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segunda-feira, 27 de junho de 2011

O REINO DA SIRIA



Fonte: Samuel J. Schultz - A História de Israel no AT
Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira




O reino da Síria [1]
O reino de Aram, com Damasco como capital, é melhor conhecido como Síria. Durante dois séculos gozou de poder e prosperidade a expensas de Israel. Quando expandiu seu reino, derrotou a Hadade-ezer, governante de Zobá, e estabeleceu amizade com Toí, rei de Hamate. Salomão estendeu a fronteira de seu reino a 160 km além de Damasco e Zobá, conquistando Hamate sobre o Orontes e estabelecendo cidades de aprovisionamento naquela zona. Durante a última parte de seu reinado, Rezom, que tinha sido um jovem oficial militar sob as ordens de Hadade-ezer em Zobá, com anterioridade a sua derrota por Davi, se apoderou de Damasco e pôs os cimentos para o ressurgir do reino arameu da Síria. A rebelião surgida sob Roboão serviu de pretexto para esta oportunidade. Durante dois séculos, Síria chegou a ser um serio adversário por o poder na zona sírio-palestina.
A guerra entre Judá e o Reino do Norte, com Asa e Baasa como respectivos governantes, permitiu à Síria, sob Ben-Hadade, a oportunidade de emergir como a nação mais forte em Canaã, por volta do final do século IX a.C. Quando Baasa começou a fortificar a cidade fronteiriça de Ramá, somente a 8 km ao norte de Jerusalém,Asa enviou os tesouros do templo a Ben-Hadade como um suborno, fazendo uma aliança com ele e contra o Reino do Norte. Embora isto fez com que se cumprisse o imediato propósito de Asa e fosse relevada da pressão militar procedente de Baasa, em realidade deu à Síria a superioridade, de tal forma que os dois reinos israelitas foram com o tempo ameaçados de invasão desde o norte. Tomando possessão de uma parte do reino de Israel no norte, Ben-Hadade esteve em condições de controlar as rotas das caravanas à Fenícia, que proporcionou uma imensa riqueza a Damasco, reforçando assim o reino da Síria.
A supremacia da Síria como poder militar e comercial foi moderada pelo Reino do Norte, quando a dinastia de Onri começou a governar no 885 a.C. Onri quebrantou o monopólio comercial com a Fenícia, ao estabelecer relações amistosas com Etbaal, rei de Sidom.
Isto resultou no matrimônio de Jezabel e Acabe. O crescente poder da Assíria no leste serviu como outra prova para a Síria nos dias de Acabe. Durante os anos em que Assurnasirpal, rei da Assíria, ficou tranqüilo sem passar pela Síria para o norte, estendendo seus contatos no Mediterrâneo, Acabe e Ben-Hadade freqüentemente se opuseram um ao outro. No curso do tempo, Acabe ganhou o equilibro do poder. No 853 a.C., contudo, Acabe e Ben-Hadade uniram suas forças na famosa batalha de Qarqar, no vale do Orontes, ao norte de Hamate [2]. Embora Salmaneser III afirmou haver obtido uma grande vitória, resulta duvidoso que isso for verdade, já que não avançou sobre Hamate nem sobre Damasco até vários anos mais tarde.
Imediatamente após isto, a hostilidade sírio-efrimítica continuou, sendo morto Acabe numa batalha. Como a Assíria renovou seus ataques contra a Síria, Ben-Hadade não pôde ter o apoio de Jorão. Quando morreu Ben-Hadade, aproximadamente por volta do 843 a.C., a Síria foi fortemente pressionada pelos invasores assírios, assim como sofreu a falto de apoio do Reino do Norte.
Hazael, o seguinte governante, usurpou o trono e se converteu em um dos reis mais poderosos, estendendo o domínio da Síria até a Palestina. Embora Jeú, o novo rei de Israel, se submeteu a Salmaneser III pagando impostos (841 a.C.), Hazael resistiu a invasão deste rei assírio com suas únicas forças. Em poucos anos, Hazael esteve em condições de expandir seu reino, quando os assírios retrocederam. Se anexou um extenso território do Reino do Norte a expensas de Jeú. Após o ano 841 a.C., Joacaz, rei de Israel, estava tão debilitado que os exércitos de Hazael passaram através de seu território e tomaram possessão da planície filistéia, destruindo Gate, exigindo tributo ao rei de Judá em Jerusalém.
Ben-Hadade (cerca de 801 a.C.) fracassou em manter o reino estabelecido por seu pai Hazael.
Durante os últimos anos de seu reinado, Hadade-Nirari III da Assíria submeteu a Damasco o bastante como para exigi-lhe um forte tributo. Além de tudo isso, Ben-Hadade deveu enfrentar-se com uma hostil oposição procedente dos estados sírios do norte. Isto deixou Damasco numa condição tão fraca que quando a pressão assíria continuou, Joás reclamou para Israel muito do território tomado por Hazael. Nos dias de Jeroboão II (793-753), Síria inclusive perdeu Damasco e "os acesso de Hamate", restaurando a fronteira norte amparada por Davi e Salomão (2 Sm 8.5-11).
Damasco teve uma vez mais uma oportunidade para afirmar-se quando o poderoso Jeroboão morreu em 753 a.C. Rezim (750-732 a.C.), o último dos reis aramaicos em Damasco, voltou a ganhar a independência síria. Com a acessão ao trono assírio de Tiglate-Pileser III (745 a.C.), tanto a Síria como o Israel estiveram sujeitas à invasão e a um pesado tributo. Enquanto Tiglate-Pileser (Pul) estava lutando na Armênia (737-735 a.C.), Rezim e Peca organizaram uma aliança para evitar o pagamento do tributo. Embora Edom e os filisteus se uniram à Síria e ao Israel numa espécie de aliança anti-assíria, Acaz, rei de Judá, enviou tributo a Pul, rogando-lhe uma aliança. Em resposta a este convite, Pul executou uma campanha contra os filisteus, estabelecendo contato com Acaz, e em 732 tinha já conquistado Damasco. Samaria foi salva nesta época, quando Peca foi substituído por Oséias, quem voluntariamente pagou tributo como um rei marionete. Com a morte de Rezim e a queda de Damasco, o reino da Síria chegou a seu fim, para não voltar a levantar-se jamais.





[1] Para uma história da Síria, ver Merill F Ungel,"Israel and the Arameans of Damascos".
[2] O rei da Síria identificado como Ben-Hadade nos registros bíblicos desde 900-843 a.C., pode referir-se a dois diferentes governantes com o mesmo nome. De ser assim, é verossímil que o segundo Ben-Hadade começasse a governar aproximadamente no 860 a.C. para por ponto de vista de que deveriam designar-se 57 anos a um rei, ver M. F. Unger, "Archaeology and the Old Testament", pp. 240-41.


Pesquisa: Pastor Charles Maciel Vieira

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