Páginas

segunda-feira, 27 de junho de 2011

NABUCODONOSOR - REI DA BABILONIA




Nabucodonosor

(605-562 a.C.). Na primavera do 605, Nabopolassar enviou a Nabucodonosor [1], o príncipe coroado, e o exército babilônico para resolver a ameaça egípcia sobre o Alto Eufrates [2]. Com determinação, marchou diretamente a Carquemis, que os egípcios tinham em suas mãos desde 609, na ocasião em que Neco fora para ajudar as forças assírias. Os egípcios foram decisivamente derrotados em Carquemis, a princípios daquele verão. Em perseguição de seus inimigos, os babilônicos iniciaram outra batalha em Hamate. Nabucodonosor tinha o controle da Síria e a Palestina, e os egípcios se retiraram a seu próprio país. Wisemam observa corretamente que isto teve um decisivo efeito sobre Judá [3]. Embora Nabucodonosor pôde ter-se estabelecido em Ribla, que mais tarde converteu em seu quartel geral, ele, sem dúvida, enviou seu exército o bastante ao sul para expulsar os egípcios da Palestina. Jeoiaquim, que era vassalo de Neco, se converteu então em súbdito de Nabucodonosor. Os tesouros do templo de Jerusalém e os reféns, incluindo a Daniel, foram tomados e levados à Babilônia (Dn 1.1).
Em agosto, o 15 ou 16 do 605 a.C., Nabopolassar morreu [4]. O príncipe coroado imediatamente correu para a Babilônia. O dia de sua chegada, o 6 ou 7 de setembro, Nabucodonosor foi coroado rei da Babilônia. Tendo assegurado o trono, voltou com seu exército ao oeste para assegurar a posição da Babilônia e a arrecadação de tributos. No ano seguinte (604), marchou com seu exército a Síria mais uma vez. Desta vez requereu dos reis de várias cidades que se apresentassem ente ele com tributos. Junto com os governantes de Damasco, Tiro e Sidom, Jeoiaquim, rei de Jerusalém, também se submeteu, permanecendo sujeito aos babilônicos durante três anos (2 Rs 24.1) [5]. Ascalom resistiu da Babilônia, na esperança irreal de que o Egito viesse em sua ajuda [6]. Nabucodonosor deixou esta cidade em ruínas quando voltou à Babilônia em fevereiro do 603.
Durante os anos seguintes, o controle de Nabucodonosor sobre a Síria e a Palestina não foi seriamente desafiado. No 601, o exército babilônico estendeu mais uma vez seu poderio, marchando vitoriosamente na Síria e ajudando os governantes locais na coleta dos tributos.
Aquele ano, mais tarde, Nabucodonosor tomou o mando pessoal do exército e marchou ao Egito [7]. Neco II mandava as forças reais para enfrentar a agressão babilônica. a crônica babilônica declara francamente que por ambas partes se sofreram tremendas perdas no conflito [8]. É muito provável que este contratempo motivasse a retirada de Nabucodonosor e sua concentração durante o ano seguinte, para reunir cavalos e carros de combate para reequipar seus exércitos. Isto pôde também ter desalentado o monarca babilônico de invadir o Egito em muitos dos seguintes anos [9]. No 599, os babilônicos voltaram a Síria para estender seu controle no deserto sírio do oeste e para fortificar Ribla e Hamate como bases fortes para a agressão contra o Egito [10]. Em dezembro de 598 a.C., Nabucodonosor uma vez mais marchou com seu exército rumo ao oeste. Embora o relato da crônica é breve, identifica definitivamente a Jerusalém como objetivo [11]. Aparentemente, Jeoiaquim tinha negado o tributo a Nabucodonosor, em dependência do Egito, inclusive apesar de que Jeremias o havia advertido constantemente contra tal política. De acordo com Josefo, Jeoiaquim ficou surpreendido quando viu que a marcha dos babilônicos estava dirigida contra ele em lugar do Egito [12]. Após um curto assédio Jerusalém se rendeu aos babilônicos em março, nos dias 15 e 16 do ano 597 a.C. [13] Já que Jeoiaquim tinha morrido o 6-7 de dezembro do 598, seu filho Joaquim foi o rei de Judá que realmente fez a concessão [14]. Com outros membros da real família e uns 10.000 cidadãos sobressalentes de Jerusalém, Joaquim foi levado cativo a Babilônia. Além disso, os vastos tesouros de Judá foram confiscados para Babilônia.
Zedequias, como tio de Joaquim, foi nomeado rei marionete em Jerusalém.
Para os anos 596-594 a.C., as crônicas da Babilônia informam que Nabucodonosor continuou seu controle no oeste encontrando alguma oposição no leste, e suprimiu uma rebelião na Babilônia. As últimas líneas das crônicas existentes estabelecem que em dezembro do 594 a.C. Nabucodonosor reuniu suas tropas e marchou contra a Síria e a Palestina [15]. Pelos restantes trinta e três anos do reinado de Nabucodonosor, não se têm registros oficiais, tais como essas crônicas, nem há disponível nenhum outro documento histórico.
As atividades de Nabucodonosor em Judá na seguinte década estão bem testemunhadas nos registros bíblicos dos livros dos Reis, Crônicas e Jeremias. Como resultado da rebelião de Zedequias, o assédio de Jerusalém começou em janeiro de 588. Embora o cerco foi temporariamente levantado, conforme os babilônicos dirigiam seus esforços contra o Egito, o reino de Judá finalmente capitulou. Zedequias tentou escapar, mas foi capturado em Jericó e levado a Ribla onde seus filhos foram mortos diante dele. Após ter sido cegado, foi levado a Babilônia, onde morreu. O 15 de agosto de 586 a.C. começou a destruição final de Jerusalém nos tempos do Antigo Testamento [16]. Deserta de sua população mediante o exílio, a capital de Judá foi abandonada, convertida num montão de ruínas. Assim acabou o governo davídico de Judá nos dias de Nabucodonosor.
Outra tabuinha do Museu Britânico que parece ser um texto religioso e não uma parte da série das Crônicas Babilônicas, informa de uma campanha de Nabucodonosor em seu trigésimo sétimo ano de reinado (568-67) contra o Faraó Amassis [17]. Parece que Apries, o rei do Egito, tinha sido derrotado por Nabucodonosor no 572 e substituído no trono por Amassis. Quando o último se rebelou no 568-67, Nabucodonosor marchou com seu exército contra o Egito.
O extenso programa de construções de Nabucodonosor é bem conhecido pelas inscrições procedentes do Pai rei [18]. Tendo herdado um reino firmemente estabelecido, Nabucodonosor durante seu longo reinado dedicou intensos esforços para a construção de diversos projetos na Babilônia. A beleza e a majestade da real cidade de Babilônia não foi ultrapassada nos tempos antigos. A arrogante afirmação de Nabucodonosor de que ele tivesse construído aquela grande cidade por seu poder e para sua glória, está reconhecida como historicamente precisa (Dn 4.30) [19]. Babilônia estava defensivamente fortificada por um fosso e uma muralha dupla. Em toda a cidade, um vasto sistema de ruas e canais foi construído para facilitar o transporte. Junto com a ampla rua processional, e no palácio, havia leões, touros e dragões feitos de pedras de cores esmaltados. A porta de Ishtar marcava a impressionante entrada à rua. Os tijolos utilizados em construções ordinárias levavam a marca impressa com o nome Nabucodonosor. A este famoso rei se credita a existência de quase vinte templos na Babilônia e Borsipa [20]. A mais sobressalente empresa na área do templo foi a reconstrução do zigurate. Os jardins pendentes construídos por Nabucodonosor para comprazer sua rainha meda, foram considerados pelos gregos como uma das sete maravilhas do mundo.
O estudo de umas trezentas tabuinhas cuneiformes achadas num edifício abobadado perto da porta de Ishtar, deu como resultado a identificação dos judeus na terra do exílio durante o reinado de Nabucodonosor [21]. Nestas tabuinhas, datadas em 595-570 a.C., estão anotadas as rações designadas aos cativos procedentes do Egito, Filistéia, Fenícia, Ásia Menor, Pérsia e Judá. O mais significativo é a menção de Jeoiaquim com seus cinco filhos ou príncipes. Resulta claro de tais documentos que os babilônicos, assim como os judeus, reconheceram a Joaquim como herdeiro só trono judeu.
A glória do reino babilônico começou a desvanecer-se com a morte de Nabucodonosor em 562 a.C. Seus triunfos tinham ampliado o pequeno reino da Babilônia, estendendo-o desde o Próximo Oriente, de Susã até o Mediterrâneo, desde o Golfo Pérsico até o alto Tigre e desde as montanhas de Taurus até a primeira cachoeira no Egito. Como construtor aventureiro, fez da cidade da Babilônia a mais potente fortaleza conhecida no mundo, enfeitada com um esplendor e uma beleza inigualados. O poderio e o gênio que caracterizaram seu reinado de 43 anos, nunca foram alcançados por nenhum de seus sucessores.



[1] As crônicas da Babilônia para os primeiros dez anos de Nabucodonosor e seu reinado estão publicadas num volume por Wiseman, op. cit., bajo B. M 21946 (605-09S a. C. pp. 66 y ss.
[2] Wisemam sugere que Nabopolassar permaneceu em seu país por razões políticas ou estado de saúde.
[3] Wiseman, op. cit., p. 26.
[4] Ibíd., p. 26.
[5] Ibid., p. 28.
[6] Ibid., p. 28, identifica o papiro de Saqqara nº 86984 do Museu do Cairo, com uma carta aramaica que apela ao Faraó pedindo ajuda neste assedio de Ascalom. Ver nota 5 da mesma página para confrontar as variadas opiniões.
[7] Ibid., em p. 30, sugere que a referência dada por Josefo, "Antíquities of the Jews". X, 6 (87), se aplica aqui com anterioridade a esta batalha. No quarto ano de Nabucodonosor, e no oitavo de Jeoiaquim, este último de novo pagou tributo ao primeiro em resposta a uma ameaça de guerra. Embora Neco se havia retirado ao Egito após a decisiva batalha de Carquemis, era o bastante forte para influenciar em Jeoiaquim que segurasse o tributo de Nabucodonosor. O rei da Babilônia sem dúvida se assegurou o apoio de Jeoiaquim antes de avançar para lutar contra o Egito.
[8] A tabuinha do Museu Britânico 21946, líneas 4-5, ver Wiseman, op. cit., p. 71.
[9] A única invasão ao egit por Nabucodonosor conhecida nas fontes seculares, aconteceu no 568-67 a.C. Ver Wiseman, op. cit., p. 30.
[10] Ibid p. 32.                                                                                      
[11] B. M. 21946, Wiseman, op. citt., pp. 66-74 y 32-33.
[12] Josefo, Antiquities of the Jews, X, 6 (88-89).
[13] Wiseman op. cit. B. M. 21946, línea 12. este era o segundo dia de Adar.
[14] Wiseman op.cit pp. 33-35, sugere que Jeoiaquim pôde ter sido morto numa anterior aproximação babilônica a Jerusalém, já que morreu antes de que as forças principais deixassem a Babilônia em dezembro do 598.
[15] B. M. 21946. Wiseman. op. cit., pp. 74-75.                                           
[16] E. R. Thiele "The Mysterious Number of the Hebrew Kings", p. 165.
[17] Estas tabuinhas do Museu Britânico números 33041 e 33053, foram primeiramente publicadas por T. G. Pinches em 1878. Estão reproduzidas por Wiseman em op. cit.,sobre as laminas XX-XXI. Note-se a discussão e bibliografia em p. 94.
[18] Começando em 1899, a Deutsch Orientgesellschaft, sob a direção de Robert Koldewey, se escavou completamente a cidade de Babilônia. Ver Koldewey. Das wieder erste hende Babylon (4.a edic., Leipzig, 1925).
[19] Tack Finegan, "Light frorn the Anclent Past" (Princeton, 1959), p. 224.
[20] R. Kolclcwcy. Das Ishtar-Tor in Babylon (1918).
[21] Ersnt F. Weidmer, en "Mélanges Suríens á Monsieur Rene Dussaud 11" (1939), pp. 923-927. A referência na p. 935 aos prisioneiros de Pirindi e Hume retidos na Babilônia, pode indicar que Nabucodonosor tinha conquistado a Cilícia entre o 595 e o 570 a.C.

Fonte: Samuel J. Schultz - A História de Israel no AT


Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira


Nenhum comentário:

Postar um comentário