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quinta-feira, 29 de março de 2012

Curso Psicologia Pastoral


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Apresentação: CLINICA PASTORAL

DESTINADO A PASTORES E LIDERES,CLINICA PASTORAL É UM CURSO VOLTADO A AREA DE ACONSELHAMENTO A PESSOAS.

Capítulos deste curso:
  1. CLÍNICA PASTORAL
  2. SUMÁRIO do CURSO de CLÍNICA PASTORAL Aula 01 - A igreja e o Aconselhamento AULA 02 - A Igreja como uma Comunidade Terapêutica AULA 03 - A Psicologia tem condições de Ajudar? AULA 04 - O Núcleo do Aconselhamento AULA 05 - Qualificações dos Conselheiros Eficazes AULA 06 - Técnicas de Aconselhamento AULA 07 - O Processo do Aconselhamento AULA 08 - O Conselheiro e o Aconselhamento AULA 09 - A Eficácia do Conselheiro AULA 10 - A Vulnerabilidade do Conselheiro AULA 11 - A Sexualidade do Conselheiro AULA 12 - A Ética do Conselheiro AULA 13 - As Crises no Aconselhamento AULA 14 - Intervenção nas Crises AULA 15 - O Futuro do Aconselhamento
  3. Aula 01 - A igreja e o Aconselhamento INTRODUÇÃO Algum tempo atrás um pastor escreveu um artigo provocante sob o título, "O Aconselhamento é Uma Perda de Tempo". Frustrado pelo seu pouco êxito no aconselhamento, o escritor queixou-se de gastar "horas e mais horas... falando ad infinitum com grande número de pessoas que simplesmente não seguem seus “conselhos pastorais”. O líder da igreja foi suficientemente sincero para reconhecer que seu insucesso talvez resultasse do fato dele não ter as qualificações necessárias para aconselhar com eficácia. Con­cordou também que existe lugar para discussões doutrinárias e bíblicas entre um ministro e um membro, para falar sobre o casamento com os que estão se aproximando do altar, ou para ministrar pessoalmente aos doentes e aos que sofrem. Mas concluiu que não há lugar para "o aconselhamento pastoral tradicional tão pouco produtivo". Uma conclusão semelhante foi expressa recentemente pelo presidente de uma faculdade quando afirmou que "a única razão dos pastores aconselharem é com o intuito de desem­penhar o papel de psiquiatras e alimentar o seu ego de maneira pouco saudável". Os pastores devem restringir-se à pregação e evitar o aconselhamento, afirmou o educador em questão, sem lembrar-se aparentemente de que a pregação pode também incentivar o ego e que os motivos pouco sadios tendem a anuviar qualquer atividade, e não apenas o aconselhamento. Ao continuarmos nossa discussão, ele não disse como um pastor ou outro líder da igreja po­deria ministrar às pessoas, cuidar de suas necessidades e mesmo assim evitar ajudá-las numa base individual ou em grupos pequenos. Em um de seus primeiros livros Wayne Oates escreveu a este respeito com surpreendente clareza: 0 pastor, sem levar em conta o seu treinamento, não tem o privilégio de escolher se irá ou não aconselhar o seu povo. Eles inevitavelmente levam-lhe os seus problemas, a fim de obter orientação e cuidado. Não é possível evitar tal coisa caso permaneça no ministério pastoral. A sua escolha não é feita entre aconselhar ou não aconselhar, mas entre acon­selhar de maneira disciplinada e hábil ou aconselhar de modo indisciplinado e inábil.
  4. A DIFÍCIL ARTE DO ACONSELHAMENTO Infelizmente, não é fácil aconselhar de forma disciplinada e hábil. Milhares de técnicas de aconselhamento acham-se literalmente em uso; livros sobre terapia e ajuda às pessoas são impressos com inquietante regularidade; existem quase tantas teorias e abordagens ao aconselhamento quanto conselheiros; e mesmo com toda esta informação e atividade até mesmo o conselheiro de tempo integral pode sentir-se confuso. Seria ótimo se todas essas publicações, teorias e treinamentos ajudassem realmente os conselheiros a serem mais eficazes, mas parte dos chamados "auxílios de aconselhamento" não tem na verdade muito valor. Até mesmo os conselheiros bem treinados e experimentados, que se mantêm em dia com a literatura profissional e aplicam as mais modernas técnicas descobrem que seus aconselhados nem sempre melhoram. Não é difícil de entender, portan­to, que alguns desistam concluindo que o aconselhamento é realmente uma perda de tempo. Se todos desistissem, porém, para onde iriam as pessoas com os seus problemas? Jesus, que é o exemplo do cristão, passou muito tempo falando com as pessoas necessitadas, em grupos e em contato face a face. O apóstolo Paulo, que era muito sensível às necessidades dos indivíduos sofredores, escreveu: "Ora, nós que somos fortes, devemos suportar as debilidades dos fracos, e não agradar-nos a nós mesmos" (Rm 15.1). Paulo escrevia provavelmente aqui sobre os que tinham dúvidas e temores, mas seu cuidado compassivo estendeu-se a quase todas as áreas de problemas que poderiam ser encontradas hoje. A ajuda às pessoas não é apresentada na Bíblia como uma opção, mas como uma exigência para todo crente, inclusive o líder da igreja. O aconselhamento pode parecer às vezes uma perda de tempo, mas deve constituir uma parte importante do ministério, necessária e biblicamente estabelecida. A fim de ajudar as pessoas, o aconselhamento busca estimular o desenvolvimento da personalidade:
  5. Ajudar os indivíduos a enfrentarem mais eficazmente os problemas da vida, os conflitos íntimos e as emoções prejudiciais; Prover encorajamento e orientação para aque­les que tenham perdido alguém querido ou estejam sofrendo uma decepção; e, Para assistir às pessoas cujo padrão de vida lhes cause frustação e infelicidade. Além disso, o conselhei­ro cristão busca levar o indivíduo a uma relação pessoal com Jesus Cristo e seu alvo é ajudar outros a se tornarem, primeiramente, discípulos de Cristo e depois discipularem outros. Para alcançar esses objetivos, é importante que os conselheiros se familiarizem com os problemas (como surgem e como podem ser resolvidos), assim como com as técnicas de aconselhamento. Se porém dermos crédito às pesquisas recentes, as características pessoais dos conselheiros parecem ter ainda maior significado. Depois de rever quase 100 estudos so­bre a eficácia do aconselhamento, uma dupla de autores concluiu que as técnicas terapêuti­cas só podem atuar quando o conselheiro possui uma personalidade "inerentemente positi­va" — isto é, caracterizada por cordialidade, sensibilidade, compreensão, cuidado, e a dispo­sição de confrontar as pessoas em uma atitude de amor. Um psicológico chamado C. H. Patterson chegou a uma conclusão similar depois de escrever um livro profundo sobre as teorias contemporâneas do aconselhamento: A fim de ser mais eficaz o terapeuta deve ser uma pessoa real, humana... oferecendo um relacionamento genuinamente humano ... Grande parte da atuação dos terapeutas é supérflua ou não tem relação com sua eficiência; de fato, muito de seu sucesso não tem qualquer ligação com o que fazem ou acontecem do que fazem, desde que ofere­çam a relação que os terapeutas de opiniões muito diferentes parecem fornecer ... Trata-se de uma relação que não se caracteriza tanto pelas técnicas usadas pelo terapeu­ta mas pelo que ele é; não é tanto pelo que ele faz, mas pela maneira como o faz. O EXEMPLO DE JESUS NO ACONSELHAMENTO
  6. Jesus é certamente o melhor exemplo que possuímos de um "maravilhoso conselheiro” cuja personalidade, conhecimento e habilidade capacitaram-no eficazmente para assistir as pessoas que precisavam de ajuda. Quando tentamos analisar o aconselhamento de Jesus, existe sempre a tendência, inconsciente ou deliberada, de encarar o ministério de Cristo de modo a reforçar nossas próprias opiniões sobre como as pessoas são ajudadas. O conselheiro diretivo-confrontacional, reconhece que Jesus tinha às vezes esta qualidade; o não-diretivo, "centrado no cliente", encontra apoio para esta abordagem em outros exem­plos de ajuda aos necessitados prestada por Jesus. É indiscutivelmente mais exato afirmar que Jesus fez uso de várias técnicas de aconselhamento, dependendo da situação, da natu­reza do aconselhado e do problema específico. Ele algumas vezes ouvia cuidadosamente as pessoas sem dar muita orientação, às claras, mas em outras ocasiões ensinava incisiva­mente. Ele encorajava e apoiava, embora também confrontasse e desafiasse. Jesus aceitava pessoas pecadoras e necessitadas, mas também exigia arrependimento, obediência e ação. A personalidade de Jesus era, entretanto, básica ao seu estilo de ajuda. Ele demons­trou em seu ensino, cuidado e aconselhamento naqueles traços, atitudes e valores que o tor­naram eficaz como ajudador das pessoas e que servem de modelo para nós. Jesus era abso­lutamente honesto, profundamente compassivo, altamente sensível e espiritualmente amadu­recido. Ele dedicou-se a servir seu Pai celestial e seus semelhantes (nessa ordem), preparou-se para sua obra mediante períodos freqüentes de oração e meditação, conhecia profunda­mente as Escrituras, e buscou ajudar as pessoas necessitadas a se voltarem para ele, onde podiam encontrar paz, esperança e segurança. Jesus servia muitas vezes as pessoas através de sermões, mas também combateu os céticos, desafiou os indivíduos, curou os doentes, falou com os necessitados, encorajou os desanimados e deu exemplo de um estilo de vida santo. Em seus contatos com o povo, ele compartilhou exemplos tirados de situações reais e buscou constantemente estimular outros a pensarem e agirem de acordo com os princípios divinos. Ele aparentemente acre­ditava que alguns precisam de ouvido compreensivo que lhes dê atenção e consolo, e que discutam o problema, antes de poderem aprender através do confronto, desafio, conse­lhos ou pregação pública.
  7. De acordo com a Bíblia, os cristãos devem ensinar tudo que Cristo nos ordenou e ensinou. Isto inclui certamente doutrinas a respeito de Deus, autoridade, salvação, cres­cimento espiritual, oração, a igreja, o futuro, anjos, demônios e a natureza humana. Toda­via, Jesus também ensinou sobre o casamento, interação entre pais e filhos, obediência, relação entre raças, e liberdade tanto para homens como para mulheres. Ele ensinou igual­mente sobre assuntos pessoais como sexo, ansiedade, medo, solidão, dúvida, orgulho, pe­cado e desânimo. Todas essas são questões que levam as pessoas a procurar o aconselhamento hoje. Quando Jesus tratava com essas pessoas ele freqüentemente ouvia suas perguntas e as aceitava antes de estimulá-las a pensar ou agir de modo diferente. Às vezes dizia o que deveriam fazer, mas também orientava as pessoas para que resolvessem os seus problemas através de indagações hábeis e divinamente orientadas. Tome foi ajudado em sua dúvida quando Jesus mostrou-lhe a evidência; Pedro aparentemente aprendeu melhor por refletir (com Jesus) sobre os seus erros; Maria de Betânia aprendeu ouvindo; e Judas parece que não aprendeu nada. Ensinar tudo o que Cristo ensinou, portanto, inclui instrução na doutrina, mas abran­ge também ajudar as pessoas a se entenderem melhor com Deus, com o próximo e consigo mesmas. Essas são questões que se referem a todos praticamente. Alguns aprendem através de palestras, sermões ou livros; outros pelo estudo pessoal da Bíblia ou discussões; outros ainda aprendem através de aconselhamento formal ou informal; e talvez a maioria de nós tenha aprendido mediante uma combinação dos elementos acima. No centro de toda ajuda cristã, particular ou pública, acha-se a influência do Espí­rito Santo. Ele é descrito como um consolador ou ajudador que ensina "todas as coisas", nos faz lembrar das palavras de Jesus, convence as pessoas do pecado, e nos guia a toda a verdade.8 Através da oração, meditação sobre as Escrituras e entrega deliberada a Cristo to­dos os dias, o conselheiro-professor se coloca à disposição como um instrumento mediante o qual o Espírito Santo pode operar, ajudar, ensinar, convencer ou guiar outro ser humano. Este deve ser o alvo de todo crente - pastor ou leigo, conselheiro profissional ou ajudador leigo: ser usado pelo Espírito Santo para tocar vidas, modificá-las e levá-las em direção à maturidade tanto espiritual como psicológica.
  8. AULA 02 - A Igreja como uma Comunidade Terapêutica A IGREJA CUMPRINDO O SEU PAPEL TERAPÊUTICO Como vimos, Jesus falou com freqüência a indivíduos sobre as suas necessidades pes­soais e ele se reunia muitas vezes com pequenos grupos. O principal entre estes era o grupinho de discípulos que ele preparou para "tomar seu lugar" depois da sua ascensão ao céu. Foi durante uma dessas ocasiões em que estava com os discípulos que Jesus mencionou a igreja pela primeira vez. Nos anos que se seguiram foi esta igreja de Jesus Cristo que continuou seu ministé­rio de ensino, evangelização, serviço e aconselhamento. Essas atividades não foram vistas como responsabilidade especial de líderes eclesiásticos do tipo "super-star"; mas sim por crentes comuns trabalhando, compartilhando e cuidando uns dos outros e dos incrédulos fora do corpo. Se lermos o livro de Atos10 e as Epístolas, torna-se aparente que igreja não era apenas uma comunidade de evangelização, ensino, discipulado, mas também uma comu­nidade terapêutica. Grupos Terapêuticos Em anos recentes, profissionais de saúde mental passaram a apreciar o valor de grupos terapêuticos em que os membros se ajudam uns aos outros provendo apoio, desafio, orien­tação e encorajamento que não seria possível de outra forma. Como é natural, tais grupos podem ser prejudiciais, especialmente quando se transformam em encontros não-controlados que buscam criticar e embaraçar os participantes em lugar de defecá-los ou desafiá-los à franqueza ou ação eficaz. Quando conduzidas por um líder sensível as sessões em grupo podem ser, porém, experiências terapêuticas grandemente eficazes para todos os envolvi­dos. Grupos Diversificados Tais grupos terapêuticos não precisam limitar-se às reuniões de aconselhados e um conselheiro. Famílias, grupos de estudo, amigos dignos de confiança, colegas de profissão, grupos de empregados e outros pequenos conjuntos de pessoas freqüentemente fornecem a ajuda necessária tanto nas crises como quando os indivíduos enfrentam os desafios diá­rios da vida. Em toda sociedade, porém, é a igreja que possui o maior potencial como co­munidade terapêutica. Os corpos locais de
  9. crentes podem oferecer apoio aos membros, cura aos indivíduos perturbados e orientação quando as pessoas tomam decisões e seguem em direção à maturidade. O Ufanismo da Igreja Versus Necessidade de compreender a dor do próximo. Livros recentes sobre a igreja têm apresentado alguns títulos intrigantes: A Comunhão dos Santos; Uma Comunhão Viva - Um Testemunho Dinâmico; A Comunidade Incendia­ria; 0 Corpo de Cristo; A Companhia dos Dedicados... Em contraste com este tom otimis­ta, é provável que para muitos a igreja contemporânea seja mais exatamente descrita como Uma Reunião de Estranhos, com Bancos Cheios e Pessoas Solitárias. O corpo de crentes, que possui potencial para ser uma comunidade dinâmica, produzindo crescimento, dema­siadas vezes degenera em um grupo de pessoas indiferentes que jamais admite ter necessida­des ou problemas, assistindo aos cultos por simples hábito, e deixando a maior parte das ati­vidades a cargo de um pastor sobrecarregado. Tal quadro talvez seja exagerado, mas para muitos a igreja local não representa ajuda ou não tem grande significado. Esta não foi segu­ramente a intenção de Cristo quando a igreja foi estabelecida no princípio. A RAZÃO DE SER DA IGREJA Por que a igreja foi iniciada? A resposta com certeza se encontra nas últimas palavras de Jesus e seus seguidores, quando voltou ao céu: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco até à consumação do sé­culo”. A igreja foi estabelecida a fim de cumprir a grande comissão de fazer discípulos (que inclui evangelização) e ensinar. Ela é agora encabeçada por Jesus Cristo que nos mostrou co­mo evangelizar e ensinar, quem, pela sua vida e instrução, nos indicou os aspectos tanto prá­ticos como teóricos do cristianismo e que resumiu seus ensinamentos em duas leis: amar a Deus e amar ao próximo. Tudo isto deve ter lugar dentro dos limites de um grupo de crentes, tendo cada um re­cebido os dons e habilidades necessários para edificar a igreja. Como um grupo, guiado por um pastor, os crentes dirigem sua atenção e suas atividades para o alto,
  10. através da adoração a Deus; para o exterior, mediante a evangelização, e para o interior através da fraternidade e mútua divisão das cargas. Quando falta um desses elementos, o grupo fica desequilibra­do e os crentes incompletos. Os capítulos restantes deste livro foram escritos no sentido de assistir aos pastores, es­tudantes e outros líderes da igreja em um importante aspecto do trabalho da mesma: supor­tar as dificuldades. Os tópicos discutidos neste livro estão entre as áreas de proble­mas enfrentadas com maior freqüência tanto por cristãos como não-cristãos: problemas que interferem na adoração, evangelização, ensino e fraternidade. Para cada um deles considera­remos a origem dos problemas, como as pessoas são afetadas por eles, como podem ser redu­zidos ou eliminados especialmente através do aconselhamento, como podemos evitar sua re­corrência e onde obter mais informação. Os capítulos irão resumir o ensino bíblico sobre es­ses assuntos, baseando-se em pesquisas e perspectivas psicológicas recentes.
  11. AULA 03 - A Psicologia tem condições de Ajudar? A PSICOLOGIA NA ÁREA DO ACONSELHAMENTO A fim de aumentar a eficácia no aconselhamento, muitos líderes de igreja têm procu­rado as opiniões de psicólogos e outros profissionais que cuidam da saúde mental. A psico­logia é naturalmente um campo de estudo altamente complexo e popular hoje em dia, tra­tando tanto do comportamento animal como humano. O estudante universitário que faz um curso introdutório à psicologia geral encontra com freqüência uma porção de estatís­ticas, termos técnicos e "dados científicos" sobre inúmeros tópicos aparentemente sem im­portância. Os cursos a nível de seminário sobre o aconselhamento pastoral tendem a ser mais relevantes e concentrados nas pessoas. Mesmo assim o estudante talvez se perca num labirinto de teorias e técnicas pouco proveitosas quando se depara com um ser humano confuso e sofrendo. A rejeição da Psicologia Isto levou alguns escritores a rejeitarem a psicologia, inclusive a área do aconselha­mento e a concluir que a Bíblia é tudo que o cristão interessado em ajudar as pessoas preci­sa. Jay Adams, por exemplo, argumenta que os psiquiatras (e provavelmente os psicólogos) usurparam o lugar dos pregadores e acham-se perigosamente tentando modificar o compor­tamento das pessoas e seus valores de maneira ímpia. Escrevendo aos pastores, Adams afirma que "estudando a Palavra de Deus cuidadosamente e observando como os princípios bíbli­cos descrevem as pessoas que você aconselha... é possível adquirir toda a informação e expe­riência de que precisa para tomar-se um conselheiro cristão competente e confiante sem es­tudar psicologia."16 Este escritor de influência não vê qualquer possibilidade da psicologia ou ramos afins virem a auxiliar o líder de igreja a aconselhar mais eficazmente. A Bíblia é um Manual de Aconselhamento? Será porém que a Bíblia foi realmente escrita como um manual de aconselhamento? Ela trata de solidão, desânimo, problemas conjugais, tristeza, relações entre pais e filhos, ira, medo e inúmeras outras situações de aconselhamento. Como a Palavra de
  12. Deus, ela tem grande e duradoura importância para o trabalho do conselheiro e as necessidades dos aconselha­dos, mas não reivindica ser (nem é esse o seu propósito) a única revelação de Deus sobre a ajuda às pessoas. Na medicina, no ensino e noutros campos de assistência "centralizados na pessoa", a humanidade teve permissão para aprender muito a respeito da criação de Deus através da ciência e estudo acadêmico. Por que a psicologia deveria ser então destaca­da como o único campo que nada tem a contribuir com a tarefa do conselheiro? Psicologia – o Estudo do Comportamento Humano Como um campo de estudo, a psicologia científica tem cerca de 100 anos de idade. Durante o século passado, Deus permitiu que os psicólogos desenvolvessem instrumentos de pesquisa para o estudo do comportamento humano e publicações profissionais para apre­sentarem suas descobertas. Centenas de milhares de pessoas buscaram ajuda e os conselheiros profissionais aprenderam o que faz as pessoas reagirem e como podem mudar. Nosso conhe­cimento está longe de ser completo e perfeito, mas a pesquisa psicológica cuidadosa e a aná­lise de dados levaram a um vasto reservatório de conclusões sabidamente úteis aos aconselha­dos e a quem quer que se disponha a ajudar eficazmente as pessoas. Até mesmo os que que­rem por de lado o campo da psicologia, usam freqüentemente termos psicológicos em seus escritos e técnicas de origem psicológica em seu aconselhamento. A VERDADE DESCOBERTA E A VERDADE REVELADA Muitas vezes obras de cientistas sociais na suposição que toda verdade tem origem em Deus, inclusive a verdade sobre as pessoas por Ele criadas. Deus revelou esta verdade através da Bíblia, a sua Palavra escrita à humanidade, mas também permitiu-nos descobrir a verdade mediante a experiência e os métodos de inves­tigação científica. A verdade descoberta deve estar sempre de acordo e ser confrontada com o padrão da verdade bíblica revelada. Limitamos nossa eficácia no aconselha­mento quando assumimos que as descobertas da psicologia nada têm a contribuir para a compreensão e solução dos problemas. Comprometemos nossa integridade quando rejeitamos abertamente a psicologia, mas a seguir introduzimos clandestinamente os seus conceitos em nosso aconselhamento — algumas vezes ingenuamente e sem sequer perceber o que estamos fazendo.
  13. Vamos aceitar o fato de que a psicologia pode ser de grande ajuda para o conselheiro cristão. Como então atravessar o pântano de técnicas, teorias, e termos técnicos para desco­brir os pontos realmente úteis? A resposta envolve nossa descoberta de um guia — alguma pessoa ou pessoas que sejam seguidores dedicados de Jesus Cristo, familiarizadas com a lite­ratura no ramo da psicologia e aconselhamento, treinada neste mister e nos métodos de pes­quisa (a fim de que a exatidão científica das conclusões dos psicólogos possa ser avaliada), e eficazes como conselheiros. Um ponto de crucial importância é os líderes aceitarem a inspi­ração e autoridade da Bíblia como o padrão contra o qual toda psicologia deve ser testada assim como em seu papel de Palavra escrita de Deus, com a qual todo conselho válido deve concordar. A BÍBLIA NÃO É UM LIVRO DE RECEITAS A Bíblia não é um livro de receitas infalíveis, destinado a produzir conselheiros geniais. Os seres humanos são demasiadamente complexos para poderem ser sempre mudados, mes­mo mediante a intervenção dos mais hábeis conselheiros. Todos os que aconselham têm os seus insucessos, algumas vezes devido à sua própria inaptidão ou erro, outras, e com mais freqüência, porque o aconselhado não pode ou não quer modificar-se. Mas as melhoras são mais prováveis quando o conselheiro tem algum conhecimento dos problemas e de como in­tervir. Os capítulos que se seguem foram escritos com o intuito de ajudar neste sentido. Antes, porém, de darmos início às nossas análises, vamos fazer uma pausa para ter uma visão geral das técnicas efetivas de aconselhamento. O capítulo seguinte servirá de introdução útil para o iniciante, e para o conselheiro experiente será apresentado como uma recapitulação e atualização. AULA 04 - O Núcleo do Aconselhamento AS NECESSIDADES HUMANAS A Bíblia é recheada de exemplos de necessidades humanas. Através de suas páginas lemos a respeito de: Solidão Desânimo
  14. Dúvida Tristeza Invej Violência Pobreza Doença Tensão interpessoal Diversos outros problemas pessoais — algumas vezes manifestados na vida dos homens e mulheres mais consagrados. Exemplo de Jó Ele era um homem piedoso, conhecido, rico e grande­mente respeitado por seus contemporâneos. De repente as coisas mudaram. Jó perdeu toda a sua riqueza. Sua família inteira morreu exceto sua mulher que, sob pressão, mostrou-se queixosa e implicante. Ele perdeu a saúde, os amigos pouco o ajudaram e Deus deve ter-lhe parecido muito remoto. Veio então Eliú, um jovem que deu atenção às palavras de Jó e o ouviu falar de suas dificuldades. Eliú criticou os que haviam censurado e oferecido conselhos numa tentativa de ajuda. Ele mostrou aceitação e interesse, uma disposição humilde de nivelar-se a Jó (sem uma atitude negativa de parecer "mais santo do que tu"), coragem para confrontar, e o de­sejo firme de dirigir o aconselhado a Deus que é o único soberano no universo. Eliú foi o único conselheiro que prestou auxilio. Ele teve êxito onde os três outros haviam falhado. Conselheiros Ineficazes Há vários anos atrás, um ex-presidente da Associação Americana de Psicologia calcu­lou que ainda hoje, três entre cada quatro conselheiros são ineficazes. A proporção cresceu levemente segundo as descobertas de escritores mais recentes que estudaram a eficácia do aconselhamento. De acordo com esta pesquisa, podemos estar "bem certos" de que dois den­tre cada três praticantes são ineficientes e até prejudiciais; desperdiçando energia, dedicação e cuidado. Conselheiros Eficazes
  15. Existem porém conselheiros bem sucedidos, cujo aconselhamento é grandemente efi­caz. Essas pessoas são caracterizadas por uma personalidade que irradia compreensão, since­ridade e aptidão para confrontar de maneira construtiva. Esses conselheiros são também hábeis na aplicação de técnicas que estimulam os aconselhados a se dirigirem para alvos terapêuticos específicos. Iniciaremos este capítulo com uma consideração desses alvos de aconselhamento, discutindo as qualificações de um ajudador eficaz, resumindo algumas técni­cas básicas de aconselhamento, dando uma breve visão geral do processo de aconselhamento e concluindo com um exame das tarefas para casa ligadas ao processo em questão. A VIDA ABUNDANTE Certo dia em que ensinava a seus seguidores, Jesus contou a razão de sua vinda à terra: “dar-nos vida em abundância e em toda a sua plenitude” – Jo 10.10. Antes disso, no versículo que é hoje certamente o mais conhecido das Escrituras, Jesus falara sobre o propósito de Deus ao enviar o Filho — "para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3.16). Jesus tinha, portanto, dois alvos para os indivíduos: Vida abundante na terra, e Vida eterna. O conselheiro que é um seguidor de Jesus tem o mesmo alvo ulterior e abrangen­te de mostrar às pessoas como ter uma vida abundante e apontar aos indivíduos a vida eterna prometida aos crentes. Note as palavras "ulterior" e "abrangente" na sentença anterior. Se levarmos a sério a grande comissão, desejaremos ansiosamente ver todos os nossos aconselha­dos se tomarem discípulos de Jesus. Se levarmos a sério as palavras de Jesus, provavel­mente chegaremos à conclusão de que uma vida plena e abundante só é concedida àqueles que buscam viver de conformidade com os seus ensinos. Vamos reconhecer, porém, que existem muitos cristãos sinceros que terão uma vida eterna mas não gozam de uma vida muito abundante na terra. Essas pessoas precisam
  16. de aconselhamento que envolva mais do que evangelização ou educação cristã tradicio­nal. Tal aconselhamento poderia, por exemplo, ajudar os aconselhados a reconhecer as ati­tudes prejudiciais inconscientes, ensinar habilidades interpessoais e novos comportamentos, ou mostrar como mobilizar os recursos íntimos a fim de enfrentar uma crise. Tal aconselha­mento pode às vezes, quando orientado pelo Espírito Santo, libertar o aconselhado de situa­ções que o impedem de desenvolver-se até a maturidade cristã. No caso do incrédulo, tal aconselhamento pode servir como uma espécie de "pré-evangelização" para usar o termo de Schaeffer, que remove alguns dos obstáculos mais insidiosos à conversão. A evangelização e o discipulado são, portanto, os objetivos "ulteriores e abrangentes" do conselheiro, embo­ra não sejam os únicos. SALVOS A SER ALCANÇADOS NO ACONSELHAMENTO Quais são alguns dos desses alvos? Qualquer lista pode incluir pelo menos os seguin­tes: Auto-compreensão Compreender a si mesmo é, no geral, o primeiro passo para a cura. Muitos problemas são auto-impostos, mas a pessoa que está sendo ajudada talvez não reco­nheça que suas percepções são preconceituosas, suas atitudes prejudiciais e seu comporta­mento auto-destrutivo. Considere, por exemplo, o indivíduo que se queixa: "Ninguém gos­ta de mim", mas não percebe que sua reclamação é uma das razões de ser rejeitado por ou­tros. Um dos alvos do aconselhamento é que um ajudador objetivo e alerta, auxilie os que estão sendo assistidos a obter um quadro real do que está passando em seu íntimo e no mun­do que os rodeia. Comunicação Ébem conhecido que muitos problemas no casamento estão relaciona­dos com uma falta de comunicação entre os cônjuges. O mesmo se aplica a outros proble­mas. As pessoas são incapazes ou não estão dispostas a comunicar-se. O aconselhado precisa aprender a comunicar sentimentos, pensamentos e atitudes, correta e eficazmente. Tal
  17. comu­nicação envolve a expressão da pessoa e a capacidade de receber mensagens corretas por par­te de outros. Aprendizado e Modificação de Comportamento Quase todo, se não todo o nosso com­portamento é aprendido. O aconselhamento, portanto, inclui ajuda no sentido de fazer com que o aconselhado desaprenda o comportamento negativo e aprenda meios mais eficientes de agir. Tal aprendizado vem através da instrução, da imitação de um conselheiro ou outro modelo, e da experiência e erro. O ajudador deve encorajar a pessoa que está auxiliando a "avançar", praticando o que aprendeu. Algumas vezes será também necessário analisar o que houve de errado quando ocorrer um fracasso e recomendar uma nova tentativa por parte do aconselhado. Auto-realização Escritores humanistas recentes têm enfatizado a importância do indi­víduo aprender a alcançar e manter o seu potencial máximo. Isto é chamado de "auto-realização", sendo proposto por alguns conselheiros como o alvo de todos os seres humanos quer se achem ou não no ramo de aconselhamento. Para o cristão, um termo como "Cristo-realização" poderia ser substituído, indicando que o alvo na vida se completa em Cristo, desenvol­vendo nosso mais elevado potencial mediante o poder do Espírito Santo que nos leva à matu­ridade espiritual. Apoio As pessoas com freqüência conseguem alcançar cada um dos alvos acima e fun­cionar eficazmente, salvo em períodos temporários de tensão ou crise incomuns. Tais pessoas podem beneficiar-se de um período de apoio, encorajamento e "divisão de fardo", até que sejam capazes de remobilizar seus recursos pessoais e espirituais, a fim de enfrentar eficiente­mente os problemas da vida. Em qualquer tipo de aconselhamento é, no geral, útil quando conselheiro e aconselha­do estabelecem alvos ou objetivos definidos para o aconselhamento. Esses alvos devem ser específicos e não vagos, realistas e (no caso de serem vários) organizados em alguma seqüên­cia lógica que identifique os pontos a serem atingidos em primeiro lugar e, talvez, por quan­to tempo.
  18. AULA 05 - Qualificações dos Conselheiros Eficazes UM BOM CONSELHEIRO O que faz de alguém um bom conselheiro? Num estudo de quatro anos conduzido com pacientes hospitalizados e vários conselheiros, foi descoberto que os pacientes melhoravam quando seus terapeutas mostravam um nível elevado de cordialidade, sinceridade e compre­ensão empática correta. Quando faltavam essas qualidades ao conselheiro, os pacientes piora­vam. Essas primeiras descobertas foram apoiadas por pesquisas subseqüentes tanto com pa­cientes como com aconselhados não hospitalizados. As qualificações do conselheiro são de tal importância que vale a pena considerá-las em mais detalhe: 1.Cordialidade Este termo implica em cuidado, respeito ou preocupação sincera, sem excessos, pelo aconselhado — sem levar em conta seus atos ou atitudes. Jesus mostrou isto quando encontrou-se com a mulher junto ao poço. As qualidades morais dela talvez deixas­sem a desejar, e ele certamente jamais aprovou o comportamento pecaminoso; mas, mesmo assim, Jesus respeitou a mulher e a tratou como pessoa de valor. Sua atitude calorosa, inte­ressada deve ter sido aparente onde quer que fosse. 2.Sinceridade O conselheiro sincero é "real" — uma pessoa aberta, franca, que evita o fingimento ou uma atitude de superioridade. A sinceridade implica em espontaneidade sem irreflexão e honestidade sem confrontação impiedosa. Isto significa que o ajudador é profundamente ele ou ela mesmo — não sendo do tipo que pensa ou sente uma coisa e diz algo diferente. 3.Empatia Como o aconselhado pensa? Como ele se sente na verdade por dentro? Quais os valores, crenças, conflitos íntimos e mágoas do aconselhado? O bom conselheiro mostra-se sempre sensível a essas questões, capaz de entendê-las e comunicar eficazmente essa compreensão (por palavras ou gestos) ao aconselhado. Esta capacidade de "sentir com" o aconselhado é o que queremos dizer com compreensão empática correta. É pos­sível ajudar as pessoas, mesmo quando não entendemos completamente, mas o conselhei­ro que consegue empatizar (especialmente no início
  19. do aconselhamento) tem mais proba­bilidade de tomar-se um ajudador eficaz de pessoas. OUTRAS QUALIFICAÇÕES DE UM CONSELHEIRO EFICIENTE Embora a cordialidade, sinceridade e empatia se achem entre os atributos mais fre­qüentemente citados de um bom conselheiro, existem outras características importantes de ajuda. O bom conselheiro, por exemplo, é capaz de viver eficientemente, com poucos conflitos imobilizantes, desânimos, inseguranças ou problemas pessoais. O conselheiro efi­ciente é também compassivo, interessado nas pessoas, alerta em relação aos seus próprios sentimentos e motivos, revelando-se mais do que ocultando-se, e bem informado no setor de aconselhamento. O cristão poderia resumir tudo isto afirmando que o conselheiro deve ter amor. 1.O maior Agente Psicoterapêutico O “amor” foi ressaltado há vários anos atrás num livro de Gordon Allport, profes­sor da Faculdade de Harvard e ex-presidente da Associação Americana de Psicologia. Ele chamou o amor de "incomparavelmente o maior agente psicoterapêutico... algo que a psi­quiatria profissional não pode criar por si mesma, nem focalizar, nem liberar." Allport sugeriu que o conselheiro secular muitas vezes não pode suprir o amor necessário ao acon­selhado e é incapaz de receber o amor que este quer lhe dar. Será possível, sugeriu ele, que o cristianismo ofereça uma abordagem para a vida baseada inteiramente no amor e portanto possa ajudar onde o aconselhamento secular fracassa? Isto dá lugar a um desafio que leva o conselheiro cristão a refletir: um meio básico de ajudar é amar — pedir a Deus para amar as pessoas necessitadas através de nós e suplicar que nos conceda mais amor. 2.O Amor é suficiente? Mas, será o amor suficiente? Para algumas pessoas e em relação a alguns problemas, o amor basta; mas, quanto a outros mais ajuda é necessária. Há vários anos atrás um famoso psiquiatra infantil escreveu um livro com o título O Amor Não é Suficiente (Love Is Not Enough) e discutiu a importância da disciplina, da estrutura e outras influências terapêuti­cas. O ajudador cristão eficiente mostra amor. Isto é básico, fundamental. Mas ele ou ela também busca desenvolver qualificações terapêuticas e tenta tornar-se perito no conheci­mento e uso das técnicas fundamentais de aconselhamento.
  20. AULA 06 - Técnicas de Aconselhamento O QUE É ACONSELHAMENTO? O aconselhamento é, primariamente, uma relação em que uma pessoa, o ajudador, bus­ca assistir outro ser humano nos problemas da vida. De modo diferente das discussões casuais entre amigos, a relação de ajuda, pelo menos para os profissionais, é caracterizada por um pro­pósito claro — ajudar o aconselhado. As necessidades do ajudador são, na maior parte, sa­tisfeitas em outra situação e ele não depende do aconselhado para receber amor, para afir­mar-se ou ser ajudado. O conselheiro tenta remover seus próprios conflitos, tomar consciên­cia das necessidades do aconselhado e comunicar tanto compreensão como sua vontade de ajudar. A ajuda pode ser um processo complicado, impossível de ser descrito em poucos pa­rágrafos. Podemos, porém, resumir algumas das técnicas mais básicas utilizadas numa situa­ção de ajuda. 1.Atenção O conselheiro deve tentar conceder atenção integral ao aconselhado. Isto é feito mediante: a-Contato de olhos — olhar sem arregalar os olhos, como um meio de trans­mitir interesse e compreensão; b-Postura, que deve ser relaxada e não tensa, e que geral­mente envolve inclinar-se em direção ao aconselhado e, c-Gestos Naturais, mas não excessivos ou que provoquem distração. O conselheiro deve ser amável, bondoso, fortemente motivado à compreensão. Ele deve estar sempre vigilante quanto a algumas das distrações íntimas que nos impedem de oferecer atenção integral: fadiga, impaciência, preocupação com outros as­suntos, devaneios e inquietação. A ajuda às pessoas é naturalmente difícil, sendo uma tarefa exigente que envolve sensibilidade, expressões genuínas de cuidado e estar sempre vigilante para atender a outrem tanto física como psicologicamente. 2.Ouvir Isto abrange mais do que uma recepção passiva de mensagens. Segundo o psi­quiatra Armand Nicholi, o ato de ouvir eficazmente envolve:
  21. a-Percepção suficiente e solução dos próprios conflitos a fim de evitar reagir de modo a interferir com a livre expressão dos pensamentos e sentimentos do aconselhado; b-Evitar expressões verbais ou não verbais dissimuladas de desprezo ou juízo com rela­ção ao conteúdo da história do aconselhado, mesmo quando esse conteúdo ofenda a sensibilidade do conselheiro; c-Aguardar pacientemente durante períodos de silêncio ou lágrimas, enquanto o acon­selhado se enche de coragem para aprofundar-se em assuntos penosos ou faz pausas para reunir seus pensamentos ou recuperar a compostura. d-Ouvir não apenas o que o aconselhado diz, mas aquilo que ele ou ela está tentando dizer ou deixou de dizer; e-Usar os olhos e ouvidos para captar as mensagens transmitidas pelo tom de voz, postura, e outras pistas não-verbais; f-Analisar as próprias reações quanto ao aconselhado; g-Evitar desviar os olhos do aconselhado enquanto este fala h-Sentar-se imóvel; i-Limitar o número de excursões mentais às próprias fantasias; j-Controlar os sentimentos em relação ao aconselhado que possam interferir com uma atitude de aceitação, simpatia, que não faz juízos antecipados; e k-Compreender que é possível aceitar plenamente o aconselhado sem aprovar ou sancio­nar atitudes e comportamento destrutivos para o aconselhado ou para outros. É fácil ignorar tudo isto e escorregar rapidamente para a oferta de conselhos e falação excessiva. Isto impede o aconselhado de expressar realmente suas mágoas, esclarecer um pro­blema através de conversa, partilhar todos os detalhes de uma questão ou experimentar o alí­vio que vem com o desabafo. Os conselheiros que falam muito podem dar bons conselhos, mas estes raramente são ouvidos e terão ainda menos probabilidade de serem seguidos. Em tais situações, o aconselhado sente que não foi compreendido. Em contraste, ouvir é um mo­do de dizer-lhe, "Eu me interesso". Quando não ouvimos, mas aconselhamos falando, esta é com freqüência uma expressão da própria insegurança do conselheiro ou de sua incapacidade para tratar de situações ambíguas, ameaçadoras ou emocionais. 3.Responder
  22. Não se deve supor, porém, que o conselheiro nada faz além de ouvir. Jesus era um bom ouvinte (lembre-se do seu encontro com os dois discípulos confusos na estrada de Emaús, por exemplo), mas a sua ajuda também se caracterizava pela ação e respostas ver­bais específicas. a-Orientar ou liderar é uma habilidade mediante a qual o conselheiro prevê a direção dos pensamentos do aconselhado e responde de maneira a redirecionar a conversação. "Você po­de dar mais detalhes...?" "O que aconteceu então...?" "O que você estava querendo dizer com...'?" — todas essas são perguntas breves que espera-se irão orientar ao máximo a discus­são em direções produtivas. b-Refletir é um modo de permitir que os aconselhados saibam que "estamos com eles" e podemos compreender seus sentimentos ou pensamentos. "Você deve sentir-se...", "Tenho a certeza de que isso o frustrou," "Acho que foi mesmo divertido" — essas frases refletem o que está acontecendo no aconselhamento. Tenha cuidado para não usar esse método depois de cada declaração (faça isso apenas periodicamente) e tente evitar respostas estereotipadas (e.g., repetir sempre sentenças começando com frases como: "Você deve pensar..." ou "Es­tou ouvindo você dizer que..."). Um breve resumo da entrevista pode ser também um meio de refletir e estimular maior exploração por parte do aconselhado. O conselheiro pode resu­mir sentimentos ("isso realmente magoa") e/ou temas gerais do conteúdo ("de tudo que me contou parece que teve uma série de decepções"), mas dê sempre ao aconselhado tempo e oportunidade para responder a tais reflexões — fazendo um sumário. c-Perguntar,caso seja feito com habilidade poderá extrair bastantes informações úteis. As melhores perguntas são aquelas que exigem pelo menos uma sentença ou duas do aconselha­do (e.g., "Fale-me sobre o seu casamento") em lugar das que podem ser respondidas em uma palavra ("Você é casado?" "Qual a sua idade?"). Os conselheiros iniciantes fazem mais per­guntas que os mais experimentados, e desde que um interrogatório intensivo pode sufocar a comunicação, os alunos são no geral instruídos a fazerem poucas perguntas. As perguntas que começam com "Por quê?" são quase sempre evitadas, desde que tendem a parecer críticas ou a estimular discussões intelectuais prolongadas que impedem o aconselhado a confrontar seus verdadeiros sentimentos ou mágoas. d-Confrontar significa apresentar alguma idéia ao aconselhado, a qual ele ou ela talvez não percebesse de outro modo. Os aconselhados podem ser confrontados com o pecado em sua vida, inconsistência ou comportamento derrotista, devendo ser
  23. encorajados a modi­ficar seu comportamento ou atitudes. O confronto é melhor aceito quando apresentado de maneira suave, cheia de amor, sem uma atitude de julgamento. Todavia, ele com freqüência provoca resistência, culpa e algumas vezes ira por parte do aconselhado. Torna-se importante, pois, que o conselheiro dê tempo ao aconselhado para responder verbalmente ao confronto e discutir maneiras alternativas de comportar-se. Um tal confronto leva às vezes à confissão e a uma experiência significativa de perdão. Alguns cristãos sugeriram que aconselhamento e confronto são termos sinônimos. Isto não tem apoio psicológico nem bíblico. O confronto é uma parte relevante e por vezes difícil do aconselhamento, mas não é a única habilidade envolvida no processo de ajudar as pessoas. e-Informar abrange a apresentação de fatos aos que precisam de informação. Isto difere da idéia do conselheiro partilhar suas opiniões ou dar conselhos. Informar é uma parte co­mum e aceita no aconselhamento; oferecer conselhos é bem mais controverso. Os que fazem isto geralmente não possuem o conhecimento necessário de uma situação para orientar com competência, seus conselhos encorajam a dependência do aconselhado, e se as recomenda­ções não forem bem sucedidas o conselheiro irá mais tarde sentir-se responsável pela sua orientação negativa. Toda vez que lhe pedirem conselhos ou sentir-se inclinado a aconselhar, certifique-se de que conhece bem a situação. Você tem suficiente informação e perícia para aconselhar outrem? Pergunte a si mesmo quais poderiam ser os resultados de seus conselhos. Haveria possibilidade de provocar dependência no aconselhado? Você tem condições para en­frentar os sentimentos que talvez venham a surgir no caso de sua orientação ser rejeitada ou mostrar-se errada? Caso positivo, ofereça conselho, ofereça-o na forma de sugestão, dê ao aconselhado tempo para reagir e falar a respeito de sua sugestão, e informe-se depois para ver até que ponto o conselho foi proveitoso. f-Interpretar envolve a idéia de explicar ao aconselhado o que seu comportamento ou outros eventos significam. Esta é uma habilidade altamente técnica com grande potencial para capacitar os aconselhados a verem a si mesmos e suas circunstâncias mais claramente. Mas as interpretações podem ser também prejudiciais, especialmente se forem introduzidas antes do aconselhado poder tratar emocionalmente do material, ou se as interpretações fo­rem erradas. Se você, como conselheiro, começar a perceber algumas explicações possíveis para os problemas de outra pessoa, pergunte-se se o aconselhado acha-se intelectual e emo­cionalmente preparado para tratar do assunto, mantenha os termos simples enquanto in­terpreta, apresente a sua explicação de modo
  24. tentativo (e.g., "Não será que...?") e dê tem­po ao aconselhado para responder. Enquanto você discute a interpretação o aconselhado muitas vezes desenvolve maior percepção e fica capacitado a explorar cursos futuros de ação em conjunto com o conselheiro. g-Apoiareencorajar são partes importantes de qualquer situação de aconselhamento, especialmente no início. Quando as pessoas estão sobrecarregadas por necessidades e confli­tos, elas podem tirar proveito da estabilidade. Cuidado com uma pessoa empática que mostre aceitação e lhe forneça uma sensação de segurança. Isto, porém, é mais do que assistir aos oprimidos. O apoio inclui a orientação do aconselhado no sentido de fazer uma avaliação de seus recursos espirituais e psicológicos, encorajá-lo à ação e ajudar com quaisquer problemas ou fracassos que possam resultar desta ação. 4. Ensinar Todas essas técnicas são na verdade formas especializadas de educação psicológica. O conselheiro é um educador, ensinando através da instrução e orientando o aconselhado à medida que ele ou ela aprende a enfrentar os problemas da vida. Da mesma forma que outros tipos pessoais de educação, o aconselhamento é mais eficaz quando as discussões são específicas e não vagas, focalizando situações concretas ("Como posso controlar meu gênio quando sou criticado por minha esposa?") em lugar de alvos nebulosos ("Quero ser mais feliz"). Um dos instrumentos de aprendizado mais poderosos é o que os psicólogos chamam de respostas imediatas ("immediacy responses"). Isto envolve a capacidade do conselheiro e aconselhado discutirem direta e abertamento o que está acontecendo no aqui e agora de sua relação. " Sinto-me muito frustrado com você no momento," alguém pode dizer por exemplo, ou, "Estou ficando zangado porque acho que você está me desprezando". Tais expressões sinceras e diretas de como alguém se sente numa situação são terapêuticas e tratam com os sentimentos antes destes deteriorarem e crescerem negativamente. As respostas imediatas também ajudam os aconselhados (e conselheiros) a compreederem melhor como as as suas reações afetam outros e como eles respondem emocionamente aos relacionamentos interpessoais. Tal compreensão é um aspecto educacional importante do aconselhamento. AULA 07 - O Processo do Aconselhamento
  25. O QUE O ACONSELHAMENTO NÃO É. O Aconselhamento não é um processo tipo passo-a-passo, como assar um bolo, mudar um pneu, ou mesmo preparar um sermão. Cada aconselhado é único — com problemas, atitu­des, valores, expectativas e experiências peculiares. O conselheiro (cujos problemas, atitudes, valores, expectativas e experiências pessoais são também parte das situações de aconselha­mento) deve abordar cada indivíduo de modo um pouco diferente e descobrirá que o curso do aconselhamento irá variar de pessoa a pessoa. Em toda relação de aconselhamento, porém, existem, ao que parece, vários estágios, e os três primeiros podem ser repetidos diversas vezes, à medida que os problemas são consi­derados e reconsiderados. Esses estágios incluem: 1-O estabelecimento e manutenção de um re­lacionamento entre conselheiro e aconselhado 2-A exploração de problemas a fim de esclare­cer certas questões e determinar como os problemas podem ser tratados 3-A decisão sobre um curso de ação 4-O estímulo do aconselhado para que tome uma atitude 5-A avaliação do pro­gresso e decisão sobre ações subseqüentes 6-Como terminar a relação sem a ajuda con­tínua do conselheiro No papel, tudo isto parece direto e simples, mas o processo de aconse­lhamento pode ser bastante complexo e exigir muito do nosso tempo e energia. Uma das razões para isto é que os estágios são raramente identificados com tanta cla­reza ou tão facilmente como os parágrafos anteriores talvez sugiram. Por exemplo, o primei­ro passo de estabelecer uma relação é especialmente importante no início, quando os aconse­lhados (e conselheiros) talvez estejam nervosos e apreensivos. Todavia, uma vez que a rela­ção tenha começado, ela deve ser mantida, a fim de que o conselheiro jamais perca comple­tamente de vista o passo número um. No decorrer do aconselhamento surge uma vacilação natural entre esses estágios, de
  26. avanço e retrocesso, à medida que os problemas se tornam mais definidos, as soluções são encontradas e o aconselhamento se dirige para o seu final. Sem levar em conta quão eficaz possa ser a hora de aconselhamento, sua influência pode ser diminuída se o aconselhado sair da sessão e esquecer-se ou ignorar o que apren­deu. A fim de enfrentar este problema, muitos conselheiros dão tarefa de casa — projetos destinados a fortalecer, expandir e estender o processo de aconselhamento para além do período que o aconselhado passa com o conselheiro. B-TAREFA-DE-CASA NO ACONSELHAMENTO Em seu excelente livro sobre a ajuda, o psicólogo Paul Welter nota que cada pessoa tem um modo especial de aprender. Alguns aprendem melhor ouvindo—escutando o que outros dizem. Outros vendo—lendo, assistindo filmes e observando diagramas. Existem também indivíduos que aprendem melhor fazendo—completando projetos, desempenhan­do papéis, ou representando seus sentimentos. Embora tenha havido algumas exceções re­centes (especialmente em certas abordagens do aconselhamento orientadas no sentido da experiência), a ajuda tradicional às pessoas sempre envolveu uma aproximação do tipo falar-ouvir. As sessões de aconselhamento duram aproximadamente uma hora, sendo separadas por uma semana ou mais de outras atividades. As tarefas de casa capacitam as pessoas a estenderem o seu aprendizado para além das sessões de aconselhamento e permitem ver e fazer além de ouvir. A tarefa de casa, escreve Adams, é a essência do bom aconselhamento. 0 conselheiro que aperfeiçoa a sua habilidade nesse sentido verá a diferença em sua eficácia na ajuda às pessoas. Aprender como pas­sar tarefa de casa positiva, bíblica, concreta, que se adapte criativamente à situação, exige tempo e esforço, mas produz dividendos. Desde que o termo "tarefa-de-casa" geralmente faz pensar em algo monótono imposto sobre um receptor rebelde, foi sugerido que "acordos-tarefa" poderia ser um termo melhor e mais exato. O conselheiro e aconselhado concordam a respeito de tarefas que podem ser realizadas nos intervalos das sessões de aconselhamento. Essas tarefas ajudam o aconselha­do a manter-se cônscio dos alvos do aconselhamento, obter informação adicional (mediante leitura ou ouvindo fitas), desenvolver e praticar
  27. novas habilidades, eliminar o comportamen­to prejudicial, testar o que foi aprendido no aconselhamento, e experimentar novas maneiras de pensar e agir. Os acordos-tarefa podem ser de vários tipos e incluir comportamentos específicos, tais como fazer um elogio todos os dias, abster-se de críticas, ler um capítulo diário na Bíblia, dedicar tempo a um parente que considere importante, manter um registro do uso do tempo, ou fazer uma lista dos próprios valores e prioridades. No final de cada sessão de aconselha­mento, o conselheiro e o aconselhado poderiam perguntar: "Depois deste período de acon­selhamento, de que modos específicos o aconselhado pode praticar o que aprendeu hoje ou obter novos conhecimentos que serão ainda mais úteis?" As respostas e, portanto, os acor­dos-tarefa em potencial, são quase ilimitados. Apesar destas possibilidades de diversificação, cinco tipos de tarefas de casa têm sido quase sempre usados: 1-Testes Isto inclui questionários, formulários para completar sentenças, testes padroni­zados, e trabalhos escritos (tais como preparar uma breve biografia, fazer uma lista dos alvos na vida, fazer uma lista daquilo que gosta ou não gosta sobre o emprego, e assim por diante). Essas respostas escritas são devolvidas ao conselheiro e discutidas com ele. 2-Discussão e Guias de Estudo Esses guias aparecem algumas vezes nos apêndices de li­vros, mas volumes inteiros têm sido dedicados à orientação dos estudos em casa ou discus­são em pequenos grupos. Este estudo tem lugar algumas vezes independentemente de qual­quer aconselhamento. Outras vezes o estudo é um acordo-tarefa a ser completado entre as sessões de aconselhamento e discutido subseqüentemente no aconselhamento. 3-Tarefas Comportamentais Os aconselhados são às vezes encorajados a modificar suas atitudes de maneira leve mas importante, entre as sessões de aconselhamento. Dizer "obriga­do", fazer elogios periódicos, não queixar-se de certo hábito aborrecido do nosso cônjuge, chegar ao trabalho na hora, ler a Bíblia durante dez minutos diariamente — esses são os ti­pos de sugestões de mudança de comportamento dadas pelos conselheiros e depois discuti­das com os aconselhados.
  28. 4-Leitura Os livros e artigos com freqüência contêm informação útil que pode comple­tar as sessões de aconselhamento. Existe sempre o perigo dos aconselhados interpretarem mal o que foi escrito ou que algo seja tirado de seu contexto. Poucos conselheiros têm o tempo necessário para examinar todos os livros potencialmente relevantes e será difícil en­contrar materiais escritos com os quais o conselheiro esteja de pleno acordo. Apesar dessas limitações, os artigos e livros podem ser um suplemento proveitoso no aconselhamento, especialmente se a leitura for discutida subseqüentemente com o aconselhado. 5-Terapia Musical A terapia musical — uso da música para ajudar as pessoas com seus problemas — é pelo menos tão antiga quanto as melodias calmantes que Davi tocava para serenar o per­turbado rei Saul. Muitas pessoas relaxam ligando o seu aparelho de som depois de um dia pesado de trabalho. Mas a recente explosão de interesse pela música e a grande disponibilidade de equi­pamentos de execução pouco dispendiosos vem dando ao conselheiro um recurso potencialmente poderoso mas ainda não pesquisado. De modo literal, milhares de CDs acham-se pre­sentemente disponíveis sobre uma ampla escala de assuntos. A qualidade das músicas e a exati­dão da informação nelas contida nem sempre é boa, mas elas podem ser melhoradas e utili­zadas como um suplemento positivo no aconselhamento pessoal. Por exemplo, há vários anos atrás na Universidade de Austin, várias gravações foram preparadas, cada uma das quais durava de sete a dez minutos e continha recomendações prá­ticas de aconselhamento, assim como informação sobre onde conseguir mais ajuda. Essas gravações tomaram-se parte de um serviço telefônico de 24 horas em que as pessoas podiam cha­mar a qualquer hora e ouvir a mensagem de sua escolha. A pesquisa inicial demonstrou que as gravações estão sendo largamente usadas, são úteis e quase sempre estimulam as pessoas a buscar mais aconselhamento. AULA 08 - O Conselheiro e o Aconselhamento
  29. O ACONSELHAMENTO É GRATIFICANTE E ARRISCADO Há muitas pessoas que gostariam de desempenhar o papel de conselheiros, muitas vezes por se tratar de uma atividade considerada fascinante — dar conselhos e ajudar as pessoas a resolverem os seus problemas. O aconselhamento, como é natural, pode ser um trabalho muito gratificante, mas não leva tempo para descobrirmos que se trata de uma tarefa árdua, emocionalmente exaustiva. Ele envolve concentração intensa e algumas vezes nos faz sofrer, ao vermos tantas pessoas infelizes. Quando esses indivíduos não conseguem melhoras, como acontece com freqüência, é fácil culpar-nos, tentar dar mais ainda de nós mesmos e ficar imaginando o que aconteceu de errado. Enquanto mais e mais pessoas procuram aconselhamento, surge a tendência de aumentar nosso período de traba­lho, esforçando-nos até o limite máximo de nossas forças. Alguns dos problemas dos acon­selhados nos fazem lembrar de nossas próprias inseguranças e conflitos e isto pode ameaçar nossa estabilidade ou sentimentos de auto-estima. Não é de admirar que o aconselhamento tenha sido considerado uma ocupação tanto gratificante como arriscada. Discutiremos nes­te capítulo alguns dos riscos, e consideraremos alguns dos meios que podem tomar a tare­fa do conselheiro mais satisfatória e bem sucedida. B-A MOTIVAÇÃO E O CONSELHEIRO Por que você quer aconselhar? Alguns conselheiros cristãos, especialmente pastores, foram praticamente obrigados a exercer essa ocupação devido às pessoas que os procura­ram espontaneamente para pedir ajuda com seus problemas. Outros conselheiros encoraja­ram as pessoas a procurá-los e talvez tenham feito um treinamento especial, baseados na su­posição válida de que o aconselhamento é uma das maneiras mais eficazes de servir aos outros. Como vimos, a Bíblia ordena o cuidado mútuo e isto com certeza envolve o acon­selhamento. Quase nunca é fácil analisar e avaliar nossos motivos. Isto talvez se aplique especial­mente quando examinamos nossas razões para praticar o aconselhamento. Um desejo since­ro de auxiliar as pessoas a se desenvolverem é uma razão válida para tomar-se um conselhei­ro, mas existem outras que motivam os conselheiros e que interferem com a eficácia de seu aconselhamento.
  30. 1-Curiosidade – Necessidade de Informação Ao descrever seus problemas, os aconse­lhados, no geral, oferecem certas informações que não contariam a mais ninguém de outra forma. Quando o conselheiro é curioso, ele ou ela algumas vezes esquece o aconselhado, pres­siona para obter mais detalhes e com freqüência não consegue manter segredo. Por essa ra­zão, as pessoas preferem evitar os ajudadores curiosos. 2-A Necessidade de Manter Relações Todos precisam de aproximação e contatos ínti­mos com pelo menos duas ou três pessoas. Para alguns aconselhados, o conselheiro será seu melhor amigo, pelo menos temporariamente. Mas, e se os conselheiros não tiverem outros amigos além dos aconselhados? Em tais casos a necessidade que o conselheiro tem de um re­lacionamento pode prejudicar sua ajuda. Ele na verdade não quer que os aconselhados me­lhorem e terminem o aconselhamento, visto que isto interromperia a relação. Se você procu­ra oportunidades para prolongar o período de aconselhamento, para chamar o aconselhado, ou reunir-se com ele socialmente, a relação pode estar satisfazendo suas necessidades de com­panhia tanto quanto (ou mais do que) proporciona ajuda ao aconselhado. Neste ponto o envolvimento conselheiro-aconselhado deixa de ser uma relação de ajuda profissional. Isto nem sempre é negativo, mas os amigos também nem sempre são os melhores conselheiros. 3-A Necessidade de Poder O conselheiro autoritário gosta de "endireitar" os outros, dar conselhos (mesmo quando não solicitado), e desempenhar o papel de "solucionador de problemas". Alguns aconselhados do tipo dependente podem desejar isto, mas não serão ajudados se suas vidas forem controladas por outra pessoa. A maioria das pessoas, no en­tanto, irá eventualmente opor resistência a um conselheiro autoritário. Ele ou ela não será verdadeiro ajudador. 4-A Necessidade de Socorrer O conselheiro deste tipo tira a responsabilidade do acon­selhado ao demonstrar uma atitude que diz claramente: "você não é capaz de resolver isso, deixe tudo comigo". Esta foi chamada de abordagem do messias benfeitor. Ela pode satis­fazer o aconselhado por algum tempo, mas raramente fornece ajuda duradoura. Quando a técnica de socorro falha (como acontece muitas vezes), o conselheiro sente-se culpado e ina­dequado — como um messias incapaz de salvar os perdidos.
  31. É provável que todo conselheiro perspicaz experimenta por vezes tais tendências, mas não deve ceder às mesmas. Quando a pessoa procura aconselhamento, está aceitando o risco de compartilhar informação pessoal e entregar-se aos cuidados do conselheiro. Este irá violar esta confiança e portanto diminuir a eficácia do aconselhamento se a relação de ajuda for usada primariamente para satisfazer as necessidades do próprio ajudador.
  32. AULA 09 - A Eficácia do Conselheiro TODO CRISTÃO É UM BOM CONSELHEIRO? Todos sabem que algumas pessoas dão melhores conselhos que outras. Isto faz surgir uma questão importante e fundamental. Todo cristão pode ser um bom conselheiro ou o aconselhamento é um dom reservado para certos membros escolhidos no corpo de Cristo? Segundo a Bíblia, todos os crentes devem ter um interesse compassivo por seus semelhan­tes, mas não se deduz disso, necessariamente, que todos os crentes sejam ou possam tomar-se conselheiros bem dotados. Neste respeito, o aconselhamento é como o ensino. Todo pai tem a responsabilidade de ensinar seus filhos, mas apenas alguns são professores especial­mente dotados. Em Romanos 12.8 lemos a respeito do dom da exortação (paraklesis), uma palavra cujo significado é "andar ao lado para ajudar" e implica em atividades tais como advertir, apoiar e encorajar outros. Ele é mencionado entre os dons espirituais possuídos por algumas pessoas, mas não todas. Os que possuem este dom e o desenvolvem, verão resultados positi­vos em seu aconselhamento, à medida que as pessoas são ajudadas e a igreja edificada. Se o aconselhamento parece ser o seu dom especial, louve a Deus e procure aprender a exercê-lo melhor. Se o seu aconselhamento parece ineficaz, Deus talvez tenha concedido um outro dom. Isto não isenta ninguém de ajudar as pessoas, mas pode estimular alguns a concentra­rem seus esforços em outro setor e deixar o aconselhamento para os que são melhor dotados nessa área. Parafraseando I Coríntios 12.14-18: 0 Corpo não é um só membro mas muitos...Se o conselheiro dissesse, "como não sou professor, não faço parte do corpo," nem por isso deixa de ser parte dele. Se to­do o corpo consistisse de conselheiros, onde ficaria o ministério de ensino formal? Se todos fossem mestres, quem faria o trabalho dos diáconos? Mas Deus dispôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprou­ve ... 0 mestre não pode dizer ao conselheiro: Não preciso de você", ou o evange­lista ao mestre, "Não preciso de você". Nós claramente precisamos uns dos outros e o aconselhamento é uma parte — mas apenas uma parte — da igreja em funcionamento. Ajudamos as pessoas pelo aconselha­mento, mas também as auxiliamos através da evangelização, ensino, preocupação social e outros aspectos do ministério.
  33. B-O PAPEL DO CONSELHEIRO O aconselhamento, especialmente o pastoral, toma-se às vezes ineficaz porque o con­selheiro não tem uma idéia clara do seu papel e responsabilidades. Numa série inteligente de artigos publicados há vários anos atrás, Maurice Wagner identificou várias áreas potenciais de confusão de papéis. 1-Visita em Lugar de Aconselhamento A visita é uma troca mútua e amigável de infor­mações. O aconselhamento é uma conversa centralizada num problema, dirigida para um alvo, que focaliza principalmente as necessidades de uma pessoa, o aconselhado. Todo aconselha­mento envolve visitas periódicas, mas quando estas se prolongam ou são o ponto principal, os problemas são evitados e é reduzida a eficácia do aconselhamento. 2-Pressa em Lugar de Deliberação As pessoas ocupadas, preocupadas com um alvo, no geral querem apressar o processo do aconselhamento até um término rápido e bem sucedi­do. É verdade que os conselheiros não devem perder tempo, mas também é certo que o aconselhamento não pode ser acelerado. "Grande parte do sucesso de qualquer conselhei­ro está baseada em sua atenção tranqüila e refletida, concentrada nas palavras do aconselha­do. Seu equilíbrio é freqüentemente um ponto de apoio para a pessoa perturbada... Se o conselheiro for apressado ou dividir sua atenção, seus comentários encorajadores irão ser provavelmente objeto de suspeita, julgando estar dizendo apenas aquilo que o aconselhado quer ouvir, a fim de passar para outro assunto. "Uma entrevista descontraída e deliberada também faz com que o aconselhado sinta que está recebendo toda a atenção do conselheiro... quando este mostra-se apressado e im­paciente, tende a formular julgamentos baseados em impressões precipitadas... A delibera­ção não pode ser exercida se a pessoa estiver com pressa em acabar com o problema." 3-Desrespeito em Lugar de Simpatia Alguns conselheiros classificam rapidamente as pessoas (por exemplo, como um "cristão carnal", um "divorciado", ou um "tipo neumá­tico") e depois despedem os indivíduos com um confronto rápido ou conselho rígido. Nin­guém quer ser tratado com tanto desrespeito e o ajudador que não ouve com simpatia pro­vavelmente não dará conselhos eficazes.
  34. 4-Condenação em Lugar de Imparcialidade Há ocasiões em que os aconselhados preci­sam enfrentar o pecado ou comportamento incomum em sua vida, mas isto não é o mesmo que pregar e condenar na clínica de aconselhamento. Quando os aconselhados se sentem atacados eles ou se defendem (freqüentemente com irritação) com uma atitude de indife­rença resignada, ou ainda aceitam as palavras do conselheiro temporariamente e sob pro­testo. Nenhum desses tipos de reação contribui para o amadurecimento do aconselhado e todos são uma resposta a uma técnica de aconselhamento que geralmente reflete a ansie­dade, incerteza e necessidade do próprio conselheiro. Jesus é descrito como alguém que "tomou sobre si as nossas enfermidades". Ele jamaisfez vista grossa para o pecado, mas compreendia os pecadores e sempre manifestou bondade e respeito por aqueles que, como a mulher junto ao poço, estavam dispostos a aprender, arrepender-se e mudar seu compor­tamento. 5-Sobrecarregar a Sessão em Lugar de Moderar o Aconselhamento Devido ao seu entu­siasmo com a idéia de ajudar, o conselheiro tenta às vezes fazer demasiado numa sessão. Isto confunde o aconselhado, perturbando o projeto. Desde que na verdade os aconselha­dos só podem provavelmente assimilar um ou dois pontos principais em cada entrevista, o aconselhamento deve ser compassado, mesmo que isto signifique reuniões mais curtas e mais freqüentes. 6-Ser Diretivo ao invés de Interpretativo Este é um erro comum e, como vimos, pode refletir a necessidade inconsciente de dominar do conselheiro. Quando os aconselhados recebem ordens quanto ao que devem fazer, eles confundem a opinião do conselheiro cristão com a vontade de Deus, sentem-se culpados e incompetentes se não seguem os con­selhos e jamais aprendem como amadurecer espiritualmente e emocionalmente até o ponto em que possam tomar decisões sem o auxílio de um conselheiro. O conselheiro e o acon­selhado devem colaborar como uma equipe, na qual o primeiro serve como um professor-instrutor cujo alvo eventual é retirar-se do campo. 7-Envolver-se Emocionalmente ao invés de Permanecer Objetivo Existe uma linha divi­sória muito fina entre interessar-se e tomar-se muito perturbado, confuso ou lutando com um problema semelhante ao do próprio conselheiro. Surge então uma tendência para preo­cupar-se e permitir que os aconselhados interrompam
  35. nossos programas segundo a sua con­veniência. Um envolvimento emocional desse tipo geralmente faz com que o conselheiro perca a sua objetividade e isto por sua vez reduz a eficácia do aconselhamento. As pessoas compassivas não conseguem, com freqüência, evitar o envolvimento emocional, mas o con­selheiro cristão pode evitar esta tendência considerando o aconselhamento como uma rela­ção de ajuda profissional, claramente limitada em seus termos, tais como duração das entre­vistas, número de sessões, resistência ao toque, etc. Isto não tem como propósito isolar o conselheiro, mas ajudá-lo a manter-se suficientemente objetivo para prestar auxílio. 8-Atitude de Defesa em Lugar de Empatia A maioria dos conselheiros sente-se às vezes ameaçada durante o aconselhamento. Quando somos criticados, incapazes de ajudar, senti­mos culpa, ansiedade, ou estamos em perigo, nossa capacidade de ouvir com empatia é prejudicada. Quando esta qualidade se vai, também desaparece nossa eficácia no aconselhamen­to. Toda vez que surgem ameaças desse tipo é geralmente proveitoso perguntar-nos o por­quê da situação. Se não soubermos a resposta, vale a pena discutir o assunto com um amigo ou um outro conselheiro. Quanto mais conhecemos e aceitamos a nós mesmos, tanto menos provável será nos sentirmos ameaçados pelos nossos pacientes. O conselheiro deve manter uma atitude vigilante caso deseje evitar esses oito riscos. Como ajudadores cristãos honramos a Deus executando nossa tarefa da melhor forma pos­sível, desculpando-nos ao cometer erros, e usando nossos erros como situações de aprendiza­do e degraus de acesso para o nosso desenvolvimento. Se em nosso desejo de ajudar tivermos assumido um papel pouco saudável no aconse­lhamento, devemos reestruturar o relacionamento, chegando mesmo a falar às pessoas de nossa intenção de mudar (mediante atos tais como estabelecendo horas de aconselhamento mais rígidas, recusando-nos a largar tudo quando o aconselhado nos chama, sendo menos autoritário, e assim por diante). Esta reestruturação é sempre difícil em vista de envolver a retomada de algo que foi concedido antes. A alternativa é continuar numa situação confu­sa e ineficaz no aconselhamento. Os erros e confusão de papéis não são, porém, tragédias irreversíveis. A boa comunicação com os aconselhados pode cobrir uma multidão de erros no aconselhamento, mas não devemos usar isto como uma desculpa para um trabalho mal feito e incompetência. "O conceito mais importante a ter em mente é que Cristo é realmen­te o Conselheiro; nós somos seus agentes executando a sua obra, representando-O. O seu Es­pírito Santo é o nosso Consolador e Guia e nos orientará, a fim de livrar aqueles que Ele nos trouxe para receberem ajuda."
  36. AULA 10 - A Vulnerabilidade do Conselheiro A.RAZÕES PARA A FRUSTRAÇÃO DE UM CONSELHEIRO O aconselhamento seria mais fácil se pudéssemos supor que todo aconselhado quer ajuda, e irá cooperar plenamente no aconselhamento. Mas, infelizmente, isto nem sempre acontece. Alguns aconselhados têm o desejo consciente ou inconsciente de manipular, frus­trar, ou não colaborar. Esta é uma descoberta difícil para o conselheiro que deseja ser bem sucedido e cujo sucesso depende principalmente da mudança operada no paciente. É sem­pre difícil trabalhar com pessoas assim, principalmente quando não têm espírito de coope­ração. Ao decidirmos ajudar, estamos necessariamente aceitando a possibilidade de luta pelo poder, exploração e fracasso. São pelo menos duas as principais maneiras em que as pessoas frustram o conselheiro e aumentam a sua vulnerabilidade. 1-Manipulação Algumas pessoas são mestras em impor a sua vontade controlando ou­tros. Conta-se a história de um jovem conselheiro que se sentia inseguro e queria agradar. Não desejando ser rotulado como o "conselheiro anterior que não se importava", o jovem conselheiro achava-se decidido a ser útil. As sessões de aconselhamento encompridaram e tornaram-se mais freqüentes. Antes de pouco tempo o conselheiro estava dando telefonemas, fazendo pequenos serviços e empréstimos e até compras para o aconselhado, que constante­mente expressava sua gratidão e chorosamente pedia mais. Os conselheiros manipulados geralmente têm pouca utilidade. Os indivíduos que ten­tam manipular seu conselheiro quase sempre fizeram da manipulação um modo de vida. Eles agem bem e com sutileza, mas não conseguem viver sem praticar o embuste e a arte de domi­nar. O conselheiro precisa opor-se a essas táticas, recusar-se a ser movido por elas e ensinar meios mais satisfatórios de relacionar-se com outros. É sábio perguntar-se continuamente: "Estou sendo manipulado?" "Será que tenho ul­trapassado minhas responsabilidades como conselheiro?" "O que este aconselhado de­seja realmente?"
  37. Algumas vezes as pessoas alegam desejar ajuda com um problema, mas na verdade querem seu tempo e atenção, sua aprovação de um comportamento pecaminoso ou prejudicial, ou seu apoio como aliado num conflito familiar. Outras vezes elas o procuram por acreditarem que cônjuges preocupados, outros membros da família ou empregado­res deixarão de queixar-se de seu comportamento uma vez que iniciem o processo de acon­selhamento. Quando você suspeitar desse tipo de desonestidade e manipulação, é prudente conversar a respeito com o aconselhado, esperar uma negativa da parte dele, e depois estru­turar o aconselhamento de modo a impedir manipulação e exploração do conselheiro no futuro. Lembre-se de que o aconselhamento verdadeiramente útil nem sempre agrada ao aconselhado ou é conveniente para o conselheiro, mas contribui para o amadurecimento do indivíduo que solicitou ajuda. A idéia de que "as pessoas sinceras em seu desejo de aceitar ajuda raramente mostram-se exigentes", desonestas ou manipuladoras,, é, sem dúvida, verdadeira. 2-Resistência As pessoas algumas vezes buscam ajuda por desejarem alívio imediato da dor, mas quando descobrem que o alívio permanente pode exigir tempo, esforço e maior so­frimento ainda, elas resistem ao aconselhamento. Noutras ocasiões os problemas fornecem benefícios que o paciente não quer perder (atenção pessoal de outros, por exemplo, ou com­pensações pela sua invalidez, menor responsabilidade, ou gratificações mais sutis, tais como castigo ou a oportunidade de tornar a vida difícil para os demais). Desde que o aconselha­mento bem sucedido iria interromper esses benefícios, o aconselhado não coopera. A seguir estão aqueles que adquirem um senso de poder e realização quando conseguem frustrar os esforços de outros - por exemplo, dos conselheiros profissionais. Essas pessoas com freqüên­cia convencem a si mesmas: "Ninguém pode me ajudar — mas também o conselheiro que não for bem sucedido comigo não vale nada". O conselheiro continua aconselhando, o aconse­lhado finge colaborar, mas ninguém melhora. A resistência é uma força poderosa que quase sempre exige aconselhamento profissio­nal em profundidade. Quando os conselheiros começam a trabalhar, as defesas psicológicas do aconselhado são ameaçadas e isto leva à ansiedade, à ira e a uma atitude de não-colaboração por vezes inconsciente. Quando o paciente é relativamente bem-ajustado esta resistên­cia pode ser discutida com brandura e franqueza. Permita
  38. que ele ou ela saiba que é respon­sável (e não o conselheiro) pelo resultado final do processo, obtendo ou não melhora. O con­selheiro fornece uma relação estruturada, evita ficar na defensiva, e deve reconhecer que a sua eficácia como conselheiro (e certamente como uma pessoa) nem sempre é proporcional à melhora dos aconselhados. Foi sugerido que os conselheiros se perdem não apenas quando ignoram a direção que estão tomando, mas também quando não conhecem a si mesmos. Podemos permanecer vigi­lantes quanto a problemas em potencial quando freqüentemente fazemos a nós mesmos (e um ao outro) perguntas tais como: Por que acho ser esta a pior (ou melhor) pessoa que já aconselhei? Existe uma razão para o meu constante atraso, ou o do aconselhado? Existe uma razão para que o aconselhado ou eu deseje mais (ou menos) tempo do que havíamos combinado no início? Minhas reações às palavras deste aconselhado são excessivas? Sinto-me aborrecido quando estou com esta pessoa? O problema sou eu, o aconselha­do, ou nós dois? Por que eu sempre concordo (ou discordo) com o aconselhado? Sinto vontade de terminar esta relação ou de apegar-me a ela embora devesse terminar? Estou começando a sentir demasiada simpatia pelo aconselhado Penso constantemente no aconselhado entre as entrevistas, sonho acordado com ele ou ela, ou mostro mais do que o interesse comum no seu problema? Por quê? AULA 11 - A Sexualidade do Conselheiro A.A ATRAÇÃO SEXUAL ENTRE CONSELHEIRO E ACONSELHADO Sempre que duas pessoas trabalham juntas em direção a um alvo comum, surgem sen­timentos de camaradagem e cordialidade entre elas. Quando esses indivíduos possuem um es­tilo de vida similar (ambiente semelhante), e especialmente quando são do sexo oposto, os sentimentos calorosos quase sempre incluem um componente sexual. Esta atração sexual entre conselheiro e aconselhado foi chamada de "problema
  39. ignorado pelos clérigos". Tra­ta-se, porém de um problema que quase todosos conselheiros enfrentam, quer falem ou não sobre ele com outros. 0 aconselhamento freqüentemente envolve a discussão de detalhes íntimos que jamais seriam tratados em outro lugar — especialmente entre um homem e uma mulher que não são casados um com o outro. Isto pode despertar sexualmente tanto o conselheiro como o acon­selhado. 0 potencial para a imoralidade pode ser ainda maior se o aconselhado é atraente e/ou tende a mostrar-se sedutor, se o aconselhado indicar que ele ou ela necessita realmente do conselheiro, e/ou se o aconselhamento envolver discussões detalhadas de informações so­bre o despertamento sexual. Tais influências sutis escreveu Freud há muitos anos atrás, "acarretam o perigo de fazer o homem esquecer-se de sua técnica e tarefa médica a favor de uma experiência agradável". É provável que todo leitor deste livro conheça conselheiros, in­clusive pastores-conselheiros, que transigiram com seus padrões "a favor de uma experiência agradável" e descobriram que seus ministérios, reputação, eficácia de aconselhamento e tal­vez seu casamento acabaram sendo destruídos como um resultado disso — sem falar sobre os efeitos negativos que isto pode ter no aconselhado. B.O AUTOCONTROLE DO CONSELHEIRO A atração sexual por um aconselha­do é coisa comum e o conselheiro prudente deve esforçar-se ao máximo para exercer autocontrole. 1-Proteção Espiritual A meditação sobre a Palavra de Deus, a oração (incluindo a inter­cessão de outros) e a confiança na proteção do Espírito Santo, são elementos importantís­simos. Além disso, os conselheiros devem vigiar sua mente. A fantasia muitas vezes precede a ação e o conselheiro sábio cultiva o hábito de não demorar-se em pensamentos luxuriosos, mas focalizá-los naquilo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e bom. Encon­trar um outro crente a quem você possa prestar contas regularmente de seus atos também é de muito valor. Isto pode ter um impacto poderoso em seu comportamento. Finalmente, te­nha cuidado em não cair na perigosa armadilha de pensar: "Isso acontece com outros, mas jamais aconteceria comigo". Esta é a espécie de orgulho que no geral precede a queda na ten­tação. Ele ignora o mandamento bíblico de que ele (ou ela) que pensa estar de pé deve cui­dar para não cair.
  40. E, se você cair? Servimos a um Deus que perdoa, embora as cicatrizes — na forma de uma reputação arruinada ou um insucesso no casamento, por exemplo — possam durar a vi­da inteira. Se confessarmos qualquer pecado recebemos perdão, mas temos depois a obriga­ção de modificar daí por diante nosso comportamento a fim de fazê-lo mais coerente com as Escrituras. 2-Percepção dos Sinais de Perigo Num livro inteiro dedicado aos sentimentos sexuais do conselheiro e aconselhado, Rassieur indicou várias pistas que podem apontar para uma mudança potencial do profissionalismo do aconselhamento para uma intimidade perigosa. Isto inclui: A comunicação de mensagens sutis de qualidade mais íntima (sorrisos, levantar as so­brancelhas, contatos físicos, etc); O desejo do conselheiro e aconselhado de manterem o relacionamento; Ansiedade, especialmente por parte do aconselhado, de divulgar detalhes de experiên­cias ou fantasias sexuais; Permissão do conselheiro para que o aconselhado o manipule; Reconhecimento por parte do conselheiro de que ele ou ela precisa ver o aconselhado (este é um sinal de fracasso); Frustrações crescentes na vida conjugal do conselheiro; e O prolongamento do tempo e freqüência das entrevistas, algumas vezes suplementadas por chamadas telefônicas. 3-Estabelecimento de Limites Quando a atração sexual se faz presente e é reconhecida, o conselheiro pode interromper o aconselhamento, transferir o trabalho para outra pessoa, ou até mesmo discutir esses sentimentos com o aconselhado. Antes de qualquer coisa, porém, é melhor estabelecer certos limites definidos, prescrevendo claramente a freqüência e duração das sessões de aconselhamento e apegar-se a esses limites; Recusar conversas telefô­nicas prolongadas; Desencorajar discussões detalhadas de tópicos sexuai Evitar o contato físico; e Encontrar-se num lugar que desestimule olhares eloqüentes ou intimidades pessoais. A maneira de sentar-se, sem aproximar-se demasiado do paciente também é importante.
  41. 4-Análise de Atitudes Não existe proveito algum em negar os seus instintos sexuais. Eles são comuns, com freqüência embaraçosos e bastante estimulantes, mas controláveis. Lembre-se do seguinte: As Conseqüências Sociais. Ceder à tentação sexual pode arruinar a reputação da pessoa, seu casamento e eficácia como conselheiro. Esta compreensão pode agir como um importante impedimento. Imagem Profissional. Lembre-se de que você é um conselheiro profissional e, pelo menos se espera, um homem ou mulher de Deus em direção ao amadurecimento. As intimi­dades sexuais com os aconselhados jamais ajudam as pessoas com problemas nem beneficiam o trabalho profissional do conselheiro. Verdade Teológica. O envolvimento sexual fora do casamento é pecaminoso e deve ser evitado. É verdade que as circunstâncias influenciam nosso comportamento presente e as experiências passadas podem limitar nossas opções correntes, mas isso não nos absolve da responsabilidade. Cada conselheiro e aconselhado é responsável pelo seu próprio com­portamento. O indivíduo, escreve o psiquiatra Vicktor Frankl, "nãoé complementarmente condicionado e determinado; ele decide por si mesmo se vai ceder ou opor-se às condições... Todo ser humano tem liberdade para modificar-se a qualquer momento." Podemos alegar que "o diabo me obrigou a isso", mas o diabo só tenta. Ele nunca nos obriga a fazernada. Nós decidimos pecar, deliberando e agindo contrariamente à orientação do Espírito Santo, que reside no interior do crente e é maior que Satanás. É importante que tanto conselhei­ros como aconselhados compreendam isto. 5-Proteção do Grupo de Apoio A resistência eficaz envolve o reconhecimento sincero da atração sexual. Existe, pois, grande valor em discutir o assunto com um ou dois confiden­tes dignos de confiança. A primeira pessoa na lista é o nosso cônjuge. O bom casamento não impede que al­guém sinta-se atraído sexualmente por um aconselhado, mas tem uma influência significati­va na capacidade do conselheiro resistir. Algumas vezes por medo, embaraço ou desejo de não provocar mágoas, o conselheiro jamais discute este ponto com seu cônjuge. Como resulta­do, ele perde uma boa oportunidade para uma comunicação conjugal em profundidade, apoio e conforto por parte do companheiro. Se o
  42. aconselhado tornar-se uma séria ameaça para o casamento do conselheiro, é provável que já existam problemas na união antes do aconselhado entrar em cena. Discutir nossos sentimentos com outro conselheiro ou um amigo em quem temos con­fiança sempre resulta proveitoso. O problema pode ser mantido assim em perspectiva, o ami­go cristão pode orar pedindo proteção e o conselheiro tem alguém a quem prestar contas. A atração sexual deve ser discutida em alguns casos com o aconselhado? Isto pode ser às vezes apropriado no sentido de ajudar na compreensão e amadurecimento do mesmo, mas os riscos envolvidos em tais discussões são muito altos. Alguns pacientes podem inter­pretar tais conversas como um convite a maiores intimidades. Outros, especialmente os ima­turos e convencidos, podem contar a outros a respeito do assunto e isto poderia ter conse­qüências desastrosas no sentido profissional. Antes de discutir seus sentimentos sexuais com um aconselhado, seria prudente conversar primeiro com um amigo ou consultor profissional. Se decidir não revelar seus sentimentos ao aconselhado, tente aplicar as sugestões dadas nos parágrafos anteriores: evite o flerte a todo custo e considere seriamente a transferência para outro conselheiro se observar indícios como ansiedade contínua durante as sessões de aconselhamento, falta de concentração interrompida por fantasias sexuais, medo de desagra­dar o aconselhado; preocupação com pensamentos e fantasias sobre o aconselhado no inter­valo das sessões e expectativa óbvia da próxima entrevista acompanhada de temor da ses­são ser cancelada ou terminado o aconselhamento.
  43. AULA 12 - A Ética do Conselheiro A.O CÓDIGO DE ÉTICA DO CONSELHEIRO CRISTÃO A maioria das organizações de aconselhamento profissional (tais como a Associação Americana de Psicologia ou a Associação Americana de Orientação e Pessoal) desenvolveu códigos éticos para orientar os conselheiros nas decisões morais e proteger o público de práticas que não sejam éticas. No geral, os profissionais cristãos buscam cumprir esses códi­gos éticos, mas, desde que consideramos a Bíblia como a Palavra de Deus, as Escrituras se tornam o padrão final ao tomarmos todas as nossas decisões morais. O conselheiro cristão respeita cada indivíduo como uma pessoa de valor, criada por Deus à imagem divina, manchada pela queda da humanidade no pecado, mas amada por Deus e objeto da redenção divina. Cada pessoa possui sentimentos, pensamentos, vontade e liberdade para comportar-se como achar adequado. Como um ajudador de pessoas, o con­selheiro busca sinceramente o melhor para o bem-estar do aconselhado e não tenta manipu­lar ou imiscuir-se na vida do mesmo. Como servo de Deus, o conselheiro tem a responsabili­dade de viver, agir e aconselhar de acordo com os princípios bíblicos. Como empregado, ele tenta cumprir as suas responsabilidades e executar seus deveres com fidelidade e competên­cia. Como cidadão e membro da sociedade, busca obedecer as autoridades governamentais e contribuir para o bem da cultura. Quando não existem conflitos entre essas suposições e valores, o trabalho do conselhei­ro pode prosseguir tranqüilamente. Os problemas éticos surgem quando há conflito de valo­res e decisões diferentes devem ser tomadas. Muitas, embora não todas, dessas decisões envol­vem questões confidenciais. Considere, por exemplo, o seguinte: Um aconselhado confessa ter infringido a lei ou que pretende prejudicar alguém. Vo­cê conta à polícia ou à vítima em potencial? A filha de um líder da igreja revela estar grávida e que pretende fazer um aborto. O que você faz com esta informação? Um jovem vem pedir-lhe ajuda, a fim de obter maior auto-confiança com as mulheres de modo a poder encorajar suas amiguinhas a terem intercurso sexual com ele. Qual a
  44. sua responsabilidade como conselheiro, desde que considera errado o sexo pré-conjugal? Um aluno formado pelo seminário que está buscando empregar-se como pastor, re­vela no aconselhamento que é um homossexual ativo. Como membro da igreja você revela isto ou não diz nada ao preencher um formulário de recomendação? 0 conselheiro tem a obrigação de manter em segredo as informações confidenciais, a não ser quando haja risco para o bem-estar do aconselhado ou de outra pessoa. Em tais oca­siões, o aconselhado deve ser orientado no sentido de transmitir a informação diretamente às pessoas envolvidas (polícia, empregadores, pais, etc), e em regra geral, a informação não deve ser divulgada pelo conselheiro sem conhecimento do paciente. Além disso, o conse­lheiro deve abster-se de administrar ou interpretar testes, dar conselhos médicos ou legais, ou oferecer quaisquer serviços para os quais não esteja treinado nem qualificado. Nos esta­dos e países onde os conselheiros são licenciados ou possuem certificado, eles anunciam seus serviços corretamente e de acordo com a lei. Em toda decisão moral o conselheiro procura agir de modo a dar honra a Deus, man­ter-se conforme o ensino bíblico e respeitar o bem-estar do consulente e de outros. Quando decisões diferentes precisam ser tomadas, os conselheiros têm a obrigação de discutir a situa­ção confidencialmente com um ou dois conselheiros cristãos e/ou especialistas, tais como um advogado ou médico que não precisam saber a identidade do aconselhado, mas que podem auxiliar nas decisões éticas. Tais decisões não são fáceis, mas o conselheiro cristão obtém o máximo de fatos possível (inclusive dados bíblicos), confiando sinceramente em que Deus irá orientá-lo, e em seguida toma a decisão mais sábia possível baseado na melhor evidência a seu dispor. B-A “QUEIMA” DO CONSELHEIRO Os alunos que se diplomam em aconselhamento com freqüência supõem que o traba­lho de ajudar pessoas irá prover uma vida inteira de satisfação e realização vocacional. Al­gum tempo depois de formados, a maioria dos conselheiros descobre, porém que seu traba­lho é árduo, que muitos consulentes não melhoram, e que o envolvimento constante com os problemas e misérias de outros é psicológica e fisicamente extenuante.
  45. Num estudo de grande divulgação, os pesquisadores da Universidade da Califórnia Em Berkeley, conduzi­ram recentemente entrevistas em profundidade com 200 médicos psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, conselheiros escolares, enfermeiras especializadas em doenças mentais, e muitos ajudadores. Foi evidenciado que a maior parte dos conselheiros tem dificuldade de enfrentar as tensões emocionais associadas ao trabalho íntimo e contínuo com seres hu­manos perturbados, muitos dos quais não obtêm melhora. Tudo isto contribui para a "quei­ma" do conselheiro — um sentimento de futilidade, inépcia, fadiga, cinismo, apatia, irritabi­lidade e frustração. Num esforço sutil e às vezes inconsciente para proteger-se, os conse­lheiros que acreditam na importância da cordialidade, autenticidade e empatia, tomam-se então ajudadores frios, distantes, pouco simpáticos, indiferentes, desgastados. O relatório conclui: o profissional passa a usar uma armadura tão grossa que ninguém consegue atraves­sá-la. A "queima" é provavelmente comum em todas as profissões no ramo da ajuda pessoal, inclusive no ministério, mas, poderá ser evitada? Existem aparentemente algumas medidas que podemos tomar a fim de não nos tornarmos ajudadores cansados e indiferentes. Em pri­meiro lugar, para prevenir a "queima", precisamos de força espiritual que nos é concedida mediante períodos regulares de oração e reflexão sobre as Escrituras. Segundo, temos neces­sidade do apoio de algumas outras pessoas que nos aceitem por aquilo que somos e não pelo que fazemos. Cada um de nós precisa de pelo menos uma pessoa que nos ame e compreen­da e com quem possamos chorar; alguém que conheça as nossas fraquezas, mas suficiente­mente confiável para não usar contra nós este conhecimento. Terceiro, temos necessidade de férias - períodos regulares, distantes das pessoas exigentes, necessitadas. Jesus fez isto e nós também devemos fazê-lo se quisermos continuar sendo ajudadores eficientes e capazes. Finalmente, será muito útil compartilharmos nosso fardo, encorajando outros crentes a serem conselheiros leigos e ajudadores. O líder da igreja ou outro conselheiro cristão que tenta ajudar a todos sozinho está se preparando para um fracasso ou eventual "queima". O que dizer do ajudador que já se queimou?
  46. Tire o mais depressa possível o seu fone do gancho e se afaste pelo menos para um breve período de reavaliação. Considere como po­de aplicar as sugestões mencionadas no parágrafo precedente. Depois pense sobre as suas atividades fora do trabalho. Como elas podem aliviar seu fardo e acrescentar auto-satisfação e descanso? O conselheiro precisa encontrar equilíbrio nas suas atividades, tempo para des­cansar ou divertir-se, e oportunidade para rir. Caso contrário, a vida torna-se aborrecida, entrando na rotina e perdendo o brilho. Isto não é agradável para o conselheiro e com cer­teza não contribui em nada para ajudar eficazmente os aconselhados a enfrentarem as pres­sões da vida. C-O CONSELHEIRO DOS CONSELHEIROS Muitos programas de treinamento profissional exigem que os alunos tenham experiên­cia de aconselhamento pessoal, prática supervisionada, treinamento de susceptibilidade em grupo, ou outras técnicas semelhantes, num esforço para aumentar a auto-percepção, facili­tar a auto-aceitação e remover os bloqueios emocionais e psicológicos que impedem a eficá­cia no aconselhamento. Embora tal aconselhamento seja muitas vezes útil e altamente reco­mendado, ele com freqüência ignora a maior fonte de força e sabedoria dos conselheiros cristãos — o Espírito Santo que orienta e habita na vida de todo crente. "Fico preocupa­do," escreveu um conselheiro pastoral. "Os ajudadores cristãos ficam tão envolvidos nas téc­nicas e teorias do aconselhamento que chegam até nós através de outras profissões do mes­mo ramo, que eles ignoram ou jamais tomam consciência da Fonte em que todo tipo de so­corro tem origem - o próprio Deus." A Bíblia descreve Jesus Cristo como o Maravilhoso Conselheiro. Ele é o conselheiro dos conselheiros — sempre disponível para encorajar, dirigir e conceder sabedoria aos ajuda­dores humanos. Vale a pena repetir que o conselheiro cristão verdadeiramente eficaz é basi­camente um instrumento perito e disponível através de quem o Espírito Santo opera trans­formando vidas. Quando o trabalho do conselheiro provoca ansiedades e confusão, estas po­dem ser entregues ao próprio Deus, que prometeu apoiar e ajudar. A oração diária e a lei­tura bíblica nos mantém em comunicação ativa com Aquele que é mentor e ajudador.
  47. Através da Bíblia inteira, entretanto, vemos que Deus também opera mediante outros seres humanos. Ele ajuda os conselheiros por meio de outras pessoas com quem ele pode partilhar suas opiniões, manter perspectiva, relaxar — e ocasionalmente chorar. Sem o apoio, o encorajamento e opinião de um amigo cristão confiável, o trabalho do conselheiro será provavelmente mais árduo e menos eficiente. Dois ou mais conselheiros podem no geral en­contrar-se regularmente para apoio mútuo e oração conjunta. Se lhe falta tal relação, ore, pe­dindo a Deus que o faça encontrar um companheiro com quem possa se abrir. Dois pesquisadores pediram recentemente a um grupo de conselheiros que respondes­sem à seguinte pergunta: Como você passaria o resto de sua vida se tivesse os meios para fazer o que quisesse? Dentre os mais de 100 conselheiros avaliados, apenas três indicaram que passariam o resto de sua vida no serviço de aconselhamento e uma delas afirmou prefe­rir este trabalho como uma atividade a ser realizada em seu tempo livre. O aconselhamen­to pode trazer satisfação, mas não é um trabalho fácil. Quanto mais cedo isto seja reconheci­do e encarado honestamente, tanto mais satisfatório será nosso ministério de ajuda e mais eficaz o nosso aconselhamento.
  48. AULA 13 - As Crises no Aconselhamento A. EXPERIMENTANDO OS ALTOS E BAIXOS ESPIRITUAIS À medida que avançamos na vida, a maioria de nós tem um comportamento bastante consistente. Como é natural, todos experimentamos altos e bai­xos espirituais e temos às vezes de aplicar um esforço extra para tratar de emergências ou problemas inesperados, mas ao nos aproximarmos da idade adulta, cada um de nós desen­volve um repertório de soluções de problemas baseado em sua personalidade, treinamento e experiências passadas. Usamos repetidamente essas técnicas e conseguimos assim enfren­tar com sucesso os desafios da vida. Surgem, porém, às vezes, situações mais graves que ameaçam nosso equilíbrio psico­lógico. Essas situações, ou acontecimentos da nossa existência, são também chamados de crises. Elas podem ser esperadas ou inesperadas, reais ou imaginárias, factuais (como quan­do um ente querido morre) ou potenciais (como quando parece que um ente querido pos­savir a morrer logo). Vários escritores comentaram que a palavra chinesa para "crise" inclui dois símbo­los. Um significa perigo e o outro oportunidade. Uma crise é um perigoporque ameaça vencer a pessoa ou pessoas envolvidas. As crises envolvem a perda de alguém ou de algo importante, a mudança brusca de nosso papel ou posição, ou o aparecimento de pessoas ou acontecimentos novos ou ameaçadores. Em vista desta situação crítica ser tão intensa e úni­ca, descobrimos que nossos hábitos costumeiros de tratar da tensão e de resolver problemas não funcionam mais. Isto leva a um período de confusão e espanto, geralmente acompanha­do de comportamento negativo e distúrbios emocionais inclusive ansiedade, ira, desanimo, tristeza ou culpa. Embora este tumulto intelectual, comportamental e emocional geralmen­te seja de curta duração, ele pode persistir por várias semanas ou até mais. As crises, porém, dão às pessoas a oportunidade de mudar, crescer e desenvolver meios melhores de superá-las. Desde que as pessoas em crise quase sempre sentem-se confusas, elas ficam mais abertas à ajuda externa, inclusive o socorro de Deus e aquele proporcionado pe­lo conselheiro. O que o indivíduo faz com essa ajuda e como resolve a crise tem:
  49. .considerável importância para a saúde mental futura do mesmo. Seu novo equilí­brio pode ser melhor ou pior do que no passado... Ele poderá vir a tratar dos proble­mas críticos desenvolvendo novas técnicas para a solução de problemas, socialmente aceitáveis baseadas na realidade, o que irá aumentar sua capacidade de tratar da maneira sadia com futuras dificuldades. Por outro lado, durante a crise, ele talvez desenvolva novas respostas socialmente inaceitáveis e que tratem das dificuldades através da eva­são, fantasia irracional, manipulações ou regressão e alienação - sendo que tudo isso aumenta a probabilidade dele vir a tratar também desajustadamente as futuras dificul­dades. Em outras palavras, o novo padrão por ele desenvolvido para enfrentar as crises torna-se daí por diante uma parte integral de seu repertório de respostas à solução de problemas e aumenta a possibilidade de vir a tratar dos riscos futuros com maior ou menor objetividade. Quando os médicos falam de uma crise clínica, com freqüência referem-se a esse mo­mento crucial no tempo em que ocorre uma mudança, seja em direção à recuperação ou ao declínio e morte. As crises emocionais e espirituais, da mesma forma, são pontos críticos inevitáveis na vida. Viver é passar por crises. Experimentar crises é enfrentar pontos críticos que trarão seja crescimento e maturação, ou declínio e imaturidade contínua. O conselheiro cristão está numa posição vital para influenciar a direção que as soluções para a crise vão to­mar. B.A BÍBLIA E OS TIPOS DE CRISE Grande parte da Bíblia trata de crises. Adão, Eva, Caim, Noé, Abraão, Isaque, José, Moisés, Sansão, Jefté, Saul, Davi, Elias, Daniel e várias outras personagens enfrentaram cri­ses que o Velho Testamento descreve em detalhe. Jesus enfrentou crises (especialmente quando de sua crucificação) e o mesmo aconteceu aos discípulos, Paulo, e muitos dos pri­meiros crentes. Várias das Epístolas foram escritas a fim de ajudar os indivíduos ou igrejas a enfrentarem crises, e Hebreus II resumiu tanto crises cujo final foi feliz como aquelas que resultaram em tortura, incrível sofrimento e morte. Os escritores contemporâneos identificaram três tipos de crise, cada uma das quais contém exemplos tanto modernos quanto bíblicos.
  50. 1.Crises acidentais ou Situacionais As crises acidentais ou situacionais ocorrem quando surge uma ameaça repentina ou perda inesperada. A morte de um ente querido, uma doença súbita, a descoberta de uma gravidez fora do casamento, distúrbios sociais tais como guerra ou depressão econômica, perda da casa ou das economias do indivíduo, perda súbita da reputação e posição — todas essas são tensões situacionais, muitas das quais podem ser observadas em um homem do Ve­lho Testamento — Jó. Num período muito curto de tempo ele perdeu sua família, riqueza, saúde e posição. Além disso, seu casamento parece ter estado sob tensão e ele passou por um prolongado período de incerteza, ira e tumulto íntimo. 2.Crises de Desenvolvimento As crises de desenvolvimento surgem no curso do desenvolvimento humano normal. Entrada na escola, ida para a faculdade, ajustes no casamento e na paternidade, aceitação de críticas, enfrentar a aposentadoria e o declínio da saúde, adaptação à morte de amigos, todas essas podem ser crises que exigem novas abordagens para a solução de problemas e de como superar dificuldades. Abraão e Sara, por exemplo, tiveram de enfrentar mudanças, críticas, muitos anos de esterilidade, tensões familiares e até a ordem de Deus de que o jo­vem Isaque fosse sacrificado. Poderíamos ficar imaginando como um casal idoso como Za­carias e Isabel trataram um filho tão peculiar como João Batista, ou como Maria e José pu­deram criar alguém tão diferente e brilhante como o menino Jesus. Houve com certeza cri­ses de desenvolvimento — pontos críticos que exigiram períodos prolongados de tomada de decisões sábias mas que também proporcionaram crescimento progressivo. 3.Crises Existenciais As crises existenciais,que quase sempre se sobrepõem às acima, surgem quando somos forçados a enfrentar verdades perturbadoras, tais como a compreensão de que: Sou um fracasso; Sou velho demais para alcançar meus objetivos de v Fui "deixado para trás" numa promoção; Sou um viúvo agora — novamente solteiro; Minha vida não tem propósito; Minha doença é incurável,
  51. Não tenho nada em que acreditar; Minha casa e bens se foram por causa do incêndio; Estou aposentado; Fui rejeitado por causa da cor da minha pele. Estes pensamentos e outros similares são difíceis de assimilar, exigindo tempo e esfor­ço. Trata-se de mudanças de auto-percepção que podem ser negadas temporariamente, mas que com o tempo devem ser aceitas realisticamente. Depois de uma grande vitória espiritual, Elias foi perseguido por Jezabel e fugiu para o deserto onde chegou à conclusão de que não passava de um fracasso. Jonas teve esses mes­mos pensamentos enquanto lutava com Deus. Depois de seus infortúnios, Jó certamente debateu a pergunta: "O que aconteceu comigo e o que mais ainda vai acontecer?" A Bíblia se refere a essas três crises e dá orientação tanto ao aconselhado como ao conselheiro interessado em intervir nas crises. Existem técnicas de aconselhamento aplicáveis a cada si­tuação crítica. Estas devem ser compreendidas pelo conselheiro cristão, antes de nos voltar­mos para áreas problemáticas mais específicas.
  52. AULA 14 - Intervenção nas Crises A. O ACONSELHAMENTO EM SITUAÇÕES CRÍTICAS TEMVÁRIOS OBJETIVOS: Ajudar a pessoa a enfrentar eficazmente a situação difícil e voltar ao seu nível comum de comportamento; Diminuir a ansiedade, apreensão e outros tipos de insegurança que possam persistir de­pois de ter passado a crise; Ensinar técnicas para a solução de crises, a fim de que a pessoa fique melhor preparada para antecipar e tratar das crises futuras; e Considerar os ensinos bíblicos sobre as crises, a fim de que a pessoa aprenda com as mesmas e cresça como resultado dessa experiência. B. COMPREENDENDOA ADVERSIDADE NO ACONSELHAMENTO Ao ajudar as pessoas a enfrentarem as suas crises, as diferenças entre os indivíduos pre­cisam ser reconhecidas. As pessoas diferem em sua flexibilidade, maneiras de enfrentar as dificuldades, capacidade para aprender novas técnicas para a solução de problemas, força fí­sica e psicológica, assim como nível de maturidade espiritual e emocional. Ao manter essas diferenças em mente, o conselheiro pode ajudar de diversos modos. 1. Fazer Contato As pessoas em crise nem sempre procuram a ajuda de um conselheiro.Na maioria das vezes somos nós que devemos nos aproximar delas, mostrando cordialidade, compreensão e interesse genuínos. E preciso entender que o aconselhamento nas ocasiões de crise pode levar tempo, e que o ponto de vista do aconselhado deve ser compreendido antes de serem feitas quaisquer sugestões. Às vezes a pessoa em crise entra num estado de devaneio, fantasia, ou pensamentos profundos, devendo ser trazida de volta à realidade. Quer isto aconteça ou não, é sempre útil fazer um contato visual e procurar dar-lhe segurança. Mesmo sem palavras, otoque e outras formas de contato físico podem proporcionar grandeconforto, embora alguns pa­reçam considerar o toque como um tabu. E aceitávelapertar as mãos, dar uma "palmadi-nha" nas costas de um amigo, ouabraçar de leve os atletas quando o seu time faz ponto, mas pegar as mãos deuma pessoa em crise ou colocar os braços à sua volta é geralmente desencorajadono aconselhamento. Isto se deve aos aconselhados algumas vezes interpre­taremmal o contato físico e o considerarem como umainsinuação de caráter sexual. Para muitos existe também o medo da intimidade e isto faz o toque parecerameaça­dor. Ao compreender o valor e os riscos envolvidos no toque, oconselheiro deve decidir em cada entrevista se o contato físico irá realmente ajudar oaconselhado e se há probabi­lidade dele interpretá-lo mal. Pergunte também quala sua motivação para o contato. Será provável que estejasatisfazendo mais as suas necessidades sexuais e de aproximação do que as doaconselhado? O toque pode ser um meio excelente de
  53. estabelecer contato e dar apoio, mas talvez deva sercontrolado. Pela regra: se estiver em dúvida — não faça! 2. Reduzir a Ansiedade Os modos calmos e descontraídos do conselheiro podem ajudar a reduzir aansiedade do aconselhado, especialmente quando esta calma é acompanhada desegurança. Ouça com paciência e atentamente enquanto o aconselhado descreve asua situa­ção, forneça fatos que lhe dêem segurança ("Existem meios de tratar desse problema"),mostre aprovação quando algo for feito eficientemente ("Penso que tomouuma boa decisão - isso mostra que está no caminho certo"), e quandopossível ofereça um prognóstico do que vai acontecer ("Sei que é difícil,mas penso que você vai resolver tudo muito bem"). Você podequerer sugerir às vezes uma pausa para tomar fôlego, a tensão e relaxamentoconsciente dos músculos ou o uso periódico de outras técnicas para reduzir atensão muscu­lar. O efeito calmante dos versículos bíblicos, tais como I Coríntios 10.3 pode ser também útil. Cada umdesses métodos de redução de ansiedade são por vezes usados em excesso, fa­zendocom que o aconselhado sinta-se preso numa armadilha ou sufocado,mas eles podem igualmente reduzir os efeitos da tensão e tornar mais fáciltratar construtivamente dos pro­blemas envolvidos nas crises. 3. Focalizar os Problemas Em épocas de crise é fácil ser vencido pelo que parece um amontoado defatos e problemas confusos. Ajude o aconselhado a decidir quais as questõesespecíficas que devem ser enfrentadas e os problemas a serem resolvidos. Tentefocalizar a situação como se apresenta no momento e não naquilo que poderáacontecer no futuro. 4. Avaliar os Recursos A disposição do conselheiro em prestar ajuda é um recurso im­portante parao aconselhado em crise, mas existem outros. Os recursos espirituais incluema presença interior e a orientação do Espírito Santo, juntamente com palavras epromessas consoladoras das Escrituras. Eles podem ser uma fon­te de grande força e orientaçãodurante as crises. Alguns conselheiros se utilizam das Escri­turas como uminstrumento para empurrar ou manipular os aconselhados, a fim destes agi­rem domodo como eles acreditam que devem agir. Isto não é proveitoso nem ético. Pelo contrário, a Bíbliadeve ser apresentada como a verdade, com a esperança de que o Espírito Santofaça uso dela, atuando no aconselhando segundo lheaprouver. Os recursos pessoais incluem ashabilidades e capacidade intelectual do aconselhado, sua experiência passada emotivação. Tenha novamente cuidado em ser realista, mas lembre­ se de que uma simples listagem dospontos positivos do aconselhado e a lembrança decomo ele enfrentou com êxito seus problemas em ocasiõesanteriores, podem ser tanto confronta­doras como úteis. Os recursosinterpessoais referem-se a pessoas — amigos, família, comunidade e mem­brosda igreja que queiram prestar serviço; estes, no geral seriam realmente deauxílio caso tivessem conhecimento da necessidade. Recursosadicionais podem incluir dinheiro e outros auxílios tangíveis deque se possa dispor, período de tempo que resta antes da tomada de decisões,assim como ajuda legal, médica, psicológica, financeira, educacional e outrasoferecidas pela comunidade.
  54. 5. Planejar a Intervenção Depois de avaliar o problema e consideraros recursos disponí­veis, é interessante decidir sobre um curso de ação quepergunte especificamente: "O que fa­remos agora?" O conselheiro e oaconselhado devem examinar juntos os fatos apresentados e fazer uma lista dosvários cursos de ação alternativos. Quão realista é cada um deles? O que deveser feito em primeiro lugar, em segundo e assim por diante? Alguns aconselhados terão dificuldade emtomar essas decisões. Nosso alvo não é colo­car mais pressão sobre eles,forçando-os a isso, embora também não queiramos encorajar a dependência,deixando que outra pessoa resolva os seus problemas. Com gentileza, mas fir­memente,o conselheiro deve ajudar o aconselhado a fazer planos e, se necessário, pensarem melhores alternativas quando um plano anterior tiver falhado. Certo escritorsugeriu que "a regra de ouro para o terapeuta envolvido numaintervenção em período de crise, é fazer pelos outros aquilo que eles não podemfazer por si mesmos e nada mais!" 6. Encorajar Ação Certas pessoas são capazes de decidir quala melhor atitude a tomar e depois ficam com medo de prosseguir com o plano. 0conselheiro deve, portanto, encorajar o aconselhado a agir, avaliar o seuprogresso, e modificar os planos e atos sempre que a expe­riência indicar asabedoria desta atitude. A ação quase sempre envolve pelo menosalgum risco. Existe a possibilidade de fracas­so ou arrependimento posterior,especialmente se a ação acarretar modificações importantes na vida da pessoa,tais como uma mudança de casa ou de emprego. É preciso reconhecer também que em algumassituações, a crise jamais pode ser com­pletamente resolvida, mesmo agindo.Quando a pessoa perde um ente querido através da morte, descobre a existênciade uma moléstia incurável, ou deixa de obter uma promoção importante, a crisepode trazer uma modificação permanente. O aconselhado precisa ser en­tãoajudado a enfrentar a situação com honestidade, reconhecer e expressarsentimentos, rea­justar seu estilo de vida, planejar realisticamente seufuturo, e apoiar-se no conhecimento de que Deus, em sua soberania, sabe o queestamos sofrendo e se preocupa conosco. Em to­das as crises, mas especialmenteem tempos de mudança permanente, ajuda muito quando as pessoas são rodeadas poramigos sinceros, interessados, úteis, com espírito de oração, prontos paraprestar auxílio quando e da forma necessária. 7. Instilar Esperança Em todo aconselhamento é mais provávelhaver melhora quando é transmitido ao aconselhado um senso realista deesperança para o futuro. A esperança traz alívio ao sofrimento, baseado numacrença de que as coisas serão melhores no futuro. A esperança nos ajuda a evitar o desespero e liberta a energia para enfrentar a situação de crise. O conselheiro cristão instila esperança de três maneiras (que não são citadas aqui neces­sariamente na ordem em que devem ser usadas).
  55. Primeiro transmissão das verdades bíblicas que podem proporcionar segurança e esperança, baseadas na Palavra e natureza imutáveis de Deus. Esta é uma abordagem que instila esperança estimulando a fé em Deus. Segundo , pode­mos ajudar os aconselhados a examinarem sua lógica derrotista. Idéias como "Jamais vou me curar" ou "Nada poderia ser pior", geralmente entram nos pensamentos do aconselhado em períodos de crise. Tais idéias deveriam ser contrariadas com brandura. Qual a evidência para a conclusão: "Jamais vou me curar?"Qual a evidência para um resultado mais auspicioso? Terceiro , os conselheiros podem convencer os aconselhados a se moverem e fazerem algo. Um mínimo de atividade basta para proporcionar a sensação de que alguma coisa está sen­do feita e que o aconselhado não é inútil. Isto, por sua vez, pode despertar a esperança — espe­cialmente se a atividade realiza algo que valha a pena. 8. Interferir no Ambiente Às vezes é necessário modificar o ambiente do aconselhado — encorajando outros a orar, dar dinheiro ou suprimentos, fornecer ajuda prática, ou assistir de qualquer outra forma a pessoa em crise. Tal mobilização da comunidade está além do escopo do aconselhamento tradicional, mas alguns ajudadores cristãos podem desejar interferir neste sentido. Ao agir assim, procure descobrir os sentimentos do aconselhado a respeito de tal ajuda. Algumas pessoas podem ter dificuldade em aceitar auxílio externo. Elas talvez se sintam embaraçadas com a atenção, ameaçadas pelai implicação de sua necessidade de ajuda e ficam zangadas com o conselheiro que tentou fazer algo agradável. Outras vezes, o socorro externo encoraja a dependência e uma atitude "inerte", do tipo "não preciso fazer nada", por parte do aconselhado. É im­portante discutir tudo isto com ele,sempre que possível, pois deve ser encorajado a buscar ajuda de outros sem o auxílio do conselheiro. 9. Acompanhamento O aconselhamento em tempos de crise é, no geral, de curta dura­ção. Depois de uma ou duas sessões o aconselhado volta à rotina da vida e não continua coma terapia. Mas, será que alguma coisa foi aprendida? A próxima crise será enfrentada com mais eficiência? A pessoa está vivendo satisfatoriamente agora,depois de passado o ponto crítico? Essas questões devem preocupar o conselheiro, que quase sempre pode acompanhar o caso com um telefonema ou visita. Mesmo quando o aconselhamento não é mais necessário, tal interesse de "acompanhamento" pode encorajar o aconselhado e fazê-lo lembrar-se de que alguém ainda se importa com ele. C. ENCAMINHAMENTO Algumas vezes podemos ajudar melhor os aconselhados encaminhando-os para outra pessoa cujo treinamento, perícia e disponibilidade talvez os assistam melhor. O encaminha­mento não significa necessariamente que o conselheiro seja incompetente ou que deseje livrar-se do aconselhado. Pelo contrário,pode refletir o interesse do
  56. conselheiro pelo seu paciente e mostrar a compreensão por parte dele de que ninguém é suficientemente hábil para aconselhar todo tipo de pessoas. Os pacientes devem ser encaminhados quando não mostram sinais de melhora depois de várias sessões, têm necessidades financeiras graves, precisam de atenção médica ou assis­tência jurídica, estejam severamente deprimidos ou com intenções suicidas, mostrem um comportamento extremamente agressivo, despertem sentimentos fortes de antipatia ou atra­ção sexual no conselheiro, ou tenham problemas que se achem fora da área da especialização do conselheiro. Os conselheiros devem estar familiarizados com os recursos da comunidade e pessoas a quem os aconselhados possam ser encaminhados. Isto inclui profissionais como: Médicos, advogados, psiquiatras,psicólogos e outros conselheiros. Pastores-conselheiros e outros líde­res da igreja. Agências beneficentes, tais como as Sociedades de Ajuda aos Excepcionais ou aos Cegos. Agências governamentais como o Departamento de Bem-Estar Social ou de De­semprego. Clínicas ou hospitais de aconselhamento particulares e públicos. Agências particu­lares de empregos. Centros de prevenção do suicídio; e Grupos como os Alcoólicos Anônimos. Ao considerar o encaminhamento, não deixe de considerar a importância dos grupos da igre­ja que, com freqüência, podem dar apoio e ajuda prática em momentos de necessidade. Antes de sugerir a transferência, pode ser útil comunicar-se com a fonte pretendida,a fim de certificar-se de que o paciente será recebido. Ao sugerir a transferência ao aconse­lhado, não deixe de contar-lhe as suas razões para a recomendação. Tente fazer com que o aconselhado participe da decisão da transferência, mostrando-lhe ser esta uma maneira positiva de obter mais ajuda e não por acreditar que o aconselhado esteja excessivamente perturbado, ou seja, um problema grande demais para você. É melhor deixar que os aconselhados marquem sozinhos as entrevistas com o no­vo conselheiro. Algumas vezes estes desejam informações a respeito do aconselhado, mas isto só pode ser feito se ele der autorização.Depois de encaminhá-lo, é bom continuar interessa­do no paciente, mas lembre-sede que uma outra pessoa é agora responsável pelo aconselha­mento.
  57. AULA 15 - O Futuro do Aconselhamento A.A DIVISÃO DO ACONSELHAMENTO O aconselhamento foi dividido, classificamente, em três áreas: terapêutica, preventiva e educativa. 1.Aconselhamento Terapêutico O aconselhamento terapêutico envolve a ajuda ao indivíduo, a fim de que ele trate dos problemas existentes na vida. 2.Aconselhamento Preventivo O preventivo procura impedir que os problemas se agra­vem ou evitar completamente a sua ocorrência. O Aconselhamento Educativo O aconselhamento educativo envolve a ini­ciativa por parte do conselheiro, no sentido de ensinar princípios de saúde mental a grupos maiores. É impossível calcular a porcentagem de aconselhamento envolvida em cada uma dessas três áreas, mas é provável que a terapêutica exija a maior parte do tempo e energia do conselheiro. Os programas de treinamento em pós-graduação têm contribuído para esta ên­fase assimétrica e os profissionais descobriram que é muito mais fácil ganhar a vida com o aconselhamento de reabilitação do que com o preventivo e educativo. A maioria das pessoas pagam para serem ajudadas com um problema; mas poucas pagarão para evitar o problema. A INVERSÃO DOS PAPEIS DO ACONSELHAMENTO Há algum tempo atrás, um comitê da Associação Americana de Psicologia recomendou a inversão dos três papéis do aconselhamento. Devemos dar mais ênfase ao aconselhamen­to educativo, concluiu o comitê, ênfase secundária à prevenção, e menor ênfase à ajuda te­rapêutica clássica, de reabilitação. Tal mudança iria ampliar e alterar grandemente o campo do aconselhamento. Em lugar de concentrar-se nos indivíduos com problemas, haveria maior ênfase nos grupos de
  58. pessoas da comunidade. Em lugar de esperar que os aconselhados procurassem os conselheiros, a ajuda se daria mais freqüentemente onde as pessoas se encon­tram. Além da ênfase nas técnicas de aconselhamento, haveria também um destaque para o uso de livros, instrução programada, CDs de Áudio e outros métodos educativos. Nada disto pressupõe que o aconselhamento terapêutico irá desaparecer de cena, pois ele provavelmente será sempre necessário e estará presente. Mas o campo do aconselhamento está mudando e os conselheiros cristãos começam a sentir essas mudanças. Num sentido muito real, porém, os cristãos acham-se à frente dessas tendências. Desde a época de Cristo, a igreja se preocupou com a prevenção e educação. Quando surgiu o movi­mento de aconselhamento pastoral, a igreja aumentou sua ênfase na ajuda individual, mas o papel mais amplo de educar as pessoas e fazê-las encontrar a saúde mental e espiritual jamais foi abandonado. Nossos esforços educativos e preventivos nem sempre foram eficazes, nem os nossos objetivos sempre claros, mas já existe dentro da igreja uma corrente de pensamento que dá à educação um lugar de proeminência, o qual supera freqüentemente o aconselhamen­to terapêutico. O aconselhamento cristão é uma tarefa difícil mas desafiadora. Ela envolve o desenvol­vimento de traços terapêuticos de personalidade, o aprendizado de habilidades, sensibilida­de às pessoas, compreensão do processo de aconselhamento, percepção dos perigos envolvi­dos, familiaridade a nível profundo com as Escrituras, e sensibilidade à orientação do Espí­rito Santo. O aconselhamento pode ser assunto para um livro, mas não pode ser aprendido completamente num livro. Nós nos tornamos bons conselheiros cristãos mediante uma en­trega a Cristo, através do treinamento e da experiência de ajudar as pessoas com os seus pro­blemas. Não esgotamos aqui o assunto e nem pretendemos fazê-lo. Há um Curso em desenvolvimento por Theologia Online – Open University que busca aprofundar-se em cada questão que envolve a questão da Clínica Pastoral.
  59. MISSIONÁRIO CLEITON AZEVEDO
  60. CLÍNICA PASTORAL PROVA
  61. LEIA COM ATENÇÃO Todas as questões deverão ser marcadas como verdadeira (V) ou falsa (F) de acordo com seu critério de avaliação da afirmativa. “Que o Espírito Santo ilumine a sua mente e traga grande sucesso aos seus estudos. Lembre-se, você não está cursando Teologia apenas para obter um certificado, mas, para conhecer melhor a palavra de Deus.” Questão 1 - 0 pastor, sem levar em conta o seu treinamento, não tem o privilégio de escolher se irá ou não aconselhar o seu povo. Eles inevitavelmente levam-lhe os seus problemas, a fim de obter orientação e cuidado. Não é possível evitar tal coisa caso permaneça no ministério pastoral. A sua escolha não é feita entre aconselhar ou não aconselhar, mas entre aconselhar de maneira disciplinada e hábil ou aconselhar de modo indisciplinado e inábil. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 2 - Jesus dedicou-se a servir seu Pai celestial e seus semelhantes (nessa ordem), preparou-se para sua obra mediante períodos freqüentes de oração e meditação, conhecia profundamente as Escrituras, e buscou ajudar as pessoas necessitadas a se voltarem para ele, onde podiam encontrar paz, esperança e segurança. Jesus servia muitas vezes as pessoas através de sermões, mas também combateu os céticos, desafiou os indivíduos, curou os doentes, falou com os necessitados, encorajou os desanimados e deu exemplo de um estilo de vida santo. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 3 - Após a morte, ressurreição e ascenção de Jesus, a igreja continuou seu ministério de ensino, evangelização, serviço e aconselhamento. Essas atividades não foram vistas como responsabilidade especial de líderes eclesiásticos do tipo "super-star"; mas sim por crentes comuns trabalhando, compartilhando e cuidando uns dos outros e dos incrédulos fora do corpo. Se lermos o livro de Atos e as Epístolas, torna-se aparente que igreja não era apenas uma comunidade de evangelização, ensino, discipulado, mas também uma comunidade terapêutica. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 4 - Limitamos nossa eficácia no aconselhamento quando assumimos que as descobertas da psicologia nada têm a contribuir para a compreensão e solução dos problemas. Comprometemos nossa integridade quando rejeitamos abertamente a psicologia, mas a seguir introduzimos clandestinamente os seus conceitos em nosso aconselhamento — algumas vezes ingenuamente e sem sequer perceber o que estamos fazendo. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 5 - De modo diferente das discussões casuais entre amigos, a relação de ajuda, pelo menos para os profissionais, é caracterizada por um propósito claro —
  62. ajudar o aconselhado. As necessidades do ajudador são, na maior parte, satisfeitas em outra situação e ele não depende do aconselhado para receber amor, para afirmar-se ou ser ajudado. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 6 - O aconselhamento, como é natural, pode ser um trabalho muito gratificante, mas não leva tempo para descobrirmos que se trata de uma tarefa árdua, emocionalmente exaustiva. Ele envolve concentração intensa e algumas vezes nos faz sofrer, ao vermos tantas pessoas infelizes. Quando esses indivíduos não conseguem melhoras, como acontece com freqüência, é fácil culpar-nos, tentar dar mais ainda de nós mesmos e ficar imaginando o que aconteceu de errado. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 7 - O aconselhamento seria mais fácil se pudéssemos supor que todo aconselhado quer ajuda, e irá cooperar plenamente no aconselhamento. Mas, infelizmente, isto nem sempre acontece. Alguns aconselhados têm o desejo consciente ou inconsciente de manipular, frustrar, ou não colaborar. Esta é uma descoberta difícil para o conselheiro que deseja ser bem sucedido e cujo sucesso depende principalmente da mudança operada no paciente. É sempre difícil trabalhar com pessoas assim, principalmente quando não têm espírito de cooperação. Ao decidirmos ajudar, estamos necessariamente aceitando a possibilidade de luta pelo poder, exploração e fracasso. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 8 - Sempre que duas pessoas trabalham juntas em direção a um alvo comum, surgem sentimentos de camaradagem e cordialidade entre elas. Quando esses indivíduos possuem um estilo de vida similar (ambiente semelhante), e especialmente quando são do sexo oposto, os sentimentos calorosos quase sempre incluem um componente sexual. Esta atração sexual entre conselheiro e aconselhado foi chamada de "problema ignorado pelos clérigos". Trata-se, porém de um problema que quase todos os conselheiros enfrentam, quer falem ou não sobre ele com outros. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso Questão 9 - À medida que avançamos na vida, a maioria de nós tem um comportamento bastante consistente. Como é natural, todos experimentamos altos e baixos espirituais e temos às vezes de aplicar um esforço extra para tratar de emergências ou problemas inesperados, mas ao nos aproximarmos da idade adulta, cada um de nós desenvolve um repertório de soluções de problemas baseado em sua personalidade, treinamento e experiências passadas. Usamos repetidamente essas técnicas e conseguimos assim enfrentar com sucesso os desafios da vida. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso
  63. Questão 10 - Grande parte da Bíblia trata de crises. Adão, Eva, Caim, Noé, Abraão, Isaque, José, Moisés, Sansão, Jefté, Saul, Davi, Elias, Daniel e várias outras personagens enfrentaram crises que o Velho Testamento descreve em detalhe. Jesus enfrentou crises (especialmente quando de sua crucificação) e o mesmo aconteceu aos discípulos, Paulo, e muitos dos pri­meiros crentes. Várias das Epístolas foram escritas a fim de ajudar os indivíduos ou igrejas a enfrentarem crises, e Hebreus II resumiu tanto crises cujo final foi feliz como aquelas que resultaram em tortura, incrível sofrimento e morte. Resposta: ( ) Verdadeiro ( ) Falso 



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