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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A FRANÇA ANTÁRTICA E A CONFISSÃO DE FÉ DA GUANABARA

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A FRANÇA ANTÁRTICA E A CONFISSÃO DE FÉ DA GUANABARA


Alderi Souza de Matos

1. A França Antártica

Após o descobrimento do Brasil, Portugal demorou a interessar-se pela ocupação e a colonização dos novos domínios. Por isso, outras nações européias voltaram os seus olhos para o Brasil, atraídas por suas riquezas naturais. Entre essas nações estava a França. Na primeira metade do século 16, esse país, cujo rei era Francisco I, experimentava conflitos em duas frentes. Externamente havia a antiga rivalidade com o Sacro Império Germânico, governado por Carlos V. No interior do país, surgia um fenômeno novo e inquietante: o protestantismo.

No Brasil, após a experiência mal-sucedida das capitanias hereditárias e as constantes incursões de outras nações, Portugal resolveu tomar providências concretas. Em 1549 chegou o primeiro governador-geral, Tomé de Souza, que construiu Salvador, na Bahia, a primeira capital da colônia. Todavia, o controle da imensa costa era ainda muito limitado.

Foi então que um aventureiro francês teve a idéia de fundar uma colônia no Brasil, em região já bem conhecida pelos franceses: a baía da Guanabara. Nicolas Durand de Villegaignon (1510-1571) era vice-almirante da Bretanha (noroeste da França) e cavaleiro da Ordem de Malta, também conhecida como Ordem de São João de Jerusalém.

São controvertidas as razões que teriam levado Villegaignon a planejar esse empreendimento. Possivelmente ele teve um conjunto de motivações: adquirir fama e riquezas, conquistar novos territórios para o seu país e dar refúgio a pessoas que sofriam intolerância religiosa na França.

Villegaignon aproximou-se do vice-almirante Gaspard de Coligny, um dos principais conselheiros do reino, que nutria fortes simpatias pela Reforma. Com isso, conseguiu o apoio do rei Henrique II (1547-1559), que lhe forneceu dois navios aparelhados e recursos para as despesas de viagem. Depois de reunir um bom número de trabalhadores, recrutando-os inclusive nas prisões de Paris e Rouen, Villegaignon deixou o porto de Havre, na Normandia, em 15 de julho de 1555.

Chegaram ao Rio de Janeiro em 10 de novembro, sendo bem recebidos pelos nativos tupinambás, acostumados à presença de franceses naquela região. Eventualmente o grupo instalou-se na pequena ilha de Serigipe, mais tarde denominada Villegaignon, onde foi construído o Forte Coligny. A colônia recebeu o nome de “França Antártica”.

O líder em pouco tempo granjeou a antipatia dos colonos: impunha-lhes trabalhos pesados e não proporcionava alimentação adequada. Logo surgiu uma conspiração, que foi punida com rigor. Um dos companheiros de Villegaignon nesse período foi o frade franciscano André Thévet, cosmógrafo do rei Henrique II, que mais tarde escreveu duas obras – Singularidades da França Antártica (1558) e Cosmografia universal (1575) –, em que defendeu Villegaignon e fez pesadas críticas aos reformados. Jean de Léry afirma ter escrito suas narrativas em parte para rebater as alegações de Thévet.

Diante das dificuldades surgidas, Villegaignon decidiu escrever à Igreja Reformada de Genebra, solicitando o envio de pastores e outras pessoas que ajudassem a elevar o nível religioso e moral da colônia e evangelizassem os indígenas. Coligny, a quem também foi enviada uma carta, convidou para liderar o novo grupo de colonos um ex-vizinho seu, Filipe de Corguilleray, conhecido como senhor Du Pont, que agora residia em Genebra.

Por sua vez, Calvino e seus colegas escolheram alegremente para acompanhar o grupo os pastores Pierre Richier (50 anos) e Guillaume Chartier (30 anos). Richier era doutor em teologia e ex-frade carmelita. Depois da estadia no Brasil residiu em La Rochelle, onde faleceu em 1580. Chartier, natural da Bretanha, também estudou em Genebra. Mais tarde foi capelão de Jeanne D’Albret, mãe do futuro rei Henrique IV.

Os huguenotes que acompanharam os pastores foram Pierre Bourdon, Matthieu Verneil, Jean du Bourdel, André Lafon, Nicolas Denis, Jean Gardien, Martin David, Nicolas Raviquet, Nicolas Carmeau, Jacques Rousseau e o sapateiro Jean de Léry, o notável cronista da viagem. Eram ao todo 14 pessoas.

O grupo deixou Genebra no dia 16 de setembro de 1556. Após visitarem o almirante Coligny em Chatillon-Sur-Loing, seguiram para Paris, onde outros se uniram à comitiva. Alguns acreditam que entre eles estava Jacques Le Balleur. Após passarem por Rouen, chegaram ao porto de Honfleur, na Normandia, embarcando para o Brasil no dia 19 de novembro.

A frota de três navios era comandada por Bois Le Conte, sobrinho de Villegaignon. A bordo iam cerca de 290 pessoas, inclusive algumas mulheres. Como de costume, a viagem foi muito penosa. A certa altura, diante da situação em que se achavam, os reformados recitaram o Salmo 107 (ver os versos 23-30). No dia 7 de março de 1557, os viajantes finalmente entraram no “braço de mar” chamado Guanabara pelos selvagens e Rio de Janeiro pelos portugueses.

O desembarque no forte Coligny deu-se no dia 10 de março, uma quarta-feira. O vice-almirante recebeu o grupo afetuosamente e demonstrou alegria porque vinham estabelecer uma igreja reformada. Logo em seguida, reunidos todos em uma pequena sala no centro da ilha, foi realizado um culto de ação de graças, o primeiro culto protestante ocorrido no Brasil e no Novo Mundo.

O ministro Richier orou invocando a Deus. Em seguida foi cantado em uníssono, segundo o costume de Genebra, o Salmo 5: “Dá ouvidos, Senhor, às minhas palavras” (“Aux paroles que je veux dire, plaise-toi l’aureille prester”). Esse hino constava do Saltério Huguenote, com metrificação de Clemente Marot e melodia de Luís Bourgeois, e até hoje se mantém nos hinários franceses. Bourgeois foi diretor de música da Igreja de Genebra de 1545 a 1557 e um dos grandes mestres da música francesa no século 16. A versão mais conhecida em português (“À minha voz, ó Deus, atende”) tem música de Claude Goudimel (†1572) e metrificação do Rev. Manoel da Silveira Porto Filho.

Em seguida, o pastor Richier pregou um sermão com base no Salmo 27:4: “Uma coisa peço ao Senhor e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. Após o culto, os huguenotes tiveram a sua primeira refeição brasileira: farinha de mandioca, peixe moqueado e raízes assadas no borralho. Dormiram em redes, à maneira indígena.

Por ordem de Villegaignon, passaram a realizar-se preces públicas noturnas após o trabalho diário, devendo os pastores pregar diariamente e duas vezes aos domingos. A Santa Ceia segundo o rito reformado foi celebrada pela primeira vez no domingo 21 de março de 1557. Em todos os cultos entoavam-se salmos, segundo o uso das igrejas reformadas.

Inesperadamente, o vice-almirante, que de início se mostrara muito simpático à igreja reformada, começou a levantar dúvidas sobre pontos doutrinários, em especial a Ceia do Senhor. Achava que a presença de Cristo no sacramento era não somente espiritual, mas física. No início de junho, enviou o pastor Chartier de volta à França para colher opiniões de teólogos, especialmente Calvino, a esse respeito.

Com o passar do tempo, Villegaignon começou a insistir em outros pontos: era necessário adicionar água ao vinho da Ceia, o pão consagrado beneficiava tanta a alma como o corpo, era necessário pôr sal e óleo na água do batismo, um ministro não podia contrair segundas núpcias. Finalmente, declarou ter mudado de opinião sobre Calvino, considerando-o um herege desviado da fé. Restringiu as prédicas a meia hora e passou a assisti-las raramente. Qual a razão dessa mudança? Léry opina que Villegaignon recebera cartas do cardeal de Lorena censurando-o fortemente por ter abandonado a fé católica e ele, temeroso das conseqüências, teria mudado de opinião.

Os reformados passaram a celebrar a Ceia à noite, sem o conhecimento do comandante, que em fins de outubro os expulsou para a terra firme. Eles se instalaram em um lugar denominado Briqueterie (olaria), onde permaneceram dois meses à espera de um navio que os levaria de volta para a pátria. Como já faziam quando estavam na ilha, continuaram a visitar os indígenas, com os quais tinham ótimo relacionamento.

Foram esses contatos que permitiram a Jean de Léry (1534-1611) escrever o relato sobre a vida dos nativos que hoje tanto impressiona os estudiosos. Nesse relato, que abrange mais da metade do seu livro, ele descreve com detalhes todos os aspectos da vida indígena, revelando grande percepção, simpatia e sensibilidade. Entre outras informações interessantes, Léry preservou pela primeira vez algumas canções dos nossos índios. Uma dessas canções tupinambás diz: pirá-uassú a uêh, camurupuí-uassú a uêh (“Peixe grande, estou com fome! Camurupim, estou com fome!”).

2. A Confissão de Fé da Guanabara

Frustrados os objetivos da sua missão, os reformados contrataram transporte em um navio vindo de Havre. Partiram no dia 4 de janeiro de 1558, depois que o Jacques foi carregado com pau-brasil, pimentão, algodão, bugios, sagüis, papagaios e outras coisas da terra. Villegaignon havia dado ao mestre do navio cartas dirigidas a várias pessoas, inclusive um processo em que pedia ao primeiro magistrado da França que os huguenotes fossem presos e queimados como hereges.

O navio era velho e tinha pequena capacidade. Somados os marujos e os passageiros, havia 45 pessoas a bordo. Logo, começou a entrar água em muitos pontos do casco. O comandante avisou que a viagem iria ser penosa e não haveria alimento para todos. À vista disso, Léry e alguns companheiros se ofereceram para voltar à terra. O sapateiro desistiu no último momento, quando já se encontrava no bote. Os outros eram Pierre Bourdon, Jean du Bourdel, Matthieu Verneuil, André Lafon e Jacques Le Balleur.

Os cinco homens foram parar em uma praia, onde vários indígenas vieram ao seu encontro. Resolveram voltar para o forte Coligny. Villegaignon os recebeu de modo cordial. Doze dias depois, mudou radicalmente de atitude: concluiu que os calvinistas haviam mentido e eram traidores e espiões. Decidiu executá-los por heresia. Como representante do rei Henrique II, podia exigir que eles declarassem publicamente a sua fé. Formulou um questionário sobre questões doutrinárias que já havia levantado anteriormente e deu-lhes doze horas para responderem por escrito.

Tudo de que dispunham os huguenotes era um exemplar das Escrituras. Além disso, não eram teólogos, e sim leigos. Para redigir a resposta escolheram Jean du Bourdel, não só o mais velho deles, mas o mais letrado e conhecedor do latim. Concluída a redação, com tinta de pau-brasil, Bourdel leu-a várias vezes perante os companheiros, interrogando-os sobre cada ponto. Cada um a assinou de próprio punho, indicando que a recebia como sua própria.

A Confissão de Fé da Guanabara ou Confissão Fluminense foi escrita em resposta às perguntas ou quesitos apresentados por Villegaignon. Estritamente, trata-se de um credo, pois quase todos os artigos começam com a palavra “cremos”. Todavia, a sua extensão e a variedade de temas a coloca na categoria das confissões de fé, comuns na época da Reforma. Na verdade, é um dos primeiros documentos confessionais reformados. A Confissão Galicana (1559), a Confissão Belga (1561), o Catecismo de Heidelberg (1566) e a Confissão de Fé de Westminster (1648) são todos posteriores.

A Introdução faz uma bela aplicação do texto de 1 Pedro 3.15. A Confissão de Fé em si é composta de 17 parágrafos de diferentes tamanhos que tratam de cinco ou seis questões principais:

1. Parágrafos 1-4: a doutrina da Trindade, em especial a pessoa de Cristo, com suas naturezas divina e humana.

2. Parágrafos 5-9: a doutrina dos sacramentos; a Ceia é tratada em quatro artigos e o batismo em um.

3. Parágrafo 10: a questão do livre arbítrio.

4. Parágrafos 11-12: a autoridade dos ministros para perdoar pecados e impor as mãos.

5. Parágrafos 13-15: divórcio, casamento dos bispos, voto de castidade.

6. Parágrafos 16-17: a intercessão dos santos e orações pelos mortos.

O texto faz diversas referências aos concílios da igreja antiga e aos pais da igreja, revelando os conhecimentos históricos dos seus autores. Os parágrafos 1 a 4 utilizam uma linguagem tirada do Credo Niceno-Constantinopolitano (ano 381) e da Definição de Calcedônia (ano 451). As expressões “o Filho eternamente gerado do Pai” e “o Espírito Santo, procedente do Pai e do Filho” (Filioque) são bem conhecidas na história da teologia. O parágrafo 3 se refere ao “símbolo”, ou seja, o Credo dos Apóstolos ou algum dos outros credos antigos. O parágrafo 5 se refere explicitamente ao Concílio de Nicéia (ano 325).

A confissão também menciona quatro pais da igreja ou escritores da igreja antiga: Tertuliano (c.160-c.220) – parágrafo 5; Cipriano (c.200-258) – parágrafos 11 e 15; Ambrósio (c.339-397) – parágrafos 11 e 13; e principalmente Agostinho (354-430) – parágrafos 5 (três vezes), 7, 11 e 17. Há também referências a um grande número de passagens bíblicas, principalmente na segunda metade do documento.

Considerando o documento como um todo, percebem-se três características: (a) é uma confissão de fé bíblica: está repleta de referências e argumentos extraídos diretamente das Escrituras; (b) é uma confissão de fé cristã: expressa convicções e conceitos dos primeiros séculos da igreja; (c) é uma confissão de fé reformada: contém pontos importantes do calvinismo, como a centralidade das Escrituras, a natureza simbólica dos sacramentos, a supremacia de Cristo, a importância da fé, o batismo infantil e a eleição, entre outros.

3. O martírio dos huguenotes

Recebido o texto da confissão, o almirante declarou heréticos vários artigos, especialmente os relativos aos sacramentos e aos votos, e decidiu pela morte dos reformados. No dia 8 de fevereiro, mandou trazer do continente os signatários (Pierre Bourdon ficou na aldeia por se achar enfermo). Lançou-os em uma prisão pequena e escura, onde os condenados oraram e cantaram salmos. Decidiu que fossem estrangulados e lançados ao mar, pois o carrasco não tinha preparo para eliminá-los de outro modo.

Chegou a sexta-feira, 9 de fevereiro de 1558. O primeiro a ser chamado foi o redator da Confissão de Fé, Jean du Bourdel. Depois de ser agredido e humilhado por Villegaignon, foi conduzido à rocha escolhida para a execução, entoando salmos e louvores no caminho. Orou antes de ser sufocado e lançado às águas. Matthieu Verneil foi o próximo. Perguntou porque estava sendo executado. Diante da resposta, observou que oito meses antes o almirante havia confessado publicamente os mesmos pontos doutrinários pelos quais condenara à morte os reformados. Após orar, pediu a Villegaignon que, em vez de fazê-lo morrer, o tomasse como escravo. O almirante lhe disse que, caso se retratasse, iria pensar no assunto. Verneil se negou a isso e foi executado.

André Lafon deixou-se persuadir por sugestões de auxiliares de Villegaignon, que lhe disseram como poderia salvar a vida. Declarou que não queria ser obstinado em suas idéias calvinistas e se comprometeu a retratar-se quando lhe provassem os seus erros pela Palavra de Deus. Foi poupado e ficou preso na fortaleza, como alfaiate do líder e dos seus homens. Pierre Bourdon foi conduzido pessoalmente por Villegaignon e alguns auxiliares da casa onde se achava gravemente enfermo até a ilha. Disseram-lhe que iria receber tratamento. Teve o mesmo fim que os dois colegas.

Às 10 horas, Villegaignon reuniu toda a sua gente e lhes dirigiu palavras de cautela contra a “seita dos luteranos”. Em sinal de regozijo pelas execuções, mandou fazer farta distribuição de víveres aos seus servos. Ao voltar à França publicou diversos escritos contra a fé reformada, sendo devidamente refutado.

Jacques Le Balleur conseguiu escapar. Alguns acreditam que viera ao Brasil na primeira expedição. Além de eloqüente e teólogo, era versado em espanhol, latim, grego e hebraico. Surgiu na Capitania de São Vicente em 1559, onde chegou em uma canoa de tamoios. Pôs-se a pregar as suas convicções. O jesuíta Luiz de Grã desceu de São Paulo de Piratininga (fundada há cinco anos) para desarraigar a heresia. Balleur ia ganhando terreno e dia a dia aumentava o número dos seus ouvintes. O jesuíta não ousou disputar com ele, mas mandou prendê-lo e o enviou para a Bahia, sede do governo de Mem de Sá, onde ficou encarcerado por oito anos.

Condenado à morte, a execução foi suspensa por algum tempo. Finalmente foi levado ao Rio de Janeiro, para ser executado no lugar onde começara a pregar as suas “heresias”. Foi enforcado na época da expulsão dos últimos franceses, pouco após a fundação da cidade do Rio de Janeiro. No momento da execução, revelando-se inábil o carrasco, foi auxiliado pelo padre José de Anchieta, que julgara haver convertido o calvinista e temia que a demora da execução o fizesse voltar atrás. Esse fato contribuiu para a demora do processo de canonização de Anchieta.

O Jacques e seus passageiros só chegaram à França em fins de maio de 1558, após quase cinco meses de viagem. Algumas pessoas que voltaram para a França quatro meses depois contaram ao senhor Du Pont, em Paris, que haviam testemunhado as execuções. Trouxeram consigo não só a Confissão de Fé, mas todo o processo instaurado contra os calvinistas por Villegaignon, entregando-o a Du Pont, de quem mais tarde o obteve Jean de Léry.

Visando a preservação do documento, Léry o entregou no mesmo ano de 1558 a Jean Crespin, para que o inserisse “no livro dos que em nossos dias foram martirizados na defesa do Evangelho” (História dos Mártires, 1564). Léry diz que alguém, mui justamente, apelidou Villegaignon o “Caim da América”.

Léry regressou a Genebra, onde concluiu os estudos teológicos e foi ordenado. Foi pastor em Belleville-Sur-Saône, perto de Lyon. Voltou para Genebra em 1562 e, a instâncias de amigos, escreveu a sua obra mais famosa, Viagem à terra do Brasil. A seguir exerceu o ministério em Nevers e La Charité. Escapou por milagre do massacre de São Bartolomeu e refugiou-se na fortaleza de Sancerre, vindo a escrever uma narrativa do cerco dessa cidade, publicada em 1574. Perdeu dois manuscritos da sua obra principal (Viagem à terra do Brasil), mas reencontrou o primeiro deles em 1576, publicando-o dois anos depois em La Rochelle.

A 2ª edição, revista e aumentada, veio a lume em Genebra em 1580. Seguiram-se outras quatro até 1600. Foi um dos livros de viagens mais lidos nos séculos 16 a 18. Paul Gaffarel, estudioso francês, publicou uma valiosa edição comentada em 1880. Serviu de base para a tradução para o português, feita por Sérgio Milliet e publicada em 1941.

Em 1907, os delegados do Sínodo da Igreja Presbiteriana do Brasil, reunidos no Rio de Janeiro, fizeram uma visita à Ilha de Villegaignon. Em 1910, quando da organização da Assembléia Geral (Supremo Concílio), fizeram nova visita, comemorando o quarto centenário do nascimento de Calvino, transcorrido no ano anterior. Hoje a Ilha de Villegaignon abriga a Escola Naval, tendo ao lado o aeroporto Santos Dumont.




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