quinta-feira, 2 de junho de 2011

IGREJA - COMO ERA A VERDADEIRA IGREJA QUE JESUS FUNDOU.



Estaremos tratando aqui da: Origem, Unidade, Comunhão, Liberdade do Espirito, e da Disciplina.

Origem e Desenvolvimento
Em cumprimento das promessas do Senhor, no dia de Pentecostes, o Espírito Santo veio sobre aqueles que estavam reunidos em Jerusalém (At 2:1-4). Desde esse momento, a Assembléia, ou Igreja, começou a existir. Em lugar do templo, Deus passou a ter sobre a Terra "uma morada no Espírito"(Ef 2:22) no meio daqueles sobre quem foi derramado o Espírito Santo — e desde então nunca mais teve outra.

Logo, a Assembléia que o Senhor prometeu construir, tinha começado a sua existência. Era composta por todos os que tinham crido no Senhor Jesus e tinham sido batizados no Espírito Santo. Quando se verificou esse extraordinário acontecimento, aqueles que o Senhor tinha chamado, os apóstolos, com Pedro à frente, começaram a pregar o evangelho (At 2:14). Muitos crêem na Palavra de Deus, são salvos, batizados e acrescentados... A quê? A Assembléia (At 2:47). Até aquela altura, a Igreja não tinha ultrapassado os limites de Jerusalém. Mas em breve a obra estende-se. Dos judeus passa aos samaritanos e, logo em seguida, aos gentios (At 8:10). E por toda parte onde almas são convertidas ao Senhor, congregam-se e formam assembléias ou igrejas locais que, no Novo Testamento, não recebem outra designação a não ser "igrejas de Cristo", com a indicação da cidade ou da localidade onde se encontram. Assim, fala-se das igrejas da Judéia, da Samaria e da Galiléia (At 9:31); da igreja de Antioquia, das da Síria e da Cilícia, da Galácia e da Ásia (At 13:1, 15:41; Gl 1:2; 1 Co 16:19); da igreja de Deus em Corinto, da dos Tessalonicenses em Deus o Pai, das igrejas de Cristo (1 Co 1:1; 1 Ts 1:1; Rm 16:16). E os que formam essas assembléias são chamados "os santos",  "os irmãos" (At 26:10; Ef 1:1; At 11:29 — seria demasiado longo citar todas as passagens que contêm essas expressões).


A Unidade
Todavia, embora houvesse igrejas locais em diversos lugares, uma grande verdade, um fato notável sobressai do conjunto das Escrituras do Novo Testamento: todas essas igrejas formavam sobre a Terra um só corpo — a Assembléia de Deus ou a Igreja de Deus, da qual cada assembléia local era a expressão viva ali, onde se encontrava.
Por isso o Senhor diz: "Edificarei a minha Igreja". Portanto, ela é uma. O apóstolo Paulo fala aos anciãos da igreja de Éfeso, da "Igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue". A Timóteo ele diz: "A casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo". Ainda aqui vemos que ela é somente uma. "Fomos todos batizados num só Espírito, para sermos um só corpo, quer se trate de judeus ou de gregos, de escravos ou de homens livres; e todos fomos dessedentados pela unidade de um só espírito"— diz ainda o mesmo apóstolo aos Coríntios. "Há um só corpo e um só Espírito", e esse corpo é a Assembléia, porque Paulo diz ainda:".. .e, sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo". "Ele é a cabeça do corpo" (At20:28; 1 Tm 3:15; 1 Co 12:13; Ef 4:4; 1:22-23; Cl 1:18).
Todas essas passagens demonstram a unidade da Igreja, e note-se que se trata, em todas elas, da Igreja sobre a Terra, da sua manifestação neste mundo como um só corpo. Em qualquer lugar onde houvesse cristãos reunidos, eles eram ali, assim juntos, a expressão viva da Assembléia universal de Deus ou de Cristo, sem que nenhum outro nome os distinguisse, a não ser, talvez, os nomes de desprezo que lhes davam os seus inimigos, tais como, por exemplo, os de "nazarenos", "seita impugnada por toda parte", "O Caminho", etc. (At 24:5; 28:22; 9:2; 24:14).
Havia, portanto, embora em diferentes lugares, uma única Assembléia cristã, a Assembléia de Deus, claramente distinta como corpo de tudo o que a rodeava, fossem judeus ou gentios, como o prova a seguinte passagem: "Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus" (1 Co 10:32).
Fica, pois, claro que, quando uma alma tinha sido convertida ao Senhor, não tinha de procurar qual era a congregação a que deviam unir-se. Não havia mais do que uma assembléia de Deus em cada lugar, e a alma que tinha crido em Jesus, por essa mesma razão passava a fazer parte da Igreja dEle, e era a ela incorporada. Ficava então a fazer parte do corpo, ou seja, da Igreja de Deus em todo e qualquer lugar.
Facilmente se compreende que, tratando-se de um centro urbano de certa importância, poderia haver ali um ou vários pontos de reunião, mas a Igreja ou Assembléia era a mesma — era uma. Era distinta do mundo e uma, segundo o voto expresso pelo Salvador na Sua oração: "para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste"(Jo 17:14 e 20-21).
Entrava-se ali, não por se aderir a um credo qualquer, não após uma instrução mais ou menos longa, mas pela conversão, "pela lavagem da regeneração e a renovação do Espírito Santo"(At 16:31-34; 2:38 e 41; Tt 3;5).

A Comunhão
As assembléias locais estavam em comunhão visível e palpável umas com as outras, porque todos aqueles que as formavam se consideravam membros do mesmo corpo (Rm 12:4-5; 1 Co 12:12 e 26-27). Numa mesma assembléia local, esta comunhão dos membros do corpo uns com os outros achava a sua expressão à Mesa do Senhor, no partir do pão. Diz o apóstolo: "Porventura, o cálice de bênção que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é, porventura, a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo porque todos participamos do mesmo pão" (1 Co 10:16-17).
Portanto, sendo todos os crentes membros do corpo de Cristo — a Igreja — a mesa à qual se sentavam, embora em diferentes lugares, era uma só e mesma Mesa do Senhor. Aquele que se achava sentado à Mesa do Senhor em Corinto e ali partia o pão, em plena comunhão, sentava-se também à Mesa do Senhor em Roma e podia de igual modo ali partir o pão. A unidade, do mesmo modo que a comunhão entre as assembléias locais, era assim expressa e guardada. Mas era-o também de outra maneira: vemos a assembléia de Antioquia enviar socorros aos irmãos necessitados da igreja de Jerusalém (At 11:27-30). Essa mesma assembléia envia Paulo e Barnabé com alguns outros a Jerusalém para exporem aos apóstolos e aos anciãos uma questão relativa à observância das cerimônias judaicas pelos gentios. Deviam eles observá-las ou não? Decisão tomada, fica confirmada a comunhão das igrejas locais da Judéia e dos gentios (At 15:30-31; 16:4-5). Outro fato que prova essa unidade e comunhão são as cartas de recomendação dadas aos cristãos que se dirigiam de uma assembléia a outra  (At 18:27).

A Liberdade do Espírito
A essa liberdade se refere ainda o livre exercício dos dons nas assembléias. Os obreiros do Senhor, sem receberem ordens de nenhum homem nem de nenhuma organização humana, conduzidos apenas pelo Espírito Santo, vão evangelizar ou apresentar-se nas diversas assembléias, para ensinarem ou edificarem, segundo o dom que receberam do Senhor (At 9:20; 8:4, 5, 26 e 40; 18:24-27; 1 Co 16:12, etc). Ninguém se intitula nem é chamado pastor de uma assembléia, porque Pastor há um só, que é o Senhor. Todavia, em cada assembléia há vários anciãos (chamados, por vezes, bispos ou vigilantes), mas não se encontra nenhum traço de hierarquia, nem de consagração ou ordenação para além daquela que provém do Espírito Santo. Não há, portanto, nenhuma espécie de clerezia na primitiva cristandade.
Os santos, isto é, os crentes sinceros, se reúnem em volta do Senhor para partir o pão, em memória da Sua morte (At 20:7; 1 Co 14:26-33). Se numa reunião alguém tem um salmo, um ensinamento, ou o que quer que seja, dado por Deus para edificação da assembléia, atua com plena liberdade (1 Co 14:26-33). Se, por exemplo, alguém possui um dom, como um apóstolo, e se encontra presente, a assembléia fica contente por poder ouvi-lo. Mas não vemos nem regulamentos nem organizações de espécie alguma, nem constituição! O Espírito Santo presente na assembléia (sendo reconhecida essa presença) é o seu guia — e havia ainda os ensinamentos dos apóstolos.

A Disciplina
Podia haver uma ou mais desordens e podiam introduzir-se erros diversos, porém, nesses casos, a disciplina era exercida segundo a direção dada pelos apóstolos. Sendo caso disso, expulsava-se o malfeitor, a igreja separava-se do herege (1 Co 5:13; Tt 3:10-11; 2 Jo 9-10). Estas indicações eram consideradas suficientes. Em Corinto, por exemplo, onde se encontravam ao mesmo tempo o mal moral e o mal doutrinário, o apóstolo não constitui nenhuma autoridade nem de um só homem nem de vários, para manterem a ordem e a pureza da doutrina. É a própria assembléia que deve purificar-se do mal, seguindo as exortações do apóstolo inspirado, cujas palavras são os mandamentos do Senhor (1 Co 5:2-7; 14:37). A igreja, isto é, toda a assembléia era responsável de se separar do mal, de manter a ordem, de guardar a sã doutrina.

Conclusão
Tal era, naqueles tempos, a Igreja de Deus na Terra, a todos visível. Ela era uma, sem outra designação que não fosse a de Assembléia de Deus ou Assembléia de Cristo. Entrava-se ali pela conversão, embora houvesse um sinal exterior dessa entrada na confissão cristã — o batismo.
Exercia-se ali um ministério livre, segundo o dom da graça recebido — e a disciplina, levada a cabo pela própria Igreja, excluía o malfeitor e o herege. Desta forma, a Assembléia ou Igreja era, diante do mundo, um testemunho único e vivo da presença do Espírito Santo, da glorificação de Cristo e do poder vivificante da graça.


Fonte: A. Ladrierre - O Caminho de Deus em Tempos Difíceis



Pesquisa: Pr. Charles Maciel Vieira


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