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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

QUANDO VOCÊ DUVIDA DO PODER DE DEUS - Philip Yancey


Philip Yancey

QUANDO VOCÊ DUVIDA DO PODER DE DEUS

É claro que a dor física é apenas a camada externa daquilo que chamamos de sofrimento. A morte, as doenças, os terremotos, os tornados - tudo suscita duros questionamentos sobre o envolvimento de Deus na terra. Pode ser que, originalmente, Ele tenha criado a dor como um meio de advertência eficaz para nós. Mas ao que dizer do mundo hoje?

Será que Deus pode se sentir satisfeito com toda a insensatez dos males da humanidade, com as catástrofes naturais e as fatais doenças infantis? Por quê Ele não atua com toda a sua competência e põe fim a algumas das piores formas de sofrimento? Ele tem poderes suficientes para isso? Ele tem capacidade para reorganizar o universo de modo a aliviar nosso sofrimento?

Certa vez, um famoso filósofo expressou o problema da dor da seguinte maneira: "Ou Deus é todo-poderoso, ou é todo-generoso. Ele não pode ser as duas coisas e permitir a dor e o sofrimento". Essa linha de pensamento geralmente leva à conclusão de que Deus é bondoso, de que Ele nos ama e detesta nos ver sofrer; mas, infelizmente, suas mãos estão atadas. Ele simplesmente não tem poder suficiente para solucionar os problemas deste mundo. Mas não é isso que a Bíblia ensina. Há no Antigo Testamento um livro sobre um homem que, sem merecer, sofria uma grande dor - Jó. No caso de Jó, Deus teve uma plataforma perfeita para discutir sua falta de poder, se é que esse era, na verdade, o problema.
 Certamente, Jó teria recebido de bom grado as seguintes palavras de Deus: "Jó, lamento profundamente o que está acontecendo. Espero que você entenda que eu nada tive a ver com a maneira como as coisas ocorreram. Gostaria de poder ajudá-lo, Jó, mas realmente não tenho como".

Deus não disse nada disso. Falando a um homem ferido e completamente desmoralizado, Ele enalteceu toda a sua sabedoria e o seu poder (Jó 38-41).

"Cinge, pois, os lombos, homem", começou Deus.
"Pois eu te perguntarei, e tu me farás saber."
Então, Deus se pôs a explorar o cosmo.
"Onde estavas tu, quando eu lançava os funda¬mentos da terra?
Dize-mo, se tens entendimento.
Quem lhe pôs as medidas, se é que o sabes?"

Passo a passo, Deus conduziu Jó pelo processo da criação: o projeto do planeta Terra, a escavação de canais para depositar os mares, a colocação do sistema solar em movimento, a criação da estrutura cristalina dos flocos de neve. Em seguida, Ele se voltou para o reino animal, ressaltando, com orgulho, o bode montes, o boi selvagem, o avestruz, o cavalo e o falcão. O escritor Frederick Buechner sintetizou as comparações que figuram no livro de Jó da seguinte maneira "[Deus] diz que tentar explanar os tipos de coisas que Jó quer explicar seria como tentar explicar Einstein comparando-o a uma cabeça de bagre... Deus não revela seu grande plano. Ele se revela a si mesmo."

Outras partes da Bíblia me convencem de que talvez devêssemos ver o problema da dor como uma questão de ocasião, e não de poder. Temos muitos indícios da insatisfação de Deus com o estado em que este mundo se encontra. Certamente, sua insatisfação em vê-lo é tão grande quanto o nosso desagrado em assistir à sua decadência. E Ele planeja, um dia, tomar alguma atitude em relação a essa situação.

Toda a vida dos profetas e de Jesus e todo o Novo Testamento são permeados pela esperança de que chegará o grande dia em que serão criados um novo céu e uma nova terra com a finalidade de substituir o antigo céu e a antiga terra. O apóstolo Paulo expressou a questão da seguinte maneira:

"Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus... Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora" (Romanos 8.18-19-22).

 Às vezes, vivendo nessa criação que "geme e suporta angústias", não podemos deixar de nos sentir como o pobre e velho Jó, que procurava aliviar sua dor, esfregando com cacos de argila as chagas que lhe cobriam o corpo, e se perguntava por que Deus, permitia que ele sofresse. Como Jó, podemos confiar em Deus, mesmo quando todas as evidências parecem estar contra nós. Podemos acreditar que Ele controla o universo e promete que, um dia, existirá um mundo muito melhor, um mundo onde não haverá dores, males ou angústias.

Até quando,
SENHOR
Esquecer-te-ás de mim
para sempre?
Até quando ocultarás
de mim o rosto?
Salmo 13.1


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