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sexta-feira, 20 de maio de 2011

TORTURADO POR AMOR A CRISTO - 5ªParte-RICHARD WURMBRAND



Os comunistas têm cometido horrores e ainda os cometem, porém "as muitas águas não poderiam apa­gar o amor, nem os rios afogá-lo. O amor é forte como a morte, e duro como a sepultura, o ciúme". Como a sepultura insiste em reclamar todos para si — ricos e pobres jovens e velhos, homens de todas as raças, na­ções e convicções políticas, santos e criminosos — assim o amor a todos abraça. Cristo, o Amor Encarnado, jamais cessará de amar, até conquistar os comunistas também.
Um ministro foi jogado em minha cela. Estava quase morto. O sangue escorria-lhe da face e do corpo. Havia sido espancado horrivelmente. Nós o lavamos. Alguns prisioneiros amaldiçoavam os comunistas. Gemendo, ele dizia: "Por favor, não os amaldiçoem! Conservem-se calados! Desejo orar por eles!”.

Como podíamos ter alegria, mesmo presos

Quando olho retrospectivamente para os catorze anos que passei preso, recordo-me de que, algumas vezes, tive momentos alegres. Outros prisioneiros e até os guardas muitas vezes se espantavam de que os crentes, sob tão terríveis circunstâncias, pudessem ser alegres. Não nos podiam impedir de cantar, apesar de sermos açoitados por isso. Imagino que os rouxinóis também cantariam, embora soubessem que depois de cantar poderiam ser mortos. Os crentes na prisão dançavam de alegria. Como podiam ser alegres sob tão trágicas con­dições?
Muitas ocasiões, no cárcere, meditava nas palavras de Jesus a Seus discípulos: "Bem-aventurados os vossos olhos porque vêem" (Mat. 13:16). Os discípulos tinham regressado de uma viagem pela Palestina, na qual ha­viam visto horrores. A Palestina era um país oprimido. Por toda parte havia a terrível miséria de um povo tiranizado. Os discípulos haviam encontrado fome, pra­gas, doenças e infortúnios. Entraram em casas das quais patriotas tinham sido levados presos, deixando atrás de si pais ou esposas a chorar. Não era um mundo aprazível de se ver.
Entretanto Jesus disse: "Benditos os olhos que vêem o que vós vedes". Fora assim porque não tinham visto só sofrimento. Também viram o Salvador de todos, o Consumador do bem-último, o alvo que a humanidade deve atingir. Pela primeira vez larvas nojentas, lagartas que se arrastam sobre folhas entenderam que, depois desta existência miserável, há uma vida de lindas bor­boletas multicores, capazes de voar de flor em flor. Tal era a nossa alegria também!
Havia ao meu redor homens como Jó, alguns muito mais aflitos que ele. Eu, porém, sabia o fim da his­tória de Jó: como recebeu em dobro tudo o que tivera antes... Tinha ao meu redor outros, como Lázaro, fa­mintos e cheios de feridas sem tratamento algum. Mas eu sabia que os anjos os levariam ao seio de Abraão. Eu os via como seriam no futuro. Via, no mártir mo­ribundo, sujo e frágil perto de mim, o santo que esplen­didamente seria coroado logo mais.
Vendo, porém, os homens desta maneira — não como eles eram, mas como seriam — também podia descobrir nos perseguidores, como Saulo de Tarso, futuros Paulos. Alguns dos quais já realmente se tornaram como Paulo. Oficiais da Polícia Secreta, diante dos quais testemunha­mos, tornaram-se crentes e se regozijaram posteriormente em sofrer na prisão por terem encontrado nosso Cristo. Nos carcereiros que nos açoitavam, viamos a possibilidade de serem outros tantos carcereiros de Filipos, como aquele que, depois de açoitar São Paulo, converteu-se.
Sonhávamos que logo nos perguntassem: "Que farei para ser salvo?" Naqueles que zombavam quando os crentes eram colocados em cruzes, besuntados de fezes e urina, víamos a turbamulta do Gólgota que, logo mais, batia nos peitos pelo temor de haver cometido pecado.
Foi na prisão que encontramos esperança de que os comunistas se salvariam. Foi lá que desenvolvemos nosso senso de responsabilidade para com eles. As torturas que nos infligiam ensinaram-nos a amá-los.
Grande parte dos meus familiares foi assassinada. Foi em minha própria casa que o assassino deles se con­verteu. Aquele foi, aliás, o lugar mais propício. Foi assim que, em prisões comunistas, nasceu a idéia de uma Mis­são Cristã em favor deles.
Deus vê as coisas por um prisma diferente do nosso, da mesma forma como vemos diferente do modo de ver de uma formiga. Do ponto de vista humano, é de fato uma coisa horrível ser amarrado a uma cruz e ter o corpo besuntado de fezes e urina. Entretanto a Bíblia chama os sofrimentos dos Mártires de "leves aflições". Passar catorze anos preso foi muito para mim. A Bíblia chama isto "um momento, que nos traz um peso eterno de glória". O que nos dá o direito de supor que os bár­baros crimes praticados pelos comunistas, que para nós são inescusáveis, contra os quais temos com justiça de lutar ao máximo, são mais leves à vista de Deus do que aos nossos olhos. A tirania deles, que já durou meio século, pode ser para Deus, diante de Quem mil anos são como um dia, um momento apenas de extravio. Eles ainda têm a possibilidade de serem salvos.
A Jerusalém Celestial é mãe e tem o amor de mãe.
Os portões celestiais não estão fechados para os comunistas. Podem arrepender-se, como quaisquer outras pessoas.    Devemos chamá-los ao arrependimento.
Só o amor poderá modificar os comunistas (amor que tem de ser claramente diferente de complacência com o Comunismo, praticada por tantos líderes eclesi­ásticos). O ódio cega. Hitler era anticomunista, mas odiava. Por isso, em lugar de vencê-los, ajudou-os a con­quistar um terço do mundo.
Com amor, planejamos quando na prisão um traba­lho missionário entre os comunistas.
Primeiramente pensamos nos dirigentes comunistas.
Alguns diretores de Missões parece que estudaram muito pouca História Eclesiástica. Como foi a Noruega conquistada para Cristo? Conquistando-se o Rei Olaf. A Rússia a princípio teve o Evangelho quando seu rei Vladimir foi ganho. A Hungria foi conquistada ganhando-se Santo Estevão, seu rei. O mesmo aconteceu com a Polônia. Na África, aconteceu que o chefe da tribo foi ganho para Cristo, toda a tribo o seguiu. Nós organi­zamos Missões para pessoas comuns, da plebe, que podem tornar-se muito bons crentes, mas que não têm influên­cia para modificar o estado de coisas.
Temos de conquistar dirigentes: personalidades po­líticas, econômicas, cientistas, artistas. São eles os en­genheiros de almas. Ganhando-os, se ganha o povo que dirigem, e sobre o qual têm influência.
Do ponto de vista missionário, o Comunismo tem uma vantagem que não é encontrada em outros siste­mas sociais.   É mais centralizado.
Se o Presidente dos Estados Unidos se convertesse ao Mormonismo, só por este fato a América não se tor­naria mórmon. Mas se Mao Tsé-Tung se convertesse ao Cristianismo — ou Breshnev ou Ceaushescu — seus países inteiros poderiam ser conquistados. Tão grande é o impacto da influência dos Líderes.
Mas, pode um líder comunista converter-se? Certa­mente, pois é tão inseguro e infeliz quanto suas vítimas. Quase todos os líderes comunistas da Rússia ou foram colocados em prisão, ou executados por seus próprios camaradas.   O mesmo aconteceu na China.
Até Ministros do Interior como Iagoda, Iejov e Béria, que pareciam ter todo o poder nas mãos, findaram como os mais reles contra-revolucionários. Uma bala na ca­beça e acabaram-se. Recentemente, Shepelin, Ministro do Interior da União Soviética, e Rankovic, Ministro do Interior da Iugoslávia, foram jogados fora como trapos imundos.

Como podemos atacar o Comunismo espiritualmente

O sistema comunista não torna ninguém satisfeito, nem mesmo os que dele se aproveitam. Até estes tremem ante a possibilidade de alguma noite ser levados pela camioneta da Polícia Secreta, porque a liderança do Partido mudou.
Conheci muitos líderes comunistas pessoalmente. São homens oprimidos; só Jesus pode dar-lhes paz.
Ganhar os líderes comunistas para Cristo pode sig­nificar salvar o mundo de uma destruição nuclear, ou salvar a humanidade da fome, devido ao fato de pre­sentemente grande parte de sua receita ser aplicada na aquisição de armamentos custosos. Ganhar os líderes comunistas pode significar o fim da tensão internacio­nal. Ganhar os líderes comunistas pode significar encher de alegria, a Cristo e a seus anjos. Pode significar a vi­tória da Igreja. Em todas as áreas onde os Missionários trabalham com tanta dificuldade, como Nova Guiné, ou Madagascar, tudo se tornaria mais fácil, se apenas os líderes comunistas fossem conquistados, porque isto daria ao Cristianismo um impulso totalmente novo.
Conheci pessoalmente muitos líderes comunistas convertidos. Eu mesmo, quando jovem, fui ateu mili­tante. Ateus e comunistas convertidos amam muito a Cristo, porque pecaram muito.


É necessário estratégia no trabalho missionário. Do ponto de vista da salvação todos são iguais; do ponto de vista da estratégia missionária, nem todos são iguais. É mais importante ganhar um homem de grande influ­encia que poderá levar depois milhares ao conhecimento do Evangelho, do que falar a um silvícola, assegurando, para ele só, a salvação. Por esta razão Jesus não es­colheu um lugar obscuro onde encerrar Seu ministério, e sim Jerusalém, o centro espiritual do mundo. Por esta mesma razão Paulo fez tanto esforço por estar em Roma.
A Bíblia afirma: "A semente da mulher esmagará a cabeça da serpente". Mas nós fazemos cócegas na barriga da serpente, provocando-lhe risadas. Sua ca­beça encontra-se em alguma parte, entre Moscou e Pequim, não em Madagascar ou na Tunísia. O mundo comunista deve ser o mais visado pelos líderes da Igreja e diretores de Missões, bem como por todo crente sensato.
Devemos renunciar os trabalhos de rotina. Está escrito: "Maldito aquele que fizer o trabalho do Senhor relaxadamente". Um ataque frontal aos comunistas, pela Igreja, é necessário.
As guerras só podem ser vencidas pela ofensiva, e nunca por estratégias de defesa. Com relação ao Comu­nismo, a Igreja até o presente não saiu da defensiva, perdendo um país após outro para ele.
Isto tem de ser modificado imediatamente em toda a Igreja. Um Salmo afirma que Deus despedaça as barras de ferro.   A Cortina de Ferro é coisa diminuta para Ele.
A Igreja Primitiva trabalhou às ocultas e ilegal­mente, porém triunfou. Devemos mais uma vez aprender a trabalhar desta maneira.
Até que chegasse o Comunismo, nunca entendi por que tantas pessoas do Novo Testamento eram chama­das por sobrenomes: Simão, chamado Niger, João, cha­mado Marcos, e outros. Usamos nomes secretos em nosso trabalho, hoje, nos países comunistas.
Nunca entendi antes por que Jesus, quando mandou preparar a última Ceia, não deu um endereço, mas declarou: "Ide à cidade e vos sairá ao encontro um homem trazendo um cântaro de água". Agora entendo. Também damos senhas, sinais convencionais de reco­nhecimento na Igreja Subterrânea. .
Se concordarmos em agir da mesma forma — vol­tando aos métodos do Cristianismo Primitivo — pode­remos trabalhar eficientemente para Cristo nos países comunistas.
Mas quando me encontrei com os líderes da Igreja do Ocidente, em lugar de encontrar amor para com os comunistas, o que teria encaminhado a formação de uma Missão para os países dominados por eles, deparei-me com uma orientação favorável ao Comunismo. Não en­contrei a compaixão do Bom Samaritano para com as almas perdidas da casa de Karl Marx.
Um homem crê realmente, não no que recita no seu credo, mas naquilo em favor do que está pronto para morrer.
Os crentes da Igreja Subterrânea têm provado que estão prontos a morrer pela fé que professam. Agora mesmo estou envolvido em um trabalho que poderá sig­nificar o meu reencarceramento em país comunista, novas torturas e morte, porque dirijo uma Missão Secreta, tra­balhando atrás da Cortina de Ferro e assumindo todos os riscos.   Creio nas coisas que escrevo.
Tenho o direito de perguntar: Os líderes eclesiás­ticos da América, que fazem amigos à custa do Co­munismo, estariam prontos a morrer por esta sua fé? Quem os impede de deixar os altos postos que ocupam no Ocidente, para vir a ser pastores oficiais no Oriente, cooperando ali — in loco — com os comunistas? A prova de tal fé não foi dada ainda por nenhum líder da Igreja Ocidental.
As palavras do homem nasceram de sua necessi­dade de entender-se com os companheiros nas pesca­rias, caçadas, e depois na produção comum das coisas necessárias à vida, e da necessidade de expressarem seus sentimentos entre si. Entretanto, não existem palavras humanas que possam expressar de maneira adequada os mistérios de Deus e as sublimidades da vida espiritual.
Igualmente não existem palavras que possam ex­pressar as profundezas de uma crueldade diabólica. Po­derá alguém expressar em palavras o sofrimento que alguém sentia quando estava prestes a ser lançado numa fornalha pelos nazistas, ou quando via um filho seu nela ser atirado? De igual modo é impossível tentar des­crever os sofrimentos que os crentes já suportaram e ainda hoje enfrentam nos países comunistas.
Estive na prisão com Lucretiu Patrascanu, o homem que promoveu o estabelecimento do Comunismo na Ro­mênia. Seus camaradas recompensaram-no colocando-o na prisão. Apesar de ser um homem mentalmente sadio, colocaram-no em um hospital de loucos, até que termi­nou enlouquecendo também. Fizeram o mesmo com Anna Pauker, ex-secretária de Estado. Os crentes mui­tas vezes também recebem esse tipo de tratamento. São submetidos a choques elétricos, vestem camisa de força.
O mundo está horrorizado com o que está acon­tecendo nas ruas chinesas. A vista de todos, os guardas vermelhos exercem terror. Agora, tentem imaginar o que não acontece a um crente em uma prisão chinesa, onde ninguém os está presenciando!
A última notícia que tivemos é que um escritor evangélico chinês de renome e outros crentes, os quais se recusaram a negar sua fé, tiveram suas orelhas, lín­guas e pernas cortadas.
Entretanto, o que os comunistas fazem de pior não são as torturas e os assassínios. Falsificam completa­mente a mente das pessoas e envenenam a mocidade e as crianças. Colocam seus homens em posição de lide­rança nas Igrejas para dirigir os crentes e destruir as mesmas Igrejas. Ensinam a juventude não apenas a des­crer de Deus e de Cristo, como até mesmo a odiar estes nomes.
Com que palavras poderíamos expressar a tragédia em que se envolve um mártir cristão que, voltando ao seu lar depois de anos de prisão, é escarnecido pelos seus próprios filhos, os quais durante aquele tempo de sua ausência se tornaram ateus militantes?

Este livro está sendo escrito não tanto com tinta mas com o sangue de corações que sangram

Como nos tempos de Daniel os três jovens que foram colocados na fornalha depois que de lá saíram não chei­ravam a fogo, da mesma maneira os crentes que esti­veram em prisões de comunistas não têm qualquer res­sentimento contra eles.                                                   
Uma flor, que o leitor esmague sob os pés, recom­pensa-lhe dando seu perfume. De igual medo os crentes torturados pelos comunistas, recompensam-nos com amor. Levamos muitos dos nossos carcereiros a Cristo. E estamos dominados por um só desejo: dar aos co­munistas, que nos fizeram sofrer, o melhor que temos, a Salvação que vem do nosso Senhor Jesus Cristo.
Não tive o privilégio, que muitos dos meus irmãos na fé tiveram, de morrer mártir' na prisão. Fui liber­tado e até pude sair da Romênia para o Ocidente.
No Ocidente encontrei muitos líderes eclesiásticos de sentimento totalmente contrário àquele existente e pre­dominante na Igreja Subterrânea, tanto por trás da Cortina de Ferro, como da de Bambu. Muitos crentes ocidentais não têm amor pelos comunistas. Prova disto é que não se interessam pela salvação dos que se encon­tram naqueles países. Têm missões para evangelizar ju­deus, muçulmanos e budistas, porém não têm missões para os comunistas! Não os amam, do contrário teriam, há muito tempo criado tal missão, como Carey, por amor aos indianos, e Hudson Taylor, por amor aos chi­neses, criaram missões para eles.
Não é bastante, porém, que não amem os comunistas e nada façam por conquistá-los para Cristo. Por sua complacência e negligência, e às vezes acumpliciando-se de fato com os comunistas, alguns líderes da Igreja Oci­dental incentivam a incredulidade deles. Ajudam-nos a introduzir-se nas igrejas ocidentais e a assumir li­derança nelas e no mundo. Deixam os crentes despercebidos dos perigos do Comunismo.
Não amando aos comunistas e nada fazendo por con­quistá-los para Cristo (sob o pretexto de que não lhes é permitido fazê-lo, como se os primeiros cristãos pe­dissem permissão a Nero para divulgar o Evangelho), eles também não amam a seus próprios rebanhos. Por­que se nós não conquistarmos os comunistas para Cristo, eles conquistarão o Ocidente e, também aqui, desarraigarão o Cristianismo.
As lições da História são ignoradas
Nos primeiros séculos houve uma Igreja florescente no norte da África. De lá procederam Santo Agostinho, São Cipriano, Santo Atanásio e Tertuliano. Os crentes de lá apenas negligenciaram uma coisa: conquistar os maometanos para Cristo. O resultado foi que os maometanos invadiram o norte da África e de lá extirparam, durante séculos, o Cristianismo. A África do Norte ainda hoje pertence aos maometanos, que são considerados, pela missão evangélica, como "bloco dos Inconversíveis".
Aprendamos essa lição da História.
Na época da Reforma, os interesses religiosos de Huss, Lutero e Calvino coincidiram com os interesses dos povos da Europa, os quais ansiavam verem-se livres do jugo papal que. na época, representava opressão po­lítica e poder econômico. De igual modo hoje, o inte­resse da Igreja Subterrânea em divulgar o Evangelho entre os comunistas e suas vítimas coincide com o vital interesse de todos os povos livres por continuarem livres.
Não há poder político que possa derrubar o Comu­nismo.    Os comunistas têm armas nucleares, atacá-los militarmente significaria o começo de uma outra Guerra Mundial, com centenas de milhares de vítimas. Também muitos líderes ocidentais receberam lavagem cerebral e nem mesmo desejam derrubar o sistema comunista Dizem isso freqüentemente. Desejam que a toxicomania, o banditismo, o câncer e a tuberculose desapareçam, mas o Comunismo não, embora este já tenha matado muito mais gente do que todas essas doenças juntas.
Hya Ehrenburg, escritora soviética, diz que se Stalin durante toda a sua vida não tivesse feito outra coisa senão escrever os nomes de suas vítimas inocentes, sua vida teria sido curta para concluir essa tarefa. Kruschev afirmou no XX Congresso do Partido Comunista: "Stalin liquidou com milhares de comunistas honestos e ino­centes... Dos cento e trinta e nove membros e candi­datos do Comitê Central, que haviam sido escolhidos no XVII Congresso, noventa e oito, isto é, setenta por cento, foram mais tarde presos e fuzilados".
Agora imaginem o que ele fez aos crentes!
Kruschev renegou a Stalin, mas continuou a fazer as mesmas coisas. De 1959 para cá, metade das Igrejas da União Soviética, que ainda estavam abertas, estão hoje fechadas.
Na China existe uma nova onda de barbarismo, pior que a do período stalinista. O trabalho franco, desim­pedido das Igrejas cessou completamente. Na Rússia e na Romênia há uma onda de novos encarceramentos. (Acabamos de receber Informação de que na Rússia está havendo encarceramento em massa dos crentes).
Com terror e falsidade, em países com um bilhão de habitantes, toda a nova geração é criada com ódio por tudo quanto é ocidental, especialmente para com o Cris­tianismo.
Não é fora do comum ver-se um guarda vermelho parado em frente de Igrejas, atento a crianças E aque­las que são encontradas querendo dirigir-se a elas le­vam palmadas e são mandadas embora.   Os futuros destruidores do Cristianismo ocidental são cuidadosa e sis­tematicamente preparados para essa obra.
Existe apenas uma força que pode derrubar o Co­munismo. É a mesma que fez com que os Estados Cris­tãos tomassem o lugar do Império Romano pagão, força que transformou em cristãos os selvagens teutões e os "Vikings", e que desbancou a sangrenta Inquisição. Esta força é o poder do Evangelho, representado pela Igreja Subterrânea existente em todos os países comu­nistas.

Sustentar essa Igreja e ajudá-la não é apenas uma questão de identificação com os irmãos que sofrem. Não significa vida ou morte para o país da pessoa que está lendo estas páginas e para suas Igrejas. Sustentar essa Igreja não é apenas do interesse dos cristãos livres, mas deveria também ser a política de todos os governos livres.


A Igreja Subterrânea já tem conquistado vários líderes comunistas para Cristo. Gheorghiu Dej, primeiro Ministro da Romênia, morreu crente, depois de con­fessar seus pecados e modificar sua vida pecaminosa. Nos países comunistas existem membros do governo que são crentes às ocultas. Isto pode propagar-se. Então poderemos esperar grande modificação na política de alguns governos comunistas — não modificações como aquelas de Tito e Gomulka, depois das quais o mesmo sistema ditatorial de um partido ateu e cruel continuaram — mas uma modificação em favor do Cristianismo e da liberdade.
Oportunidades excepcionais existem, presentemente, para tanto.
Os comunistas, que muitas vezes são tão sinceros em suas crenças quanto os cristãos na sua, estão passando por grande crise.
Haviam crido que o Comunismo fomentaria uma irmandade das nações. Agora, porém, vêem que as na­ções comunistas brigam, umas com as outras, como cães.
Haviam realmente crido que o Comunismo implan­taria no mundo um paraíso terrestre, oposto ao que consideram ilusório, o paraíso celestial. E agora estão passando fome. Trigo tem de ser importado de países capitalistas.
Os comunistas creram em seus líderes. Agora lêem nos seus próprios jornais que Stalin assassinou gente em massa e Kruschev foi um idiota. O mesmo acontece com seus heróis nacionais, como Rakosi, Gero, Anna Pauker, Rankovici e tantos outros. Os comunistas não mais crêem na infalibilidade de seus líderes. São como os católicos que não mais crêem no Papa!
Existe um vazio no coração dos comunistas, que só poderá ser preenchido por Cristo. O coração humano, por sua própria natureza, busca a Deus. Existe um vácuo espiritual em cada pessoa, enquanto não é pre­enchido por Cristo. Isto é também verdade com relação aos comunistas. No Evangelho existe uma força de amor que pode também apelar para eles. Já vi isto acontecer.   Sei que pode ser realizado.
Cristãos — ridicularizados e torturados pelos comu­nistas — já esqueceram e perdoaram o que lhes foi feito pessoalmente e a seus familiares. Fazem o possível para ajudá-los a vencer a crise e encontrar o caminho para Cristo.   Para este trabalho necessitam de nossa ajuda.
E não apenas isto. O amor cristão é sempre uni­versal.   Com os cristãos não há parcialidade.
Jesus afirmou que o sol, criação de Deus, nasce para todos, bons e maus.   O mesmo se diga do amor cristão.
Os líderes evangélicos do Ocidente, que mostram amizade para com os comunistas, justificam essa ati­tude com o ensinamento de Cristo, de que devemos amar aos nossos inimigos. Jesus, porém, nunca afirmou que devíamos amar somente aos nossos inimigos, esquecendo os nossos irmãos.
Esses líderes mostram seu amor comendo e bebendo com  aqueles cujas  mãos  estão  manchadas  do  sangue dos cristãos martirizados, em lugar de lhes apresentarem as boas novas de Cristo. E aqueles que são oprimidos pelos comunistas são esquecidos.   Não são amados.
As Igrejas Evangélicas e Católicas da Alemanha Ocidental deram nos últimos sete anos mais de 125 mi­lhões de dólares para os necessitados. Os crentes ame­ricanos dão ainda mais.
Existem muitas pessoas famintas, mas não posso imaginar pessoas mais famintas do que os mártires cristãos, ou que mais façam jus à ajuda dos cristãos livres. Se as Igrejas da Alemanha, da Inglaterra, da América e dos países escandinavos levantam tanto di­nheiro para ajudar, essa ajuda deve visar a todos os necessitados, mas primeiramente os mártires cristãos e suas famílias.                                                                    
Será que isto acontece presentemente?
Fui resgatado por organizações evangélicas, o que prova que cristãos podem ser resgatados. Entretanto sou o único caso de pessoa resgatada no meu país por evangélicos. O fato de meu resgate vem acusar as or­ganizações cristãs do Ocidente de negligenciarem o cumprimento de seu dever em outros casos.
Os primeiros cristãos perguntaram a si mesmos se a nova Igreja era apenas para os judeus e não para os gentios também. A pergunta recebeu a resposta cor­reta. De uma outra forma o problema reapareceu no Século XX. O Cristianismo não é apenas para o Ocidente. Cristo não pertence apenas à América, à Inglaterra e a outros países democráticos. Quando Ele foi crucificado, uma de Suas mãos apontava para o Ocidente e a outra para o Oriente. Ele deseja ser o Rei não apenas dos judeus, mas também dos gentios, Rei dos comunistas por igual, e não apenas dos ocidentais. Jesus disse: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura".
Ele derramou o Seu sangue por todos, e todos devem ouvir e crer no Evangelho.
O que nos dá mais ânimo de continuar a pregar o Evangelho nós países comunistas é que lá. aqueles que se tornam crentes são cheios de amor e zelo. Nunca encontrei um só crente russo que não fosse fervoroso. Jovens ex-comunistas podem tornar-se excelentes discí­pulos de Cristo.
Cristo ama aos comunistas e deseja libertá-los do Comunismo, como ama a todos os pecadores e deseja libertá-los do pecado. Alguns líderes eclesiásticos do Ocidente assumem, em vez da atitude correta, uma outra: condescendem com o Comunismo. Favorecem o pecado, auxiliam o Comunismo a triunfar e prejudicam, com isto, a salvação dos comunistas como de suas vítimas.

O que encontrei quando saí da prisão

Quando libertado da prisão, outra vez com minha esposa, ela me perguntou quais seriam os meus planos para o futuro. Respondi: "O ideal que tenho diante de mim é uma vida de reclusão espiritual". Ao que ela me retrucou haver tido o mesmo pensamento.
Havia sido multo dinâmico em minha mocidade. A prisão, porém, e especialmente os anos de confinamento em solidão haviam-me tornado um homem meditativo e contemplativo. Todas as tempestades do meu coração haviam-se acalmado. Não me importava mais com o Comunismo, nem mesmo o notava. Era como se estivesse sendo abraçado pelo Noivo Celestial. Orava por aqueles que nos haviam atormentado e podia amá-los de todo o meu coração.
Eu tivera muito pouca esperança de que algum dia pudesse ser libertado. Quando, porém, me ocorria pen­sar no que faria, caso fosse libertado, sempre admitia a idéia de retirar-me para alguma parte, em lugar ermo, e a continuar a vida de agradável união com o Noivo Celestial.
Deus é "a Verdade".   A Bíblia é a "verdade sobre a Verdade".   Teologia é a "verdade sobre a verdade acerca da Verdade". Fundamentalismo é a "verdade sobre a verdade acerca da verdade sobre a Verdade". E o povo crente vive destas muitas verdades sobre a Verdade, e por causa disto não tem "a Verdade". Famintos, espan­cados e narcotizados havíamos esquecido a Teologia e a Bíblia. Havíamos esquecido as "verdades sobre a Ver­dade". Desta maneira vivíamos apenas da "VERDADE". Está escrito: "O Filho do Homem virá na hora em que não pensais e no dia em que não sabeis". Não podíamos mais pensar. Nas horas mais escuras de tormentos o Filho do Homem vinha a nós, fazendo as paredes da prisão brilhar como diamantes e enchendo as celas de esplendor. Em algum lugar, bem distante, estavam os torturados, abaixo de nós, na esfera do corpo. Os es­pírito, porém, regozijava-se no Senhor. Não trocaríamos estas alegrias pelos prazeres dos palácios reais.
Lutar contra alguém ou alguma coisa? Nada estava mais longe da minha mente do que isso. Não desejava fazer guerra, mesmo que fosse justa. Preferiria antes construir Templos vivos para Cristo. Foi com a espe­rança de futuros anos de sossego e contemplação que deixei o cárcere.
No mesmo dia, porém, depois de libertado, deparei-me com aspectos do Comunismo mais horrendos do que todas as torturas da prisão. Um após outro encon­trei-me com eminentes pastores e pregadores de várias denominações e mesmo bispos, os quais simplesmente confessaram, com grande tristeza, que eram informan­tes da Polícia Secreta, em prejuízo do próprio rebanho deles. Perguntei-lhes se estavam preparados para deixar de ser informantes, mesmo com o risco de serem presos. Todos responderam "Não" e explicaram que não era temor por suas próprias pessoas que os impedia. Conta­ram-me novos acontecimentos nas Igrejas, coisas que não existiam mesmo antes do meu aprisionamento — que recusar ser informantes poderia significar o fecha­mento de uma Igreja.
Em todas as cidades existe um representante do encarregado do Governo para a fiscalização dos "Cultos". Ê um homem da Polícia Secreta.   Tem o direito de intimar qualquer padre ou pastor, sempre que entender, para que lhe diga quem tem estado na Igreja, quem comunga freqüentemente, quem é zeloso por sua reli­gião, quem é evangelista pessoal, o que o povo crê e etc. Quem não responde é demitido, e outro "ministro" é posto em seu lugar, que preste melhores informações. Quando o representante do Governo não descobre subs­tituto que sirva (o que quase sempre acontece), fecha a Igreja.
Muitos ministros deram informações à Polícia Se­creta com a diferença de que alguns o fizeram com relutância, tentando ocultar certas coisas, enquanto outros criaram o hábito de informar, ficando de consci­ência endurecida. Outros ainda adquiriram paixão por isto e contavam mais do que lhes era solicitado.
Ouvi confissões de filhos de mártires crentes, que tinham sido obrigados a dar informações sobre as fa­mílias nas quais haviam sido recebidos bondosamente. De outra, maneira eram ameaçados de não poderem continuar seus estudos.
Fui a um Congresso Batista, realizado sob a égide da bandeira vermelha. Os comunistas é que resolveram quais seriam os seus líderes a serem "eleitos".
Sabia que agora, na direção de todas as Igrejas Oficiais, haveria homens nomeados pelo Partido Co­munista. Então entendi que estava presenciando a abominação da desolação no Lugar Santo, a respeito da qual Jesus falou.
Sempre tem havido bons e maus pastores e prega­dores. Agora, porém, pela primeira vez na história da Igreja, o Comitê Central de um reconhecido partido ateu, que tem como propósito declarado extirpar a Re­ligião, é quem decide quem é que vai liderar a Igreja. Liderá-la com que propósito? Certamente com o fim de ajudar na extirpação da Religião.
Lenine escreveu: "Toda idéia de religião, toda idéia de Deus, mesmo só o namoro com a idéia de Deus é uma   inexprimível  vileza,   da  mais   perigosa  espécie   e contágio da mais abominável forma. Milhões de peca­dos, ações imundas, atos de violência e contaminação física são muito menos perigosos do que a sutil idéia espiritual de um Deus".
Os Partidos Comunistas de toda a área soviética são leninistas; para estes, religião é pior do que câncer, tuberculose ou sífilis. E eles decidem quem devem ser os líderes religiosos. Com eles, os líderes da Igreja Oficial cooperam, mais ou menos transigindo.
Tenho visto o envenenamento de crianças e jovens com o ateísmo, e as Igrejas Oficiais sem terem a mais leve possibilidade de neutralizá-lo. Em nenhuma Igreja de nossa capital, Bucareste, se pode encontrar uma reunião de mocidade ou Escola Dominical para crianças. Os filhos dos crentes são educados na escola do ódio.
Vendo tudo isso, odiei o Comunismo como não o havia odiado sob suas torturas.
Odiei-o não por causa do que me fizera, mas por causa do mal que faz à Glória de Deus, ao nome de Jesus Cristo e às almas de um bilhão de homens sob seu domínio.
Camponeses vieram de todo o país para ver-me e disseram-me como estava sendo conduzida a coletivização. Agora eram escravos famintos nas fazendas e vinhedos que antes lhes pertenceram. Não tinham pão. Seus filhos não tinham leite nem frutas, quando este país dispõe de riquezas naturais que se igualam às da Canaã antiga.
Irmãos confessaram-me que o regime comunista tinha feito de todos eles ladrões e mentirosos. Por causa da fome tinham de roubar daquilo que fora seu próprio campo, porém que agora pertencia à coletividade. Tinham então de mentir para encobrir seus furtos. Ope­rários falaram-me a respeito do terror nas fábricas e sobre a exploração da mão-de-obra, de um modo como os capitalistas nunca sonharam. Os operários não têm direito de greve.
Intelectuais tinham de ensinar, contra suas con­vicções íntimas, que não há Deus.
Toda a vida e pensamento de um terço do mundo têm sido destruídos ou falsificados.
Mocinhas vieram queixar-se de que tinham sido chamadas à Organização dos Jovens Comunistas e que ali foram censuradas e ameaçadas por terem beijado um rapaz crente; e o nome de outro lhes foi dado, a quem poderiam beijar.
Tudo era profundamente falso e feio. Foi quando encontrei os lutadores da Igreja Subterrânea — meus velhos companheiros, alguns dos quais não haviam sido apanhados e outros que retomaram a luta depois de terem sido libertados da prisão. Convidaram-me a con­tinuar a luta com eles. Assisti a suas reuniões secretas, nas quais cantavam utilizando hinários escritos a mão.
Lembrei-me de Santo Antônio, o Grande. Passou trinta anos no deserto. Tinha abandonado completa­mente o mundo, passando a viver em jejum e oração. Quando, porém, ouviu a respeito da luta travada entre Santo Atanásio e Ario em torno da divindade de Cristo, deixou a vida contemplativa e foi a Alexandria ajudar a verdade a triunfar. Lembrei-me de São Bernardo de Clairvaux. Era também um monge, que vivia no alto das montanhas. Tendo porém ouvido a respeito da insen­satez das Cruzadas, em que cristãos matavam árabes e judeus e irmãos na fé, pertencentes a outra confissão, a fim de conquistarem um túmulo vazio, deixou seu mosteiro e desceu daquelas alturas para pregar contra as Cruzadas.
Resolvi fazer o que todos os cristãos devem fazer: Seguir os exemplos de Cristo, do Apóstolo Paulo, dos grandes santos, renunciar ao pensamento de se afastarem e empenhar-se na luta.
Que luta seria?
Os crentes em prisão sempre têm orado por seus inimigos e lhes têm dado belo testemunho.    O desejo de  nossos  corações  era  que  eles  fossem  salvos  e  nos regozijávamos todas as vezes que isto acontecia.
Eu odiava, porém, o mau sistema comunista e de­sejava fortalecer a Igreja Subterrânea, a ÚNICA FOR­ÇA QUE PODE DESBANCAR ESSA TREMENDA TIRA­NIA, PELO PODER DO EVANGELHO.
Não pensava apenas na Romênia, mas em todo o mundo comunista.
Achei, entretanto, muito desinteresse por estes fatos no Ocidente.
Escritores ao redor do mundo protestaram quando dois escritores comunistas — Siniavski e Daniel — fo­ram sentenciados à prisão por seus próprios camaradas, porém nem mesmo Igrejas protestam quando crentes são encarcerados por causa de sua fé.
Quem se preocupa com o Irmão Kuzyck, sentenciado por cometer o crime de distribuir o "veneno" de publi­cações cristãs, tais como os livros devocionais de Tor-rey e porções bíblicas? Quem sabe a respeito do Irmão Prokofiev, condenado por haver distribuído sermões escritos? Quem sabe a respeito do judeu cristão Grun-vald, condenado por iguais ofensas na Rússia e de quem os comunistas arrebataram para sempre o seu filhinho? Eu sei o que senti quando fui afastado do meu Mihai. Sofro com o Irmão Grunvald, Ivanenko, Graany Shev-chuk, Taisya Tkachenko, Ekaterina Vekasina, Georgi Vekasin e o casal Pilat, na Látvia, e assim por diante, nomes de santos e heróis da fé do Século XX. Inclino-me para beijar suas algemas; como os primeiros cristãos beijaram as dos seus companheiros quando eram con­duzidos para serem lançados às feras bravias.
Alguns líderes da Igreja Ocidental não se importam com eles. Os nomes dos mártires não estão em suas listas de oração. Enquanto estavam sendo condenados e torturados, os líderes batistas russos e ortodoxos da Igreja Oficial, que os haviam denunciado e traído, eram recebidos com muita honra em Nova Delhi, em Genebra e em outras conferências. Assim garantiram a todo o mundo que na Rússia existe ampla liberdade religiosa.
Um líder do Concilio Mundial de Igrejas beijou o bolchevista Arcebispo Nikodim quando este garantiu isso. Então se banquetearam sob o majestoso nome do Concilio, enquanto os santos na prisão comiam repolho com tripas não lavadas, como eu havia comido, em nome de Jesus Cristo.
As coisas não podem permanecer como estão. A Igreja Subterrânea resolveu que eu deixasse o país, se tivesse possibilidade, e informasse aos crentes ociden­tais o que está acontecendo. Decidi denunciar o Co­munismo, embora ame os comunistas. Não acho certo pregar o Evangelho sem denunciar o Comunismo.
Alguns dizem-me: "Pregue somente o Evangelho!" Isto me faz lembrar que a Polícia Secreta comunista também me disse que pregasse a Cristo sem falar no Comunismo. Será que aqueles que são pelo chamado "Evangelho Puro" são inspirados pelo mesmo espírito dos que pertencem à Polícia Secreta Comunista?
Não sei o que seja o chamado "Evangelho Puro". Seria pura a pregação de João Batista? Não somente disse: "Arrependei-vos porque o reino de Deus está perto", como também disse: "Tu, Herodes, és mau". Foi decapitado porque não se restringiu ao ensino abs­trato. Jesus não pregou apenas o "Puro" Sermão da Montanha, porém o que alguns líderes da Igreja atual chamariam de sermão negativo. "Ai de vós escribas e fariseus hipócritas... Raça de víboras!" Foi por cau­sa de tal pregação "impura" que Ele foi crucificado. Os fariseus não se teriam incomodado com o Sermão da Montanha.
O pecado deve ser chamado pelo seu próprio nome. O Comunismo é o pecado mais perigoso do mundo moderno. Todo Evangelho que não o denuncia, não é o puro Evangelho. A Igreja Subterrânea denuncia-o com o risco de sua liberdade e sua vida. Muito menos temos nós de silenciar no Ocidente.
Estou decidido a denunciar o Comunismo não no sentido  em  que  o  fazem  aqueles  que  usualmente  são chamados de "anticomunistas". Hitler era anticomu­nista, não obstante ser um tirano. Odiamos o pecado e amamos ao pecador.




Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

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