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sexta-feira, 3 de junho de 2011

BATALHA ESPIRITUAL - Pr.Caio Fabio - 7ª Parte

 

Discernindo os Três Níveis de Batalha Espiritual

"Acautelai-vos por vós mesmos, para que nunca vos suceda que os vossos corações fiquem sobrecarregados com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo, e para que aquele dia não venha sobre vós repentinamente, como um laço. Pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face de toda a terra. Vigiai, pois, a todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que têm de suceder, e estar em pé na presença do Filho do homem." (Lucas 21:34-36).
  Neste capítulo, nós vamos tratar da batalha espiritual em três níveis diferentes, quais sejam: o individual (aquilo que acontece na mente e no coração de cada um de nós individualmente), o social (aquilo que acontece na memória da sociedade - nos "porões" psíquicos da sociedade) e o cultural (a formação de valores e de percepções dentro da sociedade).
O texto acima de Lucas aborda, de uma maneira sucinta, os três níveis de batalha espiritual, os quais nos propomos a tratar neste capítulo.
Primeiramente, está o nível individual, porque Jesus está falando a pessoas, a indivíduos, alertando-os, advertindo-os acerca de coisas que poderiam atingi-los, implicando luta individual para cada uma delas ("Acautelai-vos por vós mesmos"). Mas também é dito que tal luta individual também se daria num âmbito mais amplo do que o individual, referindo-se ao nível social. Isto é atestado quando Ele fala para se ter cuidado com orgias, embriaguez e preocupações deste mundo ("nunca vos suceda que os vossos corações fiquem sobrecarregados com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo"). Jesus está falando de uma sociedade, na qual tais coisas se tornaram referenciais muito nítidos. Jesus faz referência ao nível social - Ele não só fala de orgia, embriaguez e das preocupações deste mundo, mas fala também das conseqüências para uma sociedade em que tais valores estão impregnando a consciência de todos. Ele não diz para se ter cuidado apenas com a orgia, embriaguez e com as preocupações materialistas do dia-a-dia; Ele diz, também, para se ter cuidado com as conseqüências desses comportamentos ("nunca vos suceda que os vossos corações fiquem sobrecarregados com as conseqüências da orgia, da embriaguez e das preocupações deste mundo"). Ou seja, ter cuidado com aquilo que vai se transformar em hábito, em cultura. Não se está necessariamente dizendo a alguém que se envolveu com orgia, com embriaguez ou com as preocupações deste mundo. Jesus diz para se ter cuidado não só com estas coisas, mas também com suas conseqüências destrutivas. Pode ser que você, que lê este livro, não pratique tais coisas, mas está inserido numa sociedade que gerou uma cultura que está impregnada pela licenciosidade, pela corrupção ou pelo imediatismo materialista, que podem atingi-lo, penetrá-lo e vitimá-lo não porque você as pratique, mas pela assimilação e absorção dessa cultura que é tremendamente destrutiva. Isso é tão sério, que Jesus diz que as conseqüências de tais coisas iriam abranger toda a terra, atingindo a todos os seus habitantes:
"Pois há de sobrevir a todos os que vivem sobre a face de toda a terra." (Lucas 21:35).
Será que Jesus está dizendo que todas as pessoas estariam praticando aquelas coisas, ou está dizendo que a formação dessa cultura tornar-se-ia algo globalizante, tendo um poder de penetração enorme na alma humana, sem que esta percebesse, ou quisesse?
Eu e você, diariamente, estamos envolvidos com esses três níveis de luta espiritual. Algumas das manifestações mais corriqueiras que se dão em cada um desses níveis às vezes vêm mascaradas de fisionomias despretensiosas, inocentes... Mas, por trás delas, há forças espirituais operantes e poderosas.

A Batalha Espiritual no Nível Individual

Para se perceber, de uma maneira mais objetiva, a luta que se trava na mente, no coração, na consciência, nas emoções, nos desejos, nas volições e no íntimo de cada um, faz-se necessário refletir sobre o texto que se encontra em Mateus 4:3-10, que fala sobre a tentação de Jesus no deserto:
"Então o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães. Jesus, porém, respondeu: Está escrito: Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus. Então o diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo. E lhe disse: Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra. Respondeu-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus. Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e lhe disse: Tudo isto te darei se prostrado, me adorares. Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto."
Neste texto, encontra-se o maior estratagema de indução da mente humana jamais concebido na História. As três tentações a que Jesus foi submetido como indivíduo, como pessoa, têm complexidades tremendas. De alguma forma, elas explicitam áreas de susceptibilidade e fragilidade individual que são comuns a todos os seres humanos. Nessas tentações, são encontradas lutas, pressões, induções, questionamentos, perturbações que atingem a cada um de nós, nas circunstancias e situações as mais diversas.
A primeira tentação é a de tentar absolutizar o desejo humano. Essa tentação busca fazer do desejo humano a medida maior, a referência mais importante, em função da qual a vida pode ser orientada; essa tentação é a de dizer a si próprio que leis, princípios, regras e valores são menores que o próprio desejo, o qual não pode ser reprimido sob hipótese alguma.
É isso que o diabo tenta fazer brotar no coração e na mente de Jesus, inicialmente:
"Então o tentador, aproximando-se, lhe disse: Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães." (Mateus 4:3).
Em outras palavras, o diabo estava Lhe dizendo:
"- Libera os desejos de Teu corpo. Teu corpo quer; Teu corpo sente; Teu corpo precisa; Teu corpo tem fome."
Há uma afirmação profunda do desejo mais intrínseco que habita o corpo de cada um de nós, que é o sexual, não apenas restrito e relacionado ao ato sexual em si, mas num sentido amplo de satisfação de um prazer físico. Por exemplo, essa satisfação pode ser até mesmo oral (há pessoas que comem muito, porque estão impotentes sexualmente; e uma das maneiras de compensar a impotência sexual é comendo). Cada um vive os dramas de sua própria sexualidade, seja ela reprimida, seja ela adoecida, de maneira diferente, e tenta satisfazê-la pelos meios mais distintos.
Deste modo, o diabo se aproxima de Jesus e argumenta:
"- Teu corpo quer e precisa; Tu tens fome. Portanto, alimenta-Te! Leva o Teu desejo às últimas conseqüências."
O diabo não só absolutiza o desejo do corpo, mas o desejo da alma:
"Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra."
Em outras palavras, o diabo estava Lhe dizendo:
"– Tu queres ser conhecido e notado? Pula do pináculo do templo na hora em que houver o maior número de pessoas no átrio. Assim, todos O verão, especialmente se uma legião de anjos se formar numa espécie de 'pára-quedas' celestial, de modo que Tu desças de maneira triunfal."
Há nessa afirmação um estímulo muito sutil a área de satisfação da auto-estima, de auto-aceitação da própria personalidade.
Por último, o diabo absolutiza o desejo do espírito. O desejo de glória, de realização humana, de promoção, de deixar uma marca na História, de conquista:
"Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e lhe disse: Tudo isto te darei se prostrado, me adorares." (Lucas 4:8-9).
Fico pensando em algumas sessões de psicoterapia que são freqüentadas por muitas pessoas, nas quais se recebe todo o tipo de orientação de psicoterapeutas que não são cristãos - portanto, não tendo nenhum referencial da Palavra de Deus -, os quais estimulam seus pacientes a satisfazerem seus desejos, negados e reprimidos, que, segundo esses profissionais, os estão infelicitando. Às vezes, surge aquele desejo enorme de ir para cama com outro, ao qual se é estimulado, sob a alegação de que tal vontade não pode ser reprimida, não importando os meios.
A segunda tentação é a de tentar manipular o sagrado na vida humana. Isto é muito sério, porque se faz alusão ao poder de se operarem milagres: transformar pedras em pães.
"(...) manda que estas pedras se transformem em pães."
Há também a tentativa de manipulação do poder da promessa de Deus. A promessa que o diabo tenta manipular é a encontrada no Salmo 91:11-12:
"Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra."
É essa a promessa divina a que o diabo recorre, tentando seduzir a Jesus:
 "Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra." (Mateus 4:6).
O diabo também tenta distorcer o ideal de serviço a Deus e à humanidade. Jesus quer servir a humanidade, quer alcançar o ser humano, sendo-lhe o seu Salvador, mesmo que seja nos confins da terra.
O diabo, entretanto, lhe propõe o mundo:
"Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, e lhe disse. Tudo isto te darei se prostrado, me adorares. Então Jesus lhe ordenou: Retira-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele darás culto." (Mateus 4:8-9).
O diabo é especialista em perverter o sagrado. É por isso que, freqüentemente, ele é capaz de transformar o milagre em charlatanismo, é capaz de transformar a promessa genuína de Deus em heresia; é capaz de transformar o serviço caridoso ao próximo em negócio.
Soube, algum tempo atrás, depois da chacina dos meninos da Candelária, no Rio de Janeiro, que há cerca de 600 meninos de rua dormindo no centro da cidade, ou seja, um número muito menor do que se imaginava que houvesse. Também soube que há 600 organizações de caridade recebendo dinheiro do Governo Federal, dos EUA e de países da Europa, para atenderem às crianças de tua do Rio. O absurdo é que há uma entidade para cada criança. No entanto, nada é feito! As crianças continuam abandonadas, dormindo ao relento. Dentre essas 600 organizações, há apenas, no máximo, 40 fazendo alguma coisa. As demais têm um diretor-executivo ganhando US$ 2.000,00, uma psicóloga ganhando US$1.000,00, uma assistente social ganhando US$ 1.000,00, uma secretária ganhando US$ 800,00, um monte de gente ganhando em dólares para fazer nada! O que deveria ser uma motivação maravilhosa - ajudar a crianças de rua - transforma-se, subitamente, em algo maligno. O serviço caridoso, muitas vezes, tornou-se um negócio altamente rentável. Isso também acontece, infelizmente, dentro da Igreja, dentro dos projetos missionários e dentro de tantos outros segmentos religiosos, nos quais, tantas vezes, se usa o nome de Jesus.
A terceira tentação é a de tentar absolutizar o papel da dimensão econômico-social, do marketing e da política. O diabo tenta encher o coração de Jesus com obsessões quanto a isso. A questão econômico-social está presente quando o diabo propõe a Jesus:
"(...) Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães."
O diabo tenta incutir-Lhe que qualquer milagre tem que ser feito, mesmo que seja "na marra".
A questão do marketing aparece quando o diabo Lhe propõe atirar-Se do pináculo do templo:
"Se és Filho de Deus, atira-te abaixo, porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito; e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra."
Com tal proposta, o diabo estava querendo dizer-Lhe que não haveria necessidade alguma de Ele - Jesus - cumprir o Seu ministério. Bastava que Ele subisse no pináculo do templo e de lá Se precipitasse, para que todos O vissem, quando os anjos fossem ao Seu encontro nos ares, sustentando-O até o chão. Assim, segundo o diabo, Jesus seria visto, "de cara", como o Filho de Deus. Isso tudo, na mente do diabo, valia muito mais do que três anos de ministério combativo, sincero e perseverante.
A questão política também se faz presente quando o diabo tenta seduzi-Lo, dizendo que tudo o que tem valor, tudo o que importa, tudo o que tem sentido é a política, como primeira e última referência da vida.
A quarta tentação é a de tentar criar a filosofia de que os fins justificam os meios. Cada uma das três tentações acima descritas traz em si tal filosofia. O diabo, implicitamente, diz isso para Jesus:
"- Não importa como Tu vais chegar lá! O importante é chegar! Não importa se Tu vais comer pão em algum lugar. O que importa é que transformes pedras em pães aqui, para Te alimentares. Tu não queres ser visto como o Salvador? Nada de cruz! Salta do pináculo do templo, para que os anjos venham ao Teu socorro, afim de que, em vindo eles, todos possam ver quem Tu és. Tu, também, não queres os reinos do mundo? Porque conquistá-los pelo sacrifício e pelo amor? Nada disso! Por que Tu não Te curvas diante de mim? Eu dou um jeitinho nisso!..."
Essa filosofia nos atinge cotidianamente nas mais variadas áreas da nossa vida, seja a profissional, seja nas nossas opções políticas, seja no modo através do qual vemos o mundo e as pessoas ao nosso redor.
Em síntese, o que o diabo está dizendo é:
"- Para comer, para se promover e para conquistar, vale tudo!"
Eu, particularmente, acredito que, algum dia, todos nós já ouvimos algo parecido com isso.
Algum tempo atrás, ouvi de um líder religioso, neste país, uma afirmação que ele próprio fizera, de que, por Jesus, ele faria qualquer coisa. Ele disse:
"- Por amor a Jesus, eu passo cheque sem fundos; por amor a Jesus, eu passo duplicata fria; por amor a Jesus, eu minto; por amor a Jesus, enfim, eu faço qualquer coisa."
Isso não é brincadeira, infelizmente! Hoje, no nosso país, há muita gente acreditando nessa filosofia e, em decorrência disso, praticando-a. Essa é uma filosofia diabólica! É o mesmo que transformar pedras em pães, pular do pináculo e curvar-se diante do diabo, crendo que os fins justificam os meios.
A quinta tentação é a de tentar desviar o foco histórico de Deus para o homem. Quando o diabo se aproxima de Jesus, ele tenta de toda forma tirar o foco de Deus e desviá-lo para Jesus. Isso se verifica por meio da proposição condicional de que se utiliza o diabo, a fim de tentar seduzir a Jesus:
"(...) Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães." (Mateus 4:3).
"(...) Se és Filho de Deus, atira-te abaixo..." (Mateus 4:6a).
A preocupação que o diabo manifesta por meio de tais expressões não é com a glória de Deus, mas com a situação imediata, presente, circunstancial; não é com a vontade de Deus, mas com o conforto, com a satisfação pura e simples; não é com as opções de Deus, mas com tudo aquilo que pode facilitar a vida.
Preocupam-me todas as manifestações de espiritualidade que colocam um homem ou uma mulher contra a parede, forçando-os a darem uma demonstração de quem eles são.
Certa ocasião, um pastor contou-me que estava em crise com a sua igreja. Eu lhe perguntei, então, qual a razão daquela crise. Ele me respondeu que lá na igreja dele o critério que os membros estabeleceram para saber quem é pastor ungido é saber se ele tem ou não o poder de soprar e as pessoas caírem.
Quase ninguém está interessado em saber como o pastor se relaciona com Deus, se ele lê ou não a Bíblia, em como ele trata a mulher, em como ele trata os filhos, em como ele administra a igreja. Ninguém se interessa pelo caráter do líder. A coisa toda está resumida ao poder de sopro, ao "soprômetro" se soprou, e caiu, é homem de Deus. Tome cuidado com isso!
Quando a espiritualidade começa a requerer demonstrações ("Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães." "(...) Se és Filho de Deus, atira-te abaixo..."),tal espiritualidade não provém de Deus, O qual não requer de nós demonstrações de poder para que verdadeiramente sejamos reconhecidos como Seus filhos; mas, Deus quer que vivamos, apenas, como Seus filhos. O que passar disso tem procedência maligna.
A sexta tentação é a de tentar criar a mentalidade utilitária do mundo espiritual. Segundo tal tentação, o mundo espiritual tem que ser utilizado, ao qual se possa ter acesso, a fim de manipulá-lo. Nas três tentações a que foi submetido Jesus, há palavras que refletem a função utilitária que o mundo espiritual deve ter. Na primeira tentação se tem:
"(...) Se és Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães."
Com isso, o diabo estava querendo dizer a Jesus:
"- Se há poder em Ti, esse poder tem que estar a Seu serviço."
Na segunda tentação, o diabo lhe diz:
"(...) Se és Filho de Deus, atira-te abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, e: Eles te susterão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra."
O diabo está querendo dizer a Jesus o seguinte:
"– Se a Palavra de Deus serve para alguma coisa, ela tem que ser útil, no momento em que Tu precisares."
Na terceira tentação, o diabo Lhe propõe:
"(...) Tudo isso te darei se, prostrado, me adorares."
O diabo quis dizer a Jesus:
"- Basta que Tu me adores, para que tenhas tudo quanto queres."
Preocupa-me muito, também, todo tipo de manifestações de espiritualidade utilitária. Infelizmente, nos dias de hoje, cada vez mais um número maior de pessoas olha para o mundo espiritual numa perspectiva utilitária, a qual se baseia em '"palavras de ordem" do tipo manda, decreta. Eu, pessoalmente, não tenho nada contra a fé genuína; mas é que, em muitos casos, manifestações outras podem estar embutidas em tais práticas.
Ou ainda: é perigosa e diabólica a espiritualidade utilitária, uma vez que ela concebe a Deus, como Deus, apenas como fonte de bênçãos. Se Deus não abençoar - sobretudo material e financeiramente - Deus não é Deus, segundo essa espiritualidade.
Portanto, exerçamos o nosso discernimento espiritual não apenas para distinguir as forças obviamente diabólicas que estão operando neste mundo; mas exerçamo-lo também para discriminar as forças malignamente sutis que estão operando dentro da Igreja e dentro das nossas próprias teologias.
A sétima tentação é a de tentar gerar desapontamento em relação à Palavra de Deus. Um dos ardis a que o diabo constantemente recorre é o de produzir dentro do coração humano o descrédito, a tristeza, a frustração, o abatimento e o cansaço em relação à Palavra do Senhor. No episódio da tentação de Cristo, ele - o diabo - lança mão do Salmo 91 (Mateus 4:6), no seu trecho mais eloqüente, e propõe a Jesus:
"- Olha, há um montão de gente lá embaixo. Se Tu pulares daqui, e os anjos vierem ao Teu socorro, será um verdadeiro show. Pula daqui, porque Tu tens base bíblica para fazer isso, sem que mal algum Te suceda. Está lá nas Escrituras: Aos Seus anjos ordenará a Teu respeito; eles Te sustentarão nas suas mãos para que não tropeces em pedra alguma. Isso é a Palavra de Deus para Ti. Pula, então. Pula!"
Jesus, olhando-o, diz:
"– O Salmo 91 foi escrito para homens, não foi escrito para passarinhos. Homens andam no chão; passarinho é que anda pelo céu, voando. Se o homem estiver andando com Deus realmente, com dignidade e querendo servi-Lo, os anjos do Senhor o ampararão em todos os seus caminhos. Eu não pulo, não, diabo!"
Possivelmente, hoje em dia, alguém teceria o seguinte comentário quanto à atitude de Jesus em não pular do pináculo do templo:
"– Ele não tem fé..."
A oitava tentação é a de tentar fazer a relação com o poder e com a autoridade ser mais importante que a relação com a vontade de Deus para a vida humana. É tentação extremamente sutil e diabólica a de tentar fazer que a nossa relação com o poder e com a autoridade seja mais importante do que a nossa relação com a vontade de Deus. O diabo aproxima-se de Jesus e lhe diz:
"- Olha, Jesus, os reinos são meus. Eu os darei a Ti. Tu queres poder e autoridade? Eu os tenho para Te dar!"
Jesus, entretanto, lhe diz:
"- Meu negócio não é poder e nem autoridade. Meu negócio é cumprir a vontade de Meu Pai, O qual está nos céus. Arreda de Mim, Satanás! Só ao Senhor Deus de toda a terra se deve prestar culto e adoração. Só a Ele se deve dar glória."
O primeiro nível de batalha espiritual acerca do qual se falou foi o individual, que foi analisado levando-se em consideração oito tipos de tentações que abrangem um campo enorme de ação do diabo na mente humana, sobretudo na de pessoas que querem servir a Deus, mas que estão enfrentando uma batalha no nível da mente.

Fonte: Batalha Espiritual - Caio Fabio


Pesquisa: Pr. Charles Maciel Vieira

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