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quinta-feira, 2 de junho de 2011

BATALHA ESPIRITUAL - Pr.Caio Fabio - 3ª Parte

 

Discernindo Práticas e Percepções Perigosas

Há algumas percepções e práticas que precisam ser discernidas por nós, das quais estaremos tratando, neste capítulo.
Inicialmente, a primeira prática perigosa é a da autonomia total do diabo.
Em muitos aspectos o movimento da batalha espiritual está dando uma autonomia ao diabo que ele não tem. O diabo continua servo, continua diabo.
Às vezes, vêem-se pessoas tratando o diabo como se ele estivesse em pé de igualdade com o Senhor, dando a ele uma autonomia - agora sim - diabólica. Cuidado! Dar autonomia ao diabo é diabólico.
Quem inventou essa heresia foi um dos pais da Igreja, em 165 da era Cristã, chamado Justino Mártir. Ele começou a afirmar que o diabo era absolutamente autônomo, o que fez surgir uma série de outras heresias que lhe foram decorrentes e paralelas.
No Velho Testamento, vê-se o diabo abaixo de Deus. Ele é um rebelado, mas continua um servo, ainda que rebelado. As aparições de Satanás, no Velho Testamento, são extremamente subservientes. Observa-se isso com relação à vida de Jó. Tudo que Satanás lhe faz à vida é com a permissão de Deus:
"Disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor." (Jó 1:12).
Observe-se, também, no espírito maligno que põe mentira na boca dos falsos profetas nos dias do profeta Micaias:
"Então saiu um espírito, e se apresentou diante do Senhor, e disse: Eu o enganarei. Perguntou-lhe o Senho:. Com quê? Respondeu ele: Sairei, e serei espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Disse o Senhor: Tu o enganarás, e ainda prevalecerás; sai, e faze-o assim." (I Reis 22:21-22).
No Novo Testamento, vê-se o diabo julgado na cruz e com os seus dias contados, dizendo por meio de seus demônios:
"(...) Que temos nós contigo, ó Filho de Deus! Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?" (Mateus 8:29).
Segunda prática perigosa que precisa ser discernida é aquela que diz que Deus está impotente sem a participação humana. Ou seja: se não orarmos, Deus não age; se não pedirmos, Deus não atende; se não declararmos, Deus não Se manifesta; se não autorizarmos, Deus não atua; e sem nós falarmos, Deus não faz nada. Segundo essa teoria, Deus precisa nos comunicar primeiramente o "pretende" fazer, para depois agir. Isso é completamente diferente do que vemos, de fato, Deus fazer.
Por exemplo, tive alguns amigos de drogas e de maluquice. Cinco anos depois de ter-me convertido, um deles procurou-me apavorado em casa, chorando e trêmulo. Eu lhe perguntei:
" - O que houve?"
Ele me respondeu:
"- Você não vai acreditar!... Eu e meu irmão estamos numa crise financeira enorme...
E resolvemos colocar fogo no maior edifício da cidade, onde fica a nossa loja. Isso porque fizemos um seguro e, em caso de perda do imóvel, ganharíamos uma fortuna Pois não é que, quando na semana passada estava tudo preparado para darmos esse golpe, antes de sair de casa, sentado no sofá, entrou um ser estranhíssimo na minha sala, cheio de luz. Eu fiquei tremendo todo, não podendo me mexer de tanto medo. Ele me disse: '- Eu vou lhe mostrar o que você vai fazer.' Ele passou a mão no meu rosto e vi o prédio em chamas, famílias morrendo, choro, morte, destruição... Meu irmão chegou em casa, e viu aquele ser e as mesmas coisas que eu tinha visto. Ficamos os dois paralisados. Ele foi embora, e mandou-nos que o chamássemos. Eu o estou chamando porque Ele mandou."
Havia alguém orando por aquela situação? Havia alguém intercedendo para que aquela tragédia fosse evitada? Não. Mas Deus é livre! Deus continua a interferir nos fatos, nas situações e na História como Ele bem entende.
Talvez algumas das ironias da Bíblia sejam essas: quem estava orando pela conversão de Saulo de Tarso? Quem? Não se sabe que alguém tenha orado por isso e reivindicado, dizendo:
"- Aleluia! Eu estava orando há 15 anos pela conversão do nosso irmão Saulo."
Que nada! Quando ele se converteu, muitos já pensavam em desertar.
Ou, ainda, a conversão de Cornélio, um pagão. Ele era pagão, mas gente boa, do tipo espírita kardecista, que dava esmolas, fazia caridade. Até que um dia, um anjo do Senhor lhe aparece e diz:
"(...) As tuas orações e as tuas esmolas subiram para memória diante de Deus. Agora envia mensageiros a Jope, e manda chamar Simão, que tem por sobrenome Pedro." (Atos 10:5).
E Cornélio manda emissários a Pedro para que marquem um encontro, no qual a tônica da conversa será sobre a soberania de Deus, O qual não faz acepção de pessoas. Deus utiliza quem bem Ele entende para o cumprimento da Sua vontade, ainda que aos olhos humanos os instrumentos sejam inadequados:
"Aconteceu que, vindo Pedro a entrar, lhe saiu Cornélio ao encontro e, prostrando-se-lhe aos pés, o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Ergue-te, que eu também sou homem. Falando com ele, entrou, encontrando muitos reunidos ali, a quem se dirigiu, dizendo: vós bem sabeis que é proibido a um judeu ajuntar-se ou mesmo aproximar-se a alguém de outra raça; mas Deus me demonstrou que a nenhum homem considerasse comum ou imundo; por isso, uma vez chamado, vim sem vacilar. Pergunto, pois, por que razão me mandastes chamar? Respondeu lhe Cornélio: Faz hoje quatro dias que, por volta desta hora, estava eu observando em minha casa a hora nona de oração, e eis que se apresentou diante de mim um varão de vestes resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas lembrados no presença de Deus. Manda, pois, alguém a Jope a chamar Simão, por sobrenome Pedro; (...) Portanto, sem demora, mandei chamar- te, e fizeste bem em vir. Agora, pois, estamos todos aqui, na presença de Deus, prontos para ouvir tudo o que te foi ordenado da parte do Senhor. Então falou Pedro, dizendo: Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; pelo contrário, em qualquer nação, aquele que o teme e faz o que é justo lhe é aceitável. Esta é a palavra que Deus enviou aos filhos de Israel, anunciando-lhes o evangelho da paz, por meio de Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos." (Atos 10:25-36).
Outro exemplo dessa liberdade de Deus ocorre na vida de Pedro, quando este é tirado da prisão. A igreja estava orando, porém não acreditava em que aquilo por que orava fosse se concretizar:
"Então Pedro, caindo em si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo judaico. Considerando ele a sua situação resolveu ir à casa de Maria, mãe de João, cognominado Marcos, onde muitas pessoas estavam congregadas e oravam. Quando ele bateu ao postigo do portão, veio uma criada, chamada Rode, ver quem era; reconhecendo a voz de Pedro, tão alegre ficou, que nem o fez entrar, mas voltou correndo para anunciar que Pedro estava junto do portão. Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em afirmar que assim era. Então disseram: É o seu anjo. Entretanto Pedro continuava batendo; então eles abriram viram-no e ficaram atônitos." (Atos 12:11-16).
Deus continua sendo Deus, apesar da vontade e da incredulidade humanas.
A terceira percepção perigosa - possivelmente a mais perigosa dentre as demais - que anda por aí é a que ensina a buscar conhecimento das coisas profundas de Satanás, em Satanás. Podemos chamar essa percepção de Síndrome de Tiatira. Isto porque na igreja de Tiatira havia um grupo de crentes que se julgava sabedor das "coisas profundas de Satanás".
"Digo, todavia, a vós outros, os demais de Tiatira, a tantos quantos não têm essa doutrina e que não conheceram como eles dizem, as coisas profundas de Satanás: Outra carga não jogarei sobre vós". (Apocalipse 2:24).
Há pessoas querendo aprender como lidar com o diabo, fazendo "entrevista" com o demônio. Algumas pessoas me falam certas coisas, e eu lhes pergunto:
"- Onde foi que vocês ouviram isso? Isso não encontra respaldo algum na Bíblia!"
" - Foi um demônio que nos falou. – respondem-me. - Nós queríamos saber como e por que ele agia de tal maneira; nós o 'amarramos' e lhe ordenamos, e ele nos disse."
É impressionante, e, ao mesmo tempo, paradoxal: aprender a verdade com o mentiroso. Engana-se quem pensa que pode encontrar alguma verdade no diabo. Jesus disse:
"(...)Ele [o diabo] foi homicida desde o princípio e jamais se firmou na verdade, porque nele não há verdade. Quando ele profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira". (João 8:44)
Mesmo assim, vem um irmãozinho e diz:
" - Diabo! Fala aqui! Explica a sua natureza! Eu o quero analisar."
É uma sessão de "psicanáIise demonológica", durante a qual o diabo fala um monte de mentiras, as quais são creditadas como verdades e passadas adiante para outras pessoas. Cuidado! Muitas das coisas misteriosas que se ouvem acerca do diabo, que, se procuradas na Bíblia, não serão achadas, procedem de confissões do próprio diabo a pessoas que estão dentro da igreja e que acreditam em tais declarações dele, muitas vezes não percebendo que essas confissões vão de encontro com o que a Bíblia diz.
A quarta percepção perigosa é a que traz consigo o enfraquecimento da obra da cruz e a hipertrofia da fé humana. A cruz, em alguns lugares, está cada vez mais fraca, não parecendo que nela as maldições foram quebradas, tal como Paulo nos afirma:
"Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar, porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro". (Gálatas 3:13).
Com isso, transformam-se exceções em regras e regras em exceções.
A quinta percepção perigosa é a que traz consigo a minimização do papel da conjuntura social e da ambiência histórica. Há quem pense que o diabo pode fazer a História. O diabo não pode fazê-la, porém. Há apenas Um, que é o Senhor da História; o diabo é apenas participante dela, mas com um poder enorme para influenciá-la. Ainda que tenha tal poder de influenciá-la, o diabo está sujeito a ela, não sendo o mentor da História, mas somente parte dela. Eu, particularmente, acredito que o diabo piora com a sociedade. O diabo está mais diabo a cada dia. O diabo apenas muda para pior.
Certa vez, ouvi um irmão pregando que o diabo ia se converter. E quando ele terminou de pregar, um grupo de pastores correu em sua direção, sacudiram-no, perguntando-lhe:
" - Que negócio é esse, irmão?! De onde é que você tirou isso... de que o diabo vai se converter?!"
Ele olhou para um daqueles pastores que estavam à sua volta, e disse:
" - Você não se converteu?! Se você pôde, por que o diabo não pode?!"
É importante que saibamos que o diabo age dentro da conjuntura. O diabo do Velho Testamento é quase inocente perto do diabo descrito nas cartas de Paulo. Uma coisa era ser diabo para Adão e Eva; outra coisa é ser diabo em Roma, o que exige muito mais sofisticação. Ser diabo em Nova York e em Paris, por exemplo, muito mais ainda. No Rio de Janeiro... nem é bom pensar.
Num certo sentido, a Bíblia diz que o diabo está dentro da História, conquanto não a dirija. Ele - o diabo - e seus demônios estão limitados e condicionados pela História, agindo dentro dela, porém não lhe sendo senhores. Há um só Senhor sobre todas as coisas, e é Aquele que ressuscitou dentre os mortos, qual seja, Jesus Cristo, o nosso Senhor.
A sexta percepção perigosa se refere à falta de modelos bíblicos, que tem absolutizado os modelos experienciais, os quais, quase sempre, são muito relativos. Isto quer dizer que falta o modelo bíblico do discernimento das coisas espirituais. Quais são os modelos que temos? Toda vez que se ouve falar de batalha espiritual, pode-se estabelecer alguma relação, ou com a Argentina, ou com a Coréia (o modelo oriental), ou, ainda, com os Estados Unidos, especificamente com a Califórnia (o modelo americano).
Mas o que se quer é o modelo bíblico! Não importa o que alguém na Argentina, na Coréia ou nos Estados Unidos diz; mas o que importa é o que a Bíblia diz.
Quando os nossos modelos e referenciais não são os da Palavra de Deus, mas experienciais, ocorre o surgimento da teologia demonológica, por meio da qual se ensina e se acredita naquilo que demônios e bruxos dizem, tornando-se eles os principais objetos de nosso estudo e atenção.
Todos nós temos de ser crentes, mas crentes na Palavra de Deus, baseando nossas vidas nela, e, em nome de Jesus, não devemos nos impressionar com coisa alguma que não proceda da Bíblia. Paulo alerta-nos sobre tal perigo, dizendo-nos:
"Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema." (Gálatas 1:8).
O que é necessário saber ou sobre Deus, ou sobre o diabo está na Bíblia. O que for além dela é mentira.

Fonte: Batalha Espiritual - Caio Fabio


Pesquisa: Pr. Charles Maciel Vieira

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