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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

INSPIRAÇÃO E AUTORIDADE DAS ESCRITURAS

  A Bíblia tem um inerente senso de autoridade que se vê no constante uso da expressão “diz o Senhor”, no Antigo Testamento, e na aura de uma autoridade apostólica divinamente conferida no Novo Testamento (cf. Grudem 1983:19-59). É claro que há um amplo debate em tomo dos parâmetros exatos, mas eu argumentaria a favor de uma forma de inerrância com nuanças cuidadosamente definidas (cf. Feinberg 1979), em vez do modelo mais dinâmico de Paul Achtenieier, que defende a ideia de que não apenas os eventos originais são inspirados, mas também os significados que algumas comunidades acrescentaram mais tarde (1980). E ele vai mais além, quando afirma que nós mesmos somos inspirados na leitura que fazemos hoje. O diagrama a seguir apresenta implicações importantes para a hermenêutica, pois demonstra que, quanto mais nos afastamos do significado pretendido da Palavra, mais aumenta o descompasso com a autoridade.

  Como se vê no diagrama da figura 0.1, o nível de autoridade diminui à medida que passamos do texto para a interpretação e depois para a contextualização; portanto, precisamos fazer o caminho inverso e garantir que nossa contextualização se aproxime o tanto quanto possível de nossa interpretação, e que esta, por sua vez, possa ser coerente com o significado original pretendido pelo texto/autor. O único meio de conferir genuína autoridade à nossa pregação e à vida cristã diária é lançar mão da hermenêutica, para assim unir o máximo possível nossa aplicação à nossa interpretação e garantir que a interpretação, por sua vez, esteja em harmonia com a essência do texto. A alegação feita por Achtemeier de que a tradição histórica da igreja e as interpretações de hoje também são inspiradas não faz justiça à prioridade do texto, pois só ele contém a Palavra de Deus.




Fonte:  A Espiral Hermeneutica - Grant R. Osborn

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