sábado, 15 de março de 2014

A Idoneidade de Jesus Para Ensinar - A Encarnação da Verdade


Ninguém esteve melhor preparado, e ninguém se mostrou mais idôneo para ensinar do que Jesus. No que toca às qualificações, bem como noutros mais respeitos, Jesus foi o mestre ideal. Isto é verdade tanto visto do ângulo divino' como do humano. No sentido mais profundo, Jesus foi "um mestre vindo da parte de Deus". Muitos elementos contribuíram para prepará-lo eficientemente para o magistério. Alguns elementos eram meramente humanos; outros, divinos; alguns lhe eram inerentes, e outros, ele os desenvolveu. Quando os consideramos, nos sentimos estimulados e inspirados para cumprir nossa tarefa de professor.

A Encarnação da Verdade

O elemento mais importante na qualificação de qualquer professor é justamente aquilo que ele é em si. Todos reconhecemos que um só exemplo vale por cem ou mil conselhos. " Aquilo que você é troveja tão alto que não posso ouvir o que você diz." A melhor encadernação para os Evangelhos não é o marroquim: é, sim, a pele humana. Foi este fato que levou o Presidente Garfield a dizer que, no seu entender, a universidade ideal era uma tora de madeira, tendo John Hopkins numa extremidade e um estudante na outra. Foi esta verdade que levou Emerson à dizer que o que mais importa não é o que aprendemos, e, sim, com quem aprendemos. Foi ainda este fato que levou o notável superintendente Stephen Tyng a responder a um quesito do regimento interno de sua Escola
Bíblica Dominical: "Sinto muito, mas não posso concordar".

"A verdade encarnada é a única verdade espiritual que consegue apelar de modo efetivo. Por isso, cada professor deve sentir bem fundo em seu coração que sua pessoa é a lição que mais apela ao coração do aluno." Isto de fato é assim, porque a verdade mais se apanha do que se ensina. A influência inconsciente é mais poderosa do que a consciente. "As palavras do professor só chegam até onde as projeta a força propulsora duma vida piedosa." É o peso do machado que o faz penetrar mais fundo na árvore que se quer derrubar. Por isso o professor de Escola Bíblica Dominical deve ser alguma coisa para poder eficientemente dizer alguma coisa. "A vida do professor é a vida' do seu ensino."

Foi aquilo que eles foram que conseguiu dar ao mundo professores da estatura de Arnold, de Rugby; de Phelps, de Yale; de Broadus, do Seminário do Sul; e de Carroll, do Seminário do Sudoeste.

Jesus foi a encarnação viva da verdade. Ele disse: "Eu sou... a verdade" (João 14:6). Ele foi cem porcento aquilo que ensinou. Fosse qual fosse o assunto, ele o encarnava e ensinava com transbordamento de toda a sua vida. S. D. Gordon disse: "Jesus tinha já feito antes de fazer, viveu aquilo que depois ensinou viveu tudo antes de ensinar, e viveu tudo bem mais do que pôde ensinar." C. S. Beardslee assim se expressou sobre Jesus: "Sua grande alma deu lugar bem grande para que o Espírito Santo o ungisse inteira e completamente... Olhando para os olhos dele, você vê a luz em sua inteireza... Ele tinha ilimitadas reservas de verdade, de majestade, de beneficência, de entusiasmo, de paciência, de persistência, de longanimidade... Ele mostrou aos
que dependiam de outros como deviam confiar; aos servos, como servir; aos governadores, como dirigir; aos vizinhos, como serem amigos; ao necessitado, como orar; ao sofredor, como suportar; e a todos os homens, como morrer... Ele é o ensino modelar para todas as épocas."

Esta encarnação da verdade proveio de duas coisas. Do fato de ele ser Deus e possuir as perfeitas qualidades de Deus. Foi ele o único ser perfeito. Ele difere de nós em qualidade e também em grau. Por isso jamais poderemos nos aproximar de sua perfeição. Também a sua encarnação da verdade proveio do fato de ele ter estudado e experimentado a verdade, e feito dela parte de si
mesmo. "Jesus crescia em sabedoria" (Luc. 2: 52). Jesus aprendeu como filho e como irmão dentro de seu lar, pelo estudo e freqüência à sinagoga, e também com as experiências naturais da vida humana. Experimentou tentações que diziam respeito à conservação de sua própria vida, à consideração social e à ambição do poder. O escritor da Carta aos Hebreus diz: "Convinha que ele (Deus)... fizesse dele, pelo sofrimento, o pioneiro da perfeita salvação deles" (Heb. 2:10).

A encarnação da verdade pelo mestre afetava o seu ensino pelo menos de duas maneiras. Em primeiro lugar, dava-lhe um tom de autoridade que se não via nos escribas e rabinos do seu tempo — os professores oficiais dos dias de Jesus. A sabedoria destes era mais aquela vinda de fora, era matéria de oitiva, ensinavam mais citando autoridades e a tradição. A sabedoria de Jesus vinha de dentro e não precisava de escoras ou de confirmação. "Este mestre era diferente. Não citava ninguém, e apresentava sua própria palavra como suficiente." Portanto, ensinava com clareza meridiana, com convicção e poder. O povo "se admirava do seu ensino, porque ele os ensinava como quem tinha autoridade, e não como os escribas" (Mar. 1:22). O fato de viver aquilo que ensinava também inspirava confiança naquilo que dizia. O povo viu corporificado no que ele praticava aquilo que ele queria que eles fizessem. Anotavam como ele se comportava diante da tristeza, da crítica, do desapontamento, da perseguição. O seu modo de viver reforçava e dava peso àquilo que dizia. "A maior coisa que seus discípulos aprenderam de seus ensinos não foi a doutrina, e, sim, sua influência. Até a última hora de suas vidas, a maior coisa foi o terem eles estado com Jesus." Por isso, "designou doze para estarem com ele" (Mar. 3:14).

Como mestres humanos podemos demonstrar em nossa vida "o delineamento do Cristo que mora em nós". Somente assim podemos estar na altura deste primeiro teste de habilitação ou idoneidade.


Fonte: Livro - A Pedagogia de Jesus - Price, J. M.

Pesquisador: Pastor Charles Maciel Vieira

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