legítimos sucessores.

Esteve Pedro em Roma alguma vez?

Há uma opinião sobre uma remota possibilidade de que Pedro tenha estado em Roma.
Oscar Cullman, teólogo alemão, escreve: "A primeira carta de Pedro... alude em sua saudação final (5.13) à estada de Pedro em
Roma, ao falar de 'Babilônia' como lugar da comunidade que envia saudações, pois que a opinião mais provável é que 'Babilônia' designa Roma".

Também Lietzmann, em sua obra Petrus and Paulus in Rome (Pedro e Paulo em Roma), assim se expressa sobre o assunto:

"Mais importante, porém, é a debatida afirmação de que Pedro, no decurso de sua atividade missionária, tenha chegado a Roma e aí morrido como mártir. Visto que esta questão está intimamente relacionada com a pretensão romana ao primado, freqüentemente a polêmica confessional influi na discussão. A resposta a ela só pode ser fruto de pesquisa histórica desinteressada. Como, porém, ao lado das fontes neotestamentárias, vêm, em consideração, principalmente testemunhos extra e pós-canônicos da literatura cristã antiga, e, além disto, documentos litúrgicos posteriores, e ainda escavações recentes, esta questão não pode ser aqui discutida em todos os seus pormenores. Queremos apenas lembrar que, até a segunda metade do século II, nenhum documento afirmava expressamente a estada e martírio de Pedro em Roma".

PEDRO, UM PAPA DIFERENTE

Tenha ou não estado em Roma, o fato é que, se Pedro foi papa, foi um papa diferente dos demais que apareceram até agora. Se não, vejamos:

a. Pedro era financeiramente pobre (At 3.6).
b. Pedro era casado (Mt 8.14,15).
c.  Pedro foi um homem humilde, pelo que não aceitou ser adorado pelo centurião Cornélio (At 10.25,26).
d. Pedro foi um homem repreensível (Gl 2.11-14).

É de estranhar que Tiago — e não Pedro, o "Príncipe dos Apóstolos", como ensina a teologia vaticana, fosse o pastor da comunidade cristã em Jerusalém (At 15). Se Pedro tivesse sido papa, certamente não teria aceito a orientação dos líderes da Igreja quanto à obra missionária (At 15.7). Se Pedro tivesse sido papa, a ordem das "colunas", conforme Paulo escreve em Gálatas 2.9, seria: "Cefas, Tiago e João", e não "Tiago, Cefas e João".


O PAPA, UM PEDRO DIFERENTE

A própria história do papado é uma viva demonstração de que os papas jamais conseguiram provar serem sucessores do apóstolo Pedro, já que em nada se assemelham àquele inflamado, mas humilde, servo do Senhor Jesus Cristo.

Vejamos, por exemplo:

a. Os papas são administradores de grandes fortunas da igreja. O clérigo José Maria Alegria, da Universidade Gregoriana de Roma, declarou, no final do ano de 1972, que o balanço financeiro do Vaticano dispunha de um ativo de um bilhão de dólares.
b. Os papas são celibatários, isto é, não se casam, não obstante ensinarem que o casamento é um sacramento.
c. Os papas freqüentemente aceitam a adoração dos homens.
d. Os papas consideram-se infalíveis nas suas decisões e decretos.


Fonte:  FEST – Filemom Escola Superior de Teologia


Pesquisador: Pastor Charles Maciel Vieira

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