terça-feira, 1 de janeiro de 2019

FRUSTRAÇÃO PASTORAL


Vale a pena gastar 1 minuto do seu tempo para ler este relato de um pastor aos 40 anos de ministério...

FRUSTRAÇÃO PASTORAL

Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho

              Num retiro de pastores, um colega me indagou qual a minha frustração pastoral após quatro décadas como pastor. Respondi que era ter que preparar mamadeiras para crianças que nunca cresceram espiritualmente. A maior parte do tempo e das emoções de um pastor (e da igreja) é gasta cuidando de gente que não amadurece.

Um colega disse que em sua igreja ele precisa telefonar para todos os membros ou visitá-los durante a semana, senão eles não vão à igreja, por que “não foram tratados como merecem”. Em uma igreja, um crente se escondia atrás de uma coluna e no dia seguinte telefonava para saber se o pastor sentira sua falta. Igreja é hospital, recebe doentes, mas é lugar de cura. Há doentes que se recusam à cura. Querem afagos. O Espírito Santo não produz doença, e sim saúde. Mas as igrejas estão cheias de doentes emocionais. Um diácono, líder de visitação numa igreja, falou-me de um irmão que mudara de denominação porque na nova tratavam-no como se fosse a primeira vez que lá chegara. Este não entendeu o evangelho!

Há igrejas que falam muito de cura. Nesta semana ouvi pela tevê um pregador repreender (?) câncer, reumatismo, tumores e todas as doenças. E as doenças espirituais? Nunca vi alguém repreender a infantilidade, melindres e criancice emocional. Quando eu era criança, havia a figura do garoto que era “pereba”, como a gente dizia (ruim de bola), mas era o dono da bola. Até pênalti ele batia. E perdia! Se não, levava a bola para casa. Em criança, vá lá. Em adulto pega mal!

Parte do tempo para treinar pessoas para o serviço cristão se perde com bebês espirituais. Muito de nossas emoções se gasta afagando criancinhas em Cristo. Poderíamos investi-las na busca de pessoas para Cristo.

O alvo de Deus para nós é chegarmos “ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo; para que não sejamos mais inconstantes como crianças…” (Ef 4.13-14). Devemos ser crianças na malícia, mas adultos no entendimento (1Co 14.20). Crianças espirituais impedem a marcha da igreja de Jesus. São clientes e não soldados engajados na luta!

Graças a Deus que a igreja não se compõe só de deficientes espirituais. Há adultos espirituais, confiáveis, “pau pra toda a obra”. Em Monte Dourado, o irmão Sales, meu hospedeiro para os cursos de treinamento da COBAP, falava-me de alguns irmãos da igreja e dizia: ”São gente com que se pode contar a qualquer hora. Se a igreja precisar deles às 3 da manhã eles estarão lá”. Cá na Central também os há!

Frustram-me crianças espirituais que demandam cuidados para darem um mínimo de resposta à igreja.  Mas realizo-me com tantos adultos, “pau pra toda a obra”. Deus tenha misericórdia das crianças. Que elas tenham juízo e cresçam. Deus seja louvado pelos maduros. Que eles nunca desanimem!


Pastoral do boletim da Igreja Batista Central de Macapá

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