quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

CATÓLICOS NOMINAIS SÃO GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO QUE SE DIZ CATÓLICA.... OU SEJA, NÃO PROFESSAM A FÉ QUE DIZEM


Nominal é o termo usado para qualificar o indivíduo que professa uma determinada fé, sem com tudo ser praticante. Seria apenas de nome; seria católico no nome, mas não professaria efetivamente a fé católica; seria protestante no nome, mas não professaria plenamente a fé protestante. O termo pode ser aplicado fora do contexto religioso. O termo é utilizado pelo IBGE que apenas verifica quem é católico, protestante, ou de outras religiões apenas pela sua declaração nominal. Sobre esses dados surgem críticas de que nem todo que se declara de determinada crença a pratica, logo o são apenas de nome. O fundamentalismo se apresenta em oposição ao religioso nominal. Os mesmos especulam que, com o passar do tempo, haverá o crescimento e surgimento da maior religião mundial que será a "religião nominal"; crença de pessoas que dirão crer em alguma coisa, mas não abraçarão qualquer Declaração de Fé, ou dogma, que professe como fundamental para sua vida espiritual.

J. C. Ryle
No artigo Formalismo, por John Charles Ryle (1816 - 1900), discorre que "a religião formal não é religião, e que o cristão formal não é um cristão, do ponto de vista de Deus", assim, compreende o autor que o cristão "sem nenhuma influência no seu coração ou vida" é detentor da "religião formal", mas também defendia o Bispo da Igreja da Inglaterra que não bastava ser exterior o cristão, se não o for cristão interior, o que resulta no risco do surgimento do "farisaísmo" na alma do homem, pois enquanto o homem vê o exterior, Deus sonda os corações.
Retidão externa sem um coração reto, não é nada mais nada menos que farisaísmo. As coisas externas do cristianismo - batismo, Ceia do Senhor, caridade, ser membro da igreja e coisas semelhantes - nunca levam a alma de qualquer homem ao céu, a menos que seu coração seja reto. O cristianismo deve existir tanto interna, quanto externamente, e é o interior que Deus fixa seu olhar.
Ainda sobre esse tema, Jonh Ryle defende, ao contrário da postura hoje conhecida como do politicamente correto, uma postura popular que se põem como defensora do que a comunidade considere correto e louvável, ainda que vá contra princípios bíblicos que se opõem ao cristianismo secular. Defende Ryle a tese de que a "a verdadeira religião não deve esperar ser popular nunca. Não terá o louvor do homem, mas de Deus".
A religião do coração é muito humilhante para ser popular. Não deixa para o homem natural nada do que se vangloriar. Diz-lhe que é um pecador culpado, perdido, merecedor do inferno, e que ele tem que correr para Cristo a fim de ser salvo. Fala que ele está morto, e deve viver novamente e nascer do Espírito. O orgulho do homem se rebela contra tais ensinos. Ele odeia que lhe digam que seu caso é tão ruim.
A religião do coração é muito santa para ser popular. Não deixará o homem natural quieto. Interfere no seu mundanismo e pecados. Requer dele coisas que ele abomina e das quais é avesso - conversão, fé, arrependimento, mente inclinada para coisas espirituais, leitura da Bíblia, oração. Ordena que deixe muitas coisas que ele ama e se apega, as quais não pode deixar de lado. Realmente seria estranho se ele gostasse disto. Cruza seu caminho como um estraga prazeres e é absurdo esperar que ele se agrade nela.

Contexto bíblico

Segundo católicos e protestantes, a fé cristão faz exigência de uma confissão de fé, segundo as Escrituras Sagradas.
Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus.
Pedro negou a Jesus Cristo por três vezes, ainda que tenha dito que jamais negaria a Cristo:
Mas ele disse com mais veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. E da mesma maneira diziam todos também.
Ao negar três vezes a declaração de fé ao nome de Jesus, Pedro passou por uma situação, segundo o Evangelho, no qual, defronte do Cristo ressurreto, por três vezes fez declaração de amor e ciência que Jesus seria onisciente, uma característica típica de Deus.
Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.
O negar de Pedro ao nome de Jesus poderia ser apontado como um cristianismo nominal, onde se diz ser um seguidor de determinada crença, mas logo a frente se nega com atos ou palavras. A necessidade de conversão verdadeira por parte de Pedro já estava vaticinada, tanto no ato de negar a Jesus, como na necessidade de verdadeira conversão. Pedro seria um crente nominal, segundo as palavras do próprio Jesus que vaticinara que ele o negaria, e que ele ainda iria se converter, apesar de ter seguido a Jesus por aproximadamente três anos.
Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos.

Formalismo Político & Nominalismo Religioso

O dicionário catequético da Igreja Presbiteriana do Brasil descreve "cristão nominal" como aqueles que usam a igreja para "um ponto de encontro para rever os amigos, parentes e para ter uma "terapia espiritual", sem, contudo, ter "o novo nascimento". Entretanto encera afirmando que "com o tempo muitos se convertem".
A Igreja Batista Independente, citando Gene Edwards ao qualificar o Imperador Constantino o primeiro cristão medieval "noventa porcento cristão de nome e noventa porcento pagão de pensamento"., apresenta, como J. C. Ryle criticava, a postura muitas vezes direcionada para a conduta política e popular, contrariando a postura que certas vezes apresenta o cristão não formal, que não busca a transparecer uma postura do ‘politicamente correto’. Assim, afirma a respeito de Constantino que ""conversão" parece ter sido um ato de astúcia política".

Como o catolicismo pode ser verdadeiro quando os católicos são tão frios?

POR: GARY  HOGE
 
A maioria dos católicos que eu conheço não levam a fé à sério. Eles são mundanos e seculares e eles parecem não se preocupar com Jesus ou o Evangelho.
G.K. Chesterton disse uma vez que o melhor argumento contra o cristianismo são os cristãos. Isso é certamente verdade do catolicismo. O Papa João Paulo II , colocando-o educadamente, diz: " A Igreja Católica não esquece que muitos entre os seus membros fazem com que o plano de Deus possa ser perceptível apenas com dificuldade. "(Ut Unum Sint, 11). Mas isso é realmente um argumento contra a verdade da fé? Não vejo como. Argumentar que o catolicismo é falso, por não transformar as vidas daqueles que não praticam, é como argumentar que a aspirina não funciona porque não alivia as dores de cabeça daqueles que não a tomam.

Minha família afirma ser católica, mas eles não levam a fé à sério.
Tente se lembrar de que muitas pessoas são católicas só de nome. Se você perguntar o que eles são, eles dirão: "Oh , eu sou católico". Mas o que eles querem dizer é : "Meus pais eram católicos". É mais uma etnia do que uma religião para algumas pessoas. É o que eles são, não o que eles acreditam.

Diminuição de católicos no Brasil na pauta da última reunião do Consep em 2012 

Por Assessoria de Imprensa         
28 / Nov / 2012 07:19
O último encontro deste ano de 2012 entre os membros do Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), se realiza nesta terça e quarta-feira, 27 e 28 de novembro. Logo no início dos trabalhos, os bispos voltaram ao tema da diminuição do número de católicos no país conforme os dados do último Censo e publicados no chamado mapa das religiões no Brasil.

O padre Thierry Linard de Guertechin, presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento,o Ibrades, fez uma ampla reflexão de sua análise dos números considerando o ambiente religioso do Brasil e a prática da Igreja Católica. Em síntese, ele chamou a atenção no sentido de levar a sério os resultados do Censo. Diante da expectativa de uma resposta concreta aos dados do Censo, destacou a importância das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no Brasil (DGAE) que já são uma resposta a essa realidade. Realçou que a diminuição do número de católicos, em termos absolutos, se deu nas chamadas áreas consideradas rurais. Os números das áreas urbanas continuam mais ou menos estáveis.
“O verdadeiro desafio é constituído pela mentalidade secularizada que cria uma nova imagem de homem e de mulher, não imagem e semelhança de Deus, mas do poder e do mercado”, destacou o padre Thierry. No debate, dom Francisco Biasin, bispo de Barra do Piraí/Volta Redonda (RJ) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso considerou que a discussão sobre esse tema é de grande importância na preparação para a próxima Assembleia Geral que vai tratar da paróquia como comunidade de comunidades. Dom Jacinto Bergman, bispo de Pelotas (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética também lembrou que faz parte desse âmbito de reflexão a constatação de uma “mudança de época” já aprofundado no Documento de Aparecida e nas Diretrizes Gerais.
Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para Vida e Família, recordou que a situação dos católicos nominais em queda não é bem uma novidade e que o vínculo dos chamados católicos praticantes não parece existir queda. Ele considera, no entanto, que os números do Censo é uma chamada de atenção para se colocar em prática um trabalho de manter sinais públicos que ajudem no despertar o sentido de pertença dos católicos nominais. Dom Pedro Brito, arcebispo de Palmas (TO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, lembrou que o enfraquecimento da missão e da atuação dos sacerdotes como referência intelectual e moral também comprometem a atuação da Igreja e nisso está também o desafio para transformação com acento na missão.

Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, destacou a qualidade do testemunho e da atuação de bispos, padres e lideranças leigas de alto nível. Segundo ele, é preciso lembrar da expressão “apaixonar-se por Cristo” como o ponto de partida da ação missionária. O padre Deusmar Jesus da Silva, assessor da Comissão para os Ministérios Ordenados, insistiu a respeito da necessidade de pesquisas que ajudem a orientar o planejamento de pastoral com especial atenção para pesquisas em nível paroquial. É preciso conhecer mais a realidade da comunidade local.

O Consep, diante do desafio dessa reflexão, decidiu que a presidência CNBB vai enviar aos bispos de todo o Brasil um texto como o título “Reflexões Pastorais do Consep sobre o Mapa das Religiões” de modo que se possa colaborar com o aprofundamento sobre os grandes temas que estão em torno desse tema.

Um Brasil mais evangélico e menos católico

Os dados sobre religião do Censo 2010, cujos números absolutos foram divulgados em 29 de junho, viraram manchetes em toda imprensa secular. Tamanha repercussão tem fundamento. Pela primeira vez desde o longínquo ano de 1872 o número de católicos diminuiu no Brasil. Paralelamente, o protestantismo foi apontado como a religião que mais cresceu no período intercensionário (intervalo de dez anos). Na interpretação de demógrafos, sociólogos e outros especialistas há uma “revolução silenciosa” em curso no País.

Acompanhando a evolução do perfil religioso da nação na última década, o IBGE constatou que o catolicismo perdeu 1,7 milhão de adeptos. Com o recuo, o número de católicos no país chegou a 123,3 milhões, o que representa 64,6% da população. Até 1970, essa proporção superava os 90%. Em 1872, ela era de expressivos 99%.

 A maior redução ocorreu no Norte, de 71,3% para 60,6%. A queda de fiéis também foi significativa no Nordeste (de 79,9% para 72,2% entre 2000 e 2010) e no Sul (de 77,4% para 70,1%).Entre os estados, o menor percentual de católicos é do Rio de Janeiro: 45,8%.

O catolicismo perdeu milhões de fiéis em todo mundo, especialmente na Europa, que está configurada como uma sociedade pós-cristã. A novidade brasileira é que estamos vivendo não uma crise, mas uma migração da fé. Ao lado da linha vermelha que indica o encolhimento da Igreja Católica, há nas amostragens do Censo 2010 uma linha azul em trajetória ascendente que aponta para a expansão das igrejas evangélicas.

As denominações protestantes atraíram 16,1 milhões de pessoas em dez anos e hoje somam 42,3 milhões adeptos, o que representa 22,2% da população.

Dos que se declararam evangélicos, 60% eram de origem pentecostal, 18,5%, evangélicos de missão (tradicionais) e 21,8 %, evangélicos não determinados. Os pentecostais foram os que mais cresceram: passaram de 10,4% para 13,3% da população em 2010.

Considerada desde sempre um dos símbolos do catolicismo no Brasil, a região Norte chamou a atenção dos pesquisadores. Ali, o número de católicos diminuiu de 71,3% para 60,6%, enquanto os evangélicos aumentaram sua representatividade de 19,8% para 28,5%. O mérito é, quase exclusivamente, das denominações pentecostais.

A grande ameaça à hegemonia católica, entretanto, não reside no aumento do número de evangélicos. Está na idade deles. Segundos os dados do IBGE, a maior proporção de católicos foi identificada entre brasileiros com mais de 40 anos. Já a idade mediana dos evangélicos pentecostais é de 27 anos. E a idade média dos evangélicos tradicionais é de 29 anos. O protestantismo tupiniquim é muito mais jovem do que se supunha.

“A população evangélica tem proporcionalmente mais mulheres e jovens, e menos idosos. Isso significa que apenas pelo efeito da inércia demográfica, ou seja, mesmo que não houvesse novas conversões, o rebanho evangélico já cresceria mais do que o católico”, notou o filósofo Hélio Schwartsman em editorial da Folha de S. Paulo.

O demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, explica que, mantida a tendência das últimas décadas, o número de evangélicos irá superar o de católicos em 20 ou 30 anos.  “O maior país católico do mundo vai deixar de ser católico”, prevê o demógrafo.

Por isso a realidade identificada pelo Censo 2010 foi interpretada por muitos cientistas da religião como a maior crise do catolicismo brasileiro desde a proclamação da República, quando houve a separação formal entre a igreja romana e o Estado.

“O impacto dessa mudança é grande para a Igreja Católica. A Rússia teve revolução e permaneceu ortodoxa. Os Estados Unidos, mesmo com a Guerra Civil, se mantiveram protestantes. Entre os países grandes, mudanças assim só ocorreram em consequência de guerras e revoluções. No Brasil, acontece um processo diferente, a revolução é silenciosa”, diz José Eustáquio.


IURD perde fiéis e Igreja Mundial se consolida

A Igreja Mundial do Poder de Deus, denominação do bispo Valdemiro Santiago, ganhou 315 mil seguidores nos últimos dez anos. Foi o maior crescimento entre as neopentecostais, segmento evangélico onde há maior circulação e disputa por fiéis.

O coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, Cláudio Dutra Crespo, ressalta que no Censo de 2000 a Igreja Mundial nem aparecia na pesquisa e que agora teve 315 mil declarantes, ou seja, pessoas que confirmaram frequentar essa denominação.

“Foi a única denominação nova que se ressaltou no número de declarantes”, afirmou Cláudio Crespo. Enquanto isso, a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), do bispo Edir Macedo, teve uma baixa de quase 230 mil adeptos, passando de 2,102 milhões para 1,873 milhões, uma queda de mais de 10,8% de seu público. É a primeira vez que a IURD aparece perdendo público.

A notícia mais salgada para Edir Macedo é que os dados apontam que a Igreja Universal do Reino de Deus está perdendo fiéis justamente para a Igreja Mundial do Poder de Deus, comandada pelo seu desafeto, o apóstolo Valdomiro Santiago. E há também migração de gente da IURD para os diferentes ramos da Assembleia de Deus.

“A forma como essas igrejas se comunicam com os seus respectivos públicos, que variam de acordo com características sociais e regionais, é fundamental para entender essa questão. A mensagem religiosa que se adapta a uma realidade específica, que envolve uma gama significativa de população, tem chances maiores de encontrar novos adeptos”, explicou o coordenador do IBGE, Cláudio Crespo.

O Avanço Pentecostal

O Censo 2010 especificou que dentre as religiões evangélicas, as que tiveram maior expansão foram as de origem pentecostal, especialmente nos bolsões de periferia dos grandes centros urbanos. O destaque dentre elas é a Assembleia de Deus.

Somadas, as diferentes ramificações da denominação atraíram 3,9 milhões de brasileiros nos últimos dez anos. A Assembleia de Deus tinha 8 milhões de adeptos em 2000 e chegou aos 12, 3 milhões em 2010. Para o bispo Manoel Ferreira, presidente da Assembleia de Deus Ministério de Madureira, os números são ainda mais expressivos.

“O número é maior que o registrado pelo IBGE. A Assembleia de Deus reúne atualmente 16 milhões de pessoas”, afirmou. O instituto não desmentiu o líder assembleiano. A possibilidade existe porque muitos evangélicos deram respostas genéricas à pergunta “qual é sua religião ou culto?”, e foram classificados como “evangélicos não determinados”. A categoria somou 9,2 milhões de pessoas.

A ascensão dos pentecostais também está diretamente associada com a perda de fiéis da Igreja Católica. Enquanto o movimento carismático tenta substituir a velha e cansativa liturgia católica romana por um simulacro de culto pentecostal, com muita música e espontaneidade, muitos católicos decidiram procurar a fonte original.

“Com certeza podemos afirmar que 80% dos que deixam de ser católicos nos últimos dez anos se tornam evangélicos das mais diferentes denominações pentecostais, principalmente em função de essas igrejas contarem com uma linguagem mais urbana, mais metropolitana, própria dos nossos tempos”, disse o pesquisador Cláudio Crespo.

Um representante do setor tradicional do protestantismo brasileiro reconhece os méritos de tais igrejas. Na opinião de Fernando Brandão, diretor-executivo da Junta de Missões Nacionais (JMN), órgão mantido pela Convenção Batista Brasileira, essa variação é resultado do trabalho que os pentecostais têm desenvolvido com ênfase na comunidade e em grupos específicos, como mães solteiras, crianças e jovens.

“A partir da década de 80, as igrejas passaram a intensificar as ações em comunidades carentes. Também se preocuparam em trabalhar com crianças e adolescentes, o que não faz a Igreja Católica, que é mais voltada para os adultos”, avaliou. O líder batista ponderou ainda que a expansão das rádios evangélicas e a atuação dos tão criticados telepastores, que disputam espaço na TV, contribuíram para o avanço protestante.

“Isso tudo era mais ou menos esperado. A questão que intriga os especialistas é saber se há ou não um fundo do poço, um piso abaixo do qual os católicos não despencam” refletiu o filósofo Hélio Schwartsman em sua coluna na Folha de S. Paulo. Uma análise dos números de 2010 sugere que não: o catolicismo pode perder mais.

Isso porque as classes C e D estão cada vez mais inseridas no mercado de consumo, com um surpreendente potencial de compra. São justamente as classes sociais que mais têm integrado as igrejas neopentecostais. Isso significa que tais denominações terão mais chances de investir em evangelização por meio de TV’s e rádios. Além disso, elas podem associar suas doutrinas ao progresso econômico de tais classes.

Os dados do Censo 2010 mostram que mais de 60% dos evangélicos pentecostais recebem até um salário mínimo.

A comparação da distribuição das pessoas por rendimento mensal domiciliar per capita revelou que 55,8% dos católicos estavam concentrados na faixa de até um salário mínimo.

Mas são os evangélicos pentecostais o grupo com a maior proporção de pessoas nessa classe de rendimento (63,7%), seguidos dos sem religião (59,2%). Em outras palavras, os pentecostais estão mais próximos do povo.

O Recuo Católico

Após a divulgação do Censo 2010, a Igreja Católica entrou no confessionário. Cardeais, arcebispos e bispos de todo o País decidiram enfrentar a realidade com amargas doses de autocrítica.

“Perdemos o povo”. Foi com esse tom de resignação que o cardeal Dom Cláudio Hummes, ex-prefeito da Congregação do Clero no Vaticano e ex-arcebispo de São Paulo, lamentou os números do IBGE.

Para o padre Thierry Linard, designado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para comentar a pesquisa, a igreja tem dificuldade em se adaptar às mudanças sociais que o País experimenta.

Na avaliação dele, a instituição não soube acompanhar as migrações que ocorreram tanto do campo para a periferia das grandes cidades do Sudeste quanto para as regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil.

“A forma como a igreja lidou com o movimento migratório brasileiro no século passado pode explicar um pouco o que aconteceu. Os fiéis não encontraram a Igreja Católica aonde eles foram, seja nas periferias das metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo, ou nas cidades mais distantes do País”, disse o representante da CNBB.

Thierry Linard, que também é demógrafo, admite que as denominações evangélicas souberam ir aonde era necessário. “A Assembleia de Deus, por exemplo, tem mais penetração na periferia. Onde surge uma comunidade, logo surge uma igrejinha. No caso da Igreja Católica é muito mais lento: a estrutura é mais pesada”.

O cientista político Cesar Romero Jacob, da PUC-RJ, usa uma interessante metáfora para concordar com o demógrafo católico. “Houve uma mudança na distribuição espacial das pessoas. Todo mundo percebeu. Mas a Igreja Católica é como um transatlântico que demora muito para mudar a rota, devido ao tamanho de sua estrutura burocrática. Já os evangélicos são como pequenas embarcações”, ilustrou.

O demógrafo José Eustáquio diz que a hegemonia católica vai perdendo força nas localidades mais cosmopolitas de cada região, para onde muitos brasileiros migram à procura de trabalho e vão perdendo as referências culturais herdadas da família.

“Na região Norte, por exemplo, a população é, em grande parte, formada por migrantes que, apesar de terem vindo do Nordeste com tradição católica, estavam ali naquela nova região soltos culturalmente. No Nordeste não havia migrantes, ali era a população local com suas tradições herdadas”, detalhou o cientista. 

Outro problema histórico do catolicismo brasileiro é a flexibilidade doutrinária dos seus adeptos. Uma das dúvidas levantadas pelos estudiosos em relação ao Censo 2010 é justamente se os que conciliam catolicismo e outras religiões, como espíritas e umbandistas, se identificaram como católicos ou preferiram a outra identidade.

“Entre os católicos é comum ter pessoas não praticantes. Não se sabe até que ponto são católicos de fato. Nas outras religiões isso não acontece. O que se declara é um participante mesmo. Essa é a grande diferença. O evangélico, por exemplo, participa muito mais. É fiel aos princípios da igreja”, analisou Cláudio Crespo, coordenador de Indicadores Sociais do IBGE.

O cardeal Dom Cláudio Hummes tocou nesta ferida. Para ele, é como se a igreja tivesse deixado sua doutrina num altar. “Não basta fazer uma bela teologia em pequenos grupos se os católicos que foram batizados não são evangelizados”, disse o cardeal.

Qual será o perfil religioso do brasileiro no futuro? O fim inevitável e cada vez mais próximo da hegemonia católica no País desperta a curiosidade dos especialistas sobre como será a identidade cultural das futuras gerações, afinal, a grave mudança no perfil religioso altera também os costumes e a própria consciência coletiva.

Fernando Altemeyer, professor de ciência da religião da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), aposta numa pulverização religiosa.“A tendência é de que a religião seja cada vez mais plural e não concentrada em um ou dois segmentos como acontece hoje”, afirmou. Segundo ele, até dentro da religião evangélica deve ter uma migração entre os fiéis nos próximos anos.

 Mas nem tudo são flores. Indiferente ao tom de triunfalismo com o qual alguns líderes evangélicos comemoram o crescimento da igreja, o teólogo presbiteriano Augustus Nicodemus Lopes, atual chanceler da Universidade Mackenzie, avaliou que do ponto de vista cultural o Brasil pode continuar o mesmo porque as igreja evangélicas estão adotando as velhas práticas da igreja de Roma, incluindo a famigerada idolatria.

“Alguém pode ter sido regenerado pelo Espírito e ainda continuar, por um tempo, a enxergar as coisas com os pressupostos antigos. É o caso dos crentes de Corinto, por exemplo. Alguns deles haviam sido impuros, idólatras, adúlteros. Da mesma forma, creio que grande parte dos evangélicos no Brasil tem a alma católica”, declarou.

Só haverá motivos para comemorar de fato, ressalva o presbiteriano, quando os evangélicos deixarem de copiar as práticas que definiram a identidade católica ao longo dos séculos. As igrejas evangélicas ainda copiam, por exemplo, o sistema papal que impõe a autoridade de um único homem sobre todo o povo. É daí, interpreta o chanceler da Universidade Mackenzie, que surgem tantos autointitulados apóstolos e bispos.

Augustus Nicodemus Lopes também nota que o forte misticismo que o catolicismo brasileiro gradualmente cooptou das religiões afro-brasileiras, presente nos milagres de santos, no uso de relíquias, aparições de Cristo e de Maria, uso de água benta, entre outros, também se infiltrou entre os protestantes.

“Hoje há um crescimento espantoso entre setores evangélicos do uso de copo d’água, rosa ungida, sal grosso, pulseiras abençoadas, oração no monte ou no vale. É infindável e sem limites a imaginação dos líderes e a credulidade do povo. Esse fenômeno só pode se explicado, ao meu ver, por um gosto intrínseco pelo misticismo impresso na alma católica dos evangélicos”, acrescentou o teólogo.

Referendando a avaliação do presbiteriano, os dados do Censo 2010 mostram que a migração de católicos é maior em direção às igrejas pentecostais e neopentecostais, que concentram práticas acima descritas. O perfil religioso será uma fusão do catolicismo com o pentecostalismo?

“O anticatolicismo brasileiro se concentrou apenas na questão das imagens e de Maria, e em questões menores como não fumar, não beber e não dançar. Não foi e não é profundo o suficiente para fazer uma crítica mais completa de outros pontos que, por anos, vêm moldando a mentalidade do brasileiro. Eu me pergunto se, ao final das contas, o neopentecostalismo brasileiro não é, na verdade, um filho da Igreja Católica medieval, uma forma de neocatolicismo tardio”, respondeu Augustus Nicodemus.

Papa quer fiéis mais disciplinados

Fortalecer a doutrina entre os fiéis é justamente uma das missões que o Papa Bento XVI apresentou como prioridade de seu pontificado. Paradoxalmente, isso pode ter causado ainda mais baixas na igreja. Os católicos nominais foram particularmente desconfortados pela exortação do Papa sobre o divórcio e o segundo casamento.

Logo no começo do seu pontificado, Bento XVI assustou os fiéis mais liberais com uma mensagem duríssima contra o divórcio. “Os que se divorciam estão arruinando a vida de muitas crianças, que se sentem órfãs não por ficarem sem pais, mas por terem muitos pais”, declarou o chefe da Igreja Católica para desgosto geral.

Ao condenar de forma contundente a prática disseminada entre os seus, Bento XVI sinalizou que os que se dizem católicos, mas não têm compromisso com a igreja sofrerão constrangimento. Do ponto de vista puramente pragmático, a atitude de confronto do pontífice pode parecer uma espécie de autossabotagem. Mas pode ser que o líder católico prefira uma igreja mais coesa a uma igreja de massas.

Para o filósofo e teólogo Luiz Felipe Pondé, professor da PUC-SP, a perda de fieis é um preço que o pontífice está disposto a pagar em nome de um rebanho mais disciplinado, do ponto de vista doutrinário. Pondé acredita que Bento XVI deixa patente que não está tão preocupado com a quantidade, mas com a qualidade dos fiéis que povoam seu rebanho. E isso está mudando a face da Igreja Católica.

“Bento XVI quer deixar claro que esse montão de descasados ‘peca’, passando para os jovens o exemplo do que não deve ser feito. A lógica dele é a seguinte: ‘Nós não vamos mais fazer acordo com católico meia-boca. Você quer ser católico, mas é separado? Tudo bem, vai continuar católico, mas vamos lembrá-lo que fracassou com a família. Nós não vamos deixar você pensar que descasar é legal porque, afinal, você partiu para outra’. O católico terá a consciência de que se não conseguiu manter a família fracassou no que interessa, pois ela é sagrada, os filhos não são seus, mas são de Deus”, afirmou o filósofo, para quem o Papa é intencionalmente impopular.

Bento XVI não titubeou em criticar também políticos e governos que se associam com a Igreja Católica, mas traem seus dogmas em questões fundamentais. Quando veio ao Brasil em 2007, o pontífice lançou um ataque do próprio voo entre Roma e São Paulo, quando criticou os políticos que se dizem católicos, mas são favoráveis ao aborto.

Aos jornalistas que o acompanhavam no avião, o Papa disse que políticos que agissem daquela forma poderiam ser excomungados. O recado foi enviado para deputados, senadores e políticos que votassem a favor de uma proposta de lei do aborto.

“Bento XVI entende que a Igreja é uma instituição que contempla a eternidade, enquanto a gente está mais preocupado com o que vai acontecer no mundo nos próximos dez anos. Claro, há o risco de perder fiéis, mas o pontífice entende que não deve ter medo do mal e nem fazer acordo com ele”, completou Pondé.

             http://www.pom.org.br/
            http://sentircomaigreja.blogspot.com.br/    (blog católico)
            http://www.exibirgospel.com.br

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