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quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
A Jovem Mulher Puritana - David Lipsy - Parte 2
“Seja Útil”
Os puritanos sabiam como medir a utilidade das instituições
de educação. Certo puritano escreveu este sintetizado padrão
para avaliar a escolaridade de uma jovem: “Quando uma jovem
volta para casa, se ela não é tão boa filha quanto era antes, qual-quer que tenham sido as aquisições que ela possa ter adquirido
na escola, teria sido melhor ela não ter ido para lá”.
Se a escola e a igreja de fato tiverem enfatizado esses valo-res louváveis, os puritanos preveniriam aos pais a que não anulassem o que essas instituições tinham feito por essas filhas. O
puritano Richard Greenham avaliou essa advertência, dizendo:
“Se os pais têm seus filhos abençoados na igreja e na escola, que
eles tomem cuidado para que não dêem a seus filhos nenhum
exemplo corrupto em casa... De outra forma, os pais lhes causa-rão mais danos em casa do que o bem que pastores e professo-res possam lhes fazer fora”. George Swinnock vai ainda mais ao
ponto: “Alguns pais”, ele escreveu, “como Eli, criam seus filhos
para a ruína de sua casa”.
Nos dias do puritano John Angell James, havia também e
da mesma forma, tendências educacionais para a distorção, de
um tipo não desconhecido entre nós hoje, que estavam então
tentando interromper o treinamento das moças puritanas. Ele
escreve: “Na educação moderna, quanto não é programado, se
não intencionado, mais para preparar nossas mulheres de modo
que se fascinem nos círculos da moda e nas festas, do que para
brilhar no retiro de sua casa. Polir o exterior com aquilo que é
chamado realizações, parece mais ser a finalidade do que dar
um sólido substrato (i.e., fundamento) de piedade, inteligência,
bom senso, e virtude social. Nunca houve um assunto menos
bem compreendido que educação. Armazenar a memória com
fatos, ou cultivar um gosto musical, canto, desenho, línguas, e
corte-costura, são o ultimato para muitos. O uso do intelecto no
sentido de reflexão profunda, juízo são, discriminação acurada
não é ensinada como deveria ser”. “O que James almeja para a
educação das moças?”, você poderia perguntar. A resposta se-ria: “Eu quero que elas sejam adequadas [de modo que possam]
treinar homens e mulheres que serão o suporte da força e glória
da nação”.
A moça puritana era educada, não apenas em casa e na escola,
mas também na igreja. Em uma série de sermões sobre educação
religiosa de crianças, Phillip Doddridge, dirigindo-se a jovens, dis-se: “Primeiro, sejam dispostos a aprender as coisas de Deus. Segun-do, orem por aqueles que lhes ensinam. Terceiro, atentem para que não aprendam em vão”. No mesmo sermão ele continua, a certa
altura, dirigindo-se aos desatentos e também aos jovens piedosos,
todos que estavam chegando à maturidade. Como mais e mais das
nossas congregações recebem pastores de si mesmas, pela graça de
Deus, eu penso que presbíteros, e especialmente os pastores, pre-cisam mais e mais dar assistência aos pais dirigindo pelo menos
parte de suas mensagens a nossas crianças sentadas na igreja.
A esse respeito, eu tenho citado hoje largamente o extenso
livro escrito pelo puritano John Angell James sobre Piedade Fe-minina. A moça puritana a quem ele se refere, embora possa não
ter tido uma educação universitária, deve ter sido pelo menos
tão inteligente quanto muitas de nossos dias atuais graduadas
no ensino médio. Uma mente precariamente educada teria tido
considerável dificuldade em acompanhar seu raciocínio agudo
e, às vezes, elevado vocabulário. O mesmo poderia ser dito do
puritano A Guide for Young Disciples (Um guia para Jovens
Discípulos) de J. G. Pike. Talvez nós devamos pensar duas vezes
antes de sentirmos pena da assim chamada escassa educação
formal das moças puritanas. Depois de ter me preparado para
este tópico eu receio que muitas moças aprenderam mais de
real substância nos poucos anos de estudo que elas tiveram do
que muitos de nós em talvez duas vezes os mesmos anos.
A educação puritana era sempre considerada um meio para
um fim útil. Utilidade quase nunca era medida em termos de
riqueza ou realização pessoal, mas em termos de serviço para
a família e para outros. Tanto antes como depois do casamento, a jovem moça puritana era freqüentemente encorajada a, na
linguagem puritana clara, “ser útil”. Dirigindo-se a mulheres,
baseado em Filipenses 4:3, onde se lê sobre aquelas mulheres
que “juntas se esforçaram comigo no evangelho”, o puritano
John James escreve página após página despertando as mulhe-res, não “a fazerem prosélitos de uma denominação para outra”,
mas ao “trabalho mais nobre e santo de salvar as almas de cria-turas suas semelhantes, especialmente aquelas de seu próprio sexo...”. Ele acrescenta uma advertência, contudo. “O caminho
do zelo religioso é freqüentemente sobre uma vastidão, sobre
pedras pontiagudas e rochas descobertas... Vocês terão que fa-zer sacrifícios de tempo, conforto, diversão, sentimentos, talvez
de amizades; vocês terão que suportar dificuldades, e deparar--se com muitas coisas desagradáveis; vocês terão que estar pre-paradas para abandonar a vontade-própria... reivindicações por
proeminência. Vocês podem ser zelosas de boas obras em tais
termos? Se sim, vamos; se não, volte”. Fiel à forma puritana, o
escritor prossegue descrevendo quais características espirituais
eram pertinentes para esse trabalho e depois continua a desta-car “os meios nos quais seu zelo pode ser empregado apropria-damente ao seu sexo, idade e circunstâncias”.
Qualquer moça podia ser útil. O mesmo autor ilustrou este
ponto contando uma história sobre uma menina que ficou ofendida com o fato de várias lojas em sua vizinhança estarem aber-tas no domingo. Ela foi até seu ministro e pediu por folhetos so-bre a observância do Dia do Senhor, colocou-os em envelopes e
deixou-os nas casas da vizinhança. Sete lojas acabaram por fechar
aos domingos. Os puritanos, fossem meninas ou homens madu-ros, não eram pessoas do tipo “não-fazemos-nada”. Mas, muito do
que eles fizeram, fizeram com séria preparação, consulta sábia e
ação em oração. Uma pergunta para nós é: “Nossas filhas são úteis
no sentido bom e correto da palavra?”. E quanto a isso, nós somos?
Cortejando
Ao preparar-se para pensar em casamento, era típico ser
dito à jovem puritana que afeição estável de ambos os lados
em um relacionamento era geralmente um sinal de apoio di-vino ao casamento. Todavia, ela não devia necessariamente
procurar por alguém a quem ela amasse naquele exato mo-mento, mas por alguém a quem ela poderia amar de forma
permanente. Esta é uma importante distinção (expandir--emoção vs. critério).
A moça puritana era ensinada que o amor pelo Senhor devia
vir primeiro e o amor humano devia alimentar esse amor e não
desviá-la dele. Contudo, o amor marital, uma vez que o homem
e a mulher estivessem unidos, devia ser igual ao da igreja por
Cristo, embora subserviente ao amor dela pelo Senhor.
Packer nos fala que o homem puritano típico oraria muito e
pensaria bastante sobre uma companheira em potencial. Que
ela fosse uma cristã séria era uma condição. (Faça uma pausa
e considere isto.) Beleza de mente e caráter era enfatizado bem
mais que beleza externa. Uma avaliação completa do caráter da
moça precederia a corte. Como isso era feito? Ele tentaria des-cobrir sua reputação, observar como ela costumava agir na con-vivência com outras pessoas, como se vestia e conversava, e a
quem ela selecionava para seus amigos. O puritano Robert Cle-aver escreveu: “Escolhe uma companheira para tua vida como
antes escolhestes companhias iguais a ti”. Os puritanos Dod
e Cleaver em seu A Godly Form of Household Government
(Uma Forma Piedosa de Governar a Família) afirmam: “Vejam
um ao outro comendo e acordando, trabalhando e brincando,
conversando, rindo e desaprovando também; ou, caso contrá-rio, pode ser que se tenha um para com o outro menos do que
se procurava, ou mais do que desejassem”.
Os puritanos usavam o modelo bíblico de cortejar, experi-mentado e verdadeiro, em lugar do modelo moderno, em lugar
das práticas mundanas do namoro de hoje. Eles tinham pouca
esperança para com aqueles casais cujas afeições se sobrepu-nham à razão. De forma típica, a razão era empregada em pri-meiro lugar na procura de um parceiro e as afeições deveriam
segui-la obedientemente. Talvez seja uma surpresa para nós,
mas eles freqüentemente conseguiam.
Quando um certo Michael Wigglesworth desejou persuadir
uma mulher piedosa a casar-se com ele, ele escreveu-lhe, não
proclamando um amor violento por ela, mas, em vez disso, fez
cuidadosamente uma lista de dez razões pelas quais ela deveria casar com ele e depois respondeu a duas objeções à união deles
levantadas por ela. Embora a primeira das razões dele se asse-melhe ao amor romântico com que todos nós estamos muito fa-miliarizados – “meus pensamentos e coração têm sido somente
por você desde” nosso primeiro encontro - as outras razões não
foram produtos de paixão, mas de piedade.
Na razão dois nós lemos que “mesmo buscando a Deus
de forma séria, fervorosa e freqüente por orientação e di-reção em uma questão tão séria, meus pensamentos ainda
têm sido determinados e fixos em você como a pessoa mais
adequada para mim”.
Razão três: “A isso eu não tenho sido levado por fantasias
(como muitos são em casos assim), mas por um raciocínio e
julgamento saudável, principalmente amando e desejando você
por aqueles dons e graças que Deus lhe deu, e visando a glória
de Deus, a beleza e promoção do evangelho. O bem espiritual,
bem como o bem exterior de mim mesmo e de minha família,
juntamente com o seu bem e de seus filhos, como meus objeti-vos, induzem-me a isso”.
Para encurtar a história: a senhora casou com Wigglesworth.
Que pai hoje não invejaria tal pretendente para sua filha?
Nossa forma de aproximarmos uma relação em nossos dias atu-ais não está talvez nos afastando desta preparação séria para o
casamento? Uma conclusão errada à qual não queremos que se
chegue é dizer que os sentimentos do amor não são importantes.
Os puritanos apenas não os consideravam de todo-importante.
O amor tinha que ser precedido e temperado com considera-ções sérias, espirituais.
David Lipsy
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