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segunda-feira, 23 de maio de 2011

TEOLOGIA - JESUS - CRISTOLOGIA - 2ª Parte

 

5. Cristo (título oficial e missão)

(a) A profecia. "Cristo" é a forma grega da palavra hebraica "Messias", que literalmente significa, "o ungido". A palavra é sugerida pelo costume de ungir com óleo como símbolo da consagração divina para servir. Apesar de os sacerdotes, e às vezes os "Ungido" era particularmente aplicado aos reis de Israel que reinavam como representantes de Jeová . (2 Sam. 1:14.) Em alguns casos o símbolo da unção era seguido pela realidade espiritual, de maneira que a pessoa vinha a ser, em sentido vital, o ungido do Senhor, (1 Sam. 10:1, 6; 16:13.) Saul foi um fracassado, porém Davi, que o sucedeu, foi "um homem segundo o coração de Deus", um rei que considerava suprema em sua vida a vontade de Deus e que se considerava como representante de Deus. Porém, a grande maioria dos reis se apartou do ideal divino e conduziu o povo à idolatria; e até alguns dos reis mais piedosos não estavam sem culpa nesse particular. Sob esse fundo negro, os profetas expuseram a promessa da vinda de um rei da casa de Davi, um rei ainda maior do que Davi. Sobre ele descansaria o Espírito do Senhor com um poder nunca visto (Isa. 11:1-3; 61:1). Apesar de Filho de Davi, também seria ele o Filho de Jeová , recebendo nomes divinos (Isa. 9:6, 7; Jer. 23:6). Diferente do de Davi, seu reino seria eterno, e sob seu domínio estariam todas as nações. Esse era o Ungido, ou o Messias, ou o Cristo, e sobre ele concentravam-se as esperanças de Israel.

(b) O Cumprimento. O testemunho constante do Novo Testamento é que Jesus se declarou o Messias, ou Cristo, prometido no Antigo Testamento. Assim como o presidente deste pais é primeiramente eleito e depois publicamente toma posse do governo, da mesma maneira, Jesus Cristo foi eternamente eleito para ser o Messias e Cristo, e depois empossado publicamente em seu oficio messiânico no rio Jordão. Assim como Samuel ungiu primeiro a Saul e depois explicou o significado da unção (1Sam. 10:1), da mesma maneira Deus, o Pai, ungiu a seu Filho com o Espírito de poder e sussurrou no seu ouvido o significado da sua unção: "Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo" (Mar. 1:11). Em outras palavras: "Tu és o Filho de Jeová , cuja vinda foi predita pelos profetas, e agora te doto de autoridade e poder para a tua missão, e te envio com minha bênção." As pessoas entre as quais Jesus teria de ministrar esperavam a vinda do Messias, mas infelizmente suas esperanças eram coloridas por uma aspiração política. Esperavam um "homem forte", que fosse uma combinação de soldado e estadista. Seria Jesus esse tipo de Messias? O Espírito o conduziu ao deserto para debater a questão com Satanás, que astuciosamente lhe sugeriu que adotasse um programa popular e dessa maneira tomasse o caminho mais fácil e curto para o poder. "Concede-lhes seus anelos materiais", sugeriu o Tentador (vide Mat. 4:3, 4 e João 6:14, 15, 26), "deslumbra-os saltando do pináculo do templo (e logicamente ficarás em boas relações com o sacerdócio), faze-te o campeão do povo e conduze-os à guerra." (Vide Mat. 4:8, 9 e Apoc. 13:2, 4.) Jesus sabia que Satanás estava advogando a política popular, a qual era inspirada por seu próprio espírito egoísta e violento. Que esse curso de ação conduziria ao derramamento de sangue e à violência, não havia dúvida. Não! Jesus seguiria a direção do seu Pai e confiaria somente nas armas espirituais para conquistar os corações dos homens, ainda que a senda conduzisse à falta de compreensão, ao sofrimento, e à morte! Jesus escolheu a cruz. e escolheu-a porque era parte do programa de Deus para sua vida. Ele nunca se desviou dessa escolha, apesar de ser muitas vezes tentado a abandonar o caminho da cruz. (Vide, por exemplo, Mat. 16:22.) Escrupulosamente Jesus conservou-se fora de embaraços na situação política contemporânea. Às vezes proibia aos que ele curava de espalharem sua fama, para que seu ministério não fosse mal interpretado como sendo uma agitação popular contra Roma. (Mat. 12:15, 16; Vide Luc. 23:5.) Nessa ocasião seu êxito tornou-se uma acusação contra ele. Recusou-se deliberadamente a encabeçar um movimento popular (João 6:15). Proibia a proclamação pública de seu caráter messiânico, como também o testemunho de sua transfiguração para que não suscitassem esperanças falsas entre o povo. (Mat. 16:20; 17:9.) Com sabedoria infinita, escapou a uma hábil armadilha que o desacreditaria entre o povo como "traidor da nação", ou, por outro lado, que o envolveria em dificuldades com o governo romano. (Mat. 22:15-21.) Em tudo isso o Senhor Jesus cumpriu a profecia de Isaias que o Ungido de Deus seria proclamador da verdade divina, e não um violento agitador, nem um que buscasse seu próprio bem, nem que excitasse a população (Mat. 12:16-21), como o faziam alguns dos falsos messias que o precederam e outros que posteriormente surgiram. (João 10:8; Atos 5:36; 21:38.) Ele evitou fielmente os métodos carnais e seguiu os espirituais, de maneira que Pilatos, representante de Roma, pôde testificar: " não acho culpa alguma neste homem." Observamos que Jesus começou seu ministério entre um povo que tinha a verdadeira esperança de um Messias, tendo porém um conceito errôneo de sua Pessoa e obra. Sabendo disso, Jesus não se proclamou no princípio como Messias (Mat. 16:20) porque sabia que isso seria um sinal de rebelião contra Roma. Ele, de preferência, falava do Reino, descrevendo seus ideais e sua natureza espiritual, esperando inspirar no povo uma fome por esse reino espiritual, que por sua vez os conduziria a desejar um Messias espiritual. E seus esforços neste sentido não foram inteiramente infrutíferos, pois João, o apóstolo, nos diz (capítulo 1) que desde o princípio houve um grupo espiritual que o reconhecia como Cristo. Também, de tampos em tempos ele se revelava a indivíduos que estavam preparados espiritualmente. (João 4:25, 26; 9:35-37.) Porém, a nação em geral não entendia a conexão entre o seu ministério espiritual e o pensamento do Messias. Admitiam livremente que ele fosse um Mestre capaz, um grande pregador, e ainda um profeta (Mat. 16:13, 14); mas certamente, não um que pudesse encabeçar um programa econômico, militar e político — como julgavam coubesse ao Messias fazer. Mas por que culpar o povo de uma expectação tal? Em verdade, Deus havia prometido restabelecer um reino terrena. (Zac. 14:9-21; Amós 9:11-15; Jer. 23:6-8.) Certamente, mas antes desse evento, deveria operar-se uma purificação moral e uma regeneração espiritual da nação. (Ezeq. 36:25-27; vide João 3:1-3.) E tanto João Batista, como Jesus, esclareceram que a nação, na condição em que se encontrava, não estava preparada para participar desse reino. Daí a exortação: "Arrependei-vos: porque é chegado o reino dos céus." Mas enquanto as palavras "reino dos céus" comoviam profundamente o povo, as palavras "arrependei-vos" não lhes causaram boa impressão. Tanto os chefes (Mat. 21:31, 32) como o povo (Luc. 13:1-3; 19:41-44) se recusaram a obedecer às condições do reino e conseqüentemente perderam os privilégios do reino. (Mat. 21:43.) Mas Deus onisciente havia previsto o fracasso de Israel (Isa. 6:9,10; 53:1; João 12:37-40), e Deus Todo-poderoso o tinha dirigido para o fomento de um plano até então mantido em segredo. O plano era o seguinte: a rejeição por parte de Israel daria a Deus a oportunidade de tomar um povo escolhido de entre os gentios (Rom. 11:11; Atos 15:13, 14; Rom. 9:25, 26), que, juntamente com os crentes judeus, constituiriam um grupo conhecido como a Igreja. (Efés. 3:4-6.) Jesus mesmo deu a seus discípulos um vislumbre desse período (a época da igreja) que sucederia entre seus adventos primeiro e segundo, chamando essas revelações "mistérios" porque não foram reveladas aos profetas do Antigo Testamento. (Mat. 13:11-17.) Certa ocasião a inabalável fé demonstrada por um centurião gentio contrastada com a falta de fé em muitos israelitas trouxe àsua inspirada visão o espetáculo de gentios de todas as terras entrando no reino que Israel havia rejeitado. (Mat. 8:10-12.) A crise prevista no deserto havia chegado, e Jesus se preparou para dar tristes noticias a seus discípulos. Começou com muito tato a fortalecer-lhes a fé com testemunho divinamente inspirado acerca do seu caráter messiânico, testemunho dado pelo apóstolo Pedro. Então fez uma surpreendente predição (Mat. 16:18, 19), que se pode parafrasear da seguinte maneira: "A congregação de Israel (ou "igreja", Atos 7:38) rejeitou-me como seu Messias, e seus chefes realmente vão excomungar-me a mim, que sou a verdadeira pedra angular da nação. (Mat. 21:42.) Mas por isso, não fracassará o plano de Deus porque eu estabelecerei outra congregação ("igreja"), composta de homens como tu, Pedro (1 Ped. 2:4-9), que crerão na minha Deidade e caráter messiânico. Tu serás dirigente e ministro dessa congregação, e teu será o privilégio de abrir-lhe as portas com a chave da verdade do Evangelho, e tu e teus irmãos administrareis os seus negócios." Então Cristo fez um anúncio que os discípulos não compreenderam inteiramente, senão depois de sua ressurreição (Luc. 24:25-48); isto é, que a cruz era parte do programa de Deus para o Messias. "Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muito às mãos dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia" (Mat. 16:21). No devido tempo a horrenda profecia foi cumprida. Jesus poderia ter escapado à morte, negando a sua Deidade; poderia ter sido absolvido negando que fosse rei; porém, ele persistiu em seu testemunho e morreu numa cruz que levava a inscrição: Este é o Rei dos Judeus. Mas o Messias sofredor (Isa. 53:7-9) ressurgiu dentre os mortos (Isa. 53:10, 11), e, como Daniel havia previsto, ascendeu à destra de Deus (Dan. 7:14; Mat. 28:18), de onde virá para julgar os vivos e os mortos. Depois desse exame dos ensinos do Antigo e Novo Testamentos, temos elementos para declarar a definição completa do título "Messias"; a saber, aquele a quem Deus autorizou para salvar a Israel e às nações do pecado e da morte, e para governar sobre eles como Senhor de suas vidas e Mestre. Que semelhante afirmação implica deidade é compreendido por pensadores judeus, se bem que para eles isso constitui um escândalo. Claude Montefiore, notável erudito judeu, disse: Se eu pudesse crer que Jesus era Deus (isto é, Divino), então obviamente ele seria meu Mestre. Porque o meu Mestre — o Mestre do judeu moderno, é, e só pode ser Deus.

6. Filho de Davi (linhagem real).

Esse título é equivalente a "Messias", pois uma qualidade importante do Messias era sua descendência davídica.
(a) A Profecia. Como recompensa por sua fidelidade, a Davi foi prometida uma dinastia perpétua (2 Sam. 7:16), a à sua casa foi dada uma soberania eterna sobre Israel. Esta foi a aliança davídica ou a do trono. Data desse tempo a esperança de que, acontecesse o que acontecesse à nação, no tempo assinalado por Deus apareceria um rei pertencente ao trono e à linhagem de Davi. Em tempos de aflição os profetas relembravam ao povo essa promessa, dizendo-lhe que a redenção de Israel, e das nações, estava ligada com a vinda de um grande Rei da casa de Davi. (Jer. 30:9; 23:5; Ezeq. 34:23; Isa. 55:3, 4; Sal. 89:34-37.) Notemos particularmente Isa. 11:1, que pode ser traduzido como segue: "Porque brotará rebento do trono de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará". Em Isa. 10:33,34, a Assíria, a cruel opressora de Israel, é comparada a um cedro cujo tronco nunca brota renovos, mas apodrece lentamente. Uma vez cortada, essa árvore não tem futuro. E assim é descrita a sorte da Assíria, a qual, há muito, desapareceu do palco da história. A casa de Davi, por outro lado, é comparada a uma árvore que terá novo crescimento do tronco deixado no solo. A profecia de Isaias é como segue: A nação judaica será quase destruída, e a casa de Davi cessará como casa real — será cortada junto à raiz. Entretanto, desse tronco sairá um renovo; das raízes desse tronco sairá um ramo — o Rei-Messias.

(b) O cumprimento. Judá foi levado ao cativeiro, e desse cativeiro voltou sem rei, sem independência, para ficar subjugado, sucessivamente, pela Pérsia, Grécia, Egito, Síria, e, depois de um breve período de independência, por Roma. Durante esses séculos de sujeição aos gentios, houve tempo de desalento quando o povo voltava seu pensamento às glorias passadas do reino de Davi e exclamava como o Salmista: "Senhor, onde estão as tuas antigas benignidades que juraste a Davi pela tua verdade?" (Sal. 89:49.) Os judeus nunca perderam a esperança. Reunidos ao redor do fogo da profecia Messiânica, fortaleciam seus corações e esperavam pacientemente pelo Filho de Davi. Não foram desapontados. Séculos depois da casa de Davi haver cessado, um anjo apareceu a uma jovem judia e disse: "E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome JESUS. Este será grande, e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; e reinará eternamente na casa de Jacó, e seu reino não terá fim" (Luc. 1:31-33. Vide Isa. 9:6, 7). Assim um Libertador se levantou na casa de Davi. Em um tempo quando a casa de Davi parecia estar reduzida a seu estado mais decadente e quando os herdeiros vivos eram um humilde carpinteiro e uma simples donzela, então, por milagrosa ação de Deus, o Ramo brotou do tronco e cresceu tornando-se uma poderosa árvore que tem provido proteção para um sem-número de povos e nações. O seguinte é a substância da aliança davídica, como é interpretada pelos inspirados profetas: Jeová desceria para salvar o seu povo, no tempo em que haveria na terra um descendente da família de Davi, pelo qual Jeová resgataria e posteriormente governaria o seu povo. Que Jesus era esse filho de Davi manifesta-se pelo anúncio feito ao tempo de seu nascimento, por suas genealogias (Mat. 1 e Luc. 3), pelo fato de ter ele aceitado esse título quando lhe foi atribuído (Mat. 9:27; 20:30, 31; 21:1-11), e pelo testemunho dos escritores do Novo Testamento. (Atos 13:23; Rom. 1:3; 2 Tim. 2:8; Apo. 5:5; 22:16.) Mas o título "Filho de Davi", não era uma descrição completa do Messias, porque acentuava principalmente a sua ascendência humana. Por isso o povo, ignorando as Escrituras que falavam da natureza divina de Cristo, esperava um Messias humano que seria um segundo Davi. Em certa ocasião Jesus procurou elevar os pensamentos dos chefes sobre esse conceito incompleto. (Mat. 22:42-46.) "Que pensais vos de Cristo (isto é, do Messias)? Ele perguntou: "de quem é filho?" Os fariseus naturalmente responderam: "é filho de Davi." Então Jesus, citando o Salmo 110:1, perguntou: "Se Davi lhe chama Senhor, como é ele seu filho?" Como pode o Senhor de Davi ser filho de Davi? — foi a pergunta que confundiu os fariseus. A resposta naturalmente é: O Messias é tanto Senhor como filho de Davi. Pelo milagre do nascimento virginal, Jesus nasceu de Deus e também de Maria; ele era desse modo o Filho de Deus e Filho do homem. Como Filho de Deus ele é Senhor de Davi; como filho de Maria ele é filho de Davi.
O Antigo Testamento registra duas grandes verdades messiânicas. Alguns trechos declaram que o Senhor mesmo virá do céu para resgatar o seu povo (Isa. 40:10; 42:13; Sal. 98:9); outros esclarecem que da família de Davi se levantaria um libertador. Essas duas vidas completam-se na aparição da pequena criança em Belém, a cidade de Davi. Foi então que o Filho do Altíssimo nasceu como filho de Davi. (Luc. 1:32.)
Notemos como em Isaias 9:6,7, combinam-se a natureza divina e a descendência davídica do Rei vindouro. O título mencionado aqui — "Pai da eternidade" — tem sido mal interpretado por alguns, que dele deduzem não haver Trindade, afirmando erroneamente que Jesus é o Pai e que o Pai é Jesus. Um conhecimento da linguagem do Antigo Testamento evitaria esse erro. Naqueles dias um regente que governava sábia e justamente, era descrito como um "pai" para seu povo. Por isso, o Senhor, falando por meio de Isaias, diz acerca de um oficial: "E ser como pai para os moradores de Jerusalém, e para a casa de Judá . E porei a chave da casa de Davi sobre o seu ombro" (Isa. 22:21, 22). Note-se a semelhança com Isa. 9:6, 7 e vide Apoc. 3:7. Esse título foi aplicado a Davi, conforme se vê na aclamação do povo na entrada triunfal de Jesus em Jerusalém: "Bendito o reino do nosso pai Davi" (Mat. 11:10). Eles não queriam dizer que Davi fosse seu antecessor, pois nem todos descendiam da sua família; e naturalmente não o chamariam de Pai celestial. Davi é descrito como "pai" porque, como o rei segundo o coração de Deus, foi o verdadeiro fundador do reino israelita (já que Saul foi um malogrado) ampliando suas fronteiras de 9.600 para 96.000 quilômetros quadrados. De igual maneira muitas vezes se refere a George Washington como o "Pai dos Estados Unidos da América". O "pai" Davi era humano, e morreu; seu reino foi terrena, e com o tempo se desintegrou. Mas, de acordo com Isaias 9:6, 7, o descendente de Davi, o Rei-Messias, seria divino, e seu reino seria eterno. Davi foi um "pai" temporário para seu povo; o Messias será um Pai eterno (imortal, divino, imutável), para todo o povo — assim destinado por Deus, o Pai. (Sal. 2:6-8; Luc. 22:29.)

7. Jesus (obra salvadora).

O Antigo Testamento ensina que Deus mesmo é a Fonte da salvação: Ele é o Salvador e Libertador de Israel. "A salvação vem de Deus." Ele livrou o seu povo da servidão do Egito, e daquele tempo em diante Israel soube, por experiência, que ele era o Salvador. (Sal. 106:21; Isa. 43:3, 11; 45:15, 22; Jer. 14:48.) Mas Deus age por meio de seus instrumentos; portanto, lemos que ele salvou Israel por meio do misterioso "anjo da sua face" (Isa. 63:9). Às vezes foram usados instrumentos humanos; Moisés foi enviado para libertar Israel da servidão; de tempos em tempos foram levantados juízes para socorrer Israel. "Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos" (Gál. 4:4,5). Ao entrar no mundo, ao Redentor foi dado o expressivo nome da sua missão suprema: "E chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados" (Mat. 1:21). Os primeiros pregadores do Evangelho não precisaram explicar aos judeus o significado do nome "Salvador"; já tinham aprendido o fato pela sua própria história. (Atos 3:26; 13:23.) Eles entenderam a mensagem, mas recusaram-se a crer. Crucificado, Cristo cumpriu a missão indicada pelo seu nome, Jesus, pois salvar o povo dos seus pecados implica expiação, e expiação implica morte. Como na sua morte, assim também durante a vida, ele viveu à altura do seu nome. Foi sempre o Salvador. Em toda a Palestina muita gente podia testificar: "Eu estava preso pelo pecado, mas Jesus me libertou." Maria Madalena podia dizer: "Ele me libertou de sete demônios." Aquele que outrora fora paralítico, também podia testificar: "Ele perdoou os meus pecados."

II. Os ofícios de Cristo

Na época do Antigo Testamento havia três classes de mediadores entre Deus e seu povo: o profeta, o sacerdote, e o rei. Como perfeito Mediador (1 Tim. 2:5), Cristo reúne em si mesmo os três ofícios. Jesus é o Cristo-Profeta que ilumina as nações; o Cristo-Sacerdote que se ofereceu como sacrifício pelas nações; o Cristo-Rei que reinará sobre as nações.

1. Profeta.

O profeta do Antigo Testamento era o representante ou agente de Deus na terra, que revelava sua vontade com relação ao presente e ao futuro. O testemunho dos profetas dizia que o Messias seria um profeta para iluminar Israel e as nações (Isa. 42:1; vide Rom. 15:8). Os Evangelhos também apresentam Jesus da mesma forma, como profeta. (Mar. 6:15; João 4:19; 6:14; 9:17; Mar. 6:4; 1:27.)
(a) Como profeta Jesus pregou a salvação. Os profetas de Israel exerciam seu ministério mais importante em tempos de crises, quando os governadores e demais estadistas e sacerdotes estavam confusos e impotentes para atuar. Era essa a hora em que o profeta entrava em ação e, com autoridade divina, mostrava o caminho para sair das dificuldades, dizendo: "Este é o caminho, andai nele." O Senhor Jesus apareceu em um tempo quando a nação judaica se encontrava em um estado de inquietação causado pelo anelo de libertação nacional. A pregação de Cristo obrigou a nação a escolher, quanto à espécie de libertação — ou guerra com Roma ou paz com Deus. Eles escolheram mal e sofreram a desastrosa conseqüência, a destruição nacional. (Luc. 19:41-44; vide Mat. 26:52.) Tal qual seus desobedientes e rebeldes antepassados que certa vez tentaram em vão forçar seu caminho para Canaã (Num. 14:40-45), assim também os judeus, em 68 A. D., tentaram pela força conquistar sua libertação de Roma. Sua rebelião foi apagada com sangue; Jerusalém e o Templo foram destruídos, e o judeu errante começou sua dolorosa viagem através dos séculos. O Senhor Jesus mostrou o caminho de escape do poder e da culpa do pecado, não somente à nação, mas também ao indivíduo. Aqueles que vieram com a pergunta: Que farei para ser salvo?, receberam instruções precisas, e essas sempre incluíam uma ordem de segui-lo. Ele não somente mostrou, mas também abriu o caminho da salvação por sua morte na cruz.

(b) Como profeta Jesus anunciou o reino. Todos os profetas falaram de um tempo quando toda a humanidade estaria sob o domínio da lei de Deus — uma condição descrita como "o reino de Deus". Esse era um dos temas principais da pregação de nosso Senhor: "Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus (ou de Deus)" (Mat. 4:17). E ele ampliou esse tema descrevendo a natureza do reino, o estado e a qualidade de seus membros, as condições de ingresso nele, a sua história espiritual apos a sua ascensão (Mat. 13), e a maneira de seu estabelecimento na terra.

(c) Como profeta Jesus predisse o futuro. A profecia baseia-se no princípio de que a história não prossegue descontroladamente, porém é controlada por Deus, que conhece o fim desde o princípio. Ele revelou o curso da história a seus profetas, capacitando-os, dessa maneira, a predizerem o futuro. Como Profeta, Cristo previu o triunfo de sua causa e de seu reino mediante as mudanças da história humana. (Mat. cap. 24 e 25.) O Cristo glorificado continua o seu ministério profético por meio de seu corpo, a igreja, à qual prometeu inspiração (João 14:26; 16:13), e concedeu o dom de profecia (1 Cor. 12:10). Isso não significa que os cristãos devam acrescentar algo às Escrituras, que são urna revelação "de uma vez para sempre" (Jud. 3); mas, pela inspiração do Espírito, trarão mensagens de edificação, exortação e consolação (1 Cor. 14:3), baseadas na Palavra.

2. Sacerdote.

Sacerdote, no sentido bíblico, é uma pessoa divinamente consagrada para representar o homem diante de Deus e para oferecer sacrifícios que assegurarão o favor divino. "Porque todo o sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo qual era necessário que este também tivesse alguma coisa que oferecer" (Heb. 8:3). No Calvário, Cristo, o Sacerdote, ofereceu-se a si mesmo em sacrifício, para assegurar o perdão do homem e sua aceitação diante de Deus. Sua vida anterior a este acontecimento foi uma preparação para sua obra sacerdotal. O Filho Eterno participou de nossa natureza (Heb. 2:14-16) e de nossas experiências, porque de outra maneira não podia representar o homem diante de Deus nem oferecer sacrifícios. Não podia socorrer a humanidade tentada sem saber por experiência o que era a tentação. Um sacerdote, portanto, devia ser de natureza humana. Um anjo, por exemplo, não podia ser sacerdote dos homens. Vide o capítulo 16 de Levítico e os capítulos 8 a 10 de Hebreus. O sumo sacerdote de Israel era consagrado para representar o homem diante de Deus e para oferecer sacrifícios que assegurariam o perdão e a aceitação de Israel. Uma vez por ano, o sumo sacerdote fazia expiação por Israel; em um sentido típico, ele era o salvador deles, aquele que aparecia ante a presença de Deus para obter o perdão. As vitimas dos sacrifícios daquele dia eram imoladas no pátio exterior; da mesma maneira Cristo foi crucificado aqui na terra. Depois o sangue era levado ao lugar santíssimo e aspergido na presença de Deus; da mesma maneira. Jesus ascendeu ao céu "para apresentar-se em nosso lugar na presença de Deus". A aceitação por Deus, de seu sangue, nos dá a certeza da aceitação de todos os que confiam no seu sacrifício. Apesar de Cristo haver oferecido um sacrifício perfeito uma vez por todas, sua obra sacerdotal ainda continua. Ele vive sempre para aplicar os méritos e o poder de sua obra expiatória perante Deus, a favor dos pecadores. O mesmo que morreu pelos homens agora vive para eles, para salvá-los e para interceder por eles. E quando oramos: "Em nome de Jesus", estamos pleiteando a obra expiatória de Cristo como a base da nossa aceitação, porque somente por ela temos a certeza de sermos "aceitos no Amado" (Efés. 1:6}

3. Rei.

O Cristo-Sacerdote é também o Cristo-Rei. O plano de Deus para o Governante perfeito foi o de que ambos os ofícios fossem investidos na mesma pessoa. Por isso, Melquisedeque, por ser tanto rei de Salém como sacerdote do Deus Altíssimo, veio a ser um tipo do Rei perfeito de Deus, o Messias (Gên. 14:18,19; Heb. 7:1-3). Houve um período na história do povo hebreu quando esse ideal quase se realizou. Mais ou menos um século e meio antes do nascimento de Cristo, o pais foi governado por uma sucessão de sumo-sacerdotes que também eram governantes civis; o governante do pais era tanto sacerdote como rei. Também, durante a Idade Média, o Papa reivindicou e tentou exercer um poder, tanto espiritual como temporal sobre a Europa. Ele pretendia governar como representante de Cristo, segundo afirmava, tanto sobre a igreja como sobre as nações. O Dr. H. B. Swete, escreveu: "As duas experiências, a judaica e a cristã, fracassaram; e até onde se pode julgar por esses exemplos, nem os interesses temporais nem os espirituais dos homens serão promovidos quando confiados ao mesmo representante. A dupla tarefa é grande demais para ser desempenhada por um só homem." Mas os escritores inspirados falaram da vinda de Um que era digno de exercer o duplo cargo. Esse era o Messias esperado, um Governante e Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque (Sal. 110:1-4), e um "sacerdote no seu trono" (Zac. 6:13). Tal é o Cristo glorificado. (Vide Sal. 110:1 e Heb. 10:13.) De acordo com as profecias do Antigo Testamento, o Messias seria um grande Rei da casa de Davi que governaria Israel e as nações, por meio do seu reino áureo de justiça, paz e prosperidade (Isa. 11:1-9; Salmo 72).
Jesus afirmou ser ele esse Rei. Na presença de Pilatos ele testificou que nasceu para ser Rei; explicou que o seu reino não era deste mundo, isto é, não seria um reino fundado por força humana, nem seria governado de acordo com os ideais humanos (João 18:36). Antes de sua morte, Jesus predisse sua vinda com poder e majestade para julgar as nações (Mat. 25:31). Mesmo pendurado na cruz ele parecia Rei e como Rei falava, de modo que o ladrão moribundo percebeu esse fato e exclamou: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino" (Luc. 23:42). Compreendeu que a morte introduziria Jesus no seu reino celestial. Depois de sua ressurreição, Jesus declarou: "é-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mat. 28:18). Depois de sua ascensão foi coroado e entronizado com o Pai. (Apoc. 3:21; vide Efés. 1:20-22.) Isso significa que, diante de Deus, Jesus é Rei; ele não é somente Cabeça da Igreja, mas também Senhor de todo o mundo e Mestre dos homens. A terra é dele e tudo o que nela há. Somente dele são o poder e a glória desses resplandecentes reinos que Satanás, o tentador, há muito tempo, mostrou-lhe do cume da montanha. Ele é Cristo o Rei, Senhor do mundo, Possuidor de suas riquezas, e Mestre dos homens.
Do ponto de vista divino, tudo isso é fato consumado; mas nem todos os homens reconhecem o governo de Cristo. Apesar de Cristo ter sido ungido Rei de Israel (Atos 2:30), "os seus" (João 1:11) recusaram-lhe a soberania (João 19:15) e as nações seguem seu próprio caminho sem tomarem conhecimento de seu governo. Essa situação foi prevista e predita por Cristo na parábola das minas (Luc. 19:12-25). Naqueles dias, quando um governante nacional herdava um reino, o costume determinava que ele primeiramente fosse a Roma a fim de recebê-lo do imperador. Depois disto estava livre para regressar e assumir o governo. Assim Cristo compara a si mesmo a um certo nobre que foi a um pais longínquo a receber para si um reino e depois regressou. Jesus veio do céu à terra, ganhou exaltação e soberania por sua morte expiatória pelos homens, e depois ascendeu ao trono do Pai para receber a coroa e o seu governo. "Mas os seus concidadãos aborreciam-se, mandaram após ele embaixadores, dizendo: não queremos que este reine sobre nos."
Israel, igualmente, rejeitou a Jesus como Rei. Sabendo que estaria ausente por algum tempo, o nobre da parábola confiou a seus servos certas tarefas; da mesma maneira, Cristo, prevendo que haveria de transcorrer um período de tempo entre seu primeiro e segundo adventos, repartiu a seus servos a tarefa de proclamar o seu reino e ganhar membros para ele, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Finalmente, o nobre, tendo recebido o reino, regressou à sua terra, recompensou a seus servos, afirmou a sua soberania e puniu os inimigos. Da mesma forma, Cristo regressará ao mundo e recompensará a seus servos, afirmará a sua soberania sobre o mundo e punirá os ímpios. Esse é o tema central do livro de Apocalipse. (Apoc.11:15; 12:10;19:16.) Nessa ocasião, sentar-se-á ele sobre o trono de Davi, e ali continuará o Reino do Filho de Davi, um período de mil anos quando a terra toda desfrutará de um reino áureo de paz e abundância. Toda esfera de atividade humana estará sob o domínio de Cristo; a impiedade será suprimida com vara de ferro; Satanás será preso, e a terra ficará cheia do conhecimento e da gloria de Deus, "como as águas cobrem o mar".

III. A obra de Cristo

Cristo realizou muitas obras, porém a obra suprema que ele consumou foi a de morrer pelos pecados do mundo. (Mat. 1:21; João 1:29.) Incluídas nessa obra expiatória figuram a sua morte, ressurreição, e ascensão. Não somente devia ele morrer por nós, mas também viver por nós. Não somente devia ressuscitar por nós, mas também ascender para interceder por nós diante de Deus. (Rom. 8:34; 4:25; 5:10.)

1. Sua morte.

(a) Sua importância. O evento mais importante e a doutrina central do Novo Testamento resumem-se nas seguintes palavras: "Cristo morreu (o evento) por nossos pecados (a doutrina)" (1 Cor. 15:3). A morte expiatória de Cristo é o fato que caracteriza a religião cristã. Martinho Lutero declarou que a doutrina cristã distingue-se de qualquer outra, e mui especialmente daquela que apenas parece ser cristã, pelo fato de ser ela a doutrina da Cruz. Todas as batalhas da Reforma travaram-se em torno da correta interpretação da Cruz. O ensino dos reformadores era este: quem compreende perfeitamente a Cruz, compreende a Cristo e a Bíblia! É essa característica singular dos Evangelhos que faz do Cristianismo a única religião; pois o grande problema da humanidade é o problema do pecado, e a religião que apresenta uma perfeita provisão para o resgate do poder e da culpa do pecado tem um propósito divino. Jesus é o autor da "salvação eterna" (Heb. 5:9), isto é, da salvação final. Tudo quanto a salvação possa significar é assegurado por ele.

(b) Seu significado. Havia certa relação verdadeira entre o homem e seu Criador. Algo sucedeu que interrompeu essa relação. Não somente está o homem distanciado de Deus, tendo seu caráter manchado, mas existe um obstáculo tão grande no caminho que o homem não pode removê-lo pelos seus próprios esforços. Esse obstáculo é o pecado, ou melhor, a culpa. O homem não pode remover esse obstáculo; a libertação terá que vir da parte de Deus. Para isso Deus teria que tomar a iniciativa de salvar o homem. O testemunho das Escrituras é este: que Deus assim fez. Ele enviou seu Filho do céu à terra para remover esse obstáculo e dessa maneira reconciliou os homens com Deus. Ao morrer por nossos pecados, Jesus removeu a barreira; levou o que devíamos ter levado; realizou por nós o que estávamos impossibilitados de fazer por nós mesmos; isso ele fez porque era a vontade do Pai. Essa é a essência da expiação de Cristo. Considerando a suprema importância deste assunto será ele abordado mais pormenorizadamente em um capítulo à parte.

2. Sua ressurreição.

(a) O fato. A ressurreição de Cristo é o grande milagre do Cristianismo. Uma vez que é estabelecida a realidade desse evento, torna-se desnecessário procurar provar os demais milagres dos Evangelhos. Ademais, é o milagre com o qual a fé cristã está em pé ou cai, isso em razão de ser o Cristianismo uma religião histórica que baseia seus ensinos em eventos definidos que ocorreram na Palestina há mais de mil e novecentos anos. Esses eventos, são: o nascimento e o ministério de Jesus Cristo, culminando na sua morte, sepultamento e ressurreição. Desses, a ressurreição é a pedra angular, pois se Cristo não tivesse ressuscitado, então não seria o que ele próprio afirmou ser; e sua morte não seria expiatória. Se Cristo não houvesse ressuscitado, então os cristãos estariam sendo enganados durante séculos; os pregadores estariam proclamando um erro; e os fiéis estariam sendo enganados por uma falsa esperança de salvação. Mas, graças a Deus, que, em vez de ponto de interrogação, podemos colocar o ponto de exclamação apos ter sido exposta essa doutrina: "Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos, e foi feito as primícias dos que dormem!"

(b) A evidência. "Vocês cristãos vivem na fragrância de um túmulo vazio", disse um cético francês. É um fato que aqueles que foram a embalsamar o corpo de Jesus, na memorável manhã da ressurreição, encontraram seu túmulo vazio. Esse fato nunca foi nem pode ser explicado a não ser pela ressurreição de Jesus! Quão facilmente os judeus poderiam ter refutado o testemunho dos primeiros pregadores se tivessem exibido o corpo do nosso Senhor! Mas não o fizeram — porque não o puderam fazer! Como vamos explicar a própria existência e origem da igreja cristã, que certamente teria permanecido sepultada juntamente com seu Senhor — se ele não tivesse ressuscitado? A igreja viva e radiante do dia de Pentecoste não nasceu de um Dirigente morto! Que faremos com o testemunho daqueles que viram a Jesus depois de sua ressurreição, muitos dos quais o apalparam, falaram e comeram com ele, centenas dos quais, Paulo disse, estavam vivos naqueles dias, muitos dos quais cujo testemunho inspirado se encontra no Novo Testamento? Como receberemos o testemunho de homens demasiado honestos e sinceros para pregarem uma mensagem propositadamente falsa, homens que tudo sacrificaram por essa mensagem? Como explicaremos a conversão de Saulo de Tarso, o perseguidor do Cristianismo, em um de seus maiores apóstolos e missionários, a não ser pelo fato de ele realmente ter visto a Jesus no caminho de Damasco? Há somente uma resposta satisfatória a essas perguntas: Cristo ressuscitou! Muitas tentativas já foram feitas para superar esse fato. Os chefes dos judeus asseveraram que os discípulos de Jesus haviam roubado o seu corpo. Mas isso não explica como um pequeno grupo de tímidos e desanimados discípulos pôde reunir suficiente coragem para arrebatar dos endurecidos soldados romanos o corpo de seu Mestre, cuja morte lhes significava o fracasso completo das suas esperanças! Os eruditos modernos também apresentam estas explicações:]
1) "Os discípulos simplesmente experimentaram uma visão." Então perguntamos: como podiam centenas de pessoas ter a mesma visão e imaginar, a um só tempo, que realmente viam a Cristo?
2) "Jesus realmente não morreu; ele simplesmente desmaiou e ainda estava vivo quando o tiraram da cruz." A isso respondemos: então um Jesus pálido e exausto, decaído e abatido, podia persuadir os discípulos cheios de dúvidas, e sobretudo a um Tomé, de que ele era o ressuscitado Senhor da vida? não é possível! Essas explicações são tão inconsistentes que por si mesmas se refutam. Novamente afirmamos, Cristo ressuscitou! DeWette, teólogo modernista, afirmou que "a ressurreição de Jesus Cristo é um fato tão bem comprovado quanto o fato histórico do assassinato de Júlio César".

(c) O significado. A ressurreição. Ela significa que Jesus é tudo quanto ele afirmou ser: Filho de Deus, Salvador, e Senhor (Rom. 1:4). A resposta do mundo às reivindicações de Jesus foi a cruz; a resposta de Deus, entretanto, foi a ressurreição. A ressurreição significa que a morte expiatória de Cristo foi uma divina realidade, e que o homem pode encontrar o perdão dos seus pecados, e assim ter paz com Deus (Rom. 4:25). A ressurreição é realmente a consumação da morte expiatória de Cristo. Como sabemos pois que não foi uma morte comum — e que realmente ela tira o pecado? Porque ele ressuscitou! A ressurreição significa que temos um Sumo Sacerdote no céu, que se compadece de nós, que viveu a nossa vida e conhece as nossas tristezas e fraquezas; que é poderoso para dar-nos poder para diariamente vivermos a vida de Cristo. Jesus que morreu por nós, agora vive por nós. (Rom. 8:34; Heb. 7:25.) Significa que podemos saber que há uma vida vindoura. Uma objeção comum a essa verdade é: "Mas ninguém jamais voltou para falar-nos do outro mundo." Mas alguém voltou — esse alguém é Jesus Cristo! "Se um homem morrer, tornará a viver?" A essa pergunta antiga a ciência somente pode dizer: "não sei." A filosofia apenas diz: "Deve haver uma vida futura." Porém, o Cristianismo afirma: "Porque ele vive, nós também viveremos; porque ele ressuscitou dos mortos, também todos ressuscitaremos"! A ressurreição de Cristo não somente constitui a prova da imortalidade, mas também a certeza da imortalidade pessoal, (1 Tes. 4:14; 2 Cor. 4:14; João 14:19.) Isto significa que há certeza de juízo futuro. Como disse o inspirado apóstolo, Deus "tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dos mortos" (Atos 17:31). Tão certo como Jesus ressuscitou dos mortos para ser o Juiz dos homens, assim ressuscitarão também da morte os homens para serem julgados por ele.


Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira

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