Excelente Pregação da Pastora Fernanda Brum transmitida pelo site da Igreja Batista Central da Barra, do Rio de Janeiro em 27 de Fevereiro de 2013.
Palavra e Teologia, Tudo concernente a Biblia, Teologia e vontade de Deus na vida do homem, escritos apocalipticos biblicos, arqueologia biblica e geral, Teologia Biblica e uma palhinha de Sistematica. Palavraeteologia. Word and theology, all concerning the Bible, Theology and the will of God in man's life, apocalyptic biblical writings, biblical archeology and general Biblical Theology for Systematics and a straw. Palabra y la teología,la Biblia, la Teología, escatología.
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domingo, 31 de março de 2013
sábado, 30 de março de 2013
Nada a Perder: Volume 2 da biografia de Edir Macedo falará das reuniões do bispo com Silvio Santos e presidentes
Nada a Perder: Volume 2 da biografia de Edir Macedo falará
das reuniões do bispo com Silvio Santos e presidentes
No mês de agosto será lançado o segundo livro da trilogia
“Nada a Perder”, autobiografia de Edir Macedo que revela detalhes sobre a vida
do líder religioso.
O lançamento do livro será feito um mês antes do aniversário
de 60 anos da Rede Record, e promete detalhes preciosos da compra da emissora
por Macedo, em 1990, além de revelar detalhes de conversas do fundador da
Igreja Universal com presidentes do Brasil.
- Ele (Macedo) revela bastidores de encontros com presidentes
do Brasil e das conversas com Silvio Santos, com quem tratou diretamente a
compra da Record – revelou o diretor de jornalismo da Record, Douglas Tavolaro,
que assina o livro com Macedo.
De acordo com a Cristina Padiglione, do jornal O Estado de S.
Paulo, o livro pode revelar detalhes importantes da troca de mãos da emissora,
que até hoje guarda detalhes nebulosos para a própria família Machado de
Carvalho, então sócia em 50% da Record com Silvio Santos.
O primeiro volume da biografia foi lançado há três meses, e
já vendeu 1,2 milhão de exemplares.
Por Dan Martins, para o Gospel+
Isaias 1 - Filhos rebeldes
Isaias 1 - Filhos rebeldes
Após ‘ajudar’ os oprimidos, ‘fazer’ justiça aos órfãos e
‘cuidar’ das viúvas, ou seja, obedecer a palavra de Deus, por mais funesta que
seja a condição do homem, no momento em que se submete à palavra de Deus, Deus
faz do homem uma nova criatura, pois está é a sua promessa: ‘Ainda que os
vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve;
ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã’ (v.
18).
1 VISÃO de Isaías,
filho de Amós, que ele teve a respeito de Judá e Jerusalém, nos dias de Uzias,
Jotão, Acaz, e Ezequias, reis de Judá.
A visão do profeta Isaias neste capítulo tem por alvo o povo
de Judá e a cidade de Jerusalém antes do exílio Babilônico. O termo ‘visão’ ou
‘profecia’ refere-se a uma revelação ou comunicação de uma mensagem divina aos
homens. Apesar das grandezas que constam nas visões de Isaias, somente com o
profeta Moisés Deus falou cara a cara e sem enigmas ( Nm 12:6 ).
Como as visões foram concedidas por Deus a Isaias, temos o
próprio nome do profeta cedendo título ao livro. O termo traduzido por visão
era utilizado para fazer referencia ao profeta como vidente.
Uzias ( 2Rs 15:1 -7), Jotão ( 2Rs 15:32 -38), Acas ( 2Rs 16:1
-20) e Ezequias ( 2Rs 18:1 -20 ) foram quatro reis que governaram sobre Judá em
Jerusalém antes do exílio Babilônico.
2 Ouvi, ó céus, e dá
ouvidos, tu, ó terra; porque o SENHOR tem falado: Criei filhos, e
engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim.
Aparentemente o verso dá a entender que Deus está dando
‘publicidade’ à sua mensagem, porém, não é este o único objetivo da ordem que
convoca os céus e a terra por testemunha: ‘Ouvi, ó céus, e dá ouvido, tu, ó
terra’. Esta introdução na profecia era para remeter o povo de Israel à lei
dada por Moisés, lembrando o que estava previsto a destruição do povo, caso não
se convertessem a Deus “Hoje tomo por testemunhas contra vós o céu e a terra,
que certamente logo perecereis da terra, a qual passais o Jordão para
possuí-la; não prolongareis os vossos dias nela, antes sereis de todo
destruídos” ( Dt 4:26 ).
Ao convocar os céus e a terra por testemunha, Deus esta
demonstrando que o seu protesto tinha um público alvo específico: o povo que
fez um concerto com Deus e se comprometeu cumprir as palavras de Deus.
Além de ter evocado os céus e a terra por testemunha, Deus
lhes informou das pragas e moléstias que seriam acometidos por não obedecerem a
Deus, conforme o registrado em Deuteronômio 28, versos 15 à 68. Após vários
avisos, havia chegado o momento predito pelo Senhor, pois já não adiantava
castiga-los, já estavam completamente feridos, mas não atinavam que era em
decorrência de não terem obedecido a Deus (v. 5 ; Sl 50:4 ; Dt 4:36 ; Sl 76:8
).
Qual a mensagem divina em que Deus interpõe os céu e a terra
por testemunha? O Senhor disse por intermédio do profeta Isaias: “Criei filhos,
e engrandeci-os, mas eles se rebelaram contra mim” (v. 2). O poro de Israel
teve origem em Abraão e, após peregrinarem no Egito, Deus os resgatou com mão
poderosa, mas já nos primeiros dias após serem resgatados do Egito, o povo de
Israel mostrou-se rebelde à palavra de Deus ( Dt 1:43 ).
A mensagem de Deus é de cima e Ele mostra sinais na terra
para que os homens se deixem instruir "Desde os céus te fez ouvir a sua
voz, para te ensinar, e sobre a terra te mostrou o seu grande fogo, e ouviste
as suas palavras do meio do fogo" ( Dt 4:36 ). Toda a criação é testemunha
de que Deus de muitas maneiras falou ao homem ( Hb 1:1 ).
Os filhos que foram criados e engrandecidos referem-se ao
povo de Israel que se tornou um grande povo, porém, desviaram do Senhor
"Mas eles foram rebeldes, e contristaram o seu Espírito Santo; por isso se
lhes tornou em inimigo, e ele mesmo pelejou contra eles" ( Is 63:10 ).
3 O boi conhece o seu
possuidor, e o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem
conhecimento, o meu povo não entende.
Deus faz uma comparação entre os animais irracionais e o povo
de Israel para expor uma realidade terrível: o povo que devia ser pleno de
sabedoria por ter sido instruído por Deus, não conhecia o seu Deus. O boi, um
animal irracional, conhece o seu dono da mesma forma que o jumento a sua
manjedoura, mas Israel não conheceu e nem conhecia o seu Deus e Libertador "O temor do SENHOR é o
princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência" ( Pv 9:10
).
Diferente dos animais irracionais, que reconhecem o seu dono
e o seu lugar de descanso, o povo de Israel não entendeu que Deus estava
repreendendo para que entendesse que necessitavam do cuidado do Senhor, pois
Ele é, juntamente, sustento e descanso para o seu povo.
Faltava ao povo de Israel o ‘conhecimento’ do Santo, não
entendiam, não compreendiam a palavra do Senhor, e quem deveria ensiná-los, os
mestres da lei, estavam devorando o povo como se fosse pão "O meu povo foi
destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento,
também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; e, visto
que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus
filhos" ( Os 4:6 ; Sl 53:4 ; Rm 10:2 ; Is 30:1 ).
O povo devia crer que Deus os justificava por aguardar o
Descendente prometido a Abrão, porém, acreditavam que eram justos por
descenderem da carne de Abraão ( Is 53:11 ). Construíram veredas tortuosas para
si quando repousaram na carne e no sangue de Abraão ( Is 59:8 ).
4 Ai, nação pecadora,
povo carregado de iniquidade, descendência de malfeitores, filhos corruptores;
deixaram ao SENHOR, blasfemaram o Santo de Israel, voltaram para trás.
O profeta destaca algumas características pertinentes ao povo
de Israel:
Nação pecadora;
Povo iníquo;
Descendência de homens maus, e;
Filhos corruptores.
Eles são nomeados de pecadores, iníquos, homens maus e
corruptos. Não quiseram o Senhor, voltaram atrás e blasfemaram do Santo de
Israel "Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os
gentios por causa de vós" ( Rm 2:24 ).
À época de Cristo, ele mesmo enfatizou que nenhum dos
escribas e fariseus cumpria a lei, apesar de guardarem o sábado, fazerem a
circuncisão, não matarem, não roubarem, dizimarem, jejuarem, etc. "Não vos
deu Moisés a lei? e nenhum de vós observa a lei. Por que procurais
matar-me?" ( Jo 7:19 ); "O fariseu, estando em pé, orava consigo
desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens,
roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano" ( Lc 18:11
).
Deus deixou claro que Israel não tinha conhecimento, ou seja,
que o seu povo não entendia (v. 3), e o apóstolo Paulo também enfatizou “Porque
lhes dou testemunho de que têm zelo de Deus, mas não com entendimento.
Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua
própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus” ( Rm 10:2- 3).
O desconhecimento era tamanho que Jesus igualmente protestou:
"Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as
Escrituras, nem o poder de Deus" ( Mt 22:29 ). Tudo o que o povo sabia não
passava de preceitos de homens que decoraram "Porque o Senhor disse: Pois
que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca, e com os seus lábios me
honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim e o seu temor para comigo
consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruído" ( Is 29:13 ).
Como isto é possível, se o povo de Israel continuamente
oferecia sacrifícios e buscavam cumprir a lei?
5 Por que seríeis
ainda castigados, se mais vos rebelaríeis? Toda a cabeça está enferma e todo o
coração fraco. 6 Desde a planta do pé
até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres
não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo.
Se o povo de Israel se recordasse da lei, veriam que já
estava previsto que, caso se rebelassem contra os preceitos de Deus, seriam
acometidos de diversos castigos ( Dt 28:15 -69).
O povo de Israel era avesso a Deus, e quando castigados, rebelava-se
ainda mais. Deus demonstra que a correção já não adiantava, pois todo o Israel
estava acometido de pecado. Quando recebe o homem por filho, Deus o corrige e
deixa claro o motivo: porque ama "Porque o Senhor corrige o que ama, e
açoita a qualquer que recebe por filho" ( Hb 12:6 ), mas o povo de Deus
ignorava esta característica Dele.
Deus descreve o povo de Israel com problemas na cabeça e no
coração (v. 5), e aponta que todo o corpo estava enfermo desde os pés até a
cabeça e que nunca se submeteram a qualquer tipo de tratamento que mudasse a
condição deles. Bastava o povo abrir mão do argumento de que eram povo de Deus
por serem descendentes de Abraão reconhecendo que eram miseráveis como todos os
outros homens, que Deus haveria de curá-los. Esta condição do povo é retratada
em provérbios: “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que
nunca foi lavada da sua imundícia” ( Pv 30:12 ).
7 A vossa terra está
assolada, as vossas cidades estão abrasadas pelo fogo; a vossa terra os estranhos
a devoram em vossa presença; e está como devastada, numa subversão de
estranhos. 8 E a filha de Sião é deixada
como a cabana na vinha, como a choupana no pepinal, como uma cidade sitiada.
A cidade de Jerusalém assolada por guerras e intrusos desfrutando
do que o povo de Israel haviam plantado era o último estágio da gama de
castigos descritos por Moisés antes de serem levados cativos ( Dt 28:39 ).
Com o castigo, a terra foi assolada e as cidades queimadas.
Os estrangeiros tinham livre circulação na cidade e o povo de Jerusalém nada
podia fazer para impedir.
Em função da correção, tudo foi devastado e subvertido por
estrangeiros. A cidade de Jerusalém estava sitiada, semelhante a uma cabana na
vinha cercada de uvas, ou uma choupana em meio ao pepinal: abandonada a própria
sorte.
Neste ponto o castigo já não era alternativa, pois apesar da
condição deplorável do povo, não reconheciam a sua miserabilidade e não se
socorriam de Deus.
9 Se o SENHOR dos
Exércitos não nos tivesse deixado algum remanescente, já como Sodoma seríamos,
e semelhantes a Gomorra. 10 Ouvi a
palavra do SENHOR, vós poderosos de Sodoma; dai ouvidos à lei do nosso Deus, ó
povo de Gomorra.
Isaias faz referência a um remanescente preservado por Deus
para evitar a extinção de Judá e, consequentemente, a extinção da linhagem do
Messias. Um povo remanescente tem resistido ao longo dos tempos em função da
fidelidade de Deus que prometera a Davi o Descendente ( 2Sm 7:12 ).
Se não fosse a misericórdia de Deus em preservar um remanescente
o povo de Judá havia desaparecido da face da terra "Porque eu, o SENHOR,
não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos" ( Ml 3:6
). Após esclarecer o povo de que se não
fosse a misericórdia, há muito Jerusalém teria deixado de existir, o profeta
introduz Sodoma e Gomorra como figura de Judá. Moisés já havia feito referencia
a Israel como Sodoma e Gomorra: "Porque a sua vinha é a vinha de Sodoma e
dos campos de Gomorra; as suas uvas são uvas venenosas, cachos amargos
têm" ( Dt 32:32 ; Gn 18:16 e 19:28 ; Rm 9:29 ).
O povo e os lideres de Jerusalém não atentaram para a palavra
de Deus e novamente Deus lhes dá o aviso que ecoou em Israel ( Jr 23:14 ; Ez
16:46 -58). Enquanto Sodoma e Gomorra tornou-se símbolo de promiscuidade,
Israel e Judá tornaram-se adúlteros, visto que transtornaram, adulteraram as
palavras de Deus e os sacerdotes ensinaram o povo somente preceitos de homens (
Jr 23:16 ).
Em função dessas duas figuras (Sodoma e Gomorra), o povo de
Israel é nomeado diversas vezes como adúlteros. O termo ‘adultero’ é empregado
como figura para retratar a condição espiritual do povo, por ter abandonado o
seu Deus ( Tg 4:4 ). Dt 4.2
A apostasia do povo de Jacó teve dois extremos. Na época dos
reis houve uma apostasia enorme, pois não buscavam a Deus e seguiam após outros
deuses conforme o costume das nações, tornando-se um povo idólatra e promiscuo,
etc. Após o retorno do cativeiro, houve algumas reformas religiosas, com seu
ápice no período dos Macabeus, quando, provavelmente, surgiu a seita dos
fariseus e saduceus, porém, mesmo conservadores e legalistas, continuaram
distantes da verdade revelada na lei ( Lc 18:11 ).
Com figuras como Sodoma e Gomorra, Deus passa a falar com o
povo utilizando-se de adágios, parábolas e enigmas. Para compreender a mensagem
de Deus, primeiramente se faz necessário desvendar os enigmas para depois
interpretar as parábolas (v. 21).
11 De que me serve a
mim a multidão de vossos sacrifícios, diz o SENHOR? Já estou farto dos
holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; nem me agrado de
sangue de bezerros, nem de cordeiros, nem de bodes. 12 Quando vindes para comparecer perante mim,
quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios?
O elemento de culto que os habitantes de Jerusalém julgavam
de maior valor, o sacrifício, é posto em xeque pelo próprio Deus. Deus faz a
pergunta: - ‘De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios?’
Além de deixar claro que estava farto dos holocaustos, Deus
enfatiza que não se agrada de sangue de animais. Esta verdade permeia os livros
do A. T., pois o salmista diz: "Pois não desejas sacrifícios, senão eu os
daria; tu não te deleitas em holocaustos" ( Sl 51:16 ). O profeta Samuel
também anunciou: "Tem porventura o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios,
como em que se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que
o sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros" ( 1Sm
15:22 ).
Como ofereciam tantos holocaustos, era de se presumir que ao
menos Deus houvesse pedido aos homens que oferecessem holocaustos, porém, Deus
é enfático: - ‘Quem requereu isto?’. Quando lemos os livros do Pentateuco,
vemos Deus requerendo do seu povo que obedeça a sua palavra, sem diminuir ou
acrescentar ( Dt 4:2 ), e não encontramos Deus requerendo sacríficos, antes
disciplinando como deveriam proceder caso se propusessem oferece-los “Fala aos
filhos de Israel, e dize-lhes: Quando algum de vós oferecer oferta ao SENHOR,
oferecerá ...” ( Lv 1:2 ).
Desde Abel e Caim voluntariamente os homens oferecem sacrifícios
a Deus, porém, Deus nunca requereu isto das mãos dos homens, pois Deus tem
interesse no homem (ofertante), e não na oferta (sacrifícios). O povo de Israel
estava como Caim, oferecendo sacrifício debalde, pois Deus não tem interesse no
sacrifício ou na oferta, antes no ofertante.
Em primeiro lugar Deus atenta para o ofertante e depois para
a oferta. E se Deus rejeita o ofertante, consequentemente a oferta está
rejeitada “E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma
oferta ao SENHOR. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da
sua gordura; e atentou o SENHOR para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e
para a sua oferta não atentou” ( Gn 4:3 -5).
13 Não continueis a
trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os
sábados, e a convocação das assembleias; não posso suportar iniquidade, nem
mesmo a reunião solene. 14 As vossas
luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas;
já estou cansado de as sofrer.
O alerta de Deus é solene: - ‘Não continueis a trazer ofertas
vãs’. Após avisá-los, vêm os motivos: o incenso é abominação. As luas novas, os
sábados (dias de festas solenes), datas tão importantes ao povo de Jerusalém
também eram abominações.
Da mesma forma que Deus não pode suportar a iniquidade,
também não podia suportar a reunião solene. Enquanto o homem não se submete à
palavra de Deus sem alterá-la, os seus sacrifícios e ofertas são vãos. Deus não
muda com o passar do tempo, então, desde o primeiro holocausto Deus repudiava
os seus sacrifícios. Deus odiava, não suportava e sofria com as solenidades.
Um povo que se dizia servo de Deus, ignorava a vontade do seu
Senhor, o que nos remete ao exposto nos versos 2 e 3.
15 Por isso, quando
estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que
multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão
cheias de sangue. 16 Lavai-vos,
purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai
de fazer mal. 17 Aprendei a fazer bem;
procurai o que é justo; ajudai o oprimido; fazei justiça ao órfão; tratai da
causa das viúvas.
Deus apresenta o motivo pelo qual não atendia as suplicas do
povo. Quando estendiam as mãos suplicando por socorro, Deus não voltava o rosto
para observá-los. Mesmo que aumentasse em quantidade o número de orações
(multiplicando), Deus não os atenderia. Somente a oração de um justo pode muito
em seus efeitos, visto que a iniquidade do ímpio separa o homem de Deus para
que não seja ouvido. Enquanto o homem não ouvir a palavra de Deus e crer, Deus
não o ouve, porque somente após ouvir e crer é que o homem se torna justo
diante de Deus.
O apóstolo Paulo deixou registrado que o seu povo “... têm
zelo de Deus, mas não com entendimento” ( Rm 10:2 ). Os sacrifícios, jejuns,
orações e ofertas era um zelo de Deus sem entendimento, mas ainda em nossos
dias muitos procuram aproximar-se de Deus através desses mesmos elementos.
O motivo pelo qual Deus não atendia o povo: - ‘As vossas mãos
estão cheias de sangue!’ ( Is 59:3 ).
Estes três versos constituem uma parábola repleta de enigmas
e, para compreender a parábola, primeiro é necessário desvendar os enigmas.
As mãos manchadas de sangue é figura de violência contra
Deus. Não diz de agressão contra o semelhante, antes da violência em querer se
apoderar do reino de Deus por sua própria força. É por isso que Deus alerta:
"E respondeu-me, dizendo: Esta é a palavra do SENHOR a Zorobabel, dizendo:
Não por força nem por violência, mas sim pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos
Exércitos" ( Zc 4:6 ).
Enquanto João Batista apregoava o reino dos céus, os seus
ouvintes não se arrependiam, e continuavam a fazer da carne e do sangue
(descendência da carne de Abraão) o seu braço (salvação), portanto, o que
professavam não era segundo o Espírito, antes obras de iniquidade, obras de
violência "E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência
ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele" ( Mt 11:12 ; Is 59:6 ). As práticas como os
jejuns, orações, sacrifícios, ofertas, etc., era o que manchavam as suas mãos
de sangue.
Como a palavra de Deus é: "Tem porventura o SENHOR tanto
prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do
SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender melhor é
do que a gordura de carneiros" ( 1Sm 15:22 ), e no início da visão Isaias
disse: "Ouvi a palavra do Senhor, vós príncipes de Sodoma; dai ouvidos à
lei de nosso Deus, vós o povo de Gomorra” (v. 10), para lavarem-se,
purificarem-se, tirando a maldade dos seus atos (obras) das suas mãos, deveriam
cessar de fazer o mal, ou seja, ouvirem (obedecerem) a palavra de Deus.
Somente a palavra de Deus para lavar e purificar o homem.
Somente após ser lavado através da palavra de Deus, o homem retira a maldade
dos seus atos. Deus olhou do céu para os filhos dos homens e não havia um que
fizesse o bem. Mesmo o povo de Israel que haviam recebido as escrituras e a
promessa, não havia quem fizesse o bem, pois apesar de terem recebido a
palavra, cada um seguia os seus próprios conceitos e conjecturas ( Is 58:13 ).
Como a palavra de Deus é espírito, o homem que obedece a Deus
compreendeu a mensagem dita a Zorobabel: "E respondeu-me, dizendo: Esta é
a palavra do SENHOR a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por violência, mas
sim pelo meu Espírito, diz o SENHOR dos Exércitos" ( Zc 4:6 ).
Ou seja, Deus disse a Zorobabel o mesmo que foi dito por
Samuel e Isaias: Obedecer é melhor que sacrificar, pois sacrificar é violência,
força, diz da ação do homem em busca de agradar a Deus. Mas, o espírito diz da
palavra de Deus, pois somente a palavra de Deus lava e purifica completamente o
homem.
Para compreender estes dois versos: “Lavai-vos,
purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai
de fazer mal. Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido;
fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (v. 16 -17), faz-se
necessário analisar os seguintes versos:
"Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho
falado" ( Jo 15:3 );
"O espírito é o que vivifica, a carne para nada
aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida" ( Jo 6:63 );
“Purificando as vossas almas pelo Espírito na obediência à
verdade, para o amor fraternal, não fingido; amai-vos ardentemente uns aos
outros com um coração puro” ( 1Pe 1:22 ).
Ou seja, quem obedece a verdade, que é a palavra de Deus,
deixa a violência dos seus atos e passa a servi-lo pelo seu espírito: está
limpo pelas palavras dita por Cristo, que é espírito e vida
Mas, os enigmas e figuras não se restringem aos dois versos
analisados. O verso seguinte possui muitos outros enigmas que compõem a
parábola: “Aprendei a fazer bem; procurai o que é justo; ajudai o oprimido;
fazei justiça ao órfão; tratai da causa das viúvas” (v. 17).
Os que deixam de fazer o mal aprendendo a fazer o bem são os
que obedecem a Deus. Os que aprendem e obedecem a Deus automaticamente deixam
de fazer o mal e passam a fazer o bem. É da natureza dos que são vivificados
pelo espírito (palavra de Cristo) fazer o bem, pois a árvore boa dá furto bom
"Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz
frutos maus" ( Mt 7:17 ).
Aprender a fazer o bem é o mesmo que obedecer a Deus procurar
o que é justo, pois obedecer a Deus é a justiça e o bem. Fazer o bem e procurar
o que é justo é o mesmo que ajudar o oprimido, fazer justiça ao órfão e cuidar
das viúvas. Os oprimidos, os órfãos e as viúvas são figuras que remente o homem
a considerar a sua real condição diante de Deus: necessitados. São figuras que
demonstra a condição do pecado, uma forma de apontar e fazer referência à
condição do povo e dos seus lideres. Ajudar os oprimidos, fazer justiça aos
órfãos e cuidar das viúvas é o mesmo que falar a palavra de Deus com verdade (
Zc 8:16 ; Ef 4:25 ; Is 58:13 ), ajudarem a si mesmos obedecendo à palavra do
Senhor, pois Adão abandonou toda a sua geração quando se vendeu ao pecado, e
todos estão separados de Deus até que creiam em sua palavra.
Se o leitor não se aperceber que está diante de uma parábola
repleta de figuras e enigmas, interpretará como se Deus estivesse tratando de
questões socioeconômicas. Neste ponto, em vez de converter-se a Deus obedecendo
a sua palavra, o leitor aplicar-se a religiosidade e os seus sacrifícios, pois
reputará que Deus o aceitará por estar cuidando dos órfãos e das viúvas.
Outros consideram que o sacrifício de sangue não era aceito
porque as pessoas não estavam apresentando o melhor do rebanho no altar, e se
esquecem que o sacrifício que Deus não rejeita é um coração contrito “Os
sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus” ( Sl 51:17 ). Somente quando o homem é aceito
por Deus é que suas ofertas e sacrifícios são aceitos “Então te agradarás dos
sacrifícios de justiça, dos holocaustos e das ofertas queimadas; então se
oferecerão novilhos sobre o teu altar” ( Sl 51:19 ).
18 Vinde então, e
argui-me, diz o SENHOR: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlata,
eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o
carmesim, se tornarão como a branca lã.
Após ‘ajudar’ os oprimidos, ‘fazer’ justiça aos órfãos e ‘cuidar’
das viúvas, ou seja, obedecer a palavra de Deus, por mais funesta que seja a
condição do homem, no momento em que se submete à palavra de Deus, Deus faz do
homem uma nova criatura, pois está é a sua promessa: ‘Ainda que os vossos
pecados sejam como a escarlata, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que
sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã’ (v. 18).
Mesmo que os pecados fossem como a escarlata, certo é que se
tornariam brancos como a neve! O proposto por Deus é simples, mas o homem tem
que querer. Se o homem quiser e ouvir a voz do Senhor, alcança a promessa:
ainda que os vossos pecados sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a
branca lã.
19 Se quiserdes, e
obedecerdes, comereis o bem desta terra. 20 Mas se recusardes, e fordes
rebeldes, sereis devorados à espada; porque a boca do SENHOR o disse.
Este verso demonstra a misericórdia e longanimidade de Deus
que, antes de impingir o castigo, apresenta uma oportunidade. Isto foi posto
para exemplo, pois no dia em que se chama hoje, se ouvires a vos do Senhor, não
endureças o coração ( Hb 4:11 ).
Após a promessa do perdão dos pecados, caso quisessem e
obedecessem, também haveriam de comer do melhor da terra. Não havia como se
estabelecerem na terra da promessa sem antes ser extirpado o pecado do meio do
povo.
Como Deus está falando diretamente com os judeus, a promessa
divide-se em duas: a) salvação individual, e; b) salvação nacional. Ao serem
resgatados do Egito, o povo foi resgatado nacionalmente, porém, permaneceram
escravos do pecado. Agora Deus quer resgatá-los do pecado e, se quisessem e
obedecessem, seriam salvos nacionalmente "Nos seus dias Judá será salvo, e
Israel habitará seguro; e este será o seu nome, com o qual Deus o chamará: O
SENHOR JUSTIÇA NOSSA" ( Jr 23:6 ).
Mas, haverá um tempo de refrigério para Israel quando as duas
casas serão redimidas pelo Senhor Jesus, e Deus o nomeará de: O Senhor justiça
nossa ( 2Co 3:16 ).
Mas, por que é necessário o homem querer obedecer a sua
palavra? A resposta encontra-se o seguinte verso: "Ora, o Senhor é Espírito;
e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade" ( 2Co 3:17 ). O Senhor
é Espírito, ou seja, o Verbo que se fez carne, e onde está a palavra da Vida,
aí há liberdade ( 1Jo 1:2 ).
No Éden diante da expressa Imagem de Deus que tudo criou pelo
poder de sua palavra ( Jo 1:1 -3), o homem teve a liberdade de permanecer na
vida e rejeitar a morte; hoje, a oportunidade e dada, porém, o homem tem a
liberdade de querer a vida obedecendo, ou permanecer na morte.
21 Como se fez
prostituta a cidade fiel! Ela que estava cheia de retidão! A justiça habitava
nela, mas agora homicidas.
A palavra de Deus entregue a Israel por mão de um medianeiro
é perfeita, reta, justa, mas os interpretes amalgamaram os seus próprios
conceitos e criaram preceitos que, em vez de vida, tornou-se palavra de engano,
palavra de morte.
A condição da cidade de Jerusalém era de se admirar. A cidade
plena de retidão, onde a justiça estabeleceu a sua morada, agora estava cheia
de homicidas (homens violentos, mãos manchadas de sangue).
Por que a cidade era fiel, plena de retidão e justiça? Porque
Deus a escolheu para ali habitar "E habitarei no meio dos filhos de
Israel, e lhes serei o seu Deus" ( Êx 29:45 ); "Então haverá um lugar
que escolherá o SENHOR vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome" ( Dt
12:11 ); "Por que saltais, ó montes elevados? Este é o monte que Deus
desejou para a sua habitação, e o SENHOR habitará nele eternamente" ( Sl
68:16 ).
Como os habitantes de Jerusalém não deram crédito à palavra
de Deus, não foram gerados de novo da semente incorruptível, portanto, não eram
servos de Deus e nem amaram a Deus "E herdá-la-á a semente de seus servos,
e os que amam o seu nome habitarão nela" ( Sl 69:36 ).
O verso 21 de Isaias 1 complementa o salmo 132: “Porque o
SENHOR escolheu a Sião; desejou-a para a sua habitação, dizendo: Este é o meu
repouso para sempre; aqui habitarei, pois o desejei. Abençoarei abundantemente
o seu mantimento; fartarei de pão os seus necessitados” ( Sl 132:13 -15).
Como o povo não se resignou a ser os ‘necessitados’ do
Senhor, pois confiavam que eram salvos por serem descendentes da carne de
Abraão, a cidade fiel tornou-se prostituta, promiscua, Sodoma e Gomorra!
22 A tua prata
tornou-se em escórias, o teu vinho se misturou com água. 23 Os teus príncipes
são rebeldes, e companheiros de ladrões; cada um deles ama as peitas, e anda
atrás das recompensas; não fazem justiça ao órfão, e não chega perante eles a
causa da viúva.
Deus havia dado ao seu povo a sua palavra (prata pura),
porém, como não a receberam integralmente, antes foram rebeldes transtornando o
mandamento ( Dt 4:2 ), o que seguiam não passava de escória, mandamentos de
homens "As palavras do SENHOR são palavras puras, como prata refinada em
fornalha de barro, purificada sete vezes" ( Sl 12:6 ); "Prata
escolhida é a língua do justo; o coração dos perversos é de nenhum valor"
( Pv 10:20 ).
O vinho é figura da alegria, da salvação, e Deus protesta
contra eles demonstrando que a alegria proveniente da aliança foi desfeita
"Porque são gente falta de conselhos, e neles não há entendimento. Quem
dera eles fossem sábios! Que isto entendessem, e atentassem para o seu fim
(...) O seu vinho é ardente veneno de serpentes, e peçonha cruel de
víboras" ( Dt 32:28 -29 e 33). Diz do vinho da contenda que o apóstolo
Paulo veta aos cristãos ( Ef 5:18 ). Israel misturou a palavra da verdade
(vinho) com preceitos de homens (água).
Como o vinho misturou-se com a água, a aliança de Deus com os
que titubeavam foi desfeita "Tardai, e maravilhai-vos, folgai, e clamai;
bêbados estão, mas não de vinho, andam titubeando, mas não de bebida
forte" ( Is 29:9 ); "Tanto mais que, por ser dado ao vinho é desleal;
homem soberbo que não permanecerá; que alarga como o inferno a sua alma; e é
como a morte que não se farta, e ajunta a si todas as nações, e congrega a si
todos os povos" ( Hb 2:5 ; Rm 9:6 ).
Como transtornaram a palavra do Senhor sendo rebeldes a
aliança, os príncipes de Jerusalém não passavam de ladrões, salteadores ( Jo
10:8 e 10). Os lideres de Israel não eram pastores, mas mercenários, visto que
andavam atrás de recompensas. Por negarem aos homens que necessitavam (órfãos,
viúvas) a palavra da verdade, a justiça de Deus não era estabelecida.
Por sua vez, Cristo quando veio denunciou os ladrões, os
mercenários e como pastor fez justiça aos oprimidos pelo pecado ( Mt 11:28 ; Sl
146:5 -10 compare com Mt 5:3 -11). Jesus, o servo do Senhor, veio fazer justiça
aos oprimidos ( Mt 11:28 ).
24 Portanto diz o
Senhor, o SENHOR dos Exércitos, o Forte de Israel: Ah! tomarei satisfações dos
meus adversários, e vingar-me-ei dos meus inimigos.
Neste verso, Cristo toma a palavra, pois Ele é o Senhor dos
Exércitos, o Deus Forte, o braço do Senhor.
Há um dia estabelecido em que o Senhor Jesus glorificado há
de vingar-se dos seus adversários, aqueles que transtornaram a sua palavra.
Salmo 91 - Aquele que Habita no esconderijo do Altíssimo
Salmo 91 - Aquele que Habita no esconderijo do Altíssimo
Da mesma forma que o Pai prometeu ao Filho estar com Ele na
angustia, Jesus também nos prometeu estar todos os dias conosco ( Mt 28:20 ),
alertando que, no mundo os cristãos terão aflições ( Jo 16:33 ). Qualquer que
prometa livrá-lo das aflições diárias, não fala conforme a verdade do
evangelho, visto que o próprio Cristo não prometeu livrar os cristãos das
aflições, antes avisou que seriamos suscetíveis a elas.
Salmo 91
1 AQUELE que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do
Onipotente descansará.
2 Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha
fortaleza, e nele confiarei.
3 Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste
perniciosa.
4 Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas
te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
5 Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de
dia,
6 Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que
assola ao meio-dia.
7 Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não
chegará a ti.
8 Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a
recompensa dos ímpios.
9 Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste
a tua habitação.
10 Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua
tenda.
11 Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te
guardarem em todos os teus caminhos.
12 Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces
com o teu pé em pedra.
13 Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão
e a serpente.
14 Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o
livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
15 Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na
angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
16 Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha
salvação.
Introdução
É comum nas casas, nas empresas e escolas encontrarmos uma
bíblia aberta no Salmo 91. Às vezes, pela ação do tempo, as páginas ficam
empoeiradas e amareladas. Outros penduram na porta de suas residências quadros
que estampam uma cópia deste Salmo.
Muitos utilizam o Salmo 91 para rezar, enquanto outros citam
trechos do Salmo 91 em suas orações, mas será que compreendem o seu
significado? E ainda existem aqueles que nem mesmo leram o Salmo, mas por
recomendação, fazem dele um amuleto.
Desde longa data o Salmo 91 é utilizado como amuleto. Até as
religiões espiritualistas entendem que o Salmo 91 é poderoso e que deve ser
utilizado nas horas de necessidades para pedir e agradecer a proteção divina
para tudo e todos.
Mas, a despeito destas concepções místicas, surge a pergunta:
como entender e interpretar o Salmo 91?
O salmista e rei Davi era profeta e separou os levitas para
profetizarem com toda a sorte de instrumentos musicais "E DAVI, juntamente
com os capitães do exército, separou para o ministério os filhos de Asafe, e de
Hemã, e de Jedutum, para profetizarem com harpas, com címbalos, e com
saltérios; e este foi o número dos homens aptos para a obra do seu
ministério:" ( 1Cr 25:1 ).
O livro das Crônicas de Israel deixa bem claro que a função
precípua de um salmista era profetizar. O rei Davi comissionou os músicos a
redigirem o que profetizavam em forma de poesia, de modo que fosse possível
cantá-los ao som de instrumentos musicais.
Esta proposta de Davi visava suprir a deficiência de leitura
da população, que na sua maioria não sabiam ler e escrever. Apenas escrever as
profecias em textos formais não facilitava o processo de memorização do povo,
enquanto que, a poesia e a música atendem muito bem a este propósito.
Portanto, ao analisar um salmo, deve-se ter em mente que eles
são composições de cunho profético, e não somente expressões da alma, produto
da psique humana. Em uma análise dos salmos deve-se priorizar o conteúdo da
mensagem, visando desvendar seu conteúdo profético. As questões poéticas e
musicais ficam em segundo plano.
Certa feita o Senhor Jesus questionou os fariseus acerca do
Salmo 110, e eles não puderam respondê-lo de quem o Messias era filho “Dizendo:
Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Eles disseram-lhe: De Davi.
Disse-lhes ele: Como é então que Davi, em espírito, lhe chama Senhor, dizendo:
Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, Até que eu ponha os
teus inimigos por escabelo de teus pés? Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é
seu filho? E ninguém podia responder-lhe uma palavra; nem desde aquele dia
ousou mais alguém interrogá-lo” ( Mt 22:42 -46).
Através da abordagem que Jesus fez, verifica-se que os
Salmos, como parte das Escrituras, tem por objetivo dar testemunho do Cristo, e
que o Salmo 110 demonstra que o Messias não seria somente filho de Davi, antes
era Senhor de Davi, indicando a sua divindade.
Vale salientar que, na sua grande maioria, os Salmos fazem
referencia ao Messias, porém, cada um deles se atém a uma característica da vida
do Messias, tais como: reino, humanidade, divindade, missão, morte,
ressureição, etc.
Alguns Salmos até fazem referência às relações estabelecidas
na eternidade entre as pessoas da divindade ( Hb 1:5 ; Sl 2:7 ). O escritor aos
Hebreus demonstra, através dos Salmos, que os acordos firmados na eternidade
foram levados a efeito quando o Primogênito de Deus foi introduzido no mundo.
O Salmo 110, verso 1diz: “Disse o Senhor ao meu Senhor:
Assenta-te à minha mão direita, até que ponha os teus inimigos por escabelo dos
teus pés” ( Sl 110:1 ), temos aqui o ‘Senhor’ estabelecendo um prazo para que o
‘Senhor’ do salmista permanecesse assentado à Sua mão direita. O salmista
estava profetizando acerca de si mesmo, ou do Cristo? ( At 8:34 ). O que pensar
acerca do Cristo neste texto? ( Mt 22:42 ).
Antes de prosseguirmos, leia atentamente os Salmos 56 e 57,
pois eles contêm elementos essências para interpretarmos o Salmo 91. Observe
que o Salmo 56 e 57 descrevem profeticamente uma realidade que não era a do
salmista Davi ou de seus cantores e, que os eventos descritos podem fazer
referência à outra pessoa.
Outro ponto a se observar, é que os salmos são composições
proféticas com vários enigmas, parábolas, figuras, adágios, provérbios, etc.
Antes de interpretar qualquer frase, desvende o enigma da parábola. Por
exemplo: por que Jesus chama os escribas e fariseus de raça de víboras?
Primeiro é necessário compreender de onde Jesus tirou tal figura para fazer
referencia aos escribas e fariseus, e no que consiste tal figura.
Não é possível afirmar categoricamente quem o autor deste
Salmo. Alguns apontam o profeta Moisés como o escritor do Salmo 91 por causa de
certas evidências internas (expressões idiomáticas). Outros apontam o salmista
e rei Davi, mas não há como precisar.
“Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do
Onipotente descansará”
O primeiro passo para interpretar Salmo 91é responder a
seguinte pergunta ( Sl 91:1 ): Quem habita no esconderijo do Altíssimo? É
possível aos homens residirem no recôndito do Altíssimo? A resposta está no
decurso do próprio Salmo: “Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo
fizeste a tua habitação” ( Sl 91:9 ).
Quando escreveu esta profecia, o salmista fez referência a
alguém que, naquele exato momento estava residindo no esconderijo (lugar
oculto) do Altíssimo, e que, no futuro haveria de deixar a habitação do
Altíssimo. Quando deixasse o esconderijo do Altíssimo, seria necessário
refugiar-se à sombra do Onipotente ( Jo 16:28 ).
Analisando a primeira questão: “Quem é Aquele que habita no
esconderijo do Altíssimo?”; “Onde fica o esconderijo do Altíssimo?”.
O ‘esconderijo de Altíssimo’ não fica na Terra, pois tal
esconderijo diz de um ‘lugar’ inacessível aos homens "Aquele que tem, ele
só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu
nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém" ( 1Tm 6:16 );
"Para o entendido, o caminho da vida leva para cima, para que se desvie do
inferno em baixo" ( Pv 15:24 ); "Trovejou desde os céus o SENHOR; e o
Altíssimo fez soar a sua voz" ( 2Sm 22:14 ); "Ora, ninguém subiu ao
céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu" ( Jo
3:13 ).
Considerando que o esconderijo do Altíssimo é o céu e, que
ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que de lá desceu ( Jo 3:13 ), conclui-se
que Jesus é aquele que habitava no esconderijo do Altíssimo antes de ser
introduzido no mundo.
Jesus habitava o céu quando este Salmo foi escrito e o
salmista prediz que Aquele que habita no céu haveria de descansar sobre a
proteção do Onipotente, ou seja, o Salmo diz de Cristo quando se esvaziasse da
Sua glória e fosse introduzido como o Unigênito de Deus no mundo.
Não há registro nas Escrituras de alguém que tenha habitado
no esconderijo do Altíssimo, mas Aquele que havia de vir, o Filho do homem,
d’Ele as Escrituras dá testemunho que na eternidade habitou o recôndito da
divindade ( Sl 45:6 ; Is 7:14 ; Is 8:17 ; Pv 30:3 ). Jesus mesmo falou acerca
da sua glória: "E agora me glorifica tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com
aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse" ( Jo 17:5 ).
Os santos apóstolos de Cristo também falaram da glória de Cristo ( Jo 1:1 e 1Jo
1:1- 3; Hb 1:5 e 8), de modo que Jesus é aquele que habitava no esconderijo de
Deus, pois Ele é o Verbo Eterno que estava com Deus ( Jo 1:1 ).
A sombra do Onipotente refere-se à proteção que Deus
estabeleceu sobre o Messias "O SENHOR é quem te guarda; o SENHOR é a tua
sombra à tua direita" ( Sl 121:5 ); "Guarda-me como à menina do olho;
esconde-me debaixo da sombra das tuas asas" ( Sl 17:8 ); "Porque foste
a fortaleza do pobre, e a fortaleza do necessitado, na sua angústia; refúgio
contra a tempestade, e sombra contra o calor; porque o sopro dos opressores é
como a tempestade contra o muro" ( Is 25:4 ).
Analisando a segunda questão do primeiro verso: Como Jesus
descansou à sombra do Onipotente? Obedecendo a palavra de Deus. Obedecer a
palavra de Deus é descansar à sombra do Onipotente. Confiar na palavra de Deus
é descansar, o que se demonstra na obediência. Quando Jesus resignou-se a fazer
a vontade de Deus entregando a sua alma na morte, estava descansado, pois
confiou na salvação do Onipotente.
É em função desta verdade que Jesus diz: "A minha comida
é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra" ( Jo 4:34
). A satisfação, o desejo, a alegria de Cristo estava em obedecer à palavra de
Deus, de modo que Isaias profetizou dizendo que a palavra de Deus estava na
boca do Cristo. Mas, a boca fala da abundância do que há no coração, de modo
que a palavra de Deus é a essência do Cristo "Porque tu tens sido o meu auxílio;
então, à sombra das tuas asas me regozijarei" ( Sl 63:7 ); "E ponho
as minhas palavras na tua boca, e te cubro com a sombra da minha mão; para
plantar os céus, e para fundar a terra, e para dizer a Sião: Tu és o meu
povo" ( Is 51:16 ); "E fez a minha boca como uma espada aguda, com a
sombra da sua mão me cobriu; e me pôs como uma flecha limpa, e me escondeu na
sua aljava" ( Is 49:2 ).
Há um enigma a ser desvendado na profecia de Isaias quando
Ele diz que o Messias seria como uma flecha limpa escondida na aljava do
Todo-poderoso. A flecha refere-se à filiação divina do Messias, pois flecha na
aljava diz da descendência de um homem “Como flechas na mão de um homem
poderoso, assim são os filhos da mocidade” ( Sl 127:4 ). O Messias, por sua
vez, tornou-se proteção para os que n’Ele confiam "E será aquele homem
como um esconderijo contra o vento, e um refúgio contra a tempestade, como
ribeiros de águas em lugares secos, e como a sombra de uma grande rocha em
terra sedenta" ( Is 32: 2)
Ou seja, Aquele que habitava na eternidade, por ser o
Altíssimo ( Is 57:15 ), ao ser introduzido no mundo na condição de Servo do
Senhor, viveu o predito pelo salmista: confiou inteiramente no Pai "Eu bem
sei que sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor,
para que creiam que tu me enviaste" ( Jo 11:42 ); "Confiou no SENHOR,
que o livre; livre-o, pois nele tem prazer" ( Sl 22:8 ) compare com
"Confiou em Deus; livre-o agora, se o ama; porque disse: Sou Filho de
Deus" ( Mt 27:43 ; Is 42:1 ).
O Salmo 91 é profético e messiânico, o salmista registra
algumas promessas para o Verbo de Deus que haveria de se fazer homem. O
Altíssimo, sendo Senhor de tudo, deixa a sua glória e assume a condição de
Filho sobre a sua própria casa ( Sl 47:2 ; Hb 3:6 ). Este foi o acordo fechado
na eternidade, como se lê: “Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu
Filho, Hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por
Filho?" ( Hb 1:5 ).
Na eternidade as pessoas da divindade acordaram entre si e
uma delas assumiu a condição de Filho quando introduzido no mundo dos homens. É
por isso que as Escrituras refere-se a Cristo como sendo aquele que tudo criou
“Mas Cristo, como Filho, sobre a sua própria casa; a qual casa somos nós, se
tão somente conservarmos firme a confiança e a glória da esperança até ao fim”
( Hb 3:6 ; Jo 1:3 ; Cl 1:16 ).
No Salmo 110, outra profecia sobre Jesus, o Cristo é descrito
como Senhor do salmista e é visto assentado à destra da Majestade nas alturas.
No Salmo 110 temos o Cristo ressurreto voltando ao seu lugar por direito,
enquanto no Salmo 91 temos uma predição apontando que o Cristo deixaria a sua
glória.
Os fariseus relutavam em admitir que o Pai celeste tivesse um
Filho, isto porque não observavam as Escrituras: "Quem subiu ao céu e
desceu? Quem encerrou os ventos nos seus punhos? Quem amarrou as águas numa
roupa? Quem estabeleceu todas as extremidades da terra? Qual é o seu nome? E
qual é o nome de seu Filho, se é que o sabes?" ( Pv 30:4 ).
O Salmo 91 complementa outros salmos. O Salmo 15 diz:
“Senhor, quem habitará no teu tabernáculo? Quem morará no teu santo monte?” (
Sl 15:1 ). Como já analisamos em outros Salmos, somente Jesus andou em
sinceridade, praticou a justiça e falou a verdade segundo o seu coração ( Sl
15:3 ). Somente o Cristo de Deus tem olhos capazes de desprezar o réprobo.
Somente Ele pode honrar os que temem ao Senhor ( Sl 15:4 ).
O Salmo 24 diz: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem estará
no seu tabernáculo?” ( Sl 24:3 ). A resposta é clara e aponta para alguém em
específico: “Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a
sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá do Senhor a bênção e
a justiça do Deus da sua salvação” ( Sl 24:4 -5). Somente Jesus dentre os
filhos dos homens foi limpo de mãos e puro de coração, cumpriu toda a lei,
recebeu a benção e a justiça.
Por falar especificamente do Messias, o salmista não diz
‘qualquer que’, antes utiliza o pronome demonstrativo ‘aquele’ nos Salmos 15,
24 e 91, isto porque somente o Cristo de Deus nunca foi abalado ( Sl 15:5 ).
O convite do evangelho é universal, visto que ‘todo aquele
que crê’ ou ‘qualquer que crer’ receberá vida eterna por Jesus, porém, os
Salmos são profecias que apresentam o Cristo de Deus aos homens, como parte das
Escrituras, os salmos anunciam o Cristo ( Jo 5:39 ), que torna possível aos
homens o ‘conhecimento’ (união intima) de Deus, ou seja, que os homens venham a
ser participantes da natureza divina ( 2Pe 1:4 ).
Qualquer homem que queira habitar com o Altíssimo necessita
crer em Cristo conforme diz as Escrituras para receber de Deus poder para ser
feito filho de Deus ( Jo 1:12 ). Todos quantos forem criados de novo, em
verdadeira justiça e santidade, serão, ainda aqui neste mundo, tal qual Cristo
é ( 1Jo 4:17 ; 1Co 15:48 ). Ora, se os que creem são tal qual Ele é neste
mundo, habitarão onde Ele habita, visto que, onde Ele estiver ali também
estarão "E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos
levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também" ( Jo
14:3 ).
Através da desobediência de Adão a geração dos ímpios
estabeleceu-se e, através de Cristo, que é o último Adão, a geração dos justos
é estabelecida ( Sl 24:6 ). Todos quantos são gerados de novo em Cristo Jesus
são limpos de mãos e puros de coração. Estão aptos a residir no lugar santo,
visto que os irmãos conduzidos à glória são como o Primogênito, co-herdeiros de
Deus ( Rm 8:29 ; Hb 2:10 ).
O Salmo 91 é uma profecia que apresenta dois ‘momentos’
distintos pertinentes ao Verbo de Deus. À ‘época’ que o salmista profetizou, o
Verbo de Deus estava habitando no esconderijo do Altíssimo, porém, quando o
Verbo se fez carne precisou abrigar-se sob a sombra do Onipotente por estar
despido de sua glória.
Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha
fortaleza, e nele confiarei.
Aquele que reside no lugar secreto do Altíssimo haveria de
anunciar o nome de Deus aos homens, dizendo: “Ele é o meu Deus, o meu refugio,
a minha fortaleza, e n’Ele confiarei” ( Sl 91:2 ). O escritor aos Hebreus cita
o Salmo 18 para demonstrar que o próprio Filho disse por intermédio do salmista
que colocaria em Deus a sua confiança “E outra vez: Porei n’Ele a minha
confiança” ( Hb 2:13 ; Sl 18:1 -2 ; Sl 56:4 ).
Nos Salmos 103 e 104, o salmista demonstra a sua confiança em
Deus e o bendiz pela sua grandeza e por tudo o que realizou em prol dos homens,
mas o Salmo 91 utiliza o verbo ‘confiar’ no futuro (nele confiarei), o que nos
faz questionar se o salmista ainda não confiava em Deus quando escreveu este
Salmo.
Na glória, o Verbo eterno não precisava confiar, mas ao ser
introduzido no mundo participante da carne e do sangue e sujeito às mesmas
paixões que os homens, porém, sem pecado, também precisaria confiar
inteiramente em Deus ( Hb 4:15 ).
O verso 2 do Salmo 91 é equivalente à introdução do Salmo 31,
quando o salmista deixa registrado as últimas palavras do Messias: “Em ti, ó
Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me pela tua retidão (...)
Nas tuas mãos encomendo o meu espírito...” ( Sl 31:1 -5).
O Verbo de Deus encarnado, o Filho de Davi haveria de dizer
do Senhor: “Ele é meu Deus, o meu refugio, a minha fortaleza”. O salmista
predisse que o Messias haveria de confiar plenamente em Deus, até mesmo no
momento mais cruento da existência dele entre os homens haveria de se refugiar,
abrigar-se em Deus, encomendando o seu espírito.
Se o próprio salmista estivesse bendizendo ao Senhor, não
haveria necessidade de utilizar o verbo ‘dizer’ no futuro (direi). Geralmente,
os salmistas, quando fazem referência a eventos que lhes são pertinentes dizem:
“Bendize, ó minha alma, ao Senhor” ( Sl 103:1 ). O cântico do salmista Davi é:
"No SENHOR confio; como dizeis à minha alma: Fugi para a vossa montanha
como pássaro?" ( Sl 11:1 ).
Jesus Cristo homem ao ouvir desde menino a leitura das
Escrituras nas sinagogas e no seio da sua família, aliado ao testemunho de
sinais e maravilhas que cercaram o evento do seu nascimento, compreendeu pelas
Escrituras que Ele era o Messias, o Filho de Deus encarnado. Ele precisou crer.
Diante das promessas que o Pai deixou registrado nas
Escrituras, Ele creu, para que se tornasse o Autor e Consumador da fé
"Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe
estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra
do trono de Deus" ( Hb 12:2 ); "Ainda que era Filho, aprendeu a
obediência, por aquilo que padeceu" ( Hb 5:8 ).
“Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste
perniciosa. Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te
confiarás; a Sua verdade será o teu escudo e broquel. Não terás medo do terror
de noite nem da seta que voa de dia, Nem da peste que anda na escuridão, nem da
mortandade que assola ao meio-dia. Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua
direita, mas não chegará próximo de ti. Somente com os teus olhos contemplarás,
e verás a recompensa dos ímpios”
Nestes versos estão elencados alguns eventos que não
atingiria o Primogênito de Deus quando fosse introduzido no mundo. As promessas
de Deus elencadas nestes versos são específicas para o seu Filho.
“Porque Ele te livrará do laço do passarinheiro...” - O Filho
do homem ‘certamente’ não seria pego nas armadilhas (palavras), por mais
engenhosas que fossem. Quando inquiriram o Messias se era lícito pagar tributo
a Cesar ( Mt 22:17 ), ou quando apresentaram a mulher pega em ato de adultério
( Jo 8:5 ), tais armadilhas não o enlaçaram “Armaram uma rede aos meus passos;
a minha alma está abatida. Cavaram uma cova diante de mim, porém eles mesmos
caíram no meio dela” ( Sl 57:6 ; Sl 56:5 ).
“...e da peste perniciosa” – O Filho de Davi era livre do
pecado (a peste perniciosa), visto que Ele foi gerado de Deus ( Sl 2:7; 2Sm
7:14 ). Todos os descendentes da carne de Adão, ou seja, que entraram pela
porta larga, foram contaminados pelo pecado (ou, vendidos ao pecado como
escravos), porém, Jesus, o último Adão, é a porta estreita pela qual todos os
homens que querem ser livres do pecado precisam entrar.
“Ele te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te
confiarás” – O Messias haveria de ser protegido, abrigado em segurança na
palavra Deus. “TEM misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia de mim, porque
a minha alma confia em ti; e à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as
calamidades” ( Sl 57:1 ).
“a Sua verdade será o teu escudo e broquel” – Em todos os
ataques dos adversários, a Palavra de Deus (verdade) haveria de ser a defesa de
Cristo. Diante dos escribas, fariseus e saduceus Jesus citou as Escrituras.
Quando da tentação pelo diabo no deserto, Cristo utilizou a verdade das
Escrituras como escudo e broquel (defesa).
“Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de
dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao
meio-dia” – O ‘terror de noite’, a ‘seta lançada durante o dia’, a ‘peste que
se move na escuridão’ e a ‘mortandade que acomete ao meio-dia’ não amedrontou o
Messias.
Estes versos possuem alguns enigmas como: noite, escuridão e
mortandade.
Quando o homem anda segundo a palavra de Deus, anda na luz,
pois a palavra de Deus é lâmpada para os pés e luz para o caminho. A escuridão
refere-se à ausência da palavra da verdade ( Is 9:2 ). Diz da palavra de engano
que faz com que o homem permaneça na morte "Entenebrecidos no
entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela
dureza do seu coração" ( Ef 4:18 ).
Jesus despojou-se de sua glória e majestade e em tudo se
tornou semelhante aos seus irmãos ( Hb 2:17 ), porém, o medo que os homens
detinham da morte e do pecado não o acometeu, visto que Ele nunca esteve
sujeito a escravidão do pecado, e não se deixou levar pela doutrina de engano (
Hb 2:15 ).
As palavras dos escribas e fariseus constituem-se em laço,
armadilhas ( Sl 119:110 ), pois tinha o objetivo de desviar o Cristo de fazer a
vontade do Pai. O laço do passarinheiro são palavras cheias de engano e malícia
"Também os que buscam a minha vida me armam laços e os que procuram o meu
mal falam coisas que danificam, e imaginam astúcias todo o dia" ( Sl 38:12
); "Firmam-se em mau intento; falam de armar laços secretamente, e dizem:
Quem os verá?" ( Sl 64:5 ; Pv 13:14 ).
Desde o Éden a ‘peste perniciosa’ assola a humanidade, pois
um pecou e todos pecaram. Um morreu e todos morreram ( 1Co 15:21 -22), e
passaram a falar segundo os seus corações mentirosos ( Sl 58:3 ). A peste
perniciosa não se assemelha a peste negra que dizimou a Europa. Nem tão pouco
diz de agentes químicos ou de armas biológicas.
Os filhos do povo do Messias armaram diversas armadilhas com
o fito de ‘pegar’ o Cristo nalguma contradição, porém, somente eles
permaneceram enlaçados “Armaram uma rede aos meus passos; a minha alma está
abatida. Cavaram uma cova diante de mim, porém eles mesmos caíram no meio dela”
( Sl 57:6 ; Sl 56:5 ; Mt 22:17 ; Jo 8:5 ); “Por isso também na Escritura se
contém: Eis que ponho em Sião a pedra principal da esquina, eleita e preciosa;
E quem nela crer não será confundido. E assim para vós, os que credes, é
preciosa, mas, para os rebeldes, A pedra que os edificadores reprovaram, Essa
foi a principal da esquina, E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para
aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram
destinados” ( 1Pe 2:6 -8; Rm 9:33 ).
O Filho de Davi desde o ventre de Maria era livre do pecado
(a peste perniciosa), visto que Ele foi lançado na madre por Deus ( Sl 22:10 )
e gerado pelo Espírito Eterno ( Sl 2:7; 2Sm 7:14 ). Todos os descendentes da
carne de Adão, a porta larga por quem todos os homens entram ao virem ao mundo,
foram contaminados pelo pecado (o mesmo que ser vendidos ao pecado como
escravos), porém, Jesus, o último Adão, é a porta estreita pela qual todos os
homens que creem torna-se livres do pecado.
A proteção de Deus dispensada ao Messias era específica: “Ele
te cobrirá com as Suas penas, e debaixo das Suas asas te confiarás” (v. 4). Da
mesma forma que a galinha protege os seus pintainhos debaixo de suas asas, o
Cristo estava seguro debaixo das asas do Onipotente “TEM misericórdia de mim, ó
Deus, tem misericórdia de mim, porque a minha alma confia em ti; e à sombra das
tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades” ( Sl 57:1 ; Sl 63:7 e Sl
61:4 ).
A verdade ou a fidelidade de Deus foi constituída como escudo
e broquel do Messias. Todos os adversários vieram contra Ele utilizando-se de
palavras de engano, mas na Palavra de Deus (verdade e fidelidade) estava a
defesa de Cristo. Diante dos religiosos Judeus, Jesus apresentou as Escrituras
em sua defesa. Quando tentado pelo diabo no deserto, Cristo fez uso das
Escrituras.
Há pessoas que ficam até arrepiadas quando leem o verso
seguinte por falta de compreensão: “Não terás medo do terror de noite nem da
seta que voa de dia, nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que
assola ao meio-dia” (v. 5 ). Este verso é resumo do exposto profeticamente pelo
Salmo 64: “OUVE, ó Deus, a minha voz na minha oração; guarda a minha vida do
temor do inimigo. Esconde-me do secreto conselho dos maus, e do tumulto dos que
praticam a iniquidade. Que afiaram as suas línguas como espadas; e armaram por
suas flechas palavras amargas, A fim de atirarem em lugar oculto ao que é
íntegro; disparam sobre ele repentinamente, e não temem. Firmam-se em mau
intento; falam de armar laços secretamente, e dizem: Quem os verá? Andam
inquirindo malícias, inquirem tudo o que se pode inquirir; e ambos, o íntimo
pensamento de cada um deles, e o coração, são profundos” ( Sl 64:1 -6).
Os soldados geralmente são atormentados pelo medo do inimigo
quando no campo de batalha. Durante a noite a possibilidade do ataque
sorrateiro do inimigo é um tormento, e durante o dia os perigos que as flechas
inimigas representam também atemorizam. O inimigo ataca nas trevas, ou seja,
quando lhe falta a luz do entendimento da palavra de Deus. A setas são ataques
deferido contra o Messias enquanto ele se fazia presente entre os homens ( Jo
12:35 -36).
Mas, por confiar no Pai é que a confiança do Messias é
expressa no Salmo 64: - “Guarda a minha alma do temor do inimigo!” (v. 1) Quais
seriam as armas dos inimigos dos Messias? A resposta é: a língua! "A minha
alma está entre leões, e eu estou entre aqueles que estão abrasados, filhos dos
homens, cujos dentes são lanças e flechas, e a sua língua espada afiada" (
Sl 57:4 ); "Aguçaram as línguas como a serpente; o veneno das víboras está
debaixo dos seus lábios" ( Sl 140:3 ).
Os inimigos de Davi possuíam espadas afiadas, mas o Filho de
Davi, o Messias, enfrentaria homens que possuíam as línguas afiadas como se
fossem espadas. As setas deles constituíam-se em palavras amargas! Secretamente
engendravam planos para dar cabo do Messias ( Jo 11:53 ), mas sendo a Palavra
de Deus escudo e broquel, o Messias não seria atingido.
Por se desviarem da palavra do Senhor, os filhos de Israel
tornaram-se uma vinha que produzia vinho venenoso "O seu vinho é ardente
veneno de serpentes, e peçonha cruel de víboras" ( Dt 32:33 ). Este veneno
estava na língua dos filhos do povo de Jacó "Aguçaram as línguas como a
serpente; o veneno das víboras está debaixo dos seus lábios. (Selá.)" ( Sl
140:3 ). Mas, Jesus sabia desta peculiaridade: "Raça de víboras, como
podeis vós dizer boas coisas, sendo maus? Pois do que há em abundância no
coração, disso fala a boca" ( Mt 12:34 ).
“Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não
chegará próximo de ti. Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a
recompensa dos ímpios”
Para evitar a queda de muitos, o precursor do Messias foi
enviado para que fosse arrancado os tropeços do caminho do povo para que não
rejeitassem a Cristo "E dir-se-á: Aplanai, aplanai a estrada, preparai o
caminho; tirai os tropeços do caminho do meu povo" ( Is 57:14 ).
Há muito o profeta Isaias predisse que os moradores das duas
casas de Israel haveriam de tropeçar por se escandalizar do Cristo "Então
ele vos será por santuário; mas servirá de pedra de tropeço, e rocha de
escândalo, às duas casas de Israel; por armadilha e laço aos moradores de
Jerusalém" ( Is 8:14 ).
A queda de milhares estava prevista, pois tropeçariam na
pedra de esquina "E uma pedra de tropeço e rocha de escândalo, para
aqueles que tropeçam na palavra, sendo desobedientes; para o que também foram
destinados" ( 1Pe 2:8 ).
O Cristo não precisaria fazer nada com relação aos ímpios,
antes só olhar a recompensa deles ( Sl 56:7 ). Por quê? Porque Cristo escolheu
o Senhor como refúgio, o Deus que tudo executa para o Messias ( Sl 57:2 –3); "E
se alguém ouvir as minhas palavras, e não crer, eu não o julgo; porque eu vim,
não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo" ( Jo 12:47 ).
Jesus não veio para condenar, antes para salvar, portanto,
ele não emitia juízo acerca das pessoas ( Jo 8:15 ; Jo 12:47 ).
“Porque Tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste
a Tua habitação”
Todas as promessas seriam levadas a efeito porque o Messias
fez do Altíssimo o seu lugar de refugio. Este verso remete ao pensamento do
verso 1: O Verbo habitava o lugar oculto do Altíssimo, porém, após ser
introduzido no mundo como Primogênito de Deus, o Verbo encarnado passou a
descansar na sombra do Onipotente ( Sl 57:1 ).
Aquele que fez a sua habitação (refugiou-se) no Altíssimo (v.
9) é quem reside no esconderijo do Altíssimo (v. 1). Quem fez a sua morada no
Altíssimo? O único homem que fez a sua morada no Altíssimo foi o Descendente
prometido a Davi, o Senhor que o salmista viu à mão direita de Deus.
“Nenhum mal Te sucederá, nem praga alguma chegará próximo da
Tua tenda. Porque aos Seus anjos dará ordem a Teu respeito, para Te guardarem
em todos os Teus caminhos. Eles Te sustentarão nas suas mãos, para que não
tropeces com o Teu pé contra uma pedra. Pisarás sobre o leão e a cobra;
calcarás aos pés o leão jovem e o dragão”
Quando Jesus nasceu, muitas crianças foram mortas, porém, mal
algum O atingiu. A sua família mudou-se para o Egito, e nenhuma praga acometeu
a sua família terrena ( Mt 2:16 ). Aos anjos foi dado ordem acerca do Messias
para guardá-lo em todos os seus caminhos. Eles haveriam de amparar o Cristo
para livrá-lo de todo mal ( Sl 57:3 ; Sl 56:13 ).
O diabo ciente de que as promessas da profecia deste Salmo
faziam referência a Cristo, lançou mão do Salmo 91 para tentá-Lo. E o diabo
disse: “Se tu és o Filho de Deus, lança-te de aqui abaixo. Pois está escrito:
Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e eles te tomarão nas mãos, para que
não tropeces nalguma pedra” ( Mt 4:6 ).
Observe que:
O diabo conhece as Escrituras;
Lançou duvidas acerca da filiação do Messias;
Estabeleceu um teste para por a prova a filiação divina de
Cristo;
Deu uma ordem com falso embasamento nas Escrituras;
Ele sabia que o cuidado de Deus estipulado no Salmo 91 para o
Messias visava protegê-Lo de ataques direto dos anjos decaídos e dos homens
maus ( Sl 56:5 ; Mt 2:12 e Mt 2:13 );
O diabo sabia que Deus não interfere nas decisões dos homens,
e que, se Cristo decidisse pular, não seria socorrido, antes sofreria as
consequências da sua decisão assim como sofreu o primeiro Adão.
Através da verdade (v. 4) que é escudo e broquel, Jesus
respondeu: “Também está escrito: não tentarás o Senhor teu Deus” ( Mt 4:7 ). A
confiança deriva do amor e da fidelidade de Deus ( Sl 57:3 b), atributos
imutáveis, visto que ao prometer, Ele se interpôs com juramento, segundo o seu
conselho. Duas coisas imutáveis ( Hb 6:18 ).
O Messias estava descansado à sombra do Onipotente, ou seja,
ciente da proteção divina em todos os seus caminhos e que não haveria de
‘tropeçar’. Porém, tal proteção não engloba forçar Deus agir.
Foi dado poder ao Filho do homem para andar entre o leão e a
cobra. Acerca da serpente temos uma profecia no Gênesis: “E porei inimizade
entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; este te
ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” ( Gn 3:15 ).
Além de ter ferido a cabeça da serpente, o Salmo 57 demonstra
que os filhos do povo do Messias são comparáveis às bestas famintas, ou seja,
aos leões “A minha alma está entre leões; estou deitado entre bestas famintas,
homens cujos dentes são lança e flechas, e cuja língua é espada afiada” ( Sl
57:4 ).
As ações destes homens resumem-se em atacar o Cristo com
palavras, mentiras forjadas em seus conselhos malignos com o intento de matar o
enviado de Deus ( Sl 1:1 ). Porém, mesmo entre leões e áspides, o Messias
permaneceu descansado (deitado), pois confiava em Deus.
“Porquanto tão encarecidamente Me amou, também Eu O livrarei;
pô-Lo-ei num alto retiro, porque conheceu o Meu nome. Ele Me invocará, e Eu Lhe
responderei; estarei com Ele na angústia; dela O retirarei, e O glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e Lhe mostrarei a Minha salvação”
Até o verso 13 do Salmo 91 o salmista profetiza, do verso 14
ao 16, ele transcreve o que o Senhor diz, ou seja, mudou a pessoa do discurso.
Como o Messias descansou (confiança), o Pai Eterno O livrou
“Pois tu livraste a minha alma da morte, como também os meus pés de tropeçarem,
para que eu ande diante de Deus na luz da vida” ( Sl 56:13 ). Enquanto no Salmo
91 temos uma profecia em que o Senhor protocola uma promessa de livramento que
seria concedido ao Messias, no Salmo 56 temos o Messias declarando que havia
sido resgatado da morte.
Por ‘conhecer’ (união intima) o Pai, Cristo foi posto num
alto retiro, ou seja, à destra de Deus nas alturas ( Sl 110:1 ; Jo 10:30 ). A
palavra ‘conhecer’ tem dois significados na bíblia. Um dos significados é ‘ter
ciência de algo’, ‘saber acerca de’, porém, o significado que o termo
‘conhecer’ tem neste Salmo é o de comunhão íntima.
Do mesmo modo que o Pai e o Filho são pessoas distintas, e,
no entanto, são um ( Jo 10:30 ), todos quantos crerem no Filho são um com o Pai
e o Filho ( Jo 17:21 -23).
Cristo haveria de invocar o Senhor ( Sl 56:1 ; Sl 57:1 ), e
Deus haveria de respondê-lo. E como Deus haveria de respondê-lo? Não deixando o
Cristo à mercê da angustia? Não! Deus não prometeu livrá-lo da angustia, antes
prometeu estar com Ele durante o período da angustia. Para que Deus estivesse
presente na angustia, necessariamente o Cristo deveria ser e foi angustiado
"E tomou consigo a Pedro, e a Tiago, e a João, e começou a ter pavor, e a
angustiar-se" (Mc 14:33 ).
Cristo não foi abandonado na cruz, antes o Pai o ouviu e o
atendeu ( Sl 22:24 ). Pelo fato de ter citado as Escrituras quando estava na
cruz, muitos reputam que Cristo foi abandonado, mas esta má leitura ocorre
quando as pessoas não conseguem ver que os salmos são profecias ( Sl 22:1 ; Mt
27:46 ).
Como lemos nos evangelhos, Jesus clamou ao Pai no Getsêmani,
porém, Ele foi angustiado até a morte, e morte de cruz "Então chegou Jesus
com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos
aqui, enquanto vou além orar" ( Mt 26:36 ). O Messias foi glorificado
quando entregou ao Pai o seu espírito, momento em que o Pai O retirou da
angustia “Em ti, ó Senhor, me refugio; nunca seja eu envergonhado; livra-me
pela tua retidão (...) Nas tuas mãos encomendo o meu espírito...” ( Sl 31:1
-5).
O Cristo de Deus foi glorificado com a glória que Ele tinha
antes de ser introduzido no mundo, e entrou no descanso do Pai até que os seus
inimigos sejam postos por estrado dos seus pés "E agora glorifica-me tu, ó
Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo
existisse" ( Jo 17:5 ).
A promessa do Pai para o Filho é abundância de dias, longura,
ou seja, vida eterna "Vida te pediu, e lha deste, mesmo longura de dias
para sempre e eternamente" ( Sl 21:4 ). O Filho do homem viu a salvação de
Deus “Tu és o mais formoso dos filhos dos homens e os lábios foram ungidos com
a graça, por isso Deus te abençoou para sempre. Cinge a tua espada à coxa, ó
valente; cinge-te de glória e majestade” ( Sl 45:2 -3).
A cerca do Verbo Eterno que assumiu a condição de Filho, o
Salmo 45 declara: “O teu trono , ó Deus, é eterno e perpétuo; o cetro do teu
reino é um cetro de equidade. Tu amas a retidão e odeias a impiedade; portanto
Deus, o teu Deus te ungiu com o óleo de alegria, mais do que a teus
companheiros” ( Sl 45: 6 -7 ; Hb 1:8 ).
Agora que você sabe que estas promessas foram feitas para o
Filho do homem e, que elas dizem do Cristo, creia no enviado de Deus, Jesus
Cristo homem, que foi morto e glorificado ( 1Tm 3:16 ; Rm 1:2 -4), para que
você possa receber de Deus poder para ser feito um dos seus filhos ( Jo 1:12 ).
Através da fé em Cristo você passará a ser co-herdeiro de Deus e participante
das promessas "Porque todas quantas promessas há de Deus, são nele sim, e
por ele o Amém, para glória de Deus por nós" ( 2Co 1:20 ; 2Pe 1:4 ).
Você que creu em Cristo conforme diz as Escrituras ( Jo 7:38
), e que é, portanto, uma nova criatura ( 2Co 5:17 ), não pode se deixar levar
por crendices várias, tais como rezas e orações com trechos de Salmos, ou de
qualquer outra parte das Escrituras.
Não se deixe levar por supostos ‘desafios de fé’, onde certas
pessoas incitam os seus ouvintes a doarem seus bens ou que se lance em certas
promessas, que muitas das vezes são vazias. Dizeres como: “Se você não for
abençoado rasgo a minha bíblia!”; “Se você tem fé doe o melhor, ou doe tudo”.
A bíblia garante que todos os que creem já receberam de Deus
todas as bênçãos espirituais ( Ef 1:3 ; 2Pe 1:3 ). Se alguém promete bênçãos
que não estejam elencadas no capítulo 1 da carta de Paulo aos Efésios, ou às
que estão enumeradas no Salmo 103, desconfie.
Da mesma forma que o Pai prometeu ao Filho estar com Ele na
angustia, Jesus também prometeu aos que creem estar com eles todos os dias ( Mt
28:20 ). Para que tivessem paz, alertou que, no mundo os cristãos terão
aflições ( Jo 16:33 ). Qualquer que prometa livrá-lo das aflições diárias, não
fala conforme a verdade do evangelho, visto que o próprio Cristo não prometeu
livrar os cristãos das aflições, antes avisou que seriam suscetíveis as
aflições.
Os cristãos devem estar certos que todas as coisas contribuem
para o bem daqueles que amam a Deus e que em todas as coisas são mais que
vencedores "E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem
daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu
propósito" ( Rm 8:28 ); "Mas em todas estas coisas somos mais do que
vencedores, por aquele que nos amou" ( Rm 8:37 ).
Autor: Claudio Crispim