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quarta-feira, 25 de maio de 2011

ESCATOLOGIA - AS ULTIMAS COISAS - 3ª Parte

VI. O destino dos ímpios.

1. O ensino bíblico.

  O destino dos ímpios é estar eternamente separados de Deus e sofrer eternamente o castigo que se chama a segunda morte. Devido à sua natureza terrível, é um assunto diante do qual se costuma recuar; entretanto, é necessário tomar conhecimento dele, pois é uma das grandes verdades da divina revelação. Por essa razão o manso e amoroso Cristo avisou os homens dos sofrimentos no inferno. Sua declaração acerca da esperança do céu aplica-se também à existência do inferno "se não fosse assim, eu vo-lo teria dito" (João 14:2). O inferno é um lugar de: extremo sofrimento (Apo. 20:10), onde é lembrado e sentido o remorso (Luc. 16:19-31), inquietação (Luc. 16:24), vergonha e desprezo (Dan. 12:2), vil companhia (Apo. 21:8) e desespero (Prov. 11:7, Mat. 25:41).

2. Opiniões errôneas.

(a) O universalismo ensina que todos os homens, no fim, serão salvos, argumentando que Deus é amoroso demais para excluir alguém do céu. Essa teoria é refutada pelas seguintes passagens: Rom. 6:23; Luc. 16:19-31; João 3:36 e outras. Na realidade, é a misericórdia de Deus que exclui do céu o ímpio, pois este não se acomodaria no ambiente celestial como também o justo não teria prazer em estar no inferno.

(b) O restauracionismo. A doutrina da restauração de todas as coisas ensina que o inferno não é eterno, e, sim, apenas uma experiência temporária que tem por fim purificar o pecador para que possa entrar no céu. Se assim fosse, então o fogo infernal teria mais poder do que o sangue de Cristo. Também, a experiência nos ensina que a punição, em si, não regenera; ela pode restringir mas não transformar. Os partidários dessa escola de pensamento afirmam que a palavra "eterno", na língua grega, significa "duração de século ou época" e não duração sem fim. Mas, segundo Mat. 25:41, se a punição dos ímpios tiver fim, então o terá também a felicidade dos justos. Assim comenta o Dr. Maclaren: Reverentemente aceitando as palavras de Cristo como palavras de perfeito amor e sabedoria infalível, este autor... receia que, na avidez de discutir a duração, o fato solene da realidade da futura retribuição seja ofuscado, e os homens discutam sobre o "terror do Senhor" a ponto de não sentirem mais receio a seu respeito. Os hábitos tendem a se fixar. A tendência do caráter é tornar-se permanente; não há razão para crer que Deus futuramente, mais do que no presente, obrigue a pessoa a ser salva.

(c) Segundo período probatório. Ensina que todos, no tempo entre a morte e a ressurreição, terão outra oportunidade para aceitar a salvação. As Escrituras, entretanto, ensinam que na morte já se fixou o destino do homem. (Heb. 9:27.) Além disso, quantos aceitarão a presente oportunidade se pensarem que haverá outra? E, segundo as leis da natureza humana, se negligenciarem a primeira oportunidade, estarão menos dispostos a aceitar a segunda.

(d) Aniquilamento. Ensina que Deus aniquilará os ímpios. Os partidários dessa doutrina citam 2Tess. 1:9 e outras passagens que afirmam que os ímpios serão destruídos. Contudo, o sentido da palavra, como usada nas Escrituras, não é "aniquilar", mas causar ruína. Se a palavra perdição (Almeida) nesse verso significa aniquilar, então a palavra "eterna" no mesmo verso seria supérflua, pois aniquilamento só pode ser eterno. Também citam passagens que expõem a morte como a pena do pecado. Mas, nesses casos, refere-se à morte espiritual e não à morte física, e morte espiritual significa separação de Deus. A promessa de vida feita ao obediente não significa o dom de "existência", pois esse dom todos os homens o possuem. E se a vida, como um galardão, não significa mera existência, então a morte também não significa mera perda

VII. A segunda vinda de Cristo.

1. O fato de sua vinda.

O fato da segunda vinda de Cristo é mencionado mais de 300 vezes no Novo Testamento. Paulo refere-se ao evento umas cinqüenta vezes.
 Alguém já disse que a segunda vinda é mencionada oito vezes mais do que a primeira. Epístolas inteiras (Cl e 2Tess.) e capítulos inteiros (Mat. 24, Mat. 13) são dedicados ao assunto. Sem dúvida, é uma das doutrinas mais importantes do Novo Testamento.

2. A maneira de sua vinda.

Será de maneira pessoal (João 14:3; Atos 1:10,11; 1Tess. 4:16; Apo. 1:7; 22:7), literal (Atos 1:10; 1Tess. 4:16, 17; Apo. 1:7; Zac. 14:4), visível (Heb. 9:28; Fps. 3:20; Zac. 12:10) e gloriosa (Mat. 16:27; 25:31; 2Tess. 1:7-9; Gál. 3:4). Há interpretações que procuram evitar a opinião de que a vinda de Cristo seja literal e pessoal. Alguns ensinam que a morte é a segunda vinda de Cristo. Mas a Bíblia mostra que a segunda vinda é o contrário da morte, pois os mortos em Cristo ressuscitarão nessa ocasião. Com a morte iremos para Cristo, mas na sua vinda ele virá para nos buscar. Certas passagens (Mat. 16:28; Fil. 3:20) perdem seu significado se substituíssemos morte por segunda vinda. Finalmente, a morte é um inimigo, enquanto a vinda de Cristo é a gloriosa esperança. Alguns sustentam que a segunda vinda foi a descida do Espírito no dia de Pentecoste. Outros ensinam que Cristo veio no tempo da destruição de Jerusalém no ano 70 A.D., mas em cada um desses casos não houve ressurreição dos mortos, nem o arrebatamento dos vivos, nem outros eventos preditos que acompanharão o segundo advento.

3. O Tempo da sua vinda.

Tentativas houve para determinar a data da vinda de Cristo, mas em nenhuma delas o Senhor veio na hora marcada pelos homens! Ele declarou que o tempo exato de sua vinda está oculto nos conselhos divinos. (Mat. 24:36-42; Mar. 13:21, 22.) é bom que seja assim.
Quem gostaria de saber com antecedência a hora exata de sua morte? Tal conhecimento teria o efeito de perturbar e inutilizar a pessoa. Basta que saibamos que a morte pode vir a qualquer instante; portanto, devemos trabalhar "enquanto é dia pois a noite vem quando ninguém pode trabalhar". O mesmo raciocínio serve quanto ao fim da presente dispensação. Esse dia também não nos foi revelado, mas sabemos quê será repentino (1Cor. 15:52; Mat. 24:27) e inesperado (2Ped. 3:4; Mat. 24:48-51; Apo. 16:15). O Senhor avisa seus servos: "Negociai até que eu venha"
Damos em seguida uma visão geral do ensino de Cristo sobre o tempo da sua vinda: após a destruição de Jerusalém os judeus serão desterrados entre todas as nações, expulsos de sua terra, a qual passará a ser subjugada pelos gentios até ao fim dos tempos, quando Deus julgará as nações gentias (Luc. 21:24). Durante esse período os servos de Cristo levarão sua obra avante (Luc. 19:11-27) pregando o Evangelho a todas as nações (Mat. 24:14).
Será um tempo de demora durante o qual muitas vezes a igreja será tentada a duvidar do retomo do seu Senhor (Luc. 18:1-8), quando alguns se prepararão e outros se tornarão negligentes, enquanto o Noivo demora (Mat. 25:1-11). Ministros infiéis desviar-se-ão, dizendo consigo mesmos: "O meu Senhor tarda a vir" (Luc. 12:45).
"Muito tempo depois" (Mat. 25:19), "… meia-noite (Mat. 25:6), ‹a hora e no dia dos quais nenhum dos seus discípulos sabe (Mat. 24:36, 42,50), o Senhor repentinamente aparecerá para ajuntar seus servos e julgá-los segundo as suas obras (Mat. 25:19; e 2Cor. 5:10). Mais tarde, depois de ter sido pregado universalmente o Evangelho e após o mundo havê-lo rejeitado, quando o povo estiver vivendo completamente ignorante quanto à iminente catástrofe, como nos dias de Noé (Mat. 24:37-39) e nos dias da destruição de Sodoma (Luc. 17:28, 29) virá o Filho do homem em glória e poder para julgar as nações do mundo e sobre elas reinar (Mat. 25:31-46).

4. Sinais de sua vinda.

As Escrituras ensinam que a aparição de Cristo inaugurando a Idade Milenial será precedida por um tempo agitado de transição, no qual haverá distúrbios físicos, guerras, crises econômicas, declínio moral, apostasia religiosa, infidelidade, pânico geral e perplexidade. A última parte desse período transitório chama-se "A Grande Tribulação", durante a qual o mundo inteiro estará sob o domínio dum governo contra Deus e anticristão. Crentes em Deus serão brutalmente perseguidos, e a nação judaica, em particular, passará pela fornalha da aflição.

5. O propósito de sua vinda.

(a) Em relação à igreja. Assim escreve o Dr. Pardington: Assim como a primeira vinda do Senhor se estendeu sobre um período de 30 anos, assim a segunda vinda influirá em vários eventos. Na primeira vinda ele foi revelado como o Menino de Belém; mais tarde como o Cordeiro de Deus, ao ser batizado, e como o Redentor no Calvário. Na segunda vinda aparecerá aos seus secreta e repentinamente para trasladá-los às Bodas do Cordeiro. Essa aparição chama-se o arrebatamento ou "Parousia" (que significa "aparição" ou "presença" ou "chegada" na língua grega). Nessa ocasião os crentes serão julgados para determinar as suas recompensas por serviços prestados (Mat. 25:14-30). Após o arrebatamento, segue-se um período de terrível tribulação, que terminará na revelação, ou manifestação aberta de Cristo proveniente do céu, quando ele estabelecerá seu reino messiânico sobre a terra.

(b) Em relação a Israel. Aquele que é a Cabeça e Salvador da igreja, do povo do céu, é também o prometido Messias de Israel, do povo terrestre. Como Messias, ele libertará esse povo da tribulação, congregá-lo-á dos quatro cantos da terra, restaurá-lo-á na sua antiga terra e sobre ele reinará como seu, há muito prometido, Rei sobre a Casa de Davi.

(c) Em relação ao anticristo. O espírito do anticristo já está no mundo (1João 4:3; 2:18; 2:22), mas ainda virá outro anticristo final (2Tess. 2:3). Nos últimos dias ele se levantará dentre o velho mundo (Apo. 13:1) e tornar-se-á o soberano sobre um Império Romano ressuscitado que dominará todo o mundo. Assumirá grande poder político (Dan. 7:8, 25), comercial (Dan. 8:25; Apo. 13:16, 17) e religioso (Apo. 17:1-15). Ele será anti-Deus e anti-Cristo, e perseguirá os cristãos numa tentativa de extinguir o Cristianismo. (Dan. 7:25; 8:24; Apo. 13:7, 15). Sabendo que os homens desejam ter alguma religião, ele estabelecerá um culto baseado na divindade do homem e na supremacia do Estado. Como personificação desse Estado, ele exigirá o culto do povo, e formará um sacerdócio para fazer cumprir e promulgar esse culto. (2Tess. 2:9,10; Apo. 13: 12-15.) O anticristo levará ao extremo a doutrina da supremacia do Estado, a qual ensina que o governo é o supremo poder, em torno do qual tudo, incluindo a própria consciência do homem, tem que lhe estar subordinado. Visto que não existe poder ou lei mais elevados do que o Estado, segundo eles, Deus e sua lei precisam ser abolidos para se prestar culto ao Estado. A primeira tentativa para estabelecer o culto ao Estado está registrada em Daniel cap. 3. Nabucodonosor orgulhou-se do poderoso império que edificara. "não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei?..." (Dan. 4:30). Tão deslumbrado ficou ele diante do poderio e governos humanos, que o Estado para ele se tomou como um deus. Que melhor maneira para impressionar os homens com sua glória, do que ordenar-lhes que o símbolo desse governo fosse venerado! Portanto, ele edificou uma grande imagem dourada e mandou que todos os povos se prostrassem diante dela, sob pena de morte. A imagem não foi a de uma divindade local, mas representava o próprio Estado. Recusar cultuar a imagem era considerado ateísmo ou traição. Ao instituir essa nova religião, Nabucodonosor como que dizia ao povo: "Quem vos deu as belas cidades, as boas estradas, e belos jardins? O Estado! Quem vos provê de alimentos e serviço, quem funda escolas e patrocina templos? O Estado! Quem vos defende dos ataques dos inimigos? O Estado! não será então o Estado, esse poderio, um deus? Portanto, que maior deus quereis do que vosso exaltado governo? Prostrai-vos perante o símbolo da grande Babilônia!" E se Deus não o tivesse humilhado do seu orgulho blasfemo (Dan. 4:28-37), Nabucodonosor talvez teria exigido o culto de sua própria pessoa como chefe do Estado. Como os três filhos hebreus (Dan. 3) foram perseguidos por se recusarem a curvar-se perante a imagem de Nabucodonosor, assim os cristãos do primeiro século sofreram porque se recusaram a render homenagens divinas à imagem de César. Havia tolerância de todas as religiões no Império Romano, mas sob a condição de que fosse venerada a imagem de César como símbolo do Estado. Os cristãos foram perseguidos, não tanto por sua lealdade a Cristo, mas porque se recusaram a adorar a César e dizer: "César é Senhor." Recusaram-se a cultuar o Estado como deus. A Revolução francesa oferece outro exemplo dessa política. Deus e Cristo foram lançados fora e um deus, ou deusa, se fez da "Pátria" (o Estado). Assim disse um dos lideres: "O Estado é supremo em todas as coisas. Quando o Estado se pronuncia, a igreja não tem nada a dizer." A lealdade ao Estado elevou-se à posição de religião. A assembléia decretou que em todas as vilas fossem levantados altares com a seguinte inscrição: "O cidadão nasce, vive e morre por La Patrie." Preparou-se um ritual para batismos, casamentos e enterros civis. A religião do Estado possuía seus hinos e orações, seus jejuns e festas. O Novo Testamento reconhece o governo humano como divinamente ordenado para a manutenção da ordem e da justiça. O cristão, por conseguinte, deve lealdade à sua pátria. Tanto a igreja como o estado têm sua parte no programa divino, e cada qual deve limitar-se à sua esfera. Deus deve receber o que lhe pertence, e César deve receber o que lhe pertence. Mas acontece que muitas vezes César exige coisas que são de Deus, resultando que a igreja, muito contra sua vontade, entra em choque com o governo. As Escrituras prevêem que esses conflitos futuramente chegarão ao seu ponto máximo. A última civilização será anti-Deus, e o anticristo, seu chefe, o ditador mundial, tornará as leis desse superestado supremas sobre todas as demais leis", e exigirá o culto à sua pessoa como a personificação do Estado. As mesmas Escrituras predizem a vitória de Deus e que sobre as ruínas do império mundial" anticristão, ele levantará seu reino no qual Deus é supremo — o Reino de Deus. (Dan. 2:34, 35, 44; Apo. 11:15; 19:11-21.)

(d) Em relação às nações. As nações serão julgadas, os reinos do mundo destruídos, e todos os povos estarão sujeitos ao Rei dos reis. (Dan. 2:44; Miq. 4:1; Isa. 49:22, 23; Jer. 23:5; Luc. 1:32; Zac. 14:9; Isa. 24:23; Apo. 11:15.) Cristo regerá as nações com vara de ferro; tirará toda a opressão e injustiça da terra e inaugurará a Idade áurea de mil anos. (Sal. 2:7-9; 72; Isa. 11:1-9; Apo. 20:6.) "Depois virá o fim, quando houver entregado o reino a Deus, o Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda potestade e força" (1Cor. 15:24). Há três estágios na obra de Cristo como Mediador: Sua obra como Profeta, cumprida durante seu ministério terrestre; sua obra como Sacerdote, começada na cruz e continuada durante a dispensação atual; e sua obra como Rei, começando com a sua vinda e continuando durante o Milênio. Depois do Milênio ter cumprido sua obra de unir a humanidade a Deus, de forma que os habitantes do céu e da terra formem uma só grande família onde Deus será tudo e estará em todos. (Efés. 1:10; 3:14, 15.)
Contudo, Cristo continuará a reinar como o Deus-homem, e partilhar do governo divino, pois "o seu reino não terá fim" (Luc. 1:33).




Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

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