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quinta-feira, 2 de junho de 2011

BATALHA ESPIRITUAL - Pr.Caio Fabio - 4ª Parte

 

Discernindo Principados e Potestades

"Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e, sim, contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes..." (Efésios 6:10-12).
Em relação ao texto acima, gostaria de abordar uma temática presente nele que é a do discernimento de quem são os principados e as potestades invisíveis acerca dos quais Paulo faz alusão.
No contexto em que esse texto se insere, Paulo está claramente falando de realidades transcendentais, quando diz que "a nossa luta não é contra o sangue e a carne"; que nossa luta não é contra o palpável, que é tocável. Paulo projeta a nossa percepção para um outro nível, para uma outra dimensão, ao dizer que a nossa luta é "contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nos regiões celestes."
Eu, pessoalmente, concordo plenamente com a afirmação de que não há uma trama em torno daqueles que são os instrumentos da maldade no mundo visível. Em geral, não há. Aqui e       ali, encontram-se alguns mais conscientes, mas, no     geral, aqueles que são instrumentalizados, "marionetados", que são conduzidos por essas forças invisíveis não se dão bem conta de como estão fazendo parte de um projeto diabólico, portanto, destrutivo. Entretanto, como já se disse, encontro alguns com uma certa consciência. Eu tenho me encontrado, nas reuniões de que participo, com pessoas de religiões as mais diversas (budistas, krishinas, espíritas, umbandistas), todas preocupadas com o problema grave da fome, da miséria e da violência. Nessas reuniões e em outros encontros, ao lidar com tais pessoas - de grupos religiosos diferentes, com perspectivas distintas - percebe-se que, em princípio, elas ficam inteiramente "armadas" devido à presença de um pastor, achando que se vai agredi-las com um "bastão espiritual", expulsando-as dali, dizendo:
" - Saaaaai!... Em nome de Jesus!"
Nota-se que a presença de um pastor entre eles gera algum tipo de constrangimento e desconforto, até porque, certa vez, um dos presentes a uma daquelas reuniões, disse-me que já havia lido alguns dos meus livros. Mas, isso foi dito com ar de preocupação, antes do início da reunião. Ele assim me falou, com um ar grave:
" -Li alguns livros seus..."
Ao final daquele encontro, já sorridente, ele me falou outra vez:
"– É querido, eu já li alguns livros seus, sabia?!"
Acredito que ele estava pensando que eu fosse tratá-lo, na reunião, com a mesma intensidade com a qual abordo os temas espirituais em alguns dos meus livros.
Mas, o que foi importante naqueles encontros de cidadania e de conversa sobre os problemas não só da cidade do Rio de Janeiro, mas também de outros de algum modo relevantes para todo o país, é que foi possível encontrar a maior humanidade possível naquelas pessoas. De modo que se fica com um ódio terrível do diabo, que as está usando; porém cheio de misericórdia, de compaixão e de ternura por elas. Dentre elas se verifica, aqui e ali, uma pessoa ou outra um pouco mais arguta, mais perspicaz, ou outra com mais discerni- mento. Mas, no geral, são pessoas que não sabem que estão envolvidas com o mal.
Todavia, é bom que se diga o seguinte: conquanto a maior parte dos instrumentos usados pelos principados e pelas potestades não saibam o quão usados são e nem saibam o tamanho e a dimensão da grande trama espiritual na qual estão envolvidos, aqueles que os usam sabem. Ou seja, se não há uma intenção por parte dos indivíduos e dos instrumentos utilizados, há uma intenção por parte daqueles que os usam.
Nesse sentido, o que Paulo está dizendo é que há uma grande trama cósmica. Em outras palavras, ele diz:
" - A nossa luta não é contra a carne, nem contra o sangue. Isso porque, no nível pessoal, no nível individual, no nível do instrumento, no nível daqueles que são usados, a coisa é simples de resolver. O discernimento das coisas espirituais tem que ir para além do nível imediato, sendo imprescindível perceber a grande trama diabólica no nível cósmico, no qual atuam os principados e potestades, que não são seres 'burros' mas inteligentes."

Em 1978, eu saía do escritório da VINDE, em Manaus - naquela época recém-criada, funcionando num porão de uma casa - para ir a minha casa almoçar. Quando voltei do almoço, encontrei um funcionário, que estava encostado na parede, e, junto dele, alguém o ameaçava com uma faca enorme em seu pescoço.
Porém, antes de eu entrar no escritório, um irmão paraibano me disse o seguinte:
"- Não entra, não!... que ele fura o bucho."
Eu não entendi nada.
" - O que meu irmão?!"
" - Não entra, não, que ele fura o bucho" - falou ele depressa.
" - Fale devagar para que eu possa entender." - pedi.
" - Não en-tra que e-le fu-ra o bu-cho" - ele falou pausadamente, enfiando o dedo na minha barriga.
Eu lhe perguntei:
" - Mas quem é que vai furar o bucho?"
Ele me levou até a porta e disse:
" – O possesso! Olha lá ele!"
Da porta, eu pude ver o Eraldo, nosso funcionário, encostado à parede, com um endemoninhado apontando uma faca em seu pescoço, e pedindo-lhe:
" - Fala aquele nome fala! Fala aquele nome fala!"
Eraldo, timidamente, tentou dizer:
" - Em nome de... de... de... de..."
Ele - Eraldo - era novo na fé naquela ocasião. A secretária havia fugido para o banheiro. Outros dois funcionários haviam se trancado numa sala anexa. O endemoninhado, porém, insistia com Eraldo:
" - Fala aquele nome, fala! Fala aquele nome, fala"
Eu perguntei àquele irmão paraibano:
" - Há quanto tempo ele está aqui fazendo isso?"
" - Há mais de uma hora."
Logo em seguida, aquele irmão me perguntou:
" - O que o senhor vai fazer, pastor?"
" - É uma boa pergunta." – eu lhe disse " - Isso exige muita reflexão. Eu não sei o que eu vou fazer. Mas, uma coisa eu sei que vou fazer: vou conversar com o meu pai."
Entrei no carro e me dirigi à igreja do meu pai. Chegando lá, logo desabafei:
" - Papai, eu estou numa situação assim, assim, assim... O que eu faço?"
"- Não sei, meu filho! Vamos orar e ver o que é possível fazer."
Nós entramos no carro, e ainda na frente da igreja, levantamos um clamor ao Senhor, de mais ou menos uns cinco minutos, e depois eu disse:
" - Agora vamos!"
Chegando no escritório da VINDE - havia uma sorveteria ao lado que se chamava Beijo Frio, que era um "point" da cidade, na época, sendo um local disputadíssimo pela moçada - eu já saí do carro num impulso, recitando aos gritos o Salmo 91 pelo meio da rua:
"Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, e descansa à sombra do Onipotente, diz o Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. Pois ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, sob suas asas estarás seguro: a sua verdade é pavês e escudo. Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia. Caiam mil ao teu lado, e dez mil à tua direita; tu não serás atingido. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás o castigo dos ímpios. Pois disseste: O Senhor é o meu refúgio. Fizeste do altíssimo a tua morada."
Quando eu já estava mais ou menos no meio do salmo, eu ouço o endemoninhado lá de dentro gritar:
" – Desgraçaaaaaaaaaaado!!! Eu não me refugio na sombra do Altíssimo!"
Eu continuei gritando e entrando:
"Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará à tua tenda. Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos para não tropeçares nalguma pedra. Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente. Porque a mim se apegou com amor, eu o livrarei; pô-lo-ei a salvo, porque conhece o meu nome. Ele me invocará, e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei, o glorificarei. Saciá-lo-ei com longevidade, lhe mostrarei a minha salvação."
Eu já me encontrava anestesiado. Ele podia até estar com a metralhadora do Rambo, que nada mais estava importando. Quando entrei na sala, o endemoninhado estava a uns 10 metros de distância de mim. Ele jogou o Eraldo no chão, e correu com a faca, como um louco, na minha direção. Quando ele se aproximou de mim, eu disse:
" - Sai dele, em nome de Jesus!"
Ele caiu, apanhou a faca de novo, veio até mim, e eu lhe disse outra vez:
" - Sai dele, em nome de Jesus!"
Ele caiu, apanhou mais uma vez a faca, e a pôs a dois centímetros do meu rosto. Eu olhei nos olhos dele, e disse mais uma vez:
" - Sai dele, em nome de Jesus!"
E, caindo aos meu pés, eu lhe retirei a faca, e entreguei-a para alguém. Ele, olhando para mim, perguntou:
" - Quem é você?"
" - Eu sou o pastor Caio. E você, quem é?"
" - Eu me chamo Pedro."
" - O que você está fazendo aqui?" - perguntei-lhe.
" - Eu não sei. Eu sou um sapateiro. Eu estava costurando sapatos lá na beira do rio, há 5 km daqui. De repente, uma força entrou em mim. E eu acho que vim direto para cá, afim de matar alguém. E era você que eu estava procurando."

Aquele homem não tinha consciência de nada, mas quem o mandou lá sabia o que estava querendo. Quem o mandou lá tinha um projeto, uma intenção, um propósito, um plano e sabia o que estava fazendo.
Quem são, portanto, esses principados e potestades invisíveis? Vamos procurar defini-los, caracterizá-los, dando os perfis desses personagens do mundo espiritual, conforme descritos pela palavra de Deus.

Fonte: Batalha Espiritual - Caio Fabio


Pesquisa: Pr. Charles Maciel Vieira

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