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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cristo e a Sua Relação com a Dor e o Sofrimento Humano - 3 Parte - Caio Fabio, Pr.


Jesus não veio para realizar comício demagogo, gritar anarquicamente em praças, manipular mentes, dominar pensamentos.

  O texto também nos ensina que Jesus não veio esmagar, despedaçar os que já estão quebrados pela vida. Veja a maravilha contida no v 20: "Não esmagará a cana quebrada." Jesus não veio quebrar nem o que quebrado está. Não veio desmontar nem o que desmontado está. Não veio humilhar, diminuir, rachar os que já estão humilhados, depauperados, rebaixados e arrasados pelas circunstâncias.

  Basta lembrar, para reconhecer a face magnânima de Jesus, o episódio da mulher adúltera, sem rosto ou nome, tirada do leito do adultério, flagrada adulterando e carregada até a praça pública enrolada nos lençóis do leito do pecado, para ser apedrejada mal vestida, seminua, desgrenhada!... E os homens exigiam de Jesus que esmagasse a cana partida, que apagasse a torcida, a mecha, o pavio que mal fumegava. Que arruinasse, destruísse aquilo que a vida já havia transformado em estilhaços; que apedrejasse o que já não tinha mais jeito humanamente falando. E Jesus então, contendo as exigências, desumanas e mesquinhas, disse: "Quem dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a pedra". E eles, pressionados pelas próprias consciências, retiraram-se um a
um. Foi aí que Jesus disse:

- Mulher, ninguém te condenou?
- Ninguém, Senhor.
- Onde estão teus acusadores?
- Já foram.
- Eu tampouco te esmago, te quebro. Agora vai. Vai e não peques mais.
  Que natureza misericordiosa, terna e mansa a de Jesus! Ele se recusou a tocar o que estava ferido, a empurrar mais fundo o que estava semi-enterrado; a enxovalhar mais ainda o enodoado, sujo, enegrecido pela poeira de carvão de sua vida miserável. Seu único desejo era pôr de pé o que estava partido, mudar as vestes ao esmolambado, ensaboar o imundo, erguer o desalentado, aliviar o cansado e o oprimido pelos vendavais da vida.

  Jesus veio ainda para reavivar a pequena chama, a pequena centelha de fé, por menor que seja no coração humano. É isso o que diz o versículo 20: "...nem apagará a torcida que fumega'. Torcida, mecha, pavio de lamparina, fifó, candeeiro, quando mortiço, querendo apagar, tremeluzindo, bruxuleando, apenas fumaçando, fumegando. Ou seja, uma vida ou uma fé que se exauria, que chegava ao fim, não tinha mais combustível que a mantivesse acesa. Qualquer brisa que passasse a apagaria. Mas no conceito de Jesus, qualquer centelha, ou fagulha de fé, por mais fraca que seja é melhor do que trevas absolutas; pode crescer, criar energia, incendiar. E onde ele encontra essa fagulha, essa faísca de esperança, essa centelha de sonho, ele a protege: cobre-a com as mãos amorosas, para que não morra.

  Sim, o Senhor Jesus não veio para apagar, e sim para reavivar, reacender, lançar mais lenha ao fogo, mais carvão à brasa. Ele é como álcool, que transforma a brasa mortiça em fogaréu, em luz, em fulgor. Ele sopra amorosamente sobre o coração quase a apagar-se, reaviva o espírito amortecido, baço, fosco. Pois ele veio para que a luz bruxuleante crie pujança e brilho, até ser luz acesa sobre o monte, iluminando com tal fulgor, que o mundo todo a veja e a admire, e as obras de amor, esperança e fé o glorifiquem.

  É maravilhoso o potencial manifesto em Jesus de aproveitar o pequeno.
  Lembro-me de quando, junto com Pedro e João, ele desceu do monte da transfiguração. Ao chegar lá em baixo,, viu que os discípulos estavam inutilmente tentando expulsar o demônio de um menino. Ao vê-lo, o pai correu e lançou-se-lhe aos pés, suplicando que tivesse piedade do filho, terrivelmente endemoninhado, a tal ponto que nem os discípulos haviam conseguido libertá-lo. Então Jesus exclamou, contrariado: "Ó geração incrédula! até quando atarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-mo". E levaram-lhe a criança. Perguntou então ao pai:

  Há quanto tempo isto lhe sucede?' Respondeu ele: "Desde a infância, e muitas vezes o tem lanudo no fogo ou na água. É uma vida horrível a que levo, vigiando. Se tu podes alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos!" E Jesus disse:
 "Se podes! tudo é possível ao que crê!" E o homem disse: "Eu creio, ajuda-me na minha falta de fé!" (Marcos, 9:14-29).

  Encontro nessa expressão do pai aflito, desesperado, a confirmação de que Jesus não apaga a torcida que fumega. Havia nele uma fagulhazinha quase invisível; microscópica, -de fé; uma torcida pequenina, cuja tênue fumaça indicava ao Mestre que nele ainda existia fé, esperança: "Eis aqui a torcida que fumega, quase se apagando; acende-a, Jesus, por misericórdia! Ajuda-me na minha falta de fé!" E o Senhor, generoso, manso e amoroso, aproveita o pequeno pavio para acender a fé naquele homem e libertar o filho das garras do espírito maligno.

  Dá prazer conviver com Jesus desta maneira: reconhecendo que ele é manso, que não veio para contender, atiçar o mal, reprimir, manipular mentes ou esmagar com exigências, legalismo, jugo, mas aproveitar o que de mínimo possa haver para refazer, levantar, recriar - para glória do seu próprio nome.


Fonte: Resposta à Calamidade - Pr.Caio Fabio



Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

Um comentário:

  1. Um texto que se inscreve na nossa alma. Um bálsamo para quem está em sofriento.
    Obrigada

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