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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Papa Francisco admite uso de contraceptivos para evitar que epidemia de zika gere mais danos


A epidemia do vírus zika e a possibilidade real de essa ser a causa do surto de microcefalia na América Latina levou o papa Francisco a admitir que em situações extremas, métodos contraceptivos, como o uso de preservativos ou pílulas anticoncepcionais, são aceitáveis.

A fala histórica do papa sobre o tema aconteceu em uma entrevista concedida por ele durante a viagem de volta a Roma após sua primeira visita ao México.

Questionado se a Igreja Católica admitiria o aborto em casos constatados de microcefalia, Francisco foi enfático: “O aborto não é o menor de dois males. É um crime. Matar uma pessoa para salvar a vida de outra é o que a máfia faz. É um mal absoluto. No caso de evitar a gravidez, não é um mal absoluto. […] No mal menor, estamos falando um conflito entre o quinto e o sexto mandamentos. O papa Paulo VI permitiu que freiras na África usassem contracepção [para se prevenirem] caso fossem estupradas. Mas não confundam o mal de evitar a gravidez com o aborto”, disse.

Paulo VI exerceu o pontificado entre 1963 e 1978, e sua permissão para que as freiras usassem anticoncepcionais para prevenir a gravidez em casos de estupro foi uma reação a uma “situação difícil”. De acordo com a agência Reuters, Francisco não deu maiores detalhes sobre esse precedente, mas é possível que o fato tenha acontecido no antigo Congo Belga, durante os anos 1960.


Por fim, o pontífice católico pediu às autoridades envolvidas no combate ao vírus e ao mosquito transmissor uma maior agilidade: “Eu também gostaria de exortar os médicos a fazerem tudo para encontrar vacinas contra os mosquitos que carregam esta doença. Temos que trabalhar nisso”, finalizou.

“O papa Francisco trabalha com a mentalidade de um padre dentro do confessionário. Se no momento é alternativa para as pessoas terem tranquilidade de espírito, então é perdoável que um casal não siga um princípio e use métodos anticoncepcionais artificiais. Jamais seria perdoável fazer o aborto”, contextualizou Francisco Borba, coordenador do núcleo Fé e Cultura da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.


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