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terça-feira, 24 de maio de 2011

TEOLOGIA - IGREJA - ECLESIOLOGIA 1ª Parte

A Igreja

Jesus projetou, claramente, a existência duma sociedade de seus seguidores que daria aos homens seu Evangelho e ministraria à humanidade no seu Espírito, e que trabalharia pelo aumento do reino de Deus como ele o fez. Ele não modelou nenhuma organização e nenhum plano de governo para essa sociedade... Ele fez algo mais grandioso que lhe dar organização — ele lhe concedeu vida. Jesus formou essa sociedade de seus seguidores chamando-os a unirem-se a ele, comunicando-lhes, durante o tempo em que esteve no mundo, tanto quanto fosse possível, de sua própria vida, de seu Espírito e de seu propósito. Ele prometeu continuar até ao fim do mundo concedendo sua vida à sua sociedade, à sua igreja. Podemos dizer que seu dom à igreja foi ele mesmo. — Robert Hastings Nichols.

I. A natureza da Igreja

Que é a igreja? A questão pode ser solucionada considerando: 1) As palavras que descrevem essa instituição; 2) As palavras que descrevem os cristãos; 3) As ilustrações que descrevem a igreja.

1. Palavras que descrevem a igreja.

A palavra grega no Novo Testamento para igreja é "ekklesia", que significa "uma assembléia de chamados para fora". O termo aplica-se a:
1) Todo o corpo de cristãos em uma cidade (Atos 11:22; 13:1.)
2) Uma congregação, (1Cor. 14:19,35; Rom. 16:5.)
3) Todo o corpo de crentes na terra. (Efés. 5:32.)

2. Palavras que descrevem os cristãos.

(a) Irmãos. A igreja é uma fraternidade ou comunhão espiritual, no qual foram abolidas todas as divisões que separam a humanidade.
- "não há grego nem judeu": a mais profunda de todas as divisões baseadas na história religiosa é vencida;
- "não há grego nem bárbaro". a mais profunda de todas as divisões culturais é vencida;
- "não há servo ou livre". a mais profunda de todas as divisões sociais e econômicas é vencida;
- "não há macho nem fêmea". a mais profunda de todas as divisões humanas é vencida. (Vide Col. 3:11; Gál. 3:28.)

(b) Crentes. Os cristãos são chamados "crentes" porque sua doutrina característica é a fé no Senhor Jesus.

(c) Santos. São chamados "santos" (literalmente "consagrados ou piedosos") porque estão separados do mundo e dedicados a Deus.

(d) Os eleitos. Refere-se a eles como "eleitos", ou os "escolhidos", porque Deus os escolheu para um ministério importante e um destino glorioso.

(e) Discípulos. São "discípulos" (literalmente "aprendizes"), porque estão sob preparação espiritual com instrutores inspirados por Cristo.

(f) Cristãos. São "cristãos" porque sua religião gira em tomo da Pessoa de Cristo.

(g) Os do Caminho. Nos dias primitivos muitas vezes eram conhecidos como "os do Caminho" (Versão Brasileira) (Atos 9:2) porque viviam de acordo com uma maneira especial de viver.

3. Ilustrações da igreja.

(a) O corpo de Cristo. O Senhor Jesus Cristo deixou este mundo há mais de dezenove séculos; entretanto, ele ainda está no mundo. Com isso queremos dizer que sua presença se faz sentir por meio da igreja, a qual é seu corpo. Assim como ele viveu sua vida natural na terra, em um corpo humano individual, assim também ele vive sua vida mística em um corpo tomado da raça humana em geral. Na conclusão dos Evangelhos não escrevemos: "Fim", mas, "Continua", porque a vida de Cristo continua a ter expressão por meio dos seus discípulos como se evidencia no livro de Atos dos Apóstolos e pela subseqüente história da igreja. "Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós" (João 20:21). "Quem vos recebe, a mim me recebe" (Mat. 10:40). Antes de partir da terra, Cristo prometeu assumir esse novo corpo. Entretanto, usou outra ilustração: "Eu sou a videira, vós as varas" (João 15:5). A videira está incompleta sem as varas e as varas nada são à parte da vida que flui da videira. Se Cristo há de ser conhecido pelo mundo, terá que ser mediante aqueles que tomam o seu nome e participam de sua vida. Na medida em que a igreja se tem mantido em contato com Cristo, sua Cabeça, assim tem participado de sua vida e experiências. Assim como Cristo foi ungido no Jordão, assim também a igreja foi ungida no Pentecoste. Jesus andou pregando o Evangelho aos pobres, curando os quebrantados de coração, e pregando libertação aos cativos; e a verdadeira Igreja sempre tem seguido em suas pisadas. "Qual ele é, somos nós também neste mundo" (1João 4:17). Assim como Cristo foi denunciado como uma ameaça política e, finalmente, crucificado, assim também sua igreja, em muitos casos, tem sido crucificada (figurativamente falando) por governantes perseguidores. Mas tal qual o seu Senhor, ela ressuscitou! A vida de Cristo dentro dela a torna indestrutível. Este pensamento da identificação da igreja com Cristo certamente estava na mente de Paulo quando falou: "na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo corpo, que é a igreja" (Col. 1:24). O uso dessa ilustração faz lembrar que a igreja é um organismo e não meramente uma organização. Uma organização é um grupo de indivíduos voluntariamente associados com um propósito especial, tal como uma organização fraternal ou um sindicato. Um organismo é qualquer coisa viva, que se desenvolve pela vida inerente. Usado figuradamente, significa a soma total das partes entrelaçadas, na qual a relação mútua entre elas implica uma relação do conjunto. Desse modo, um automóvel poderia ser considerado uma "organização" de certas peças mecânicas; o corpo humano é um organismo porque é composto de muitos membros e órgãos animados por uma vida comum. O corpo humano é um, embora seja composto de milhões de células vivas. Da mesma maneira o corpo de Cristo é um, embora composto de almas nascidas de novo. Assim como o corpo humano é vivificado pela alma, da mesma maneira o corpo de Cristo é vivificado pelo Espírito Santo. "Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo" (1Cor. 12:13). Os fatos supra citados indicam uma característica única da religião de Cristo. Assim escreve W. H. Dunphy: Ele — e unicamente ele — dos fundadores de religião, produziu um organismo permanente, uma união permanente de mentes e almas, concentradas em torno de sua Pessoa. Os cristãos não são meramente seguidores de Cristo, senão membros de Cristo e membros uns dos outros. Buda reuniu sua sociedade de "esclarecidos", mas a relação entre eles não passa de relação externa, de mestre para com o aluno. O que os une é sua doutrina, e não a sua vida. O mesmo pode dizer-se de Zoroastro, de Sócrates, de Maomé, e dos outros gênios religiosos da raça. Mas Cristo não somente é Mestre, ele é a vida dos cristãos. O que ele fundou não foi uma sociedade que estudasse e propagasse suas idéias, mas um organismo que vive por sua vida, um corpo habitado e guiado por seu Espírito.
(b) O templo de Deus. (1Ped. 2:5,6.) Um templo é um lugar em que Deus, que habita em toda parte, se localiza a si mesmo em determinado lugar, onde seu povo o possa achar "em casa". (1Reis 8:27.) Assim como Deus morou no Tabernáculo e no templo, assim também vive, por seu Espírito, na igreja. (Efés 2:21,22; 1Cor. 3:16,17.) Neste templo espiritual os cristãos, como sacerdotes, oferecem sacrifícios espirituais, sacrifícios de oração, louvor e boas obras.
(c) A noiva de Cristo. Essa é uma ilustração usada tanto no Antigo como no Novo Testamento para descrever a união e comunhão de Deus com seu povo. (2 Cor. 11:2; Efés. 5:25-27; Apoc. 19:7; 21:2; 22:17.) Mas devemos lembrar que é somente uma ilustração, e não se deve forçar sua interpretação. O propósito dum símbolo é apenas iluminar um determinado lado da verdade e não o de prover o fundamento para uma doutrina.

Pesquisa: Pr.Charles Maciel Vieira

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