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segunda-feira, 23 de maio de 2011

Cristo e a Sua Relação com a Dor e o Sofrimento Humano - 2 Parte - Caio Fabio, Pr.


A atitude teológica de Jesus - que não incluía a apologia, a discussão, mas a relação fortíssima da sabedoria com a verdade e o amor- faz-me lembrar algo que me aconteceu certa vez.

  Eu havia sido convidado a participar de um programa de televisão dirigido há muitos anos por uma senhora. Ao chegar ao local, senti-me horrivelmente desanimado. O calor era terrível. Imaginar que teria de trocar de roupa para enfrentar aqueles spots desumanos me fez perder a coragem. Pensei comigo:  "Não vou não!" Mas algo começou a agitar-se dentro de mim, perturbando-me. Ela já havia telefonado para confirmar a minha ida, explicando que gastaria bastante tempo na entrevista, que era, portanto, imprescindível a minha presença.

  Pensando no mau exemplo que daria se não fosse, voltei atrás.
  Ao chegar lá, o assunto era o Éber de meu livro Nos Bastidores dos Espíritos.*
  Aquela senhora o conhecera, lembrava-se do auge de sua carreira no espiritismo, e queria saber o que dizia o livro sobre ele. Ao entrar no camarim, dei com um "preto velho" e umas velas esquisitas acesas à volta. Eu sabia que ela era espírita, e além de espírita, macumbeira brava! Entrei ali, portanto, na base do "Eu te repreendo em nome de Jesus!" Ela estava sentada e me recebeu efusivamente:

- Oi, pastor, sente aí. Como é o livro de Éber, hein?
- Ele conta os fenômenos que realizava - disse eu.
- Ele admite que aquilo realmente acontecia? - perguntou.
- Sim, admite! - respondi.
- Então qual é a razão de ser do seu livro? Se ele admite, evidentemente é espírita...
- Ele admite a fenomenologia, mas nega a fonte que realizava aquilo - retruquei.
- Eu não entendi, não...
- Ele não admite que eram espíritos humanos desencarnados.
- E não eram? Então que eram?
- Eram fontes escusas, fontes malévolas.
- E quem eram?
- Era o diabo.

  Ela foi arregalando os olhos, parou, ficou me olhando ensimesmada.
  Arrematei então: - É bom você saber disso, pois o que vou contar daqui a pouco diante das câmeras é isso: que era o diabo quem promovia aqueles fenômenos.
- Mas era o diabo mesmo?
- Era, não tenha dúvida não!
  Ao começar finalmente a programação, ela avisou: "Hoje vamos ter um programa controvertidíssimo. Como a pessoa já compareceu outras vezes, tendo apresentado temas também muito controvertidos, sem jamais provocar irritação e discussão, pelo contrário, derramando uma paz muito profunda em meu coração, tenho a certeza de que novamente vai falar sem despertar contendas".

  Antes de eu entrar no ar, presenciara uma dança tresloucada, ali, de uma escola de samba. Escondi-me atrás dos bastidores e ali fiquei com o rosto na presença de Deus, suplicando-lhe que viesse encher com a sua graça aquele local. Depois apareceu não sei quem, e então se armou uma briga política, uma confusão horrível.

  Chegou finalmente a minha vez. Aquela mulher, olhando-me no rosto, me perguntou:
- Diga-me uma coisa: quem eram os espíritos que trabalhavam no Éber?
 
  Fui educado, e respondi:
- Bem, antes de tentar uma resposta, queria tentar uma premissa racional. Você me permite?
- Sim, permito.
- Para mim Jesus é Deus, sabia disso? Você sabia que para um espírita kardecista Jesus é o maior espírito de luz?
- Também em qualquer outra religião da Terra, Jesus é o maior entre os maiores. Por exemplo: no Alcorão, Jesus é maior que Maomé. O Alcorão o chama de Espírito de Deus, o Verbo de Deus, a Palavra de Deus - maior do que o profeta. Em qualquer credo ou filosofia, Jesus é maior do que os maiores.
Correto?
- Correto - confirmou a mulher.
- Então vamos ver o que o maior entre os maiores, Jesus, nos ensinou nos Evangelhos sobre a relação com os mortos e com os vivos.

  Percorri a seguir junto com ela as páginas bíblicas, mostrando- lhe que não há contato ou relacionamento com quem morre. Quando o argumento estava todo costurado em cima do Antigo Testamento, disse a ela:

- Agora vamos ver o que o "espírito de luz" diz no Novo Testamento:

"Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida". "Errais não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus". Fui citando as Escrituras e o que Jesus dizia sobre o Antigo Testamento.
 
  Expliquei que ele afirmava ter o Velho Testamento autoridade, e então continuei: - Vamos ver agora o que o Antigo Testamento diz sobre o assunto. Li Deuteronômio, 18.9-12;
Levítico, 11; Isaías, 9.10.

  A mulher foi murchando, sem abrir a boca para contestar. E eu fiquei pensando que quando o Senhor está presente o que acontece é isto: "Não contenderá!" Tudo aconteceu com tamanho impacto que quando o programa terminou coloquei a mão no ombro dela, e ela comovida, me disse:

- Puxa, quando você vem aqui sinto uma paz tão grande!
- Sabe, o que você precisa é de Jesus! - disse-lhe
  Não foi uma lágrima furtiva, mas lágrimas aos borbotões que desceram por sua face, misturadas à maquiagem de um rosto que se esforçava por esconder dos muitos espectadores a tristeza e a falta de paz.

- Você precisa entregar sua vida a Jesus, ter um encontro com ele, crer Nele para ser salva, para ter vida eterna - aconselhei-a carinhosamente.

  Saí dali sem que tivesse havido nenhuma discussão ou conflito. O conflito que houve foi apenas aquele último, silencioso, que invadiu um coração sem paz em razão da confusão das trevas em que vivia. Não houve discussão porque o Senhor estava ali, e quando ele está presente não há contenda, guerra, altercação alguma.

  Outro ensinamento que este texto nos dá é que Jesus não veio para reprimir com violência. O v. 19 diz que ele não gritará, não acusará ninguém. Vejo isto muito claro na sua reação diante da atitude injusta e inexplicável de Pedro, que o traiu na casa de Caifás. Ele estava sentado na varanda quando Jesus saiu da sala de Caifás, passando pela sacada para descer ao calabouço, tendo forçosamente que passar pelo local onde o discípulo se encontrava. O maravilhoso é que ao passar Jesus não lhe disse, como seria de se esperar:

  "Tu me negaste, foste fraco, não agüentaste o rojão; onde está a tua fé? Tu afrouxaste, Pedro! E as tuas juras de amor, onde foram parar?" Diz a Bíblia: "Fitando-o o Senhor, Pedro, caindo em si, desatou a chorar".

  Jesus não veio a este mundo para contender com ninguém ou ficar atrás das pessoas, perturbando-as; tampouco para reprimir, coibir, massacrar, agredir a mente. Ele disse: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve" (Mt. 11:28-30).

  Fitando-o o Senhor, Pedro chorou amargamente. O silêncio é muitas vezes mais forte, mais dramaticamente intenso e eficiente do que uma multidão de palavras. O silêncio e o olhar do Senhor Jesus quebrantaram o coração de Pedro, moveram-lhe as estacas da consciência mais do que qualquer coisa que ele pudesse ter ouvido.

  Outra verdade é que Jesus não veio para exercitar e manipular as mentes. O v19 diz: "E nas praças não se ouvirá a sua voz".

  Isso tem relação com a linguagem manipuladora do comício demagógico. Não tem nada a ver com a pregação em praça pública, ou com o ajuntamento político sério e ordeiro ao ar livre, e sim com o fato de ter o ser humano o hábito de manipular o próximo - ou seja, imprimir forma com as próprias mãos - engendrando, forjando, maquinando idéias e pensamentos no seu coração e mente. Isto Jesus não veio fazer de forma alguma neste mundo. João, 6:15 conta que "sabendo(..)Jesus que estavam para vir com o intuito de arrebata-lo para o proclamarem rei, retirou se novamente, sozinho, para o monte." O texto está nos
ensinando que Jesus se negava a ser líder político, como também a transformar seus discípulos em pessoas mentalmente obcecadas.

Fonte: Resposta à Calamidade - Pr.Caio Fabio


Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira


Continua...........................

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