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quarta-feira, 25 de maio de 2011

ESCATOLOGIA - AS ULTIMAS COISAS - 1ª Parte

 

As últimas coisas


"Assim diz o Senhor... Eu sou o primeiro, e eu sou o último..." (Isa.44:6).

  Deus já escreveu, tanto o primeiro como o último capítulo da história de todas as coisas. No livro de Gênesis lemos acerca da origem de todas as coisas do universo, da vida, do homem, da sociedade humana, do pecado e da morte. Nas Escrituras proféticas, mui especialmente no livro do Apocalipse, revela-se como essas coisas alcançarão seu alvo máximo e a consumação. Muitos, como Daniel, perguntam assim: "Qual será o fim dessas coisas?" (Dan. 12:8). Somente Deus pode responder à pergunta e a resposta se encontra nas Escrituras.

I. A morte

  A morte é a separação da alma do corpo pela qual o homem é introduzido no mundo invisível. Essa experiência descreve-se como "dormir" (João 11:11; Deut. 31:16), o desfazer da casa terrestre deste Tabernáculo (2Cor. 5:1), deixar este tabernáculo (2Ped. 1:4), Deus pedindo a alma (Luc. 12:20), seguir o caminho por onde não tornará (Jo 16:22), ser congregado ao seu povo (Gên. 49:33), descer ao silêncio (Sal. 115:17), expirar (Atos 5:10), tornar-se em pó (Gên.3:19), fugir como a sombra (Jo 14:2), e partir (Fil. 1:23).
  A morte é o primeiro efeito externo ou manifestação visível do pecado, e será o último efeito do pecado, do qual seremos salvos. (Rom. 5:12; 1Cor. 15:26.) O Salvador aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo evangelho, (1Tim. 1:10.) A palavra "abolir" significa anular ou tornar negativo. A morte fica anulada como sentença condenatória e a vida é oferecida a todos. Entretanto, embora a morte física continue a manifestar-se, ela torna-se uma porta que conduz a vida para aqueles que aceitam a Cristo.
  Qual a conexão entre a morte e a doutrina da imortalidade? Há dois termos, "imortalidade" e "incorrupção" que se usam em referência à ressurreição do corpo, (1Cor. 15:53,54.) A imortalidade significa não estar sujeito à morte, e nas Escrituras emprega-se em referência ao corpo e não à alma (embora esteja implícita a imortalidade da alma. Mesmo os cristãos estão sujeitos à morte por serem mortais os seus corpos. Depois da ressurreição e do arrebatamento da igreja, os cristãos desfrutarão da imortalidade. Isto é, receberão corpos glorificados que não estarão sujeitos à morte.
  Os ímpios também serão ressuscitados. Mas isso quer dizer que desfrutarão dessa imortalidade do corpo? Não; sua inteira condição é a de morte, e separação de Deus. Embora tenham existência, não gozam de comunhão com Deus e nem da glorificação do corpo, a qual realmente constitui a imortalidade. Conscientemente existirão numa condição de sujeição à morte. A sua ressurreição não é a "ressurreição da vida", mas a "ressurreição para a condenação" (João 5:29). Se a "imortalidade", à qual se referem as Escrituras, se referisse ao corpo, como se justificaria a referência à imortalidade da alma? Tanto no Antigo como no Novo Testamento, a morte é a separação do corpo e da alma; o corpo morre e volta ao pó, a alma ou o espírito continua a existir conscientemente no mundo invisível dos espíritos desencarnados.
  Assim o homem é mortal, estando o seu corpo sujeito à morte, embora seja imortal a sua alma, que sobrevive à morte do corpo.
  Qual a distinção entre imortalidade e vida eterna? A imortalidade é futura (Rom. 2:7; 1Cor. 15:53,54), e refere-se à glorificação dos nossos corpos mortais na ocasião da ressurreição. A vida eterna refere-se principalmente ao espírito do homem: é uma possessão que não é afetada pela morte do corpo. A vida eterna alcançará sua perfeição na vinda de Cristo, e será vivida em um corpo glorificado que a morte não mais poderá destruir.
  Todos os cristãos, quer vivos quer falecidos, já possuem a vida eterna, mas somente na ressurreição terão alcançado a imortalidade

II. O estado intermediário.

  Pela frase "estado intermediário" queremos dizer o estado dos mortos no período entre o falecimento e a ressurreição.

1. A opinião das Escrituras.

  Deve ser observado que os justos não receberão sua recompensa final nem os ímpios seu castigo final, enquanto não se realizarem as suas respectivas ressurreições. Ambas as classes estão num estado intermediário, aguardando esse evento. Os cristãos falecidos vão estar "com o Senhor", mas não recebem ainda o galardão final. O estado intermediário dos justos descreve-se como um estado de descanso (Apo. 14:13), de espera e repouso (Apo. 6:10,11), de serviço (Apo. 7:15), e de santidade (Apo. 7:14). Os ímpios também passam para um estado intermediário, onde aguardam o castigo final, que se realizará depois do juízo do Grande Trono Branco, quando a Morte e o Hades serão lançados no lago de fogo. (Apo. 20:14.)

2. Opiniões errôneas.

(a) Purgatório. A Igreja Católica Romana ensina que mesmo os mais fiéis precisam dum processo de purificação antes de se tornarem aptos para entrar na presença de Deus. Também adotam essa opinião certos protestantes que, crendo na doutrina de "uma vez salvo, salvo para sempre", embora reconhecendo a palavra divina "sem a santidade ninguém verá o Senhor", concluem que haja um "purgatório" onde os crentes carnais e imperfeitos se purifiquem da sua escória. Esse processo, segundo dizem, realizar-se-á durante o Milênio enquanto os vencedores estão remando com Cristo. Todavia, não existem nas Escrituras evidências para tal doutrina, e existem muitas evidências contrárias a ela. Assim escreveu John S. Banks, erudito metodista: As Escrituras falam da felicidade intermediária dos mortos em Cristo. (Luc. 16:22; 23:3; 2Cor. 6:6,8.) Certamente os cristãos em geral, depois de longo tempo de crescimento na graça, estão tão aptos para o céu quanto o malfeitor penitente crucificado ao lado de Cristo, ou quanto Lázaro mencionado na parábola. Também as Escrituras atribuem ao sangue de Cristo ilimitada eficácia. Se, de fato, as Escrituras ensinassem tal estado intermediário, diríamos que seu poder purificador seria originário da expiação de Cristo, corno dizemos dos meios de graça no estado presente; mas, uma vez que as Escrituras não ensinam tal doutrina, podemos apenas considerar esse estado como obra de super erro (mais do que o exigido, extra). Essa doutrina tenta prover o que já está amplamente provido. O Novo Testamento reconhece apenas duas classes de pessoas; as salvas e as não-salvas. O destino de cada classe determina-se agora, na vida presente, que é o único período probatório. Com a morte termina esse período probatório, seguindo-se o julgamento segundo as obras praticadas no corpo. (Heb. 9:27; 2 Cor. 5:10.)

(b) O espiritismo ensina que é possível alguém comunicar-se com os espíritos de pessoas falecidas, sendo essas comunicações conseguidas por meio dum "médium". Mas notemos:
1) A Bíblia proíbe, expressamente, consultar tais "médiuns"; a própria proibição indica a presença do mal e o perigo de tal prática. (Lev. 19:31; 20:6, 7; Isa. 8:19.) É inútil os espíritas citarem o exemplo de Saul, visto que esse desafortunado pereceu por ter consultado a feiticeira, (1Crôn.10:13.)
2) Os mortos estão sob o controle de Deus, o Senhor da vida e da morte, e, por conseguinte, não podem estar sujeitos aos médiuns. Vide, por exemplo, (Apo. 1:18; Rom. 14:9.) Os espíritas citam o caso da pitonisa que evocou o espírito de Samuel e o relato da aparição de Moisés e Elias no Monte da Transfiguração. Mesmo que fosse Samuel que aparecera a Saul, seria por divina permissão, e o mesmo pode íamos dizer acerca de Moisés e Elias. A passagem que relata o caso do rico e Lázaro prova que aos mortos não é permitido comunicar-se com os vivos. (Luc. 16.)
3) Embora muitos fenômenos espíritas hajam sido provados fraudulentos, existe neles alguma realidade. Visto que os mortos não se podem comunicar com os vivos, somos obrigados a concluir que as manifestações espíritas são resultados de forças estranhas psíquicas ou que as mensagens têm sua origem em espíritos mentirosos e sedutores, (1Reis 22:22; 1Tim. 4:1.) Muitos dos que abraçam o espiritismo ou consultam médiuns são os que perderam sua fé cristã. Aqueles que crêem nas Escrituras gozam de suficiente luz para iluminar as regiões do além túmulo.

(c) Sono da alma. Certos grupos, como os Adventistas do Sétimo Dia, crêem que a alma permanecerá num estado inconsciente até à ressurreição. Essa crença, conhecida como "sono da alma", é também adotada por indivíduos em outros grupos religiosos. É verdade que a Bíblia descreve a morte como um sono, mas isso em razão de o crente, ao falecer, perder a consciência para com o mundo cheio de fadiga e sofrimento e acordar num reino de paz e felicidade. O Antigo Testamento ensina que, embora o corpo entre na sepultura, o espírito que se separou do corpo entra no Seol (traduzido "inferno" na versão de Almeida), onde vive em estado consciente. (Vide Isa. 14:9-11; Sal. 16:10; Luc. 16:23; 23:43; 2Cor. 5:8; Fs. 1:23; Apo. 6:9.)


Fonte: Conhecendo as Doutrinas da Biblia




Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira

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